Saint Seiya não me pertence, não mesmo!
Aos leitores, essa fic possui alusões feministas, violência, mortes, hentai, menção a situações adultas e também personagens originais. Portanto, peço que respeitem o rating correspondente.
Boa leitura!
CAPÍTULO 1 - REBIRTH
"Como pode o destino determinar a força,
O vigor e valor de uma vida humana?
Pois por mais errônea que ela seja,
É passível de perdão, seja a si mesmo ou a outrem.
E nos caminhos tortuosos a seguir encontramos
Amigos, companheiros, pessoas com quem contar
Por mais sozinhos que estejamos, de seu valor
Na labuta da vida, nunca devemos duvidar."
Santuário, Grécia
Amanhecia. Em seu Templo, Saori Kido, a reencarnação da Deusa Athena, acordava muito satisfeita; após tantas lutas e perdas, a Guerra Galáctica e A Batalha das 12 Casas, e principalmente, sua ida ao Hades, ela havia tomado algumas decisões que mudariam sua vida e a de seus cavaleiros. Reconstruíra todo o Santuário a árduas penas, não podia depender apenas dos recursos da Fundação GRAAD, e liderara uma campanha mundial pela restauração do lar de cavaleiros e amazonas. Não fora uma tarefa fácil, já que a garota teve que usar todos os contatos de seu avô e da Fundação para angariar fundos de forma discreta, sem que o Santuário fosse exposto ao público.
Nesse meio tempo, durante as negociações com grandes empresas do mundo todo, ela chegou a liberar seus guerreiros para seus devidos locais de origem, mas qual não foi sua surpresa ao ouvir o inflamado discurso de um empolgado Seiya, que prometera segui-la até o fim de sua vida, e isso incluía ajudar a reerguer o local que, apesar dos pesares iniciais, aprendera a chamar de lar.
Assim, cavaleiros e amazonas, além da Deusa, puseram-se a trabalhar. Ela passou a dirigir os negócios da Fundação e da família Kido mesmo morando na Grécia, viajando somente para reuniões e assuntos de suma importância, além de sua campanha; também tinha planos para o futuro: decidiu fazer faculdade, o que incluía uma ajudinha de Tatsumi como tutor, em suas horas vagas.
"Há muito que viver, para todos nós..." – ela, já pronta e vestida em um belo vestido branco, com os cabelos soltos ao vento, observava os momentos finais do nascer do sol.
Além da reconstrução do Santuário, Athena pediu a formação de um conselho divino, presidido por Têmis, a Deusa da Justiça, para que pudesse interceder pelas almas dos portadores das sagradas armaduras douradas. Soubera quanto sofrimento fora imposto àqueles homens, e, sendo reconhecida e ajudada por eles, fizera questão de pedir uma nova chance a cada um. Após muita deliberação, discussões, e mesmo a interferência dos cavaleiros de Bronze e das amazonas de Prata, os quais prestaram seus depoimentos na ocasião, as almas dos 14 cavaleiros foram absolvidas e eles puderam ressuscitar, voltando aos seus antigos postos.
Agora as coisas seguiam naturalmente, fluindo de modo harmônico. Amazonas e cavaleiros treinavam, mais discípulos eram formados, alguns tinham a liberdade de voltar para casa se assim o desejassem, trabalhando em alguma sede da Fundação. Cada qual tinha sua maneira de lutar por Athena e sua causa.
A Deusa suspirou: tinha muito que resolver ainda naquele dia...
- Minha Deusa... – ouviu o chamado dos dois homens a suas costas.
- Bom dia, Dohko, Saga. Que bom que puderam comparecer a este horário, a agenda hoje está apertada... sigam-me, por favor!
Os dois Cavaleiros de Ouro a seguiram até seu escritório; Dohko de Libra e Saga de Gêmeos atuavam em conjunto como Grandes Mestres do Santuário, um pela vasta experiência, o outro por suas competências natas. Quando a Deusa anunciara sua decisão em trabalhar diretamente com eles, houve muito estardalhaço, mas ela mostrou-se solidária a Saga, sabia que fora manipulado por Ares, sua segunda personalidade, e ele agora estava bem - depois de passar por psiquiatras e receber tratamento adequado para o que os psiquiatras chamavam de transtorno dissociativo de personalidade de causa idiopática.
Sim, porque nenhum deles conseguiu achar a causa daquele transtorno, embora ela suspeitasse que tivesse algo a ver com a Armadura de Gêmeos. Por isso foi terminantemente contra que ele recebesse algumas medicações mais pesadas, posto que acreditava que o Escudo de Atena, ao refletir a si sua imagem, tinha amainado boa parte do problema. Ainda assim, porém, foi consenso entre a equipe que o avaliou colocá-lo em terapia constante. Isso, além de um treino regular com Shaka de Virgem, para se conhecer melhor e dominar qualquer confusão mental que tivesse.
