THEIRS
by sniperpadalecki
Título: Theirs
Autora: Sniper Padalecki
Beta: AmanditaTC
Gênero: Romance/Slash/Humor
Censura: NC-17
Disclaimer: Esta é uma obra 100% ficcional, sem fins lucrativos. Jared e Jensen não são meus, eles pertencem um ao outros, a CW e a Daneel e Genevieve, mas Nick e Mark são meus e da Amanda sim!
Avisos: Relação sexual entre pessoas do mesmo sexo (dois casais de homens).
Nota: Esta fic é um blanket de outra história minha, Mine, Yours and Ours, e não fará sentido se lida antes da outra. Portanto, se chegou até aqui sem ler a outra fanfiction, provavelmente não irá entender. E recomendo que leiam, a história é bacana, eu juro! ;P
Sinopse:
Mark e Nick finalmente saíram da escola e entraram na faculdade. Apesar da nova fase dos dois, será possível que eles consigam viver mais essa etapa da vida juntos? A história mostra o que acontece entre o último capítulo de Mine, Yours and Ours e o epílogo.
Especiais:
Não poderia escrever essa fic sem agradecer à Amanda primeiramente, que está comigo desde MYO. Reli algumas vezes antes de escrever essa nova história e percebi que tem muito dela naquela fic, portanto, Amanda: muito obrigada por tudo e especialmente por dividir seu talento. Você é maravilhosa.
Também queria agradecer à Miss Reckless, que foi quem me encheu a cabeça de ideias para continuar essa história (e me cobrou que eu a escrevesse também, pois havia prometido hahaha). Princess, amo você muito! Essa fic é também dedicada a você.
X.X.X.X
DEDICATÓRIA ESPECIAL
Essa fic é presente de aniversário para a melhor beta de todos os tempos, Amanda!
Minha linda, mais uma vez fico sem palavras para falar de você e pra você. É incrível como a vida nos apresenta assim essas pessoas aleatórias que acabam aparecendo pra ficar nos nossos corações e não vão embora nem que o tempo passe e as coisas aconteçam. Adoro 'trabalhar' contigo, te admiro não apenas como escritora, mas como mãe dedicada, como mulher independente e talentosa, que sempre soube que pude contar. Que esse seja apenas mais um aniversário especial que eu possa ter o prazer de te presentear com o que mais gosto de fazer: escrever. Que essa amizade seja pra você o mesmo que é pra mim: uma oportunidade de estar cercada de uma pessoa que inspira e busca o melhor nos outros. Te amo, te adoro, te gosto demais, pra valer mesmo! Continue sendo essa pessoa humilde e que valoriza as pequenas coisas da vida. Você tem muito ainda a contribuir com o mundo. Bom se existissem mais pessoas como você. Obrigada por ser real, por ser você e por ser tão amiga em todos os momentos. Beijo, sua delícia! Nunca quero te perder. 3
X.X.X.X
ONE
Wildest dreams
I'm gonna organize some changes in my life
(Vou organizar algumas mudanças na minha vida)
I'm gonna exorcise the demons of my past
(Vou exorcizar os demônios do meu passado)
Era cerca de onze horas da manhã. Jensen estava na varanda do quarto lendo um jornal. Já fazia um ano que os dois passaram a morar juntos, formando uma grande, e singular, família. O médico tinha terminado seu banho e agora esperava Jared para decidirem onde almoçar. Era cedo ainda e certamente Mark e Nick ainda levariam um tempo para acordar.
- Será que estamos perdendo a moral com esses garotos? – o músico apareceu vestido apenas com um roupão branco, secando os cabelos longos com uma toalha da mesma cor. - Já perdi a conta de quantas vezes dissemos que eles não poderiam dormir juntos e, no entanto, estão lá... Agarrados, dormindo na cama do Nick.
- De novo? - Jensen também nem se dava mais ao trabalho de tentar intervir. Ainda mais depois da comemoração da noite anterior, sabia que os meninos fariam uma pequena celebração particular.
Jared suspirou e sentou na cadeira de frente para Jensen. O loiro deixou o jornal de lado e inclinou o corpo na direção de Padalecki. Por mais que os meninos tivessem quebrado as regras (pela terceira vez só naquela semana), ele não conseguia tirar o sorriso do rosto. Mal podia acreditar que eles realmente haviam chegado até ali, encerrando juntos um ciclo em suas vidas, especialmente na vida de seus filhos. Afinal, nada poderia ser mais gratificante para dois pais solteiros do que presenciar a formatura dos filhos e acompanhar as expectativas da faculdade.
