Autora: Thyta

Beta-Reader: A Pessoa Acima

Personagens/Par: Anastásia e Rasputin

Gênero: Drama, Romance

Classificação: NC-17. A autora não se responsabiliza.

Notas: Esta fanfic é completamente abstrata.

Disclaimer: Anastásia e seus personagens não me pertencem e este material não tem nenhum fundo lucrativo.

Teaser: Em Natal, em neve, em sangue, em vingança e na mente de uma menina dançante cujo vestido é sujo de inocência, de imagens de memórias falsas.

Dezembro em Noites Falsas

Moças dançam no ar
Coisas de que me lembro
E a canção de alguém
Foi no mês de dezembro

E a pequena, aprumada de brilho natalino, na ponta dos sapatinhos enfeitava a árvore. A lareira próxima queimava confortavelmente, envolvendo com seu calor a canção da casa, vinda da vitrola velha. Era dezembro. Era Natal. Um tom de chocolate vinha das paredes, e a menina dançava feliz em volta do tapete vermelho, contrastando com seu vestidinho amarelo, sujo de infância e inocência. Do lado de fora, um coral de flocos de neve lhe acompanhava, no chão, na grama de rica rainha. Algo fora de lugar, um vaso, um retrato, uma memória, um homem.

Dias de felicidade
E os cavalos na tempestade
São imagens a dançar
Que eu posso recordar

Os cabelos ruivos de menina, de mulher, de corpo que cheira à vontade. Ela se virou, e uma lembrança brotou do chão, tão calma quanto aterrorizante, e Rasputin a envolveu em braços de melodia junto a seus lábios. Anastásia, odiosa menina, amada mulher, um sussurro de hálito de imagens dançantes, fogo e assassinato, e a família de Anastásia morta por aquele homem. Dezembro. Mês onde ele a visitava por desejo de ser morte, não Natal, vingança. Onde foi que ela havia se perdido assim? Quando foi que se tornara uma mulher elegante tal qual a rainha que jamais ambicionara ser? Quando foi que passara a ser essa imagem de lembranças tristes e noites que nunca ocorreram?

Dias de felicidade
E os cavalos na tempestade
São imagens a dançar
Que eu posso recordar

Ele não a deixaria ir, e a árvore de natal e sapatinhos aprumados ficaram para trás, queimando na lareira que já não aquecia. O coral tornara-se orquestra, de neve em chuva de flocos de fogo na face ruiva de Anastásia. Tilintando, sons desconexos, gritos e então Rasputin em um cavalo ao inferno. Criatura medonha, cavaleiro desgraçado, e a pequena princesa o seguia através de dias felizes e Natais. Ainda era dezembro. A voz de uma rainha a chamava. O Natal derretia por dedos que seguravam cordas, soltas, sufocantes de nobreza e ricas pedrarias numa caixinha de música de Natal, tocando a canção que não lhe pertencia, a canção que Rasputin levara embora a fogo, juntamente com ela. A voz de uma rainha a chamar.

Muito tempo passou
E o fulgor da lareira
Na memória ficou
Disso eu sempre me lembro

Ouvidos mudos eram os da mulher ruiva, olhos de gelo, corpo de vento que se ia junto ao cavalgar. O Natal lhe batia acusador no rosto corado de excitação, de cheiro de mulher, de som de gritos, de vontade de liberdade e daquele homem. De livros e contos-de-fadas, de princesas e cavaleiros infernais, de Anastácia e Rasputin em um Dezembro de neve de fogo num trêm movido por sentimentos. E foi embora, uma mulher e um homem, uma memória e danças que nunca aconteceram e não seriam esquecidas. Uma história apenas, contada pela vitrola da rainha de elegância e vontade de Natal infernal em memórias de dezembro.

E a canção de alguém
Foi no mês de dezembro