Disclaimer: Umineko no Naku Koro Ni pertence a 07th Expansion.
Título: En Passant1
Sinopse: "Você prometeu, não é, Beato? Você prometeu à Maria que iria levá-la para Terra Dourada, não é?"
Gênero: Angust, Darkfic.
Rate: + 13.
Avisos: Contém spoilers do episódio 15 do anime.
Agradecimentos Especiais: A Dafne, por ter betado essa fanfic para mim! Muuuiiito Obrigaduuuuuuuhhhh! S2

[1]: En Passant é uma jogada de xadrez e em francês, significa, "Na Passagem". Quando o peão andar duas casa, em sua primeira jogada, ele pode ser capturados por outros peões adversários de forma normal. Entretanto, essa jogada apenas poderá ser executada logo em seguida que o peão adversário andar duas casas, mostrando assim a raridade e dificuldade de ocorrer esta jogada. (Vide link para observar a jogada. É só tirar os espaços: http :// upload . wikimedia . org /wikipedia/en/7/71/ChessPawnSpecialMoves . gif )

En Passant

As rosas choravam de pleno desgosto. Banhadas pela fina chuva e beijadas pela alva e consoladora névoa, elas choravam de pleno desgosto. Entre elas havia a mais chorosa: Cor-de-rosa como uma tarde de primavera inocente, cheia de meigas pintinhas, pétalas disformes - o maior charme dela - e um lindo adorno amarelo preso a seu cabo verde. Nada ela podia fazer contra a demoníaca garota de castanhos cabelos e olhos azulados, somente olhar para aquilo, ouvir aquilo, e chorar por aquilo estar ocorrendo.

Não, o choro não podia ser ouvido. Pediam por piedade, para deixá-las livres do segundo crepúsculo, mas seus prantos eram abafados pela risada aguda e infantil da nova Bruxa Dourada. Sádica, ria cada vez mais dos dois sacrifícios: Girava, balançava seu báculo dourado, perguntava retoricamente qual seria a "próxima diversão" e o quanto foi "divertido" a "diversão" anterior, e ria, ria ensadecidamente com os olhos arregalados e a face, com todos os seus músculos, esticada de tão grande a boca se abria para proferir mais e mais risadas, enquanto a pequenina Maria chorava baixinho, com as mãos apoiadas no braço da mãe, caída no chão, com o olhar vazio e focado no nada. Por quanto mais tempo aquela tortura continuaria?

- E... Ei... - chegava na surdina, falando acanhada (ou seria chateada?), conseguindo chamar a atenção dela. - Nova Beatrice.

Maria, ainda chorosa, escutou a voz de sua Beatrice. Não levantou a cabeça e nem ao menos o olhar na direção dela, somente aguardava, esperançosa, que ela iria por um fim naquela tortura. Dirigiu o olhar para a face apática de sua mama. Chorou mais ainda, mesmo que estas lágrimas nunca conseguiriam expressar um milhar o sofrimento do coração apertado da pequena Maria. Por favor, Beato... Por favor, faça-a parar!

- Aaaahh... É a antiga Beatrice-sama! - respondera alegríssima, já deduzindo o motivo dela estar lá. - Estava assistindo tudo? Não é maravilhoso o que a magia pode fazer?! Vamos, venha brincar comigo! - e ela abriu os braços, mostrando excitação em convidá-la para uma divertidíssima rodada de jogos.

Não, Beato, não! Por favor, não... Por favor, não, por favor, não, por favor, não, por favor, não, por favor... Por favor, não, Beato, não!

- Escute o que eu tenho a dizer! - a face acanhada, confusa por não saber se expressar, tentaria exprimir palavras que nem ela conseguiria dizer. - Bem... Hum... Esses são os sacrifícios para o segundo crepúsculo, certo?

(Olhou para Rosa e Maria. Um sentimento maior consumia seu coração, idêntico a um cancro devastador. Mas qual sentimento era aquele? Pena?)

- Não há razão para brincar com eles ainda mais...

(Beatrice, uma bruxa tão cruel quanto esta atual... Impedindo a devassidão e imoralidade? Hahahaha!)

Isso, Beato! Mostre para essa não-Beatrice!

