O Retorno das Aulas

O sol bateu em seu rosto aquecendo a pele alva. Abriu os olhos intensamente verdes e sentou-se esticando os braços com preguiça. Virou a cabeça levemente para a direita onde ficava seu celular pegando-o em seguida. Novamente acordara antes de o despertador tocar. Suspirou alto colocando o telefone no mesmo local e levantou-se da cama confortável. Acabaram as férias de inverno e infelizmente começava o segundo semestre do ano letivo. Escutou uma batida na porta do quarto antes de uma voz sobressair-se.

- Sakura querida está acordada?

- Sim mamãe. – Falou alto o suficiente para a mãe escutar. – Já estou descendo para o café.

- Está bem.

Escutou os passos se distanciarem pelo corredor. Saiu do quarto indo até o banheiro que ficava ao lado fazendo sua higiene. Retornou com o rosto menos cansado e sorriu quando enfim olhou-se no espelho. Pegou o pente de cedras largas passando em suas longas madeixas lisas e rosadas. Vestiu uma camiseta branca e larga do uniforme juntamente com a calça de abrigo e o casaco, ambos azuis escuros. Prendeu os cabelos em uma longa trança deixando sua franja tampar-lhe a testa e um pedaço dos olhos claros. Colocou a mochila marrom sobre os ombros e saiu do quarto rumo à cozinha.

Há exatamente dez anos seu pai morrera em um acidente trágico deixando Hana, sua mãe, e ela, Sakura, de apenas sete anos sozinhas. Hoje já não doía mais como antigamente, mas a falta de um homem na vida delas era imensa.

- Bom dia. – Sorriu sincera ao entrar na cozinha que ficava no andar inferior da casa.

- Bom dia querida. – Hana sorriu simpática para a filha. – Hoje terei que trabalhar até tarde, tenho plantão.

- Oh sim, não se preocupe. – sorriu largando a mochila em uma das cadeiras da mesa. – Você sabe que sei me virar.

- É eu sei, mas mesmo assim me preocupo. – Sussurrou Hana.

- Fique tranquila mãe. – Contornou a mesa até ficar de frente a outra mulher que colocava os pães na torradeira. – Você sabe que pode contar comigo sempre.

- Oh eu sei. – Sorriu Hana com lagrimas nos olhos enquanto fitava a filha tão amada, abraçando-a em seguida.

- Amo você mamãe. – Sussurrou no ouvida da progenitora. – Só acho que trabalha demais.

- Tenho que trabalhar por nós duas, para você estudar e se formar na melhor escola do país.

- É eu sei mãe. – Afastou-se de Hana sorrindo. – E não quero que chore. – Passou as mãos pequenas pelo rosto moreno da mãe.

- Como você está parecida com seu pai. – Falou a mulher sorridente.

- Você acha? – Sorriu ainda mais com orgulho de ser parecido com o homem que, em vida, foi seu super herói.

- Sim. – sorriu. – De mim só herdou esses olhos verdes lindos.

- Meu cabelo é sobrenatural. – Gargalhou ao pegar a ponta do cabelo rosa.

- O seu cabelo é lindo e não é anormal. – Sorriu Hana. – Você não é anormal és linda e diferente.

- Oh claro. – Suspirou revirando os olhos.

Hana segurou o queixo da filha erguendo-o até poder fitar aqueles olhos límpidos e puros.

- És especial para todos aqueles que te conhecem. – sorriu amavelmente. – Você foi o sonho que se realizou para seu pai e para mim Sah. Amamos e ainda amo você com todas as forças do meu coração, nunca esse amor se acabará.

Beijou a bochecha de Hana, sorrindo depois.

- Amo você mamãe. – Abraçou-a.

- É minha vida e minha razão de viver Sakura.

- Eu sei. – Sorriu marota. – Assim como você é minha razão mãe.

- Eu sei.

Separaram-se sorrindo cúmplices.

- Oh meu Deus! – Hana apavorou-se caminhando até a torradeira. – Acho que queimei as torradas novamente. – Suspirou.

