Título: Sim, eu existí e eu te amei...
Autora: Maralice-chan
Fandom: Padackles / RPS (Real Person Slash) / Supernatural
Disclaimer: Claro que nenhuma personalidade presente nessa história me pertence ou tem os relacionamentos apresentados aki.
Observação: Essa é outra fic republicada. Vou ir postando aos pouquinhos, tá?
Avisos: Essa fic contêm cenas de sexo homossexual, possiveis palavrões e linguagem pesada. É possível que tenha cenas de violência. Ainda não sei... Então, só leia se estiver preparado.
Prólogo
Noite de Delírios
Dói mais teu silêncio que tua agressão
Tentar crescer, saber dizer não
Ter seu espaço, sua opção, tudo em vão
O vai e vem de pessoas era constante. Inúmeras pessoas de todos os tipos, de todas as raças e nacionalidades se amontoavam naquela estação de metrô. Elas passavam esbarrando e empurrando umas as outras. Crianças choravam, adultos gritavam e discutiam uns com os outros. A hora do rush era definitivamente o pior momento para alguém tentar encontrar outra pessoa na estação. Ainda assim, ela caminhava firmemente, ao menos o mais firmes que suas bambas pernas permitiam. Seu coração estava disparado. Enquanto tentava vencer a multidão que se punha entre ela e aquele homem, pensava em quantas vezes estivera ali e em quantas vezes quisera falar. Mas ela não podia. Sua voz, por mais que ela abrisse a boca e desejasse gritar a plenos pulmões, não saia. Mas em fim ela estava ali para dizer. E ela diria. Ela diria ao seu amor o que vinha guardando em seu peito por todo aquele tempo. Ela diria, ela gritaria ao mundo que o amava. Ela gritaria mil e uma vezes até que ele acreditasse, até que ele se desse conta. E mesmo que ele não a correspondesse, tudo o que queria era dizer que existia e que o amava.
Quando o avistou subindo as escadas, pronto para ganhar a imensidão da cidade, seu coração bateu mais forte. Ela subiu correndo atrás dele e parou no último degrau. O homem que amava estava tão perto... Estendeu a mão em sua direção e já iria chamar por ele quando sentiu uma pancada no rosto. Foi rápido. Em um minuto ela já estava caída no fim das escadas. Mas seus olhos viram tudo muito devagar. Sua mente compreendeu muito devagar. Como se estivesse vendo tudo em câmera lenta suas mãos foram se afastando do homem que amava e ela bateu com as costas e com a cabeça contra os degraus. Sentiu seu pescoço quebrando e ainda que soubesse que deveria estar sentindo muita dor, não sentia nada. Apenas via uma confusão de rostos assustados a olhando do alto das escadas e um homem correndo às pressas. Seus olhos marejados de lágrimas foram as últimas coisas que viu antes de seus olhos fecharem.
I
A gente se esquece que tudo promete
Tenta não ver que enlouquece
Na barra pesada, isso nunca mais, te encontrei
Uhh...
Seu coração batia forte e ele arfava ruidosamente. Ainda assim não deixou de correr. Suas pernas, já bambas, forçavam-se a levá-lo até onde suas vistas alcançavam. Seu pulmão queimava enquanto recebia e expulsava o ar numa velocidade vertiginosa. Ele podia sentir seus músculos estalando e sabia que uma distensão não tardaria se ele não deixasse de correr àquela velocidade e tão desajeitadamente. Mas não havia outra escolha. Estava sendo seguido.
Havia ido à festa na casa de Mike. Bebera um pouco, conversara com os amigos e forçara-se a conhecer algumas garotas. Ainda assim, a imagem de Daneel não lhe saia da cabeça. Quando os amigos se distraíram com um strip-tease que uma das convidadas começara a fazer sobre a mesa de sinuca, Jensen aproveitou para escapulir sem ser notado. Sabia que os amigos estavam certos. Sabia que se agarrar aquele amor era ridículo. Daneel escolhera outro homem. Se ela tivesse dito desde o começo já teria sido difícil, mas descobri daquela forma foi um pesadelo.
