Olá! Este é mais um projeto clichê de minha autoria. Não enriqueço com ele, muito pelo contrário. Não é algo comum, como um garoto e uma garota se apaixonando, e não está completo, portanto é provável que ele mesmo decida os caminhos por onde vai passar, e não eu. Não tenho nem ideia de onde isso vai parar, e pra início de conversa, isso é apenas um "piloto" pra ver se pega;
Portanto: Nada além da trama me pertence, talvez alguns personagens que ainda irão aparecer (não sei quando nem como), contém cenas de sexo entre dois homens, muitos beijos, muitos clichês e muita coisa besta. Leia por sua conta e risco! :D
Crossing Lines
Chapter 01 – Outta Control
Aquilo já havia deixado de ser uma simples brincadeira há muito tempo. Sempre se escondendo pelos cantos, fingindo... E depois cometendo o mesmo "erro" sempre que podia. Estava cansado daquela situação, e prometia toda vez a si mesmo que jamais iria errar outra vez. Mas então ele aparecia, e começava a olhar, olhar de um modo que o fazia querer morrer só pra não ter que suportar a vontade de ir até ele, jogá-lo sobre uma mesa e mostrar tudo o que vivia pensando em fazer. E a situação ficava cada vez pior, ou melhor. Depende do modo como se deixa olhar, ou do modo como se quer ver.
Respirava fundo, mas não valia nada, assim como beber, fumar, se meter em problemas ou relacionamentos, ou até mesmo brigar na rua. Estava constantemente cego, controlado pelo seu maldito coração, e por ele, porque sim, ele era capaz de controlar sua pessoa sem o menor esforço...
Praguejou qualquer coisa. A chuva do lado de fora, naquele entardecer de cores douradas, estranhas, o fazia pensar em nada além dele, querer que ele estivesse por perto, e que pudesse, como todas as outras vezes, por um pretexto de briga ou desavença menor, arrastá-lo pelo colarinho até uma parede e olhar bem naqueles olhos esverdeados...
— Maldito!
Praguejou novamente. O vento que bateu contra seu rosto o fez momentaneamente imaginar os toques dele contra sua pele. Maldito! Era fato que deveria ter feito algo para desandar sua vida desse jeito, principalmente pelo pouco tempo que estava na faculdade. Era popular, todos o admiravam, queriam, desejavam, as garotas, os garotos, até mesmo o time de futebol americano em que jogava, mas não queria ninguém, não. Sabia-se enfeitiçado, porque só queria se ferrar, indo direto a ele, dizendo tudo e se deixando ser usado, apenas para senti-lo.
E suportá-lo em todos os jogos, tentando brilhar mais, aparecer, chamar atenção de algum jeito, só dificultava ainda mais as coisas. Estava começando a pensar seriamente em trancar o curso e ir pra qualquer lugar trabalhar, arrumar alguém decente para ocupar sua mente, e então ter o único êxito que realmente precisava nesses últimos meses: esquecê-lo!
Porque não, nunca havia sentido nada semelhante por um cara, nunca havia sentido todas aquelas vontades, nunca havia declinado convites de festas por causa de desavenças, e agora, estava ficando quase que impopular, e todos questionavam por que diabos havia se afastado tanto! E tudo por causa dele, porque estar sob o mesmo teto fazia seu coração disparar, fazia seu corpo esquentar e sua boca secar, e ficava desejando secretamente, e ele provocava com aqueles lábios feitos para... Oh, Deus! Colocou as mãos contra a face. Estava num beco sem saída. Porque já havia se provado que por mais que tentasse deixar pra lá, jamais conseguiria. Ele estava impregnado em sua mente, em seu corpo, em seu sangue e em seus desejos mais profundos. E ele sabia disso, parecia se divertir como nunca, cada vez que conseguia tirá-lo do sério. Deveria sentir-se ganhando troféus por isso, mas não, não podia culpa-lo, porque sabia o quão bom era comportar-se daquele modo, mesmo que avaliasse toda a situação como um imenso paradoxo.
