Medo de Escuro

"Mas, mesmo que na maioria das vezes lhe trouxesse medo, Percy não conseguia refrear a sensação deliciosa que lhe invadia quando ficava no escuro."

Percy olhou inquieto para a janela onde o vento batia com força. O menininho de três anos escondeu-se apressadamente debaixo dos cobertores, apavorado com o escuro que seu quarto tinha.

Por que não pedia a mãe para comprar um abajur? Mamãe com certeza o compraria para ele. Mas, mesmo que na maioria das vezes lhe trouxesse medo, Percy não conseguia refrear a sensação deliciosa que lhe invadia quando ficava no escuro.

Ele não conhecia muitos lugares escuros – o único lugar que era totalmente escuro que ele já ficou foi na praia de Montauk, submerso na água gelada. Lá era escuro, e a sensação de familiaridade era gostosa.

Aqui, no seu quarto, sozinho, o escuro era chato e assustador.

Ele fez uma careta quando o cheiro das praias de Montauk invadiu seu nariz, porém, relaxou, aspirando ao máximo que conseguia esse odor de mar. Algo, uma mão invisível, acariciou sua bochecha com carinho.

Percy piscou os olhos, sonolento, bocejou, ajeitando-se a cama macia. O cheiro de mar ainda o invadia, a mão acariciava seus cabelos.

Piscou com força, tentando se manter acordado, a sensação boa do escuro era incrível, mas o sono lhe vencia. Suas pálpebras piscaram pelas ultimas vezes, vendo entre elas um sorriso com olhos verdes combinando.

E o escuro familiar do sono e do mar veio.