Saint Seiya não me pertence, pertence à bandai e ao Kurumada-sensei, que podia me dar uma trégua, estou ficando pobre por culpa dele xD

Nota: Essa fict é do mesmo universo de Santuário de Sangue I e II e Love and Blood, não precisa necessariamente ler os outros para entender esse, já que os personagens são outros também.

Nota2: tem uma espécie de pedofilia leve, lemon e muita violência

Era o quarto mais alto na torre mais alta do castelo. As janelas também eram altas para o vento fresco do norte entrar com o perfume da floresta. É claro que não era o lugar apropriado para ele viver, é claro que era do desagrado da maioria dos outros que as janelas fossem tão grandes. Mas ele não se importava.

Observava do telhado pontudo, sentado na beirada com os pés balançando, as estrelas brilhantes no céu limpo, estrelas que apareciam apenas para aqueles que moravam em locais longe das cidades.

Era solitário ali, mas ele gostava. Sentia-se seguro na solidão.

Os cabelos dourados em ondas macias dançavam com o frescor do vento e vestia-se com uma linda túnica de algodão e seda com jóias dourada e pedras preciosas por todo o corpo. Afrodite adorava jóias.

-À que devo a honra de sua adorável companhia, Camus?

Atrás de si uma figura alta e esguia, como ele mesmo havia percorrido o continente para vê-lo.

-Kanon- respondeu. Camus ainda tinha um sotaque forte de um francês muito antigo e o porte de um príncipe.

-Ah, como sempre- balançou a cabeça negativamente- Saga é um idiota por deixá-lo vivo. Somos criatura eternas, se não nos destruir, certamente voltaremos.

-Quem somos nós para julgá-lo, era seu irmão, parte de si, não é mesmo?

-Como sempre, você tende a subir no muro. Bem, mas já que está aqui, vamos entrar, o céu já está mudando de cor, logo teremos que nos retirar.

Os passos eram leves como se estivesse dentro da água, entraram pela varanda larga e caminharam para dentro do quarto.

Pesadas cortinas duplas selaram as janelas dos raios mortais para os dois. Era um belo quarto muito elegante, apenas uma cripta de pedra no centro dela com uma tampa de marmore branca e rosas entalhadas em toda sua base. Rosas brancas, a marca da pureza, como ele mesmo, Afrodite lembrava a pureza.

O resto do quarto era moderno, por mais que a torre no alto da montanha o lembrasse um conto de fadas dos irmãos Grimm, os móveis eram brancos e negros, e haviam pinturas de rosas vermelhas nas paredes. Não havia muita coisa naquele lugar, em algum canto, uma estante alta coberta de livros antigos de sua terra natal, em outro, uma escrivaninha branca com um notebook que fez Camus rir um pouco.

-Agora me diga, o que houve com você, está horrível, Camus.

-Meu filho...eu o transformei. (*)

-O rapazote loiro? O que sobrou?

-Sim, foi um acidente.

-Nenhum de nós é transformado por acidente, Camus, você sabe.

-Ele estava morrendo, eu o puxei para nosso mundo, tive medo, meu amigo- sentou sobre a tampa da cripta fria- medo de perdê-lo.

-Sinto muito- disse em seu tom solidário- entendo o que ele significava para você.Mas isso não deveria mudar nada.

-Estou bem, já faz um ano. Milo, sabe onde ele se encontra?

-Ele costuma te achar quando quer, não é?- Afrodite se aproximou, tocando em seu rosto com a ponta dos dedos e deixando-a passear até o queixo e Camus fechou os olhos.

-Ele esteve comigo, mas partiu novamente.

-Não se preocupe, Camus, ele sempre o encontra quando você precisa dele – e Afrodite voltou-se para a escrivaninha, sentando-se diciplinadamente na cadeira de metal escuro.

-Onde está Luigi?

-Deus sabe lá onde- passou os dedos em seus próprios cabelos- mas ele é como Milo, voltará se eu precisar. Se eu não buscasse a solidão eu não estaria aqui, não é verdade?

-Oh céus, sinto muito.

-Não se preocupe, Camus, você é sempre bem-vindo. Apenas, Luigi é demais.

-Demais?

-Sim, tudo demais, energético demais, forte demais, compulsivo demais, cruel de mais.

Camus gargalhou, adorava Afrodite, adorava ouvi-lo, adorava sua voz e seu jeito delicado. Afrodite o lembrava um antigo amigo, alguém que conhecera na carruagem (**) Zeta falava assim de sua esposa, mas ele a amava, e certamente Afrodite amava Luigi.

-Ele sempre foi assim?

-Desde que eu me lembre- respondeu- mas houve uma época em que eu não o conheci, ele já havia se transformado quando veio até mim, e eu, ainda era uma criança.

Camus o encarou mais uma vez, reparando em cada detalhe da criatura divina em sua frente. Era sedutor e perigoso como uma serpente, e elegante também. Movia-se como se pudesse hipnotizar à todos em sua volta. Se Camus era um príncipe, Afrodite era uma musa.