Saiu da biblioteca. Seu coração estava disparado, e teria que cruzar praticamente todo o campus com aquela chuva! Ah, mas talvez fosse bom, talvez precisasse, literalmente, esfriar a cabeça. Maldita ideia de tentar se distrair num lugar como aquele, cheio de cantos escuros e prateleiras, e lugares onde poderia estampa-lo que ninguém veria, e deixa-lo calado, mudo, com suas ações...
Sentiu vontade de gritar e conteve-se, apenas rindo de canto e balançando a cabeça numa negativa. Parou de correr, abriu os braços e olhou para o céu cinzento, para as gotas da chuva que pareciam cair douradas, porque sim, até o tempo estava louco! O sol ainda invadia a cena por entre as frestas das nuvens, tornando tudo surreal demais. Talvez fosse isso, talvez estivesse realmente viajando e nada disso existisse, nem ele, nem suas provocações, nem nada!
Sacudiu a cabeça e voltou a andar. Já estava molhado. Só esperava que seu celular não virasse sucata, porque era a única coisa realmente capaz de deixa-lo distraído, ainda que minimamente. Pôs-se a caminhar na direção do ginásio. Precisava mesmo treinar, então, talvez assim conseguisse se orientar, atinar para a vida outra vez. Tudo o que precisava era que ele não existisse! Porque sabia, era uma tortura tê-lo sempre cheio de gracinhas e querer mostrar o que causava sem poder.
Era todo o tempo! Pensava no jeito das pernas levemente arcadas, no jeito que ele andava, no jeito agressivo de jogar, até mesmo nas brigas, onde iam ao chão, se esmurrando, e que todos os amigos tinham que entrar para separar, e acabavam rindo, na frente de todos, deixando todos sem entender nada.
Adentrou a grande estrutura, encontrando todos os amigos por lá, encontrando-o também. Fato, onde ele estivesse, o encontraria antes mesmo de se encontrar. Porque aqueles olhos malditos, famintos, pareciam atrair, como dois imãs, como uma armadilha ou uma droga, ou um vício.
Franziu o cenho e respirou fundo, cumprimentando os amigos, indo até qualquer banco e deixando sua bolsa, parte de sua roupa também. E então voltou, e começou a treinar. Aquele saco de pancadas estava servindo para descontar sua vontade de esmurrar a cara safada dele, que, de longe, observava, mordiscando o lábio inferior. Alguém já o havia dito que parecia uma vadia? Pois deveriam.
O tempo foi passando e o notou se aproximar. Não, não fugiria. Era do time também, e marcaria seu território. Fato que aquele ginásio era pequeno demais para os dois, mas não, não seria ele a ceder dessa vez.
Ele parou há exatos dois sacos de pancada de distância. Olhou, fez aquela cara irritantemente safada, arqueando uma sobrancelha numa espécie irritante de desafio, como se soubesse melhor que ninguém o estrago que era capaz de causar, o abalo que era capaz de fazer nas estruturas daquele que agora pensava seriamente em trocar de equipamento e coloca-lo no lugar do saco.
Respirou fundo. Não se deixaria afetar. Desviou sua atenção de volta ao que fazia. Aquilo deveria, de fato, ser algum tipo de tentativa de desmerecê-lo no time, ou alguma psicose mesmo. O cara tinha uma linda namorada, era rico, indecente, maravilhoso e com uma boca que... Enfim, não importava... Só sabia que tinha que se manter longe, o mínimo de contato e convivência possível, ainda que fossem do mesmo time. Até o treinador já tentara desvendar o motivo de tanto desafeto alegando que o time estava pequeno demais para duas estrelas! E não, não seria ele a sair. Pelo menos não se comportava como a vadia do time.
Alguém se aproximou por trás e o tocou o ombro. Reagiu por reflexo e puxou quem quer que fosse, imobilizando.
— Hey! O que é isso Jared?
Olhou bem para o que estava fazendo, tentando, de algum modo, entender.
— Tom?
