Teasing
- Desculpe a demora, Kuchiki-taichou!
Renji chegou correndo no escritório da sexta divisão. Mais uma vez, ele havia acordado tarde e mal tivera tempo de se aprontar. Seu kimono estava mal amarrado, e os longos cabelos vermelhos estavam soltos, com alguns fios grudados na testa suada. Byakuya o observava com certa impaciência, recostado na mesa. Quanta irresponsabilidade, pensou ele enquanto levantava uma sobrancelha em sinal de desaprovação.
- Trouxe os relatórios que lhe mandei preparar ontem, Renji?
- Sim, taichou – Renji joga a pilha de papéis na mesa – Estão aqui.
Os papéis se espalharam por cima da mesa, mas Byakuya não falou nada. Para ele, não valia a pena discutir com alguém tão sem modos como seu tenente.
- Isso é tudo – respondeu Byakuya secamente – Retire-se.
Renji abriu a porta, irritado. Então ele me fez acordar cedo somente para entregar uma pilha de papéis inúteis? Ah, não brinca! Pensou ele, quando de repente ouviu seu capitão chamar mais uma vez.
- Renji.
- O que é taichou?
- Os motivos de seu atraso não me interessam. Mas se acontecer de novo, não hesitarei em descontar de seu salário.
Renji parou e respirou fundo. Era só o que me faltava!, Pensou ele novamente. Como sempre, Byakuya sempre mantinha a mesma pose enquanto dava suas ordens, e transmitia certa arrogância que Renji tentava suportar a algum tempo, mas dessa vez era demais. Ele jurou uma vez que superaria Byakuya, e dessa vez, não ficaria calado.
- O problema é seu – responde Renji
- Como é?
- É isso mesmo, taichou. Porque o senhor sempre trata seus subordinados assim?
- O modo como trato meus subordinados não lhe diz respeito – responde Byakuya, mantendo o tom de impaciência – Se não tem nada importante a dizer, vá embora.
- Sim, eu tenho algo a dizer – retruca Renji, fechando a porta com força e se aproximando – Pois eu também sou seu subordinado... Parece até que o senhor sente uma espécie de prazer nisso.
Mal ele fechou a boca, e viu o olhar de Byakuya faiscar de raiva em sua direção.
- Sentir prazer te maltratando? Não me faça rir. – respondeu Byakuya sem sair do lugar – Agora, saia daqui antes que eu--
Uma distração. Renji agarrou seu pulso erguido, encarando-o desafiadoramente.
- Antes que você o quê, Kuchiki Byakuya? Bata em mim? – Renji estreitou o olhar – Não me faça rir.
O atrevimento dele deixou Byakuya sem palavras, sem reação, pois ninguém contestava suas ordens. Quando se deu conta, seu olhar estava fixado nos lábios entreabertos de seu tenente. Grossos, pensou ele. De repente, começou a sentir algo que não tinha nada a ver com a temperatura daquela sala. Seria possível que Byakuya estivesse atraído por Renji? E se estivesse, seria possível que Renji também sentisse o mesmo por ele?
Verdade ou não, seu olhar fixou-se novamente no de Renji e percebeu algo diferente. Seus olhos também faiscavam, mas algo lhe dizia que não era de raiva. Sem dizer uma palavra, Renji se aproximou ainda mais de Byakuya, e com a mão livre acariciou-lhe a nuca.
Ele estremeceu. Vendo que Byakuya não oferecia resistência, Renji roçou levemente os lábios nos dele, e o viu perder o controle quando mordeu-lhe o lábio inferior de forma impetuosa e em seguida penetrou a língua em sua boca, fazendo-o corresponder ao beijo.
Ora, que se dane.
Por um momento, Byakuya pensou em se afastar. Onde já se viu, fazer algo assim com um homem? Com Renji? Talvez ele estivesse com medo de desrespeitar a memória de Hisana, mas todos os seus pensamentos desapareceram à medida que o beijo dos dois se intesificava. Sentindo uma necessidade urgente, ele arqueou o corpo na direção de Renji.
Percebendo as reais intenções de seu capitão, Renji sorriu e deslizou uma mão para dentro da calça de Byakuya, envolvendo-lhe o membro pulsante com os dedos em suaves movimentos. Timidamente, Byakuya gemeu agarrando os cabelos ruivos de seu tenente e logo em seguida enfiou uma mão dentro do kimono mal amarrado dele. Acariciou-lhe o abdômen, subiu a mão por seu peitoral tatuado e sentiu a pressão da carícia que Renji fazia em seu sexo aumentar quando beliscou-lhe um mamilo.
- Renji... – murmurou Byakuya
Droga, pensou o ruivo. Ele começou a ficar excitado. Afinal, ele não estava ali somente para dizer poucas e boas para Kuchiki-taichou? Renji não queria, ou melhor, ele não podia continuar com isso, pois ele era apenas um subordinado, e não queria demonstrar o que realmente sentia com as carícias de seu capitão. Ele sabia o que deveria ser feito.
Interrompendo o momento, Renji retirou bruscamente a mão de dentro da calça de Byakuya e afastou-se dele, deixando-o perplexo.
- Qual é o problema? – perguntou Byakuya surpreso
- Nenhum, Kuchiki-taichou – responde Renji sarcasticamente – Foi apenas um teste.
- O que quer dizer com isso, Renji?
- Isso foi apenas para provar – ele sussurra no ouvido de Byakuya – Que eu não preciso seguir sempre as suas ordens.
Enquanto Renji caminhava para a porta, Byakuya finalmente entendeu. Por um instante, ele fora escravo de seus próprios desejos reprimidos e acabou demonstrando sua fraqueza. Pelo menos ele não precisaria mais esconder seus sentimentos, já que Renji parecia corresponder à altura.
- Isso ainda não acabou – avisou Byakuya, recostado na mesa
- Não se preocupe, taichou – retrucou Renji antes de lançar um olhar malicioso – Será nosso pequeno segredo.
Enquanto o ruivo fechava a porta, viu Byakuya sorrir disfarçadamente.
Não era exatamente o que ele planejava, mas finalmente havia encontrado um jeito de lidar com seu capitão.
