I've never understood before,

I've never knew what love was for.

My hearth was broke my head is so... What a feeling.

Aqualung - Brighter than sunshine

Cap. 1 - Hurry up and save me.

Quando você está à beira da morte cada segundo dura uma eternidade. Ele fechou os olhos porquê não queria levar aquela imagem, pra onde quer que fosse, não queria leva-lo consigo. Os sons pareciam distantes, a dor dos dentes penetrando em sua pele era tão insuportável, que parecia estar acima do que ele podia realmente sentir, mas o cheiro de sangue era forte. Talvez porque até o próprio nariz estivesse sangrando.

E de repente parou; ele ouviu um baque surdo e mais nada. Ficou tudo tão quieto que ele pode ouvir um farfalhar de folhas, e se atreveu a entreabrir os olhos para ver o que acontecia. Afinal, se estivesse na hora de prestar contas com o cara lá de cima, ou o lá de baixo, ele não poderia encontrar-se em posição fetal com o nariz sangrando. Mas não era nenhum dos dois. Pelo menos o que ele conseguia ver com sua visão turva não parecia ser. O ser que vinha em sua direção era claro, como se emitisse luz própria, e tinha cabelos dourados. Mais parecido com um... Anjo.

E ele sentiu uma calma inexplicável, só pela presença do anjo e o cheiro. Um cheiro suave de lavanda e jasmim. Por falta de forças, fechou os olhos e esperou que o anjo o levasse para onde deveria ser. E, como se ele adivinhasse, o anjo o ergueu nos braços e o levou. Estava voando, tinha certeza, mesmo que não abrisse os olhos para conferir. Então, estava indo pro céu. Quem diria? Nem ele mesmo acreditaria se o contassem. A viagem demorou, até mais do que ele esperava, e também estava um pouco frio, mas o anjo o protegeria de tudo, ele sabia.

Quando eles finalmente pareceram chegar, o anjo diminuiu a velocidade e o colocou em cima de algo sólido e frio. Ele queria abrir os olhos e ver o que estava acontecendo, mas sabia que teria que fazer um esforço imenso simplesmente para mover as pálpebras. Então se concentrou nas vozes.

Ele não compreendia exatamente o que estavam dizendo, mas compreendia que o anjo estava implorando, só que Deus não parecia muito propício. E havia uma terceira voz. Outro anjo? Ou Ele? Até que as vozes se calaram e ele sentiu dores finas em algumas partes do seu corpo e por fim a dor maior arrastando-o em um turbilhão.

***

Quando a dor pareceu ceder alguns milímetros, nas pontas dos seus dedos, ele ouviu as vozes novamente. Deus queria checar como ele estava, e o anjo parecia ter estado ali o tempo todo. Então, ele não tinha o deixado. Mas porquê ele não faz alguma coisa que o impeça de sofrer tanto. Será que ele fora tão injusto e pecador á esse ponto de ser jogado no inferno sem ter o direito de se defender?

A dor ia cedendo aos poucos, vinda das extremidades, mas aumentando no centro. No coração; ele não tinha usado muito o coração durante a vida, tinha? Ele tinha tomado porres, quebrado regras e mesas de bares, levado mulheres à loucura... Mas não exatamente amado-as.

E a dor vinha se concentrando cada vez mais, além de dor havia uma pressão, ele nem se esforçou para emitir nenhum som. Tinha suplicado ao anjo, mas ele não parecia ouvir; tinha tentado gritar, quando a dor ainda estava espalhada, mas parecia que a sua voz se perdia no vácuo. Ele não sentia mais o cheiro de sangue do que parecia ter sido uma eternidade atrás.

Quando já doía só em seu coração, parecia ter chegado a hora. O que acontecia depois de se queimar no inferno? Será que o anjo iria embora agora? Ou talvez isso tivesse sido só um castigo e agora ele podia seguir com o anjo para o céu, por isso ele permanecera ali todo o tempo. A esperança é a última que morre, até quando se está morto.

Assim como veio, após as dores agudas, de repente, a dor cedeu. E ele se sentiu forte; para abrir os olhos, falar, enfrentar um urso... Podia ouvir melhor as vozes agora, então ia abrir os olhos e ver o rosto do anjo. Ele moveu as pálpebras levemente e sua retina foi inundada de luz, mas isso não o incomodou como deveria. A morte era estranha. Quando abriu os olhos por completo, e perceber onde estava. E não parecia nada com o céu.