- Ei não fique assim. – Sorriu para a morena a sua frente. – Como uma maça. – Pegou na fruteira a fruta dando uma mordida.

- Certo. – Sorriu. – Agora corra para a escola se não chegará atrasada.

- Sim. – Pegou a mochila saindo pela abertura que levava ao corredor de entrada. Virou-se para Hana. – Me avise quando chegar do trabalho.

- Não se preocupe querida.

- Não se esqueça de deixar suas roupas brancas perto da lavadora para que eu possa lava-las quando chegar da aula.

- Oh Sah, o que seria de mim sem você? – Sorriu à morena.

- Seria uma enfermeira de roupas amarelas em vez de brancas. – Sorriu.

- Provavelmente. – Hana sorria para a filha. -Agora vai.

- Sim estou indo. – Virou de costas. – Tchau e bom trabalho.

- Boa aula.

Passou pela porta da frente caminhando sem pressa rumo à escola que ficava a três quarteirões. Olhou para a casa vizinha, admirando-a. Fazia alguns meses que estava à venda, mas até agora não havia sido comprada. Percebeu que ela continuava igual e divina, com suas paredes brancas de aberturas em gelo. Parecia feita para um ser celestial de tão pura. Sorriu com o pensamento tolo. Ainda era uma menina que sonha e acredita nas pessoas, apesar de não ver aonde toda essa ingenuidade iria chegar.

Caminhou até avistar a escola com seus portões enormes, ou talvez por ela ser baixinha parece tão grandes. Passou com passos rápidos pelos estudantes que se aglomeravam na entrada, não queria ser vista. Foi rumo a sua sala do segundo ano onde provavelmente estaria Ino sua amiga e também líder de torcida.

Ao passar pela porta viu-a sentada em cima da classe com as pernas cruzadas.

- Olha só quem chegou. – Sorriu Ino a amiga.

- Bom dia Ino. – sorriu em resposta.

- Como foram as férias? – Sorriu maliciosa. –Fez algo do que te falei?

- Não mesmo. – Sorriu debochada. – Te falei que ficaria em casa e ajudaria minha mãe, alem de estudar para as provas.

- Sei. – Suspirou alto. – Você não aproveita sua juventude Sah, já te falei isso uma dúzia de vezes.

- Sim, acho que agora se soma mil vezes. – Sorriu divertida. – gosto de ser assim Ino.

- Claro. – Abraçou a amiga antes de saltar da mesa. – É bom te ver. Estava com saudades.

- Eu também. – Retribuiu o abraço. – E como foi na fazenda de seus avós?

- Hum, interessante. – Sorriu maliciosa mordendo os lábios depois.

- Ain, prefiro não saber. – Riu da cara da amiga.

- Fiquei com um carinha muito lindo. – Falou em tom baixo para que somente a rosada escutasse. – Pena que acabou.

- É mesmo? – Cochichou de volta para a amiga. – Mas e o seu namorado?

-Ah o Sasuke. – Sorriu travessa. – Deve ter me traído também com alguma loira por aí enquanto estava fora.

- Nossa! Você fala isso com uma naturalidade. – Falou surpresa.

- Nós combinamos assim. – Sorriu sincera. – Gosto de estar com outros garotos assim como ele gosta de ficar com outras. – Passou as mãos delicadas no cabelo preso.

- Vocês são estranhos. – Sussurrou rindo admirada.

- Não Sah querida, você que é muito certinha.

- É isso pode ser verdade. – Sorriu para a amiga. – Gosto de ser assim, pelo menos só terei um namorado que me ame e que eu ame.

- Ah claro. – Sorriu debochada. – Sonhe Sakura.

- É eu vou mesmo. Valeu pela dica Ino. – Riu da cara da amiga.

- Sim. – Riu-se. – Já te falei o quanto adoro a Escola Konoha?

- Hoje ainda não.

- Pois é adoro estudar aqui.

