O fim de um sonho encantado...

A luz, as cores que rodeavam o palco em um jogo de encanto era inimaginavelmente maravilhoso, não me lembro de alguma vez ter sentido algo parecido em minha vida. Ver a sintonia dos movimentos, toda a emoção que passavam enquanto interpretavam a música, me deixava, simplesmente, feliz.

Feliz não, muito mais que isso, essa sensação é algo inexplicável e imagine quando eu ouvi as pessoas que eu mais amava em todo mundo dizendo que tinham feito esta última música com todo carinho, só para mim, aí sim, eles conseguiram me fazer chorar de alegria.

Quando meu pai começou a tocar o piano, como só ele sabia, ouvi a linda melodia juntando-se com a voz da minha mãe, a multidão enlouqueceu. Todos tentavam acompanhar a musica até ali desconhecida, enquanto eu olhava para meus pais sorrindo.

Fiquei parada, no canto à frente do palco, sentindo a música passar pelos meus ouvidos, fechei meus olhos e com um sorriso nos meus lábios, mais lagrimas desceram pela minha bochecha.

Terminando a sua parte no piano, ele levantou e pegou sua guitarra preferida para acompanhar o resto da banda, quando chegou a hora do seu maravilhoso solo de guitarra.

Por um instante minha mãe desviou os olhos para mim e me mandou um beijo seguido do seu lindo sorriso, para em seguida voltar a cantar.

Sentia tanta felicidade que quase não cabia no meu peito, foi aí que meu pai parou de tocar e junto com minha mãe continuou cantando, os dois juntos como se fossem um só sempre.E assim, antes de terminarem a música acenaram para mim.

Eu já não parava de sorrir olhando para os dois, mas como todo momento feliz na vida sempre tem um fim, o meu não foi diferente.

A droga do meu destino deu seu toque especial.

Dois disparos seguidos foram ouvidos... Um silêncio estarrecedor, foi então que o meu conto de fadas desmoronou e por mais que eu olhasse não podia acreditar, tudo começou a mudar naquele momento e agora não ia ter mais volta.

Vi meus pais caírem no chão do palco, a multidão percebendo, entrou em pânico.

Com o medo crescendo em meu peito fui o mais rápido que pude até onde eles estavam caídos, sem me importar empurrei as pessoas da banda que estavam ao redor deles e parei em frente aos dois, mas quando cheguei só tive tempo de ver os seus últimos sorrisos.

De joelhos, em frente a seus corpos no chão, implorava baixinho para que tudo isso não passasse de um terrível pesadelo. Ainda com esperança levei minhas mãos tremulas a seus rostos.

Meu mundo parou.

Só aí me dei conta da realidade, tinha perdido tudo que eu tinha de precioso, arrancaram em fração de segundos, o meu coração, a minha vida.

"Os sorrisos deles não passaram de segundos, mas ficaram gravados para sempre na minha memória, sorrisos que eu nunca mais poderei ver."