- Eles beberam, não foi? - Jared sorriu indignado enquanto Jensen apenas sorria e esticava a mão para acariciar o rosto do namorado.
- Vamos saber quando acordarem. Se estiverem de ressaca, teremos nossa resposta. – deixou o jornal de lado, sobre a mesa de vime que usavam para tomar café da manhã. - Deve estar mesmo orgulhoso de Mark. Também estou.
- Estou. - Jared disse abrindo o sorriso largo para o loiro. - Vimos o quanto ele se esforçou esse ano. Acho que nunca o vi estudando tanto. Nick fez muito bem a ele.
- Ambos. - Jensen completou. - Ambos se fizeram muito bem. Acho que podemos dizer que fizemos um ótimo trabalho. - O médico disse, entrando no quarto e pegando de cima da mesa de cabeceira dois envelopes já abertos. - E aqui está a prova.
Jared o seguiu e seu sorriso pareceu ainda maior ao pegar o envelope com o símbolo da Universidade de Nova York endereçado a Mark. Jensen abriu novamente um envelope igual ao que Jared tinha em mãos, só que esse remetido a Nick.
- Acho que deveríamos emoldurar isso. - Jensen sugeriu e Jared gargalhou, fazendo o médico rir com ele. As cartas eram de aceitação de ambos na universidade. Aquela e mais duas haviam chegado na casa deles. Uma de Columbia e outra de Brown, Nick e Mark respectivamente. Mas eles queriam ficar juntos então optaram por estudarem na universidade que aceitou os dois.
Apesar das notas de Mark terem melhorado consideravelmente no último, seu talento no futebol garantiu que ele conseguisse uma bolsa na Universidade de Nova York. O rapaz ainda não havia decidido qual curso fazer e optou por selecionar algumas matérias e ver com quais se identificava mais. O que foi uma surpresa para para Jared, que achou que Mark realmente já tinha decidido fazer música, porém ele preferiu esperar mais alguns anos, até conseguir entrar no conservatório de música de Juilliard.
Nick estava no mesmo caminho. Jensen não queria pressioná-lo, mas queria muito que o filho seguisse seus passos. Ainda assim o deixou livre para decidir depois que estivesse lá. Seria mais fácil e menos pressão para ele, pois agora eles estariam em outro mundo, outro ambiente, com outro tipo de pessoas. Nicholas poderia explorar bem mais suas escolhas e habilidades.
I'm gonna take the car and hit the open road
(Vou pegar o carro e pegar a estrada livre)
I'm feeling ready to just open up and go
(Estou me sentindo pronto para me abrir e simplesmente partir)
- Vamos esperar eles acordarem para decidir onde vamos almoçar? - Jared perguntou voltando a guardar a carta no envelope depois de reler pelo menos umas três vezes.
- Por mim tudo bem. - Jensen abraçou Jared e os dois saíram para sala, onde ficaram abraçados no sofá por alguns minutos. - Mas poderíamos já dar as opções a eles, assim não demoraríamos muito. - Ele beijou os cabelos de Jared assim que o mais alto encostou a cabeça em seu peito.
Antes que pudessem começar a pensar no que queriam comer naquele domingo especialmente silencioso, o barulho leve de uma porta que se abria com bastante cuidado e calma pode ser ouvido pelo corredor do andar de cima. Tanto Jared quanto Jensen permaneceram calados, para ouvir a conversa sussurrada de dois garotos que pareciam rir baixo além de se acharem muito espertos.
- Eu só vou bagunçar a minha cama. - Mark Padalecki dizia rindo. Jensen e Jared se esforçavam para ficarem o mais quietos possíveis. - Só pra não parecer que dormimos juntos.
- Vai logo antes que eles acordem. - Nick respondeu em meio a um riso contido, fazendo Mark quase não conseguir conter uma gargalhada
- Mark! - Jared gritou do andar debaixo, torcendo para sua voz parecer autoritária, para o total e completo susto do garoto antes de conseguir entrar no próprio quarto.