-Como o conheceu afinal? Jamais consegui a oportunidade para perguntar, temos algumas horas antes do sono dos imortais nos abater. Não quer me contar?

E ele riu, sua voz era doce e gentil quando ria. Uma bela criatura andrógena.

-Quer ouvir a minha história, Camus? De como conheci Luigi, o vampiro-demônio com a máscara da morte?

-Sim, mon ami, quero.

...oooOOOooo..

Eu era uma criança pequena, bem-amada, pais orgulhosos e ricos, muito ricos. Era uma terra pacífica, sempre foi, a Suécia era fria, mas bonita. Assim como seus moradores, belos e frios como nós. Você e eu.

Acho que entende, não é mesmo? O que quero dizer. Podemos ver as diferenças entre nossa personalidade e a de Milo e Luigi. Somos frios como a aura da noite e eles são cruéis como o meio-dia.

E eu amava aquele país, amava meu pai que prezava a bondade acima de tudo, e amava minha mãe cegamente. Mas a maldade cresceu em mim quando vi a real natureza dos seres humanos.

Desci em um dia de verão quente até o porão com a porta entreaberta, ouvi gritos e risadas altas que haviam me acordado. Eu não tinha cinco anos.

Era ela, minha mãe, meu pai estaria viajando e eu a vi, sobre uma das mesas da biblioteca, bêbada, louca, rindo, nua.

E meu pai, entrou como um raio, ele não deveria estar ali, com uma arma em mãos, ouvi gritos, muitos gritos, o melhor amigo de meu pai correra para fora, não sei como aconteceu e a biblioteca estava toda vermelha e com um cheiro infernal da pólvora da arma.

Me vi sozinho ali, minha mãe nua sobre os livros com os olhos aterrorizados, suas belas mãos caídas ao lado de seu rosto. E meu pai, sem se mexer.

Então, ele virou-se para mim, gargalhando como um louco, gritava coisas que eu não conseguia entender, andou em minha direção e eu sabia que ele ia me machucar.

Quando ele segurou em meu braço, apertou com força e eu não consegui gritar, tentei correr, mas foi em vão.

-Morreremos todos, toda a família, meu menino, meu menino- ele dizia sem parar, eu tive tanto medo..

E meu pai gritou, uivando como um lobo selvagem, alcançou um dos machados da decoração e virou-se para o corpo da minha mãe.

Eu o odiei, odiei vê-lo desmembrá-la com aquele sorriso demoníaco em seu rosto, tentei fugir novamente mas fui agarrado.

-Fique aí meu menino.

Eu não entendia, ele era bom, era para ser bom e agora estava cortando as mãos da minha mãe e jogando por todo o lugar.

E ouvi um tiro, o sangue jorrou por todo o lugar, o cheiro de fumaça novamente e não me lembro do que aconteceu então.

Quando acordei haviam várias pessoas em minha casa, uma pistola em minhas mãos e meu corpo coberto de sangue, sangue dos meus pais.

-Demônio- alguém gritou e tantas pessoas me agarraram e me puxaram de um lado para o outro- demônio, matou os próprios pais, criança demoníaca.

-Queime! Queime!

Senti um golpe forte em mim, e mais outro e mais outro.

E de repente, mais gritos, não, não era eu, eu era um demônio? Eu vi as pessoas voando e chocando-se contra as paredes. Muitos gritos e muitos gritando por Deus até que tudo era silêncio novamente.

Então, eu o vi no meio daquela poça de sangue, suas mãos vermelhas e pingando pelas unhas longas e afiadas e aquela máscara, a máscara dourada que lhe dera o apelido. Com presas saindo pela lateral de seu rosto, era um predador.

Não tive medo, não senti nada, eu era tão pequeno e não temia, eu o encarava, sem conseguir tirar os olhos do vermelho-vivo em suas mãos.

Ele voou em minha direção, sem ao menos perceber e aquelas garras afiadas seguraram o meu frágil pescoço.

-Quão idiota é criança, sem temer a máscara da morte? – ele me disse, e sua voz fez meu corpo vibrar- poderia esmagar seus ossos com a mesma facilidade que papel, e você sabe disso não é? Sente meu poder esmagador sobre você.

O cheiro de sangue em minhas narinas, o suor na minha pele e aqueles olhos, escuros, malignos penetrando em minha alma corrompida pelo mal.

Então ele cravou os dentes em meu pulso, bebendo lentamente, e eu não senti dor, não, senti um êxtase que não consegueria descrever. Imagens de morte e sangue entraram em mim junto com uma felicidade incrível. Era a morte, ele era a morte, e eu o amava.

Devo ter desmaiado, sei que estive perto da morte, mas ele não me matou e eu acordei em uma cama macia sentindo o vento bater em meus cabelos pela janela aberta.

Ele não estava lá, era uma mulher, uma bela mulher, devia ter seus trinta e poucos anos. Sua pele era da cor do caramelo queimado e seus cabelos estavam raspados.

-Oh criança, está com fome? O mestre pediu que cuidasse de você.

Ela falava na minha língua natal rapidamente, com um sotaque forte que não consegui identificar. Me trouxe uma sopa quente e salgada, mas estava deliciosa, eu não sabia que sentia fome até dar as primeiras colheiradas.