Sakura riu com a amiga vendo que a sala começava a encher-se de alunos. Ino era sua única amiga naquela escola enorme. Fizera amizade com ela no primeiro dia quando ainda eram crianças. Era engraçado ver as duas juntas já que Ino era loira com longas madeixas sempre presas em um rabo alto. Tinha um corpo de dar inveja às meninas da escola inteira e para completar era líder de torcida nata. A garota arrasava aqueles pompons. No ultimo ano havia iniciado no clube de coral e se mostrara uma ótima cantora também. Já ela, Sakura, não podia nem ser comparada a amiga. Sempre fora quieta e estudiosa, gostava de escrever e tocava violão escondida dentro de seu quarto, essas eram as únicas coisas boas em si. Fazia o possível para não ser notada, assim pelo menos não a incomodavam ou tiravam sarro da sua testa que era meio grande.

- Ei Sah testuda do meu coração. – Sorriu debochada a loira.

- Fala porquinha do meu coração. – Debochou a rosada.

- Você não gostaria mesmo de entrar para o clube de canto?

- Oh não mesmo. – Falou já ficando vermelha. – Que vergonha.

- Fala serio Sah, você deveria entrar.

- Eu nunca deveria ter te deixado me ver tocando.

- Você é realmente boa e sabe que não minto nunca.

- Sim eu sei, mas você sabe que não gosto de estar em frente a nada, imagina só cantar e tocar para tanta gente. – Fechou os olhos para imaginar, abrindo-os em seguida. – Não, nem pensar.

- Certo não irei insistir. – resmungou Ino. – Irei me sentar e você se comporte.

- Olha bem quem fala. – Sorriu para a amiga que se distanciava sentando ao fundo da sala onde os populares ficavam.

Sentou na cadeira e virou-se para frente esperando o professor de português chegar. Ino era popular e amiga de todos aqueles que faziam as garotas e os garotos suspirarem. Tinha orgulho de a amiga ter chegado onde sonhou. Desde criança a loira falava para ela o quanto gostaria de ser uma super estrela do colégio e ali estava ela no centro das atenções. Sorriu sentindo-se feliz por saber que aquilo fazia sua amiga feliz.

O professor entrou com seu cabelo bagunçado e branco, alem da mascara que cobria parcialmente seu rosto. Achava estranho esse jeito do professor Kakashi, mas era algo que o deixava ainda mais bonito e misterioso. Não havia uma garota na escola que não suspirasse por ele.

- Bom dia alunos do segundo ano. – Sorriu por debaixo da mascara.

- Bom dia. – Responderam os alunos, a grande maioria garotas já que os garotos não se davam ao trabalho de responder.

- Bom retorno de férias para vocês. – Falou enquanto largava livros e a pasta sobre a mesa do professor. – Gostaria que todos pegassem na biblioteca um livro de poesias para ler para a próxima semana. Certo?

- Mas qual é a moral professor? – Perguntou Tenten uma garota morena de coques que sentava perto da porta juntamente com seus amigos.

- A "moral" senhorita Tenten é que teremos um trabalho para ser feito semana que vem durante a minha aula.

- Professor. – Um moreno alto de olhos ônix falou fazendo com que todos virassem para olha-lo no fundo da sala. – O que exatamente teremos que fazer? – Arqueou uma sobrancelha.

- Oras Sasuke, isso irá ficar sabendo na aula de segunda feira. – Kakashi respondeu sorrindo.

- Professor eu odeio versinhos e poemas. – Um garoto ruivo sentado ao lado do moreno, falava serio enquanto encarava o professor. – Isso é coisa de garotas.

- Pois eu discordo. – Ino disse enquanto encarava o ruivo que a olhou com um olhar mortal.

- E quem perguntou loira?

- Idiota. – Ino bufou.

- Parem já com isso! – O professor exclamou alto. – Ou será que já gostariam de ir para a diretoria? Hein senhor Gaara e senhorita Ino?

- Desculpe professor. – Ino disse sincera olhando para frente novamente e ignorando o ruivo.

- Certo acho que acabaram as perguntas, certo? – Ficou a olhar a turma que o encaravam em silencio. – Ótimo. Vamos prosseguir de onde paramos antes das férias.