- Que é? - Ele ainda estava no corredor, de cueca branca e abrindo a porta do quarto. Entrou como se estivesse se protegendo de um furacão e jogou as cobertas e lençóis pra cima, para os lados, um travesseiro no chão e as cortinas ainda fechadas. Não parecia que ele havia dormido lá, mas ao menos ninguém poderia contestar com o óbvio.
Jared e Jensen subiram as escadas escondendo o riso ao verem que Nick fechou a porta rapidamente ao ouvir a voz de Jared. O moreno parou no corredor e Mark abriu a porta, fingindo que recém tinha acordado, sonolento e maquiando um bocejo.
And I just feel I can be anything
(E eu sinto que posso ser qualquer coisa)
That all i might ever wish to be
(Que eu sempre quis ser)
- Chegaram tarde ontem. - Jensen disse cruzando os braços, fingindo uma expressão séria. - Nick ainda está dormindo?
- Deve estar, Jensen. - Mark fingiu-se de desentendido. - Quer dizer, não o vi mais depois que fomos dormir.
- Ah é mesmo? - Jared disse incrédulo. Mark revirou os olhos, quem visse poderia jurar que ele até se sentiu ofendido.
- É sério, coroa. - disse ajeitando um pouco os cabelos bem bagunçados.
- Cadê suas roupas? - Jared perguntou e o loiro ao seu lado olhou pra baixo pra evitar cair no riso ao ver os olhos arregalados de Mark. Óbvio que suas roupas estavam todas no quarto de Nick.
- Por aí, no meio das cobertas. - Ele disse fechando um pouco a porta para que Jared não visse que não tinha roupa nenhuma ali. - Qual é? Não acredita?
- Moleque, você sabe que não importa que você tenha praticamente a minha altura, ainda sou seu pai e posso te encher de porrada se mentir pra mim. - Jared disse, como se ameaças de surras que nunca existiram pudessem surtir efeito com o rapaz.
Mark abriu um sorriso e abraçou o pai.
- Seu filho indo para a Universidade de Nova York não conta como um bônus? - Ele disse e agora foi a vez de Jensen cair na gargalhada.
- Já era, Jay... - O loiro disse andando alguns passos na direção da porta do quarto de Nick. - Eles vão usar isso contra a gente pra sempre, pro resto da eternidade enquanto estivermos vivos, vão nos chantagear com essa carta pra sempre. - Jared se rendeu ao riso enquanto Mark permanecia abraçado no pai com um sorriso jocoso.
– Nick. - Jensen deu duas batidas no quarto do garoto. - Vamos logo, sabemos que está acordado.
- Eu não estava não. - Nick apareceu na porta quase se defendendo. Mais acordado do que nunca. - Eu estava dormindo sim.
- Vocês têm 18 anos, parem de agir como idiotas. - Jensen riu ainda mais entrando no próprio quarto para trocar de roupa, enquanto gritava para os meninos no corredor – E mais que isso, parem de agir como se o Jay e eu fossemos idiotas.
- Então quer dizer que já podemos dormir juntos? - Nick tentou a sorte.
- Não! - Jensen e Jared disseram juntos, categoricamente.
- Qual é, pai, fomos aceitos na Universidade de Nova York! - Nick também tentou essa jogada fazendo Jared rir. Mark gargalhou encostando-se na soleira da porta de seu próprio quarto.
- Vá se vestir pra almoçarmos que você ganha mais do que tentar me comprar com essa! - Jensen gritou de dentro do quarto enquanto Jared o seguia para colocar uma roupa também para saírem.
- Onde vamos? - Mark perguntou de longe quando os dois se afastaram completamente.
- Podem escolher. - Jared também gritou de onde estava. Nick e Mark trocaram olhares cúmplices. Nick cruzou os braços e imitou o movimento de Mark ao encostar-se na soleira da porta do próprio quarto.
And fantasize just what I want to be
(E fantasiar sobre o que eu quero ser)
Make my wildest dreams come true
(Tornar realidade meus sonhos mais selvagens)
- Tacos! - Eles disseram juntos, sorrindo como crianças. Comida mexicana tinha acabado de se tornar a preferida de ambos.
- Nem sei pra quê eu pergunto se já sei a resposta. - Jensen disse de um jeito engraçado fazendo Jared rir e os meninos tocarem as mãos como se comemorassem algo.
