Disclaimer: Saint Seiya e seus personagens originais não me pertencem e esta fanfic não possui fins lucrativos.

N/A: Fanfic de conteúdo Yaoi. Universo Alternativo.


CAPÍTULO I — PRÓLOGO

Grécia, Atenas; Santuário. 18:23 pm.

Os olhos fixavam-se na parede cor de carmim a sua frente como se não houvesse nada além dela no aposento. Agitava o copo de whisky distraidamente, fazendo as pedras de gelo baterem no vidro com um barulho constante. Os pés estavam largados por sobre a mesa de centro e o robe negro aveludado estava desalinhado, deixando parte da tez pálida do homem à mostra. Os cabelos loiros caindo-lhe por toda a extensão do tórax e cobrindo parte do rosto parcialmente escondido pelas sombras.

— Ele realmente quis me deixar na prisão. Ele tentou, de todo o jeito que ele podia, me deixar preso. Ele quebrou o pacto.

O outro estava sentado em uma poltrona ao lado do loiro, mas sua postura era altiva e sua expressão era compenetrada. Sua aparência era completamente dissonante da do outro; tez morena, olhar verde altivo, cabelos curtos e escuros, trajes sociais bem alinhados. Mirou o outro com interesse antes de responder-lhe:

— Eu sei... — Uma pausa, seguida de um suspiro — E o que você vai fazer sobre isso?

— Vou roubar tudo que o Solo tem, Roshi.

A voz decidida ecoou pelo cômodo espaçoso, ainda que soasse sutil. Virou o rosto para, finalmente, poder encarar o outro. Trocaram um olhar cúmplice, tênue. Foi com um suspiro de derrota que o moreno indagou-lhe:

— E como você pretende fazer isso?

A pergunta soou séria e ele não fez questão alguma de esconder o quão receoso estava. Aquela idéia não lhe agradava em nada e o loiro sabia bem disso. Olhava-o com um olhar inquisidor, como se estivesse lhe cobrando uma boa resposta para a pergunta.

— Vou precisar de alguns homens. E eu sei bem quais — O olhar do loiro novamente se perdeu na direção da parede.

— Shion, você está realmente levando essa história a sério?

Shion riu, retirando os pés de cima da mesa de centro e arrumando a postura na poltrona, passando a concentrar-se totalmente no copo de whisky. Um gole longo, um piscar de olhos mais pesado. Encarou os olhos verdes do homem ao seu lado.

— O que você acha, Dohko?

Um suspiro foi tudo o que obteve em resposta. Era óbvio que Dohko tentara dissuadi-lo com todos os argumentos que possuía, mas aquela era uma idéia que não o deixaria de forma alguma. Julian Solo havia passado dos limites quando não mediu esforços para enviá-lo a prisão. Tinha seus contatos, nunca teve dúvidas de que ficaria pouco tempo preso. Mas seu orgulho dizia-lhe para ignorar tudo o que tinha e concentrar-se na vingança.

E já estava decidido.

_________________________________________________________________

Grécia, Atenas; Sede das Organizações Solo. 18:58 pm.

— Julian, ele vai querer vingança.

Desferiu um soco com força na mesa, fazendo os copos chocarem-se com o vidro da mesa e todos os presentes olharem para o homem um tanto que sobressaltados. Suspirou, tentando recobrar o autocontrole e, após alguns minutos, disse:

— Eu sei, subestimei Dohko. Foi por causa daquele maldito que Shion conseguiu sair da prisão, porque eu tinha certeza que as provas que nós reunimos eram suficientes — Ficou em silêncio por algum tempo e sua expressão se aliviou antes de continuar — Ele vai declarar guerra, estou certo disso. Mas temos muito mais poder de ataque do que ele, vocês sabem disso.

— Não há razão para se preocupar, Shion não tem homens de confiança como você tem — O homem de cabelos castanho-claros até pouco abaixo dos ombros sustentou o olhar inquisidor do chefe com um sorriso confiante nos lábios.

— Eu sei, Bian. Shion contrata um profissional de acordo com o trabalho que ele precisa, e todos esses profissionais são comprados a um preço — Julian sorriu — Basta pagarmos um pouco a mais que Shion e compraremos todos os homens dele.

— Shion conta com o chinês, o sobrinho dele e, possivelmente, o indiano — A voz aguda do homem de tez macilenta anormalmente pálida encheu a sala, contrastando com a voz decidida e grave do chefe.

— O que quer dizer, Kasa? Shaka deveria estar sendo vigiado pelo seu contato — Julian virou-se para o homem com impaciência.

— E ele está sob constante vigia, chefe. Só estou dizendo que ele possui um histórico de alianças com Shion e eu desconfio — Kasa enfatizou a palavra "desconfio" — que ele não hesitaria em se unir a Shion.