A parceria entre o geminiano e o libriano estava funcionando muito bem, e a Deusa gostava de trabalhar com ambos, todos tinham objetivos em comum, pelo bem do Santuário, pela proteção do mundo, e no caso dos cavaleiros, pela proteção de Athena.
- Pois bem, eu estou gostando muito da atuação dos Cavaleiros de Ouro na guarda das 12 Casas, mas considerando a condição de vocês, os novos discípulos que chegam, e minha nova política para este Santuário, gostaria de anunciar que quero abrir treinamento para a ascensão de novos cavaleiros de Ouro.
- Como? – os olhos de Dohko se arregalaram – Não estamos lhe prestando um bom serviço, minha Deusa?
Saga apenas observava, sabia que Athena deveria ter os motivos dela...
- Dohko, eu fico muito grata pelos serviços de todos vocês, e justamente por isso quero retribuir. Minha intenção é abolir o cargo de Grande Mestre do Santuário e permitir que todos vocês sejam Grandes Mestres, cada um responsável por guiar o cavaleiro ou amazona que os substituirão em suas casas, além de me ajudar nas decisões do Santuário, formando um Conselho Zodiacal.
Dohko e Saga se surpreenderam, era possível que ela confiasse tanto em seus cavaleiros?
- Sei que vocês todos passaram por poucas e boas, merecem novas tarefas e atribuições depois de tudo o que houve. Também preciso da ajuda de vocês, com a reconstrução o Santuário cresceu e poderá abrigar mais aspirantes a guerreiros de Athena. Quero que me ajudem a prepará-los, e ensiná-los o quanto a vida é valiosa.
- Pois bem senhorita, eu vejo que não é a toa que reencarnaste como Athena... – disse Saga, sorrindo – Eu irei ajudá-la e segui-la no que for, Deusa.
- Obrigada, Saga. E você poderá aproveitar melhor sua nova vida, Dohko. Não foi por acaso que pedi que ressuscitasse com seu corpo mais jovem, meu caro! – Athena sorria.
- Obrigado, minha Deusa. Mas deixe-me entender uma coisa: disse que guiaremos o cavaleiro ou amazona que tomarem nossos lugares. Os cavaleiros de Ouro sempre foram homens, senhorita.
- Exato. Eu resolvi mudar um pouco as coisas por aqui, temos que nos adaptar aos novos tempos! Nesse Santuário, temos ótimas amazonas que poderiam muito bem pleitear alguma armadura de Ouro. Minha proposta é determinar um tempo de treinamento e fazer um torneio para que lutem pelas armaduras, como é feito tradicionalmente. No entanto, duas turmas distintas serão treinadas. Mas gostaria de decidir isso em acordo com todos os cavaleiros, por isso, peço que marquem uma reunião com todos daqui a duas horas, no Salão do Grande Mestre.
- Certo, temos que nos apressar então, logo todos irão descer ao Coliseu para seus respectivos treinos. – disse Saga – A senhorita nos dá a permissão...?
- Claro, Saga. Espero todos os meus Cavaleiros de Ouro aqui, podem ir.
Dohko e Saga despediram-se da Deusa, e foram avisar seus companheiros de profissão.
No Coliseu, o treino dos cavaleiros já começara, e todos estavam bem dispostos naquela manhã. Mesmo com o fim da Guerra Santa, eles deveriam estar preparados para tudo, sem exceções; era o mínimo que podiam fazer por ter suas vidas de volta. Um deles em especial estava muito feliz, e treinava com muito afinco com seu irmão na arena.
- Aiolos, calma, não se esqueça que eu agora tenho a mesma altura que você! – dizia Aiolia, esquivando-se dos golpes do irmão.
- O que é isso, Aiolia, posso ter ressuscitado como menor de idade, mas continuo sendo seu irmão mais velho, e seu mestre! Vamos, revide como se deve! – dizia o sagitariano, provocando o leonino.
- Já que insiste... – e os dois começaram a lutar de forma equilibrada, sob as espiadelas de seus companheiros.
Mu e Shaka lutavam, usando seus poderes mentais; Milo e Camus treinavam corpo a corpo; Aldebaran e Afrodite disputavam entre força e agilidade; Shura e Máscara da Morte digladiavam, enquanto Kanon mandava algumas pilastras para Outra Dimensão. Apenas os cavaleiros dourados treinavam ali, até que uma pequena platéia de amazonas se formou para assisti-los; entre elas, duas esperavam suas mestras.
- Poxa, será que elas vão demorar? Já temos que dar umas 50 voltas no perímetro do Relógio toda manhã, e ainda temos que esperá-las... fala sério! – reclamava a mais baixa e mais esguia.