Deram meia volta e entraram em seus quartos felizes, divertindo-se com coisas bobas, com momentos de família, com banalidades do dia a dia. Estavam formados e livres da escola, cheios de expectativas pra aquilo que se chamava 'faculdade'. Aquele mistério todo, a ansiedade das matérias, das pessoas, dos lugares, das festas...
Mark tinha mudado consideravelmente. Certamente que ele nunca deixaria de ser um rebelde por natureza e isso incluía que jamais cortaria o cabelo. Eles continuavam escuros, lisos, cobrindo as orelhas e com as franjas nos olhos castanhos iguais aos da mãe. Provavelmente tinha crescido mais alguns centímetros e ganhado mais massa corporal devido aos constantes treinos para ganhar a bolsa. Seu violão tinha ido parar no quarto de Nick que agora praticava mais do que o filho de Padalecki.
Ele foi tomar banho e, em seguida, vestiu um jeans largo, uma camiseta verde-musgo e all star verde, desbotado. Arrumou os cabelos molhados em frente ao espelho enquanto Nick estava no chuveiro. A barba estava mais crescida, ainda um pouco rala e propositalmente mal feita. O deixava praticamente um clone de seu pai.
Esperou Nick no quarto do loiro que, quando entrou, vestiu um jeans preto com uma camiseta branca. O sapato preto tinha sido presente de Jared, um igual ao que Jensen tinha. Ele tinha os cabelos um pouco mais curtos, quase raspados atrás e arrepiados na frente. As pontinhas estavam bem claras e ele tinha as mesmas sardas nas costas que o pai. Apesar de também ter os traços de Ackles, assim como Mark, Nick tinha os olhos da mãe, amendoados e bondosos.
Ele sentou na cama ao lado de Mark segurando em uma das mãos do namorado, que distraído lia algum quadrinho do Batman que Nick tinha no quarto. Por uns momentos ficou apenas olhando para ele, com a cabeça baixa, segurando a revista com uma das mãos. O cenho franzido e os cabelos nos olhos o remetiam há dois anos, quando as coisas entre eles começaram.
I'm on my way
(Estou a caminho)
Out on my own again
(Por aí sozinho novamente)
I'm on my way
(Estou a caminho)
Out on the road again
(Na estrada novamente)
- O que está olhando, Ackles? - Ele perguntou sorrindo sem tirar os olhos da revista. Sempre sabia quando o loiro estava olhando pra ele como se sentisse sua pele se aquecer apenas pelo olhar do outro.
- Quando vamos contar pra eles? - Nick começou num tom mais baixo, soltando da mão de Mark e ficando na mesma posição que o moreno alto ao seu lado. - Quer dizer, será que eles acham que as coisas vão continuar as mesmas?
Mark pensou por um segundo respirando fundo. Não estava lá muito preocupado, mas Nick parecia um pouco abalado com a decisão de saírem da casa dos pais para morarem juntos em Manhattan. Também por causa da faculdade, mas mais porque queriam mesmo a privacidade de poderem resolver seus próprios problemas, ter uma vida a dois, se achavam já bastante maduros pra isso. Nick, que era mais centrado e pé no chão, ainda tinha algumas dúvidas. Mark não estava cem por cento seguro, mas o ar de liberdade, aquela sensação que ele esperava tanto para ter falava tão alto que abafava a voz da razão em sua cabeça.
- Eles vão entender. - Mark disse, controlando o tom de voz, pois a porta estava aberta. - Podemos aproveitar o almoço de hoje e o fato de estarmos com a moral alta com os velhos. – sorriu pretensioso, conseguindo desanuviar a expressão do namorado. - Qual é, você sabe que estou certo. Além da Universidade de Nova York, Columbia chamou você e Brown também me aceitou. Somos fodas.
Nick riu mais aberto agora, era incrível como certas coisas em seu namorado nunca mudavam. O jeito pretensioso principalmente, mas era num tom divertido e não por se achar superior, até porque o loiro sabia que Mark merecia cada uma daquelas conquistas, ele se esforçou para consegui-las.
- Ok, você tem razão. - Nick respondeu mais confiante agora ao ver que o namorado estava disposto. - Vamos aproveitar essa chance, eles estão com as guardas baixas e os orgulhos inflados. - Nick riu fazendo o outro divertir-se com a situação também. - Quem sabe até nos ajudem a achar um lugar... Um apartamento legal no centro de Manhattan.