— Entendo. Bem, avise-nos sobre qualquer movimento suspeito da parte de Shaka — O olhar de Julian se estreitou perigosamente — Se você desconfiar que ele tenha, de fato, resolvido se unir a Shion, eu vou pedir para que você elimine-o.

— Não devemos esquecer que temos muitos inimigos, ainda que menores — O rapaz que aparentava ser o mais jovem pronunciou-se, em tom baixo e calmo como lhe era de costume. Ainda assim, atraiu toda a atenção para si Se Shion conhecê-los e conseguir fazer com que eles se aliem, creio que tudo ficará um pouco mais complicado. Afinal, não se pode fazer uma carnificina de inimigos declarados da organização.

— Não precisamos matar nossos inimigos, Sorento — Um sorriso de escárnio surgiu nos lábios do loiro que até então também não havia se pronunciado — Encontramos evidencias para prender alguns, compramos outros, ameaçamos os que restarem e, somente os que não tiverem jeito, nós mandamos eliminar.

— Você fala como se não tivesse nada a temer, Kanon, mas bem sabemos que seu gêmeo está neste grupo dos que "não têm jeito" — A única mulher presente na sala de reuniões encarou Kanon com uma expressão de profunda antipatia.

— Você devia saber que eu não dou a mínima para o que aquele imprestável faz ou deixa de fazer, Sereia. Querem eliminá-lo? Eu digo que vocês deveriam ter feito isso quando tiveram a chance — O sorriso de escárnio permanecia intacto nos lábios do loiro — Duvido muito que vocês encontrem-no agora, o covarde deve ter fugido para o Japão.

— A verdade é que Saga não mais representa perigo e Kanon já provou sua lealdade, Thétis. Pensei que ninguém mais duvidasse disso — Julian juntou alguns papéis na mesa distraidamente enquanto passava os olhos por eles rapidamente — Temos mais tópicos para discutir hoje, não? Scylla, como anda o planejamento do evento no Nereida?

— Hm, há algo sobre isso que eu gostaria de lhe falar — O rapaz dono de cabelos desalinhados arrumou a postura na cadeira onde estava antes de continuar — Gostaria de pedir permissão para aumentar o número de seguranças no hotel na data em que Hilda e Saori chegarem.

— Mas nós aumentamos sempre que há algum evento.

— Sim, mas eu acho que deveríamos colocar mais alguns homens. Vocês sabem, a maioria daqueles seguranças designados para os eventos são apenas para aumentar o número — O rapaz estava bastante irritado — Eles mal sabem como desarmar uma criança, quanto mais fazer a segurança de duas socialites importantes.

— Você quer pessoal qualificado no Nereida? — A pergunta carregada de ácido fez todos olharem para a Sereia outra vez — Escute, Yohan, os seguranças que estão lá são mais do que suficientes.

— Escute você, Thétis — Scylla fuzilava a mulher com o olhar — Elas vão fazer uma coletiva de imprensa, são do tipo que carregam milhões de euros em jóias para todos os lados e você está me dizendo que aquele bando de trogloditas que só são peritos em espancamento de mulheres e briga de ruas são mais do que suficientes?

— Estou.

Kanon não pôde deixar de revirar os olhos perante aquela cena que já era de praxe nas reuniões semanais. A Sereia, protegida de Julian, fazia de tudo para contrariar quem quer que fosse e era mais do que claro que tudo o que ela queria era ver era Julian apoiando-a e indo contra todos os outros. O loiro olhou para Sorento, que parecia estar igualmente entediado com aquela cena toda. Trocaram um olhar cúmplice antes de desviarem a atenção para a explosão de Yohan ao receber uma negativa de Julian.

— Já acabamos? Eu realmente quero ir para casa tomar um banho. Acho que a Grécia joga hoje... — Kanon levantou-se sem nem esperar qualquer pronunciamento de Julian ou de quem quer que fosse — Kryshna, temos trabalho amanhã, hm?

— Encontro você nas docas. Tente não se atrasar muito desta vez, Kanon — O homem negro de postura altiva não fazia questão alguma de esconder seu desagrado em ter que cumprir alguma tarefa ao lado de Kanon.

— Sem problemas. Kalinichta! — Kanon deixou a sala de reuniões andando normalmente para fora do prédio, porém acelerou o passo ao se certificar que estava, de fato, sozinho. Puxou o celular do bolso e digitou um número rapidamente enquanto acenava para um táxi.

— Saga, eu tenho novidades para você... — O costumeiro sorriso de escárnio tomou os lábios de Kanon enquanto ele se acomodava no banco de trás do táxi.