Morre um ídolo!

Era o início do verão no Japão, mas, ainda assim, era uma noite muito fria e chuvosa. Poucas pessoas não se encontravam aconchegadas em meio às cobertas quentes de suas camas.

Mas um rapaz ainda se encontrava acordado. Ele estava sentado em frente ao seu computador olhando para a tela sem vê-la realmente, completamente perdido em seus pensamentos.

Yagami Raito era um rapaz bastante incomum. Não só porque, aos dezessete anos, era considerado um dos melhores estudantes do Japão, nem por seu senso de justiça que o levava a ajudar seu pai, vice-diretor da polícia japonesa, a desvendar alguns complicados casos, mas por ter encontrado um fantástico caderno denominado "Death Note".

A princípio, o rapaz não acreditava que realmente houvesse um caderno desse tipo, mas, ao testar o poder dele matando um seqüestrador noticiado na televisão, ele percebera que era de fato um caderno da morte. Ele descobriu que, quando um nome de uma pessoa era escrito no caderno enquanto a pessoa que o escreveu pensasse no rosto da vítima, ela morria de parada cardíaca.

Obviamente, sendo possuidor de tal senso de justiça, Raito se viu bastante atraído pelo caderno, pois ele seria uma ferramenta bastante útil para a purificação do mundo, corrompido por criminosos e bandidos que, muitas vezes, sequer eram julgados e, mesmo quando o eram, não eram presos.

Mas, é claro, surgiriam sempre os que eram contra aquela revolução. E, logo, surgiu o maior adversário de Raito, o detetive L. A polícia japonesa também foi envolvida no caso e o pai de Raito, Yagami Soichiro, se tornou o chefe do time de investigação. E ainda parecia que L e a polícia haviam se unido para formar um único time.

Mas o rapaz tinha um medo que não tinha nenhuma relação com seus inimigos. Ele temia matar criminosos famosos, que tinham alguma aprovação popular, pois, assim como havia pessoas contra sua causa, havia muitas que a achavam muito justa e essa era, de fato, a opinião da maior parte da população.

Matar uma pessoa popular, um ídolo, mesmo que fosse criminoso, poderia ser o fim do apoio que acreditava receber das pessoas no mundo inteiro. Raito apoiou os ombros na mesa a sua frente e fitou a tela. Havia uma reportagem antiga aberta no computador, era uma reportagem antiga sobre uma pessoa que o rapaz sempre odiara por seus crimes e pelo fato de, mesmo assim, ele ainda se encontrar em liberdade. Mas, ao mesmo tempo, era um ídolo amado por muitas pessoas no mundo inteiro.

Lentamente, Raito abriu o caderno da morte. Se quisesse um mundo realmente puro, sem criminosos, teria que matar mesmo aqueles que eram populares. O povo teria que aprender a não idolatrar criminosos, por mais talento e carisma que estes tivessem. Pegou a caneta mais próxima, olhou para a foto do homem moreno na tela do computador e escreveu lentamente o nome dele na folha em branco.

"Michael Joseph Jackson"

- Assim jaz o rei do pop, - disse Raito sentindo que era observado com curiosidade por Ryuuko, o shinigami, deus da morte, que era o verdadeiro dono do "Death Note" e o emprestara para o rapaz, - não importa o quão talentoso seja, Ryuuko, um criminoso é sempre um criminoso.

E Raito fechou o caderno se encaminhando para sua cama. Afinal, mesmo sendo o Kira, como as pessoas apelidaram o homem que estava julgando os criminosos da forma mais correta possível, ele ainda precisava dormir para ir à escola no dia seguinte, afinal, para todas as pessoas ele ainda era apenas um estudante colegial.

E, muitos quilômetros longe dali, um homem morria de ataque cardíaco. E muitos lamentariam sua morte sem sequer associá-la ao assassino de bandidos, Kira. Pois, no final, ele era para as pessoas mais um grande ídolo do que um criminoso.