- Vamos morar em Greenwich Village? - Mark perguntou gostando da ideia.
- Acho uma boa ideia, achei que você queria morar em Lower Manhattan, perto da Soho. - Nick beijou uma das mãos de Mark.
- Teremos que ver isso, Nick. - Mark disse ao mesmo tempo que foi diminuindo o sorriso. - Acho difícil que estudemos as mesmas coisas. O campus de Medicina e o Conservatório de Música não ficam no mesmo lugar. - Mark disse lembrando-se que esse provavelmente seriam os cursos que ambos fariam.
When I remember back to how that things just used to be
(Quando lembro como as coisas costumavam ser)
And I was stuck inside a shroud of misery
(E eu estava preso dentro de uma montanha de tristeza)
- Pensei que preferisse estudar Música na Juilliard. - Nick disse arqueando as sobrancelhas.
- E vou. - Padalecki disse firme. - Não estou falando de mim... Acho que é você quem deveria pensar no assunto.
- Eu? - Nick pareceu surpreso com a sugestão. -Mark, isso nem faz sentido, quem tem talento nesse relacionamento é você! - Nick riu sem graça.
- Onde está meu violão? - Ele perguntou e Nick apontou para o lado de sua cama. O Giannini preto semi-acústico que Jensen tinha dado de presente para o filho de Jared. - Quem tem tocado?
- Eu, mas... - Nick sorriu sem graça. - Mas era porque você estava me ensinando e você prefere tocar guitarra!
- Nick... - Mark girou o corpo na direção do outro que ainda olhava pra ele sem entender. - Sou músico o suficiente pra reconhecer outro quando vejo um.
- Mas...
- Só estou comentando. - Mark o interrompeu antes que ele entrasse uma espécie de colapso por ficar confuso. - Sem pressão, só sugerindo, não fique preso a uma coisa só, saiba que tem talento pras artes também.
- Vou pensar. - O loiro disse mais tranquilo e Mark abriu um sorriso largo, mostrando as covinhas, parecia satisfeito. - Isso quer dizer que você está pensando em ser médico? - Nick riu de canto e Mark baixou os olhos sem graça.
- O tempo que fiquei no hospital ajudando seu pai naquela Semana do Voluntariado, eu meio que... gostei. - Ele admitiu lembrando-se do dia que, por vontade própria, pediu a Jensen que o levasse para ele ver como era. - É muita adrenalina.
- Adrenalina? - Nick riu sem achar graça. - Isso é uma puta responsabilidade, tá maluco? - Mark riu do pânico de Nicholas.
- Foi só um adjetivo, calma. - Mark riu roubando um beijo do namorado. - Mas estou pensando. Acho que você deveria tentar instrumentos de corda no conservatório e eu deveria pegar umas matérias de biologia.
- Parece que você já tem tudo planejado, hein Mark Padalecki. - Nick brincou ao se surpreender com a iniciativa de Mark. Era raro, pois era sempre Nick quem planejava a maioria das coisas dos dois. Ficou feliz ao ver que ele estava interessado, mais maduro e pensando em um futuro com ele ao seu lado.
I felt I'd dissapeared so deep inside myself
(Sinto que desapareceria dentro de mim mesmo)
I couldn't find a way to break away the hell
(Não conseguia encontrar um jeito de acabar com aquele inferno)
- O que vocês têm planejado? - Jensen entrava no quarto seguido por Jared. Ouviram apenas o final da conversa.
- Coisa nossa. - Mark respondeu rindo e Nick levantou-se segurando na mão do moreno. - Logo contaremos. - Ele disse a última parte olhando para Nick, que retribuiu o olhar cúmplice.
Jared riu de canto. Era nesses momentos que sentia aquele aperto no peito de ver seu filho crescer e notar que ele não estava mais incluindo o pai em todos os momentos da sua vida. Jensen sentiu o mesmo ao ver os dois de mãos dadas. Eram quase mais altos que seus pais e tinham um brilho no olhar, um brilho de 'homem', de ser humano crescendo intelectual e emocionalmente.
- O que foi? - Mark foi quem perguntou ao ver seus pais olhando pra eles com aquelas caras de misto de sentimentos. Por um momento achou que Jared ia chorar. - Pai, você está ficando velho e meloso. - Ele brincou e Jensen gargalhou.