- Calma, Adisa, elas são Amazonas de Prata e como tal, têm mais responsabilidades que nós. Fizemos nossa parte, agora vamos descansar um pouco. – respondia a loira, um pouco mais alta e curvilínea que a amiga.
- Mas assim nosso aquecimento não vale de nada, não é, Ísis? Isso que queria dizer!
- Elas logo vão chegar, nós acabamos de chegar! E eu estou morrendo de sede! Bem que poderíamos pedir uma água aos Cavaleiros de Ouro, hein? – sorria Ísis, por debaixo da máscara.
- Eu hein? Peça você, se a mestra Shina me pega falando com um deles, vai sobrar pra mim! – Adisa franzia a testa.
- Ainda bem que minha mestra tem amizade com eles... eu vou lá! Você vem? Última chance! – provocou a loira.
- Humpf! Só porque estou com sede! – a negra de cabelos lisos acompanhou a amiga.
As duas contornaram a arena até se aproximarem de Aiolos e Aiolia; Ísis sabia da queda de sua mestra, Marin, pelo Cavaleiro de Ouro de Leão, e cansara de confrontá-la a respeito. Mas as leis do Santuário eram claras, e ela achava uma pena que os dois não pudessem se resolver... Praticamente arrastando Adisa pela mão, pediu licença aos irmãos:
- Bom dia, senhores Cavaleiros! Desculpe-me interromper sua luta, mas eu e minha amiga acabamos de chegar de nossas voltas matinais e esquecemos nossa água. Poderíamos tomar um pouco da sua? – ela se curvou levemente, em uma educada reverência.
- Bom dia! Ora, se não são as discípulas de Marin e Shina! – disse Aiolia, parando a luta – Onde estão suas mestras, garotas?
- Elas estão a caminho. Temos que esperá-las para o nosso treino. – respondeu Ísis.
- Ísis de Cassiopéia e Adisa de Corona Australis! A que devemos sua presença aqui, Amazonas de Bronze? – perguntou um bem-humorado Aiolos.
- Precisamos de água. – respondeu diretamente Adisa. – Não queremos atrapalhar seu treino.
- Mas é claro! – Aiolos estendeu sua garrafa d'água para a moça, sorrindo. Aiolia fez o mesmo com Ísis. Elas deram as costas para eles momentaneamente, e levantaram apenas um pouco da parte de baixo de suas máscaras, para sorver alguns goles frescos de água.
- Muito obrigada! – agradeceram as duas em uníssono, e embora os cavaleiros não pudessem ver seus rostos, elas sorriam pelo fato de ter sua sede finalmente saciada.
- Vejam, meninas, elas chegaram! – disse Aiolos – Mandem lembranças a elas, e bom treino para vocês. Sei que a Shina não gosta de vê-las conversando com cavaleiros...
- Ahn, eu vou lá cumprimentá-las, Aiolos, tudo bem?
- Tudo bem, irmãozinho, boa sorte! – o sagitariano sorriu marotamente.
Shina e Marin esperavam as meninas e as viram conversando com Aiolia e Aiolos; Marin não se importava, sabia que o convívio com os cavaleiros era inevitável, e podia ser mesmo saudável. Mas Shina não gostava muito dessa interação, temia que a discípula perdesse o foco nos treinos caso se afeiçoasse a algum rapaz do Santuário.
- Bom dia, Marin! – cumprimentava o Cavaleiro de Leão – Teve uma boa noite?
- Bom dia, Aiolia. Tive sim, muito obrigada. – a Amazona de Águia ruborizava por baixo da máscara.
Shina olhou para os dois de soslaio. Não invejava Marin; sabia que se as coisas continuassem daquele modo, logo a amiga teria que escolher entre a sua armadura e seu amor. Algo que ela queria evitar ao máximo, já que lutara muito por isso. Além disso, não queria ver Marin sofrer, apesar dos desentendimentos iniciais, elas agora eram amigas, e isso contava muito.
- Bom dia para você também, Aiolia, mas agora temos que treinar! Vamos, meninas? – a Amazona de Cobra acenou com a cabeça para Adisa e Ísis, que já foram se encaminhando para seu campo de treino, depois de acenar para Aiolia e Aiolos, de longe.
- Vocês estão fazendo um bom trabalho com essas meninas, elas parecem cada vez mais fortes. Lembro-me de quando você treinava o Seiya para conseguir a armadura de Pegasus. – sorriu o cavaleiro.
- Sim, agora as coisas são mais complicadas porque estamos treinando-as para assumir armaduras de Prata. Elas não são mais iniciantes, e temos que exigir um pouco mais delas. – disse a japonesa, com convicção.
- Você é uma ótima mestra, Marin. Elas vão conseguir, sim, são muito dedicadas. Como você e a Shina.