E de repente me lembrei do rosto dos meus pais, mortos, caídos no chão com a feição de terror. E aquela multidão sobre mim, me acusando de assassinato à sangue frio.

Larguei o prato vazio no chão e ele se quebrou, enfiei meu rosto nos travesseiros e comecei a chorar. Chorei como nunca havia chorado até adormecer.

A ama que cuidara de mim me dissera que eu dormi mais dois dias antes de acordar. Era de noite, e eu o vi pela primeira vez sem sua máscara.

Era jovem, difernete do que imaginei pela sua voz profunda. Mas eu era apenas uma criança e não saberia identificar, sei agora, ele deveria ter não muito mais que seus vinte e poucos anos quando transformado.

O que eu fazia ali? Por que me mantivera vivo?

Seus olhos escuros não me encaravam, apenas olhavam pela grande janela de pedras da torre.

-O que quer comigo? – ele me perguntou com a mesma voz aterrorizantemente bela que havia falado comigo no outro dia- por que seu coração me chamou?

Eu não sabia responder, estava hipnotizado, era apenas uma criança como poderia tê-lo chamado? Eu nem sabia quem ele era, nem sabia o que ele era, sabia apenas que meus pais estavam mortos e eu morreria também se não fosse por ele.

E ele se aproximou, seu cheiro de sangue e de morte escondidos sob uma camada de sabão. Sua pele brilhava pálido com a luz da lua e das velas que dominavam o quarto.

-Por que precisa de mim? Afrodite, sim, uma deusa da beleza, Afrodite, seu nome. Esqueça agora que nasceu de seus pais, esqueça tudo, Afrodite..

Eu concordei, não queria mais meu nome sujo, queria ser Afrodite, seu Afrodite.

Ele segurou a minha mão e beijou meu pulso, sorrindo com o canto dos lábios. Devagar ele abriu a boca e eu pode ver as pequeninas presas raspando em minha pele.

A dor foi fraca, mas eu a senti dessa vez. Apenas algumas gotas e ele lambeu a ferida para fechá-la com seu próprio sangue.

-Minha criança, meu Afrodite- ele repetia lentamente, e eu o amei, amei tudo nele.

Oh sim, eu o amei apesar de sua natureza cruel. E lá, vivi alguns dias com suas servas de cor cuidando de mim com os cuidados que se deve ter com uma criança.

Era lua cheia quando ele voltou, eu adorava a lua cheia, e estava corado, seu rosto, não pálido e magro como outro dia. Estava vivo e eu imensamente feliz por vê-lo.

Então uma figura alta e bela surgiu de algum lugar, eu o vi o terror em seus olhos.

-Luigi, então é por isso que você abandonou seu posto- corri para trás dele- então foi por isso que você largou seus deveres, seu mestre ficaria decepcionado.

Seus olhos da cor do gelo me fizeram tremer de medo, mas era tão bonito e tão assustador.

-Venha cá, meu querido- ele disse, mas não soltei as vestes do meu salvador- não vou feri-lo.

-Vá embora Albafica, ele é meu.

-Seu o quê? Amante? Seu brinquedo? Seu alimento?

-Não importa, vá embora.

E ele gargalhou, sua gargalhada fez meus ossos gelarem e eu o apertei com mais força.

-Venha, minha criança- ele esticou a mão mais uma vez, e usou seus poderes, minha mente estava em branco, vi apena ele, e soltei Luigi, andei à cegas à seu encontro.

-Estou fazendo um favor à você, Luigi, essa criança não é sua- seus braços passaram por mim e eu senti seu cheiro, tão dferente, era da morte também, porém era diferente- ele voltará à você, se essa for sua vontade.

-Ela é minha, o que lhe dá o direito de levá-lo embora?

E eu ouvia sua voz, sabia que ele estava por perto, mas não resisti aos encantos de Albafica.

...oooOOOooo...

(*) Ref. à Love and Blood

(**)Ref à Santuário de Sangue

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cof cof *varre o pó da conta do FF*

Nossa, fazia muitooooooo tempo que eu não postava alguma fict.

Não que eu não ande escrevendo, mas é que a maior parte são histórias alternativas e de personagens de criação própria. Tenho algumas de FF mas eu não gosto do andamento, e não queria postar ela pela metade (como postei tantos outros já XDD).

Mas como fazia tanto tempo que eu não postava, e as ficts d vamps que eu ando escrevendo estão meio que de certa forma, bem levemente interligadas xD eu resolvi postar essa.

Amo o Dite, mas o que eu escrevo fica um pouco diferente do que ele é realmente no anime/mangá, sei disso , por isso é meio(ou muito XP) occ..digamos... o mask tbm.
Falando nele, uso o nome Luigi tirado das ficts da Pure-petit cat, gostei da idéia do nome dele ser esse (já que o senhor kurumada fez esse nome que parece um apelido) e usarei ele mais do que Máscara da morte.

Enfim...obrigada à quem teve paciência de ler até aqui xDD

Espero que continuem me acompanhando XDD

Até logo