- Olha o respeito, moleque. - Ele disse apontando o dedo para Mark que apenas riu de um jeito infantil. Padalecki acabou de rendendo ao riso pois reconheceu que Mark realmente nunca cresceria completamente aos seus olhos.
- Prontos para comerem tacos? - Jensen animou e tanto Mark quanto Nick comemoraram tocando os punhos fechados.
- Vamos logo! - Nick saiu na frente puxando Mark escada abaixo enquanto seus pais desciam mais devagar.
Jensen apagou a luz da sala de estar e pegou as chaves do Toyota Tundra preto. Os garotos já estavam na garagem entrando no carro e conversando sobre o último CD de alguma banda que eles gostavam em comum. Jared seguia o namorado colocando os óculos escuros, quando pararam para trancar a porta e olharam os dois dentro do carro rindo e comentando coisas como se fossem mesmo peritos em produção musical. Jared riu e Jensen percebeu.
- Esses meninos me fazem sentir velho. - Jared comentou sem tirar o sorriso do rosto. - Eu sei que é papo de pai coruja, mas estou me segurando para não deslumbrá-los demais, pois estou tão orgulhoso deles que sinto meu peito inflar.
- Acho que conheço essa sensação. E mais, tenho a impressão de que a teremos mais de uma vez. - Jensen complementou. - Acho que valeu todo o trabalho, não é? - Padalecki comentou e o médico concordou com a cabeça. - Todas as noites mal dormidas, as fraldas trocadas, os machucados por conta dos esportes, as crises existenciais, os choros, as notas baixas, até as brigas para tentar enfiar um pouco de juízo na cabeça deles.
- Eles ainda têm muito que aprender. - Ackles acrescentou e dessa vez foi Jared quem concordou. - E acho que essa nova fase de estar na faculdade vai servir ainda mais para provarem se estão preparados ou não para a vida adulta.
- Estão crescidos, mas não completamente prontos. - Jensen filosofou. - Ainda bem que estaremos aqui por eles, não é?
- Sem dúvida. - O músico não poderia ter mais certeza.
- Vamos logo! - Nick gritou de dentro do carro.
Mark ligava o rádio antes dos pais entrarem no carro. Jared e Jensen perceberam que estavam naquela fase de "babar nas crias". Talvez fosse a universidade, talvez fosse o fato de estarem vivendo um paraíso depois de tantos problemas. Não que o ano anterior tenha sido fácil, passou longe disso. Meninos estressados e pressionados não eram dos mais sociáveis, especialmente Mark. No fim deu tudo certo.
Mas na verdade, aquilo ainda não era o fim e sim apenas o começo de outra história, de outro caminho, do 'futuro', do 'próximo passo'. Apesar de ter um peso maior na vida dos garotos, aquela também era uma fase nova para seus pais. E mal sabiam eles o quão novo ainda estava para ser.
Jensen tirou o carro da garagem e manobrou até a rua, rumo ao centro de Manhattan. Os dois filhos, no banco de trás, comemoravam o começo de uma nova música na rádio, uma bem conhecida por eles. Bruce Dickinson iniciava os vocais de Wildest Dreams, do Iron Maiden, mas mal podia ser ouvido, pois Mark e Nick cantavam fervorosos no carro, como se a música fosse tudo que eles queriam dizer ao mundo, como se fosse exatamente aquilo que estava em suas almas. Jensen e Jared, que tinham passado da fase do heavy metal, não se incomodaram, pois pela veracidade que os filhos davam à letra, era quase um crime interromper tamanha urgência de expressão.
Aquele domingo com certeza seria marcado pela literalidade da letra da música, pois iriam organizar muitas coisas em suas vidas, exorcizar alguns demônios do passado e experimentar o que a vida tinha de diferente, divertido e, ao mesmo tempo, doloroso para ensinar. Fosse como fosse, era inevitável, estavam já dentro da embarcação que os levaria rumo ao futuro, só restava ter coragem para enfrentar o que viesse.
When I'm feeling down and low
(Quando me sinto triste e pra baixo)
I vow I'll never be the same again
(Eu juro que nunca mais me sentirei assim)
I just remember what I am
(Eu apenas lembro quem eu sou)
And visualize just what I'm gonna be
(E visualizo que eu serei)