Marin de Águia sentiu as faces fervendo, de novo. Ele sempre era tão gentil com ela! Bem que isso poderia significar algo mais... mas não, ele estava de volta à vida e recuperando os treinos perdidos, mais disposto a defender o Santuário e Athena que antes. Ela também tinha seus deveres, e não podia se distrair daquela maneira.
- Grata, mas é minha obrigação, senhor Cavaleiro de Leão. Agora, se me permite – ela deu uma risadinha e fez uma leve mesura – devo voltar às minhas obrigações.
- Parece que eu também. – ele observou Dohko e Saga chegando e reunindo os Cavaleiros de Ouro – Até mais, Marin.
Assim que ela se foi, Aiolia juntou-se aos companheiros, que ouviam os cavaleiros de Libra e Gêmeos com muita atenção. Então haveria uma reunião logo mais? Pelo tom de voz de Saga, soube que era algo realmente importante, o que era ressaltado por Dohko.
- Por mim tudo bem participar de uma reunião – disse Milo de Escorpião – mas teremos que voltar aos treinos depois?
- Isso eu não sei, Milo, deixemos que Athena decida isso mais tarde. Mas penso que será facultativo a cada cavaleiro. – respondeu Saga.
- Bem, como bons cavaleiros, devemos treinar. Eu pelo menos tentarei fazer minha cota diária após a reunião. – disse Dohko, sério.
- Bem, creio que podemos decidir isso depois, o assunto que a Deusa tem para tratar conosco é mais importante. Devemos usar nossas armaduras? – perguntou Aiolos ao geminiano e ao libriano.
- Creio que sim, é uma reunião formal requisitada por Athena. – ponderou Shaka – Devemos nos preparar para tal.
- Concordo com o Shaka. – disse Afrodite – Ainda mais sendo a reunião no Salão do Grande Mestre. Vamos encerrar o treino, por ora?
- Sim. Tenho que dar uma polida em meu elmo ainda. – disse Camus, indiferente.
- Então vamos lá, gente! – incentivou Aldebaran.
E assim, cada um foi se preparar devidamente, em suas respectivas Casas.
Já estavam deliberando há um pouco mais de meia hora. Saori apresentara sua proposta a seus Cavaleiros de Ouro, deixando-os todos perplexos; a novidade foi bem recebida pela maioria, embora alguns ainda tivessem suas reservas em relação ao seu futuro como Grandes Mestres Zodiacais. Um deles era Afrodite de Peixes:
- Minha cara Deusa, eu gostaria de entender melhor o que deseja de nós como Grandes Mestres... este Santuário sempre teve um único Grande Mestre e sempre acabamos tendo problemas. Mais de um não irá apenas piorar a situação?
- Afrodite tem razão. Como podemos ter certeza que todos colaborarão para um bem comum ao Santuário e ao mundo? – dizia Aldebaran, olhando direto para seu vizinho de Casa, Saga.
- Já tivemos muitos problemas nesse Santuário! – Milo colocava lenha na fogueira – E agora que estamos de volta, tudo o que queremos é evitar confusão!
- Logo você dizendo isso? Não creio no que disse, Escorpião. – provocou Máscara da Morte.
Milo estava pronto para responder à altura, mas foi interrompido por Athena:
- Senhores! Cavaleiros! A minha ideia em ter todos vocês ao meu lado é justamente para evitar contradições nas decisões desse Santuário! Há muito que fazer e resolver, como podem ver, e preciso de sua ajuda! Posso ser sua Deusa, mas vocês sabem das necessidades de quem vive neste Santuário mais do que eu! Gostaria de contar com a sua experiência, e tenho certeza que, juntos, poderemos muito mais!
- A criação desse Conselho Zodiacal... esta reunião é um esboço do trabalho que pretende que façamos, não, senhorita? – perguntou Shaka, seus olhos sempre fechados.
- Sim, Shaka. Creio que podemos nos ajudar e decidir o melhor para o Santuário em conjunto. Caso minha proposta não seja aprovada, sei que podem me ajudar a chegar a uma solução melhor. Se não quiserem me ajudar a governar o Santuário, posso entendê-los; mas acho que os senhores merecem um pouco mais por tudo que passaram, por tudo o que fizeram por mim.
Todos os cavaleiros de Ouro a fitavam, atenciosos. Com isso, Saori prosseguiu:
- Além do mais, é uma forma de promover a ascensão de mais cavaleiros e amazonas valorosos. Não a custa de seus cargos, mas criando uma nova hierarquia cuja meta seja a cooperação, e não a subordinação. Quero todos trabalhando juntos por um Santuário e um mundo melhores; nós seremos apenas o exemplo. Mas isso será possível apenas com a aprovação de vocês. – ela passou o olhar por todos os cavaleiros dourados – Todos vocês.
Um minuto de silêncio se passou, até que alguém se manifestou:
- Sua proposta tem a aprovação da Primeira Casa. – disse Mu de Áries, levantando-se de seu lugar. – Pode contar comigo, minha Deusa.