- Sobre o que está falando? Ronove me contou tudo a pouco tempo atrás... Eu ouvi que sua magia era muito, muito mais brutal! - segurou o bastão com as duas mãos e o aproximou junto ao corpo. Empinou o rosto, fechou os olhos e seu rosto foi coberto pela plena esperança do dia em que sua magia chegaria aos pés dela. - Seis pessoas em uma festa de Halloween, com doces explodindo de seus estômagos me parece maravilhoso!

- B-bem, - pôs uma pensativa expressão na face - Eu estava pensando que fui um pouco longe demais... Enfim, eu peço, como sua predecessora...

Sim, Beato... Faça isso... Faça-a parar com isso, Beato... Faça...

- Para deixar-me mostra como se faz. Afaste-se e observe. - e se aproximou mais de Eva-Beatrice e dos dois sacrifícios.

................................................ Beato.....................................

- Claro, claro! - reverenciou-a, animadíssima, e deu alguns passos para trás - Mal posso esperar para ver qual tipo de método mortífero cruel e brutal você irá me mostrar!

Beatrice virou-se para as duas: Rosa não mais se mexia, quase morta para toda e qualquer coisa a sua volta.

(Deplorável... De-plo-rá-vel... Hahahaha!)

Maria, sem mais esperanças, suja e de cabelos bagunçados... Chorosa...

(Oh! Coitadinha... Pobrezinha da Mariazinha... Ahahahahaha! Ahahahaha!)

- Por favor, nos poupe... - foram uma das primeiras palavras de Rosa após o íncio da tortura. - Pelo menos a Maria, poupe a Maria...

- Você prometeu, não é, Beato? - levantou a face para sua Beatrice. Os olhos vermelhos de tanto chorar e a face apertada de demasiada tristeza... - Você prometeu à Maria que iria levá-la para Terra Dourada, não é?

Ela tinha de acabar com aquilo o mais depressa possível. Seu coração não estava mais suportando.

- Eu não posso mais continuar com essa promessa... - fechou os olhos diante da cena. Sorte dela seria se também ficasse surda para as próximas palavras que sairiam da boca da sua pequenina idolatradora. - Além do mais, não sou mais Beatrice, A Dourada.

- Por que?! - mais lágrimas rolaram de seu rosto. Era inevitável... Era inevitável...

- Isso é como desculpa, por não ter cumprido minha promessa... - se agachou, e abriu os braços, enquanto Maria saia de seu lugar e dava um forte abraço nela.

Beato... Beato é quentinha...

Tantas coisas que Maria havia planejado para as duas quando chegasse à Terra Dourada... Tantas brincadeiras e tantas outras infinitas coisas, as quais fariam juntas, com ou sem a magia das graciosas e infinitas borboletas douradas... Tudo isso... Tudinho... Destruído em um único calmo arranhão, rasgador das jugulares de Maria.

Seu corpo ficou enrijecido por alguns instantes. Estendeu um dos braços para o alto. Estava difícil captar o ar na atmosfera cinza. Por fim, desfaleceu nos braços de sua querida Beato.

- Maria... - Rosa estendeu somente um dos braços, pois não conseguia mover-se mais, para tentar reaver o corpo morto de sua filha. Lágrimas rolaram de seu rosto. - Maria!!

Beatrice largou o corpo de Maria no chão como se fosse um brinquedo e focou o olhar em Rosa. Olhou para ela e transparecia na face da mãe que toda a sua dignidade e orgulho foram sugadas para fora de si. Seus ossos podiam estar bem, seus órgãos podiam estar no lugar... Mas tudo fora arrancado brutalmente dela em poucos segundos.

- Esse é seu descanso final. Você nunca mais irá acordar. - fechou novamente os olhos. Foi mais rápida ainda: Com um mexer do dedo indicador, o corpo um dia pertencente a Rosa Ushiromiya, agora ali residia a alma de vegetal, flutuou no ar e caiu violentamente em uma das lanças da grade.

As rosas choravam de pleno desgosto. Banhadas pela fina chuva e beijadas pela alva e consoladora névoa, elas choravam de pleno desgosto.

E o coração de Beatrice também...

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Fanfic iniciada e terminada em: 13 de Outubro de 2009.