NUBLADO
Hoje o céu está nublado.
Antes, confesso que gostava disso, do tempo frio e da brisa cortante.
Hoje não.
Prefiro esquecer o céu nublado, porque sempre que o vejo é inevitável lembrar-se dos olhos dele: misteriosos, nublados, calmos, variáveis.
Ele tinha um curioso olhar nublado.
Mas era um nublado incomum, categórico.
Vez em quando, ele antecedia uma tempestade: faiscava e tremia de ódio, desencadeando uma discórdia acidental.
Também era nublado como no nascer do sol: calmo, pensativo, carinhoso. Eu gostava desse nublado. Mesmo que ele nunca fosse voltado para mim.
Havia também um nublado como aqueles pós-chuva: cinza, mas com pontos do céu azul. Era esperto, feito de risos, de infância. Faz tempo que não vejo esse olhar.
E ainda há o nublado de quando anoitece: escuro. Perdido. Noite sem estrelas. O nublado que fita o nada, o nublado vazio. É o único olhar que temo. O único olhar que eu não quero ver.
-Pansy.
Olhei para trás. Ele me fitava.
Havia também mais esse nublado.
Ardente, quente.
Então ele me beija. O nublado de desejo. Era passageiro.
Mas, realmente eu gostava mais desse.
N/A: Essa drabble surgiu do nada, num dia nublado no escola. Não é muito interessante, mas eu precisava escrevê-la.
Espero -mesmo- que tenham gostado.
Kisses!