- Eu também aprovo. – Aiolos de Sagitário levantou-se.
- E eu. – disse Aiolia de Leão.
- Pode contar comigo também. – Aldebaran de Touro se manifestou.
- Tou dentro. – Milo de Escorpião também se levantou.
- Aprovo sua proposta, minha Deusa. – Shaka de Virgem juntou-se aos companheiros.
- Eu também. – Camus de Aquário pronunciou-se, sério.
- Va bene... eu também concordo. – disse Máscara da Morte.
- E você, Saga? – perguntou Kanon, levantando-se.
- Eu e Dohko concordamos assim que Athena fez sua sugestão hoje cedo. – o geminiano deu um passo à frente, sorrindo.
- Muito bem, esse parece o melhor caminho. – disse Afrodite – Estou à sua disposição, Athena. E você, Shura?
- Estou de acordo. – disse o capricorniano, para alívio geral.
- Muito bem, agora devo informar-lhes que duas turmas serão treinadas... é um experimento, quero que cada um de vocês treine um candidato à armadura de suas respectivas casas, e outro que tentará a armadura referente a outra casa. Um cavaleiro e uma amazona. O que vocês acham? – perguntou Saori.
- Como, nós treinaremos amazonas? Isso não é proibido? – perguntou Shura, surpreso.
- Por isso é um experimento. Dependendo do rendimento de cada um e do resultado final, poderemos determinar qual o melhor método de treino no Santuário, otimizando nosso trabalho.
- Me parece interessante, temos que tentar novas técnicas e métodos. Gostei. – concordou Mu.
- Hehehe, eu também gostei. Essas reformas no Santuário estão saindo melhor do que eu esperava! – Máscara da Morte sorria, satisfeito.
- Mas como mestres de amazonas, não podemos nos aproveitar da condição delas para seduzi-las, ouviu, Máscara? – disse Camus, adivinhando as intenções do amigo.
- Estraga-prazeres... – bufou Afrodite, em seu canto.
- Por favor, vamos levar isso a sério! – disse Dohko – O empenho de cavaleiros e amazonas deve ser o mesmo, e devemos instruí-los da melhor maneira possível. Creio que será trabalhoso, mas a ideia é valer a pena.
- Sim, podemos fazer isso, não, companheiros? – perguntou Saga, otimista.
- Certo, mas quem serão os aspirantes? E como determinaremos que armadura cada um irá pleitear? E quem será o mestre de quem? – perguntou Aiolia, curioso.
- Ah, isso. Senhores, isso será averiguado por mim e os atuais mestres do Santuário. – Athena apontou para Dohko e Saga – Hoje à noite iremos à Star Hill com os mapas astrais de cada cavaleiro e amazona de Athena. O céu dirá quem deve tentar o quê, e depois que tivermos os nomes e armaduras, nos reuniremos novamente para decidir quem será o mestre de quem.
- Todos de acordo? – perguntou Saga ao resto dos cavaleiros.
Todos concordaram. Mas a reunião não havia acabado.
- Temos mais um assunto em pauta. Para promover a paz e fraternidade entre os Deuses, eu e outros Deuses resolvemos criar embaixadas em nossas respectivas moradas.
- O que isso significa, minha Deusa? – perguntou Shaka.
- Significa que teremos emissários de Poseidon e Asgard morando conosco neste Santuário, e que haverá emissários nossos por lá também. Vocês concordam com essa decisão?
Novo burburinho. Novas indagações. Aquela reunião não terminaria tão cedo...
- Meu treino já era... ai ai! – reclamava certo escorpiano, contrariado.
Hora do almoço. Cinco jovens reuniam-se no salão onde as refeições dos cavaleiros eram feitas, após sua rotina de treinos da manhã. Um deles estava particularmente satisfeito, pois a presença do irmão estava cada vez mais constante, e ele passava a fazer parte de seu dia a dia, assim como o de seus amigos.
- Ótimo treino hoje, Ikki! Acho que estou dominando cada vez a força de meu cosmo, aliado às habilidades com a corrente de Andrômeda! – dizia Shun, animado.
- Pois sim! Hoje tivemos bastante liberdade e espaço para treinar, já que os cavaleiros de Ouro não estavam por perto... – observava Ikki.
- Realmente – disse Hyoga, servindo-se de seu almoço, trazido por uma das servas do Santuário – o que será que houve para que eles parassem de treinar tão cedo? Eles são incansáveis!
- Não sei! Por que não pergunta ao seu mestre Camus? – zombou Seiya.
- Ele é mestre de meu mestre, e me ajudou a realizar o Execução Aurora. Além disso, em uma de nossas lutas, a armadura de Aquário me escolheu. Isso não tem nada a ver com o fato de eu ter permissão para perguntar qualquer coisa a ele... Mestre Camus tem aquele jeito, mas é uma boa pessoa.