Parecia uma cozinha, e ele estava em cima de uma grande copa. O teto era alto, as paredes em tons pastéis. Mas que diabo de sede era essa que ele estava sentindo? Ele olhou para o lado e viu quatro pessoas, em pé, conversando. E o assunto não parecia ser dos mais agradáveis. Um homem loiro, que não deveria ser muito mais velho que ele, uma mulher de cabelos acaju, que mais prestava atenção no que os outros falando do que se pronunciava, um rapaz, um pouco mais novo que ele, e quem estava falando naquele momento, uma moça loira, estonteante. Ela terminou de falar e olhou para ele de relance, e então percebeu que ele estava acordado e teve um sobressalto chamando a atenção dos outros. Todos o olharam e ele se sentou na bancada da copa em que estivera deitado por um longo tempo.

- Me desculpem. - ele disse. - Eu não estava ouvindo a conversa.

O homem loiro, que parecia ser o chefe, ou o patriarca, se adiantou até ele.

- Olá. - disse o homem. - Sou Carlisle Cullen. Como é o seu nome?

- Emmett. Emmett McCarty.

- Oi Emmett. Essa é a minha família. - falou ele dando um passo para o lado e deixando os outros no campo de visão de Emmett. - Minha mulher, Esme, Edward e Rosalie. Como você está se sentindo?

- Agora eu estou bem. O que aconteceu exatamente?

Carlisle virou a cabeça e olhou para os outros, que se retiraram.

- Desce. Vamos conversar.

Enquanto Emmett descia da bancada e sentava em uma cadeira apontada por Carlisle, Rosalie escondida ouvindo tudo. Ela deixara a porta aberta, não porquê precisasse disso para ouvir, mas se precisasse fazer uma entrada de emergência antes que Carlisle falasse algo que não devia. Ela moveu a cabeça para o lado e viu um pouco do interior da sala, ele estava sentado de costas para porta enquanto Carlisle ia explicando. O mesmo texto que ela tinha ouvido dois anos atrás.

Ela não queria que ele soubesse que ela o tinha salvado. Ele não podia saber, ela não queria correr o risco. E ninguém compreendia. Eles estavam justamente discutindo isso quando ele acordou e nada acabara resolvido; Carlisle não podia falar não podia.

É, eu lembro do ataque do urso. - Emmett ia dizendo.

Rosalie também lembrava. Todo aquele sangue espalhado, ela sentiu a garganta arder como nunca, mas outra coisa foi mais forte. E ela nem conseguia explicar direito o que foi. Ela tinha mesmo se apaixonado à primeira vista por um corpo ensangüentado? É claro que havia o resto, havia as covinhas, os cachinhos, o corpo musculoso, mas... Ela? Ela que tinha passado pela pior experiência de toda sua vida e jurado fechar seu coração?

Então, foi a Ro...

Ela deslizou pra dentro da sala acenando freneticamente e balançando a cabeça negativamente. Ele não podia saber.

Fui eu. Eu salvei você e te mordi.

E agora eu sou um vampiro?

Isso.

Ela suspirou inaudivelmente, mas Carlisle olhara pra ela por alguns instantes e Emmett se virara para trás fazendo ela deslizar para fora da sala, mais rápido do que o que entrou.

Até que ele não tivera uma reação tão ruim, fora melhor que a dela. Mas aquele tom suave de Carlisle controlaria até seu pior acesso de raiva.

Como estão indo? - perguntou Edward se aproximando dela.

Ele acabou de contar. Porque você não o chama pra caçar? Podem ser bons amigos, ele não deve ser muito "mais velho" que você.

Edward deu de ombros.

Que versão ele contou?

A minha; no caso que ele salvou Emmett.

Emmett. Ok. - disse Edward e entrou na cozinha.

Quando Edward entrou, Carlisle se levantou e Emmett fez o mesmo.

Você deve estar com sede. - disse Edward.

Emmett franziu o cenho.

Sentindo algo esquisito na garganta.

Ah... Na verdade; é. - Emmett confirmou.

Vamos, eu vou levar você pra caçar.

Caçar significa... beber sangue? - perguntou Emmett olhando para Carlisle.

Carlisle riu.

Sim, você vai precisar disso agora.

Então ta. Vamos lá. - ele disse apontando para Edward ir à frente.

No fim das contas Carlisle era o "anjo", no começo ele achou difícil compreender. O anjo parecia ter cabelos maiores e uma voz mais feminina. Mas ele logo chegou a conclusão que estava com a visão turva pelo ataque do urso e depois o veneno estava queimando suas veias, não podia ter realmente compreendido o que estava acontecendo.

Além do mais, estava a muitos quilômetros de casa e pertencia a uma nova espécie que ele ainda nem compreendia. Era melhor confiar naquelas... "pessoas"? Ele nem sabia como se referir a elas, ou a ele mesmo. Carlisle parecia paciente e gentil, assim como a mulher que era dissera ser sua esposa, Edward parecia um cara legal e havia a outra moça. Ela era absurdamente linda, mas a sua cara de assustada quando o viu acordado. Por quê?

Havia certas coisas que ele não compreendia, mas, de acordo com Carlisle ainda teria muito tempo para fazê-lo.