Há algum tempo, Jensen já vinha sentindo-a distante dele. Ela quase não atendia suas ligações, quase não se encontravam e quando se viam, não tinham assunto. Era como se uma muralha houvesse se colocado entre eles. Jensen se desesperou. Não queria perdê-la. Não poderia perdê-la. Começou a cercá-la de carinhos e cuidados. Mandava flores, ligava sem parar e sempre procurava surpreendê-la. Foi em uma dessas surpresas, quando fora visitá-la no trabalho sem avisar, que ouvira as amigas dela comentando sobre um suposto novo amor. Fingiu não ter escutado, mas então passou a se preocupar seriamente. Daneel não era o tipo de mulher que ficava com dois caras ao mesmo tempo. Então, com toda certeza, se ela estava interessada em alguém ela devia estar indecisa entre os dois, pois ela nunca o trairia daquela forma. Mesmo assim, ele começou a tentar ocupar todas as brechas. Quando ela não estava no trabalho ele sempre queria saber onde ela estava e com quem. Até que por fim, descobriu uma data e um horário anotados na agenda dela. Seguiu-a até que, para seu desespero, a viu aos beijos com outro homem. Mal se lembrava direito de sua reação ao ver aquela cena. Só se lembrava de ter ficado sentado na porta do apartamento dela esperando-a e quando ela chegou, ele se atirou aos seus pés e chorou, implorou, se humilhou, mas fora tudo em vão. Então ele perdeu a cabeça e ameaçou.
— Se você não vai ficar comigo, não vai ficar com mais ninguém!
Foram três semanas em que ele não se reconhecera. Ligava para ela sem parar, inclusive tarde da noite, sempre que ela saia do trabalho ele estava esperando do outro lado da rua, lotava sua caixa de mensagens com declarações de amor até que ela se viu forçada a bloquear suas ligações, seus e-mails e tudo mais que os conectasse de alguma forma. Mudou de emprego, alugou outro apartamento e deu queixa na policia. Jensen tentou insistir, mas seus amigos ameaçaram contar o que estava acontecendo aos seus pais e convencê-los a interná-lo em uma clinica.
Jensen acabou colocando a cabeça no lugar. Ele não era um psicopata. Era apenas um homem desesperadamente apaixonado, então por que o tratavam feito um criminoso? Começou a fazer terapia. Doutor Jeff Dean Morgan não era um terapeuta qualquer. Ele era um homem diferente. Ao contrário dos outros terapeutas que seus amigos o obrigaram a visitar, Dr. Morgan parecia realmente se importar com ele e compreender, de certa forma, sua obsessão por Daneel, embora não concordasse com seus atos. Assim, graças ao tratamento com ele, Jensen conseguia ao menos respirar e andar mesmo sabendo que Daneel estava respirando e andando com outro homem.
Naquela noite havia ido a casa de Mike para uma festa. Ainda que não se considerasse pronto para isso, Dr. Morgan dissera que era uma boa idéia e que gostaria muito que Jensen se esforçasse um pouco mais para superar o ocorrido. Então meio contra vontade, Jensen fora e suportara a festa até o seu limite. Se soubesse o que o aguardava do lado de fora do prédio onde Mike morava, não teria ido.
Assim que ganhou a rua, Jensen começou a ter uma sensação estranha. Como se alguém o estivesse seguindo. Olhou para todos os lados, mas tudo o que viu foi a escuridão que tomava a rua aquela hora da noite. Seu carro estava estacionado não muito longe dali. Tentou caminhar despreocupadamente, mas a forte sensação de havia alguém atrás dele não o abandonava. Começou a andar mais rápido e a cada passo que dava sentia que quem estava o seguindo se aproximava ainda mais. Desesperou-se e começou a correr. Seu carro estava na curva da rua abaixo da sombra de algumas arvores. Correu até ele e tentou achara a chave sem olhar para trás. Não tinha coragem. A cada momento que brigava com o molho de chaves as batidas em seu coração se aceleravam. Quando estava perto de achar a chave correta, sentiu um sopro em sua nuca. Não foi capaz de se controlar. Disparou em uma correria desenfreada pela rua deserta. E por mais que corresse sentia como se quem o perseguia estivesse cada vez mais perto. Lutou contra o desejo de gritar feito uma garotinha e forçou suas pernas até o limite. De repente sentiu como se sua panturrilha se rasgasse e desabou pesadamente no chão. Enquanto lutava contra a dor buscando desesperadamente se levantar e continuar sua fuga, sentiu a mão de alguém tocar em seu ombro.
II
Havia uma voz chamando-o bem longe. Era quase um sussurro. Abriu os olhos de uma só vez e percebeu que já estava em sua parada. Desceu do trem o mais rápido que pôde pensando em como seu sexto sentido estava forte nas últimas semanas. Ainda que estivesse trabalhando duas vezes mais que o normal, nunca perdia sua parada. Caminhou rapidamente pelo metrô listando mentalmente suas atividades para o dia seguinte. Tinha um encontro com Samanta Regly às oito e conversaria com Milton Foreman às dez. Precisava estar livre até o meio dia, pois tinha almoço marcado com Bob O'brien. Se tivesse um tempinho antes do encontro com Luca Santanna às duas passaria rapidamente para ver como andavam as coisas com Coraline Sodré.