- Quando não está mal-influenciado, você quer dizer, né? – riu Shiryu, provocando o amigo.
- Se for assim, eu seria a pior pessoa do mundo, ou se esqueceram que Hades dominou o meu corpo? – retrucou Shun, sério.
- Verdade. Desculpa aí, Shun. Athena deu uma nova chance a todos nós, e devemos nos lembrar disso sempre. – Seiya ficou pensativo.
- O que foi, cara? Pensando na chance que você está perdendo com a Saori? Se liga, Seiya, a gente pode morrer feio em uma dessas batalhas e você nunca terá se declarado para ela. E aí, meu caro, como será? – Hyoga cutucou o amigo.
Ikki apenas sorriu, sarcástico. Desde que se juntara definitivamente aos amigos, sentia a obrigação de manter o foco do grupo para seus treinos, mas todos ali tinham assuntos emocionais mal resolvidos. Começando por seu próprio irmão, Shun, que abandonara uma amazona ao deixar seu antigo local de treinamento, a Ilha de Andrômeda.
- Você fala isso porque nunca teve que encarar a situação que eu estou passando! – dizia Seiya – Eu devo segui-la, protegê-la e garantir seu bem-estar, como um bom cavaleiro. Isso não inclui amor incondicional.
- Não? Pensei que tudo isso que você disse englobasse esse tal amor aí. – observou Shiryu.
- E você, Dragão, não se intrometa! Você já tem compromisso sério, não conta nessa conversa!
- Calma lá, Pegasus, olha o respeito com meu relacionamento com a Shunrei! Várias coisas aconteceram até eu perceber o quanto a amava... e pensar que quase a perdi uma vez! Ela sempre esteve lá para mim, e por isso que resolvi, com a reconstrução do Santuário, reconstruir minha vida com ela também!
Seiya continuava pensativo. Shun se manifestou:
- Acompanhando tudo até aqui, é fácil perceber que a senhorita Kido quer que retomemos nossas vidas, pelo menos ela está trabalhando muito para isso. Talvez você deva deixar seus sentimentos falarem mais alto pelo menos uma vez, Seiya.
- Olha quem fala! – rebateu o Pegasus.
- Pois saiba que se eu reencontrasse a June, faria tudo diferente. Sinto falta dela até hoje. E ainda por cima, ela me mostrou o rosto dela... – sussurrou Andrômeda.
- Isso você nunca me contou! – disse Ikki, surpreso – Isso é grave, Shun! Você nem sabe como retomar contato com ela?
- Não, Ikki. Mas tenho certeza que ainda vamos nos reencontrar! – o garoto de cabelos esverdeados sorria.
- Nem me fale nesse tipo de coisa, lembro quando vi o rosto da Shina sem querer e toda aquela perseguição começou. Ainda bem que ela resolveu deixar isso de lado, combinamos fingir que isso nunca aconteceu. Pelo bem da honra dela, e da minha saúde. – Seiya finalizou seu prato de comida.
- Essa lei das amazonas é dose. Acho isso muito injusto com nossas companheiras, não é porque elas são guerreiras que devem se privar de sua essência. – disse Hyoga.
- Eu hein, deixe seu mestre saber disso! – provocou Ikki.
- Caso esteja se referindo a mestre Camus, sei pelo mestre Cristal que ele não concorda com isso. A competência de uma amazona não se dá pelo seu grau de feminilidade; na verdade, essas máscaras devem existir para evitar que nós, cavaleiros, fiquemos distraídos com a beleza delas. – riu o aquariano.
- Ponto de vista interessante. Vou perguntar ao mestre Dohko o que ele pensa disso tudo. – ponderou Shiryu, finalizando sua refeição.
Nesse momento, um rebuliço formou-se no salão de refeições dos Cavaleiros; logo os jovens Cavaleiros de Bronze puderam reconhecer o motivo de tanto alvoroço: Yuuki, Amazona de Prata de Grou, adentrava o recinto, vestida com sua armadura. A moça era considerada uma das mais bonitas do Santuário, mesmo sem revelar seu rosto; possuía um belo corpo, realçado pela armadura, belos cabelos rosados, ondulados, presos em um alto rabo de cavalo, impecável. E para surpresa dos garotos, ela estava se dirigindo à mesa deles.
- Boa tarde, rapazes, já aproveitaram sua refeição? – ela cumprimentou os cinco com um leve aceno de cabeça.
- Sim, senhorita, obrigado. A que devemos sua presença? – perguntou Shiryu, curioso.
- Hyoga de Cisne, você e seus amigos estão convocados para uma reunião com Athena em uma hora, no salão principal de seu Templo. Os Cavaleiros de Ouro estão a par disso, e irão permitir sua passagem. Por favor, não se atrasem. – ela disse com voz suave, mas direta.