Seu amigo de olhos mais azuis que as piscinas do ginásio estava praticamente ajoelhado, o braço torcido e todo o time olhando estarrecido. O soltou.
— Qual é, só treinando!
Disse a todos, vendo o outro se levantar com a expressão mais lindamente confusa dos últimos tempos.
— Cara, cê tá ficando louco!
Ele disse, apoiando o saco para que o outro treinasse um pouco melhor.
— É, eu sei disso.
Um golpe forte que quase desequilibrava o outro.
— E porque seria?
Perguntou, tentando não parecer tão invasivo. Sabia que o amigo poderia escorregar se achasse estar sendo vigiado demais.
— Seu amiguinho não para de me dar nos nervos...
Revelou, olhando de esguelha para o outro, quem treinava com uma expressão vitoriosa na cara. Ah, como queria arrancá-la e mostrar quem estava ganhando...
— Ele é amigo do Mike!
Tom tentou se defender, soltando o saco e levantando as duas mãos em sinal de rendição, como se tentasse dizer sem palavras que não tinha nada a ver com aquilo.
— O Mike é seu melhor amigo no time, Tom.
Disse, enfadado.
— Aonde quer chegar?
O outro apoiou o equipamento outra vez.
— Eu não sei... Só acho que eu preciso esfriar a cabeça.
— É Jay, precisa mesmo.
Nesse exato momento, ouviu uma voz atrás de si, rindo alto.
— Ele precisa de umas garotas! Isso é falta de...
Antes que concluísse, Tom já olhava para a cena com os olhos arregalados, espantado por conhecer o rumo que a situação tomaria. Jared sorriu de canto. Num instante, estava com o outro imobilizado no chão e um murro já bem estampado na face esquerda.
Mais uma vez o time se juntou para separar, alguns riam, outros claramente apavorados, outros filmando com o celular para a incrível coleção de barracos da faculdade.
O incrível é que Jared estava tão puto, que até o presente momento não havia levado um golpe sequer, e ainda podia ver na cara do outro aquele riso sarcástico, como se tivesse conseguido o que queria.
Um som de apito foi ouvido, e mesmo sem querer parar, foram separados. O técnico surgiu.
— Será possível que eu vou ter que chamar a polícia da próxima vez? Será que vão continuar agindo como animais até quando?
— Foi sua menininha irritada, Jeff!
O mais baixo disse, limpando o canto da boca cortado.
— Mais respeito, Jensen! Isso aqui é um time, não uma aldeia de pigmeus! Se tem desavenças vão resolver isso logo, mas não desse jeito, não no meu ginásio!
Repreendeu o aluno, olhando para a bagunça que haviam feito em tão pouco tempo.
— Acredite, eles não vão resolver isso logo!
Tom entrou no meio. Exasperado, parou entre os dois amigos, mãos na cintura, esperando a bronca.
— Vou deixar apenas uma coisa clara: Da próxima vez, eu expulso os dois! E se mais algum vídeo do meu time for parar na internet, eu abandono vocês antes do estadual. Estão liquidando com minha carreira! — ele falava olhando para todos, indo de canto em canto, até parar frente a Tom, olhando para os três — Jared, Jensen! Hoje às onze no campo. Já que estão tão desocupados e tão cheios de energia, vão treinar até as três!
— O que?
Antes que Jensen começasse, o técnico olhou para ele com cara de poucos amigos.
— Acho bom que não surjam argumentos, Ackles. — dito isso, olhou para os outros alunos — Quero tudo isso arrumado em meia hora. E por hoje chega. Depois de arrumar, todos fora!
Deu as costas ao time, deixando-os. Provavelmente iria se queixar com o reitor, e provavelmente, Beaver apoiaria qualquer punição que achasse necessária para — tentar — reaver a ordem em seu campus.
Os garotos se fuzilaram com o olhar, e antes que começasse tudo outra vez, Tom deu um jeito de aquietar os ânimos dos amigos.
Oh, droga... Estava fora de controle, fato.
Continua..