Assim que chegou perto das escadas viu um homem caído junto a elas. Ele não parecia um mendigo. Estava bem vestido demais para isso. Na verdade ele parecia ter acabado de sair de uma festa. Perguntou-se se ele estaria bêbado ou se teria sido assaltado. Pensou em passar direto. Era a ação apropriada, mas alguma coisa nele o fazia querer parar e verificar qual era sua situação. "Droga, Jared! Lá vai você de novo se meter com o que não é da sua conta..."
Abaixou-se ao lado dele e o sacudiu levemente. O homem gemeu baixinho e apertou as pálpebras, mas nem sinal de acordar. Jared então, o sacudiu com um pouco mais de força. O outro homem acordou gritando desesperado o que fez Jared quase cair para trás e chamou a atenção de metade das pessoas que transitavam pela estação.
— Tudo bem, amigão? — Jared arriscou-se a perguntar vendo a expressão de susto total no rosto do homem.
Jared o observou melhor e percebeu que ele não era um homem qualquer. Inacreditavelmente, Jared não tinha reparado a primeira vista, mas o homem era loiro e possuía olhos verdes e brilhantes, sem falar nos cílios, incrivelmente longos, quase femininos, extremamente sensuais. O rosto era quase que completamente tomado por sardas que o deixavam ainda mais sexy. O corpo bem definido não podia ser ocultado pela camiseta preta sob a jaqueta e a calça jeans escura exibia descaradamente as monumentais pernas do homem. Apesar de todos esses atributos, o que mais chamava atenção nele eram os lábios carnudos e bem desenhados. Ele era quase a versão masculina de Angeline Joulie.
— Você tá legal? — Jared perguntou. O homem olhou ao redor e balançou a cabeça ainda confusamente. — Você foi assaltado? — O homem arregalou os olhos e mexeu nos bolsos tirando uma carteira logo em seguida. — Que bom então! Isso quer dizer que você... Só está bêbado...? — Jared continuava a encará-lo, mas o homem ainda o olhava como se não compreendesse o que o outro dizia. — Certo, então... — Jared levantou-se e lançou um último olhar ao homem. — Cuide-se então... — Disse subindo as escadas. Se o homem fosse mais jovem, certamente teria deixado seu cartão com ele, mas ele aparentava ter no mínimo uns trinta anos. "Velho demais..." Jared pensou. Antes que o homem saísse completamente do alcance de sua vista, virou-se para trás e o encarou pela última vista. O homem também o olhava cheio de curiosidade. "Velho demais, mas muito gostoso!"
III
Nada adianta e não tem disfarce
Pra que enganar? Diz a verdade...
Tanta solidão, a quem convém? Esquece e vem...
Vem... Uhh..
Jensen observou o homem sumir da sua vista. Quando abrira os olhos e o encarara se perguntava se tinha morrido e se aquele era um anjo ou algo parecido. Seus olhos castanhos verdeados pareciam tão sinceros, tão preocupados... Assim que havia visto-o levantar-se, prendeu a respiração. O homem era enorme e cheio de músculos. Mal conseguira conter o assombro em seus olhos ao vê-lo se voltar para olhá-lo.
Mas o homem não era a única coisa estranha que o rodeava. Estava confuso. Há pouco tempo estava correndo pelas ruas igual um fugitivo e sendo perseguido sabe-se lá por quem. De repente sentira aquela dor na panturrilha e caíra. Ao sentir aquela mão em seu ombro apagara. Estava envergonhado. Desmaiara de susto. Mas então o que estava fazendo ali? Levantou-se com dificuldade. A perna doía. Foi até o mapa do metrô e procurou se localizar.
— Puta que pariu! — Varias pessoas se viraram para ele. Jensen buscou se acalmar. Tudo bem. Era só fazer um esforço para se lembrar dos fatos ido a festa do Mike e saíra sem ninguém se dar conta. Depois cismara que alguém o estava perseguindo, agora essa idéia lhe parecia ridícula, depois disso... O que havia acontecido após ele ter caído? Como fora parar do outro lado da cidade? Abriu a carteira e conferiu quanto dinheiro tinha. Dinheiro para voltar ele tinha, mas não sabia o que fazer se apagasse de novo. Sem falar que sua perna doía como nunca. Achou melhor ligar para que alguém fosse buscá-lo, mas quem? Mike e Tom estavam tão bêbados quando saíra da festa que ele duvidava que os dois amigos conseguissem ao menos atender ao telefone. Chris e Steaven estavam se apresentando em algum lugar. Esquecera-se aonde... Não conhecia muitas pessoas na cidade, então achou melhor ligar para a única pessoa em quem confiava completamente.
— Alô? Dr. Morgan?