- A Deusa não adiantou nem um pouco do assunto, Amazona de Grou? – quis saber Seiya.
- Trata-se de um assunto que ela quer conversar diretamente com vocês, Pegasus. Ah, não se esqueçam de usar suas armaduras!
E tão rápido quanto chegou, Yuuki de Grou foi embora; os rapazes a observaram enquanto saía, e Hyoga pensava:
"Todos nós fomos chamados... mas porque ela dirigiu-se especificamente a mim? Aí tem coisa..."
Saga de Gêmeos estava na Biblioteca do Santuário, compenetrado na tarefa que Athena havia lhe passado; juntamente com ele estavam Aiolos de Sagitário e mais duas amazonas. Todos estavam coletando, atualizando, organizando e compilando os mapas astrais de todos os Cavaleiros e Amazonas de Prata e Bronze do Santuário.
Junto com cada mapa, o grupo integrava a ficha do respectivo cavaleiro/amazona, e informações pessoais feitas por cada um deles ali, de acordo com a convivência e com o que sabiam de cada seguidor e protetor de Athena. As amazonas mostravam grande concentração naquele trabalho de compilação, embora uma delas estivesse consciente demais da presença do Cavaleiro de Ouro de Sagitário.
- Disfarça, menina! – A Amazona de Prata de Taça cutucou sua amiga discretamente.
- Ai, Anya! Larga de ser chata! – disse a moça, em seu grego com leve sotaque australiano.
- Preste atenção nos papéis ou vai acabar misturando tudo, tem que ficar tudo certinho para que Athena possa levar à Star Hill essa noite! – respondeu a islandesa, fitando a máscara da Amazona de Prata de Centauro.
- Baixou a eficiência virginiana? – zombou Ruby, rindo baixinho.
- E pelo visto a teimosia ariana também. – Anya de Taça deu um sorrisinho de troça, que saiu mais satisfeito pelo fato de não poder ser visto pela amiga.
- Hunf, eu estou fazendo minha parte direitinho. E eu estou de máscara, como você poderia saber que estou observando o senhor Aiolos? – a moça sussurrou a segunda parte de sua fala.
- Simples, ao invés de olhar para baixo, diretamente para os papéis, você estava olhando para frente, o que significa que estava o observando com rabo de olho, aproveitando-se da máscara para disfarçar... acertei? – Anya ria internamente, ao imaginar a cara de susto de Ruby no momento.
- Me recuso a afirmar qualquer coisa. – disse a ariana. – Mas ele é lindo sim. Pena que está de olho em outra...
- Mesmo? Quem? – perguntou a islandesa – Nem sabia que ele prestava atenção especial alguém, é sempre tão discreto!
- Nem tanto, já o peguei olhando para aquela Amazona de Bronze, a discípula da Shina de Cobra. Como é mesmo o nome dela?
- Ah, a sul-africana, que vive para cima e para baixo com a Amazona de Cassiopéia. Sei de quem você está falando, é a Adisa de Corona Australis.
- Ainda tinha que ter essa armadura? Seria mais condizente se ela fosse australiana como eu.
- Mas Ruby, de onde você tirou essa ideia? – quis saber a Amazona de Taça, intrigada.
- Bah, eu estou sempre reparando nele – ela afastou alguns fios castanho-avermelhados de sua franja da frente dos olhos – e percebi que ele sempre repara nela quando pode.
- Deixe, menina. O que tiver que ser seu será. Se bem que nem sei se podemos pensar nisso em nossas atuais condições. – Anya suspirou por baixo da máscara.
- Hehehe, tem razão. Mas olhe só esses relatórios, estão todos desatualizados! – Ruby passou a escrever fervorosamente – Anya, por favor, pode pegar o arquivo dos Cavaleiros de Bronze relativo ao ano passado?
- Ei-lo. – uma voz masculina surgiu atrás de si, e a Amazona de Centauro surpreendeu-se ao vê-lo ali, tão perto dela. – Vejo que está fazendo um bom trabalho, amazona.
"Deuses, como o sorriso dele é LINDO." – pensou Ruby. Atrás da figura de Aiolos, Anya incentivava a amiga a falar com ele.
- Muito obrigada, senhor Aiolos – ela sentiu as faces esquentarem com o rubor – tem certeza que não vai utilizá-lo pelos próximos vinte minutos?
- Tenho sim, minha cara. Mas já que sabe meu nome, me sinto impelido ao perguntar pelo seu, senhorita...
- Ruby. Amazona de Prata de Centauro. – ela prendeu a respiração ao senti-lo apertar sua mão, educadamente. Um perfeito cavalheiro.
- Ora, vejo que temos algo em comum! – Aiolos sorriu – Eu sou o Cavaleiro de Ouro de Sagitário, e nossas constelações foram ambas inspiradas em Quíron!
- De fato. Gosta de observar as estrelas, senhor Aiolos? – Ruby animou-se.
- Sim, desde minha volta à vida, ando observando o céu mais do que posso! Não há como observar estrelas do outro lado, sabe. – ele abaixou a cabeça, como se lembrasse de algo penoso.
- Mas agora o senhor está de volta, e pode aproveitar toda a beleza do céu estrelado de novo. – ela tentou animar o cavaleiro.
- Graças à Athena! Mas espero falar de mais assuntos felizes com você, Ruby, Amazona de Centauro. E pode me chamar apenas de Aiolos, se quiser. – ele tinha um sorriso sincero na face bronzeada.
Ela apenas acenou com a cabeça, enquanto ele pedia licença e se afastava para falar com seu amigo que também estava no recinto. Ruby voltou ao serviço com ânimo renovado, sob o olhar divertido de Anya. Do outro lado da sala, Saga de Gêmeos dava um sorriso discreto, o que não passou despercebido pelo sagitariano.
- Saga, eu creio que estamos adiantados, como vão as compilações?
- Bem, logo chegarão mais dos novos arquivos, devidamente encadernados, como Athena solicitou. Ah, olhe! – ele apontou para duas amazonas que chegavam com várias pastas.
- Senhor Saga, a nova cota de pastas, como pedido. – a Amazona de Prata de Lira acomodou o material na mesa vizinha, seguida pela companheira, Yuuki de Grou.
- Muito obrigado, Giorgia. Por favor, descansem um pouco, e se puderem ajudar Anya e Ruby para acelerar as coisas, eu agradeço. – o geminiano sorria.
- Certo! – concordaram Lira e Grou, em uníssono. E logo se juntaram à Taça e Centauro em seus afazeres.
- Acho tão bom esse trabalho conjunto entre cavaleiros e amazonas! Nossa Deusa está, aos poucos, colocando em prática as novas idéias para o Santuário, deixando as coisas fluírem... muito sábio da parte dela! – o Cavaleiro de Sagitário estava satisfeito.
- Ela é a Deusa da sabedoria, não? – Saga suspirou – E pensar que quase a perdemos por... aquele meu problema. Sei que nunca conversamos diretamente sobre isso, mas agradeço muito pelo que fez, Aiolos, e lamento muito pelo que fiz à sua reputação. Pela vida que perdeu. Não espero que me perdoe, mas reconheço meu erro.
- Escute, Gêmeos, as coisas tiveram que ser assim, e agora estou de volta, estamos todos de volta, com novas perspectivas, novas metas, e um companheirismo real. Naquela época podíamos ser cavaleiros de Athena, mas não éramos tão unidos como agora. Eu te perdôo Saga, e espero que possamos trabalhar juntos, como o mestre Shion queria.
O geminiano assentiu com a cabeça, sentindo a mão do amigo em seu ombro.
- Nem sei como ela me aceitou como Grande Mestre, junto com Dohko. Você deveria estar em meu lugar.
- Não diga bobagens, eu sempre achei que o mestre Shion deveria ter te escolhido. Ele só me escolheu porque sentiu a dualidade dentro de você. Aqui entre nós, me agrada a ideia do Conselho Zodiacal, aí toda essa bobagem de "Grande Mestre" acaba. E continuamos trabalhando em equipe.
Saga concordou com o sagitariano, assentindo com a cabeça novamente. Logo a atenção dos dois se voltou para outro geminiano, que chegava ao recinto:
- Saga, Aiolos.
- O que você quer, Kanon? – perguntou Saga ao irmão gêmeo – Como pode ver, estamos meio ocupados aqui.
- Só passei para avisar que vou ao Templo de Athena novamente. Sabe, para aquela reunião com os cavaleiros de Bronze, e para avisá-los que ele – Kanon apontou para o sagitariano – foi convidado para a mesma também!
- Mas quem ficará aqui ajudando as amazonas enquanto isso? – perguntou Aiolos, confuso.
- Deixe comigo, Aiolos. – disse Saga – Acredite, é de suma importância que você compareça a essa reunião, eu vou me virando por aqui. Aliás, se não me engano, logo os cavaleiros de Bronze estarão subindo as escadarias, portanto...
- Ah, sabia que estava me esquecendo de algo! – bufou Kanon, antes de sair correndo. – Até mais tarde...
- Mas por que ele saiu assim? – riu o sagitariano.
- Bem, alguém tem que permitir a passagem deles por Gêmeos, não é mesmo?
- Ah sim... nossa! Até mais, Saga, ainda tenho que subir até Sagitário para esperá-los! – Aiolos saiu correndo também, deixando para trás quatro amazonas confusas e um cavaleiro de Ouro risonho.
