Linha Reta
" Você não está sozinho
Juntos nós agüentaremos
Eu estarei ao seu lado
Você sabe que segurarei sua mão
Quando ficar frio
E parecer o fim
Escute-me quando digo, quando digo
Que acredito que nada mudará, nada mudará o destino
O que quer que seja, nós resolveremos perfeitamente "
Tudo estava confuso. Eu conseguia ouvir três coisas: a sirene da ambulância, meu coração e a respiração dele. Esse último eu não conseguia ouvir direito, tinha que me concentrar para ouvir a única coisa que mostrava que ele estava vivo. A ambulância chegou ao hospital e o encaminhou para a sala de emergência, não me deixaram entrar com ele.
Fiquei na sala de espera, visualizei o relógio e fiquei contemplando o tempo. Meu corpo pesava, já não era jovem, a velhice já havia chegado há muito tempo, e ainda assim eu não havia me acostumado. Alguém me chamava há algum tempo, quando me virei vi a mim só que mais jovem, senti as mãos jovens em meu ombro apertando levemente, em sinal de consolo.
- Como você esta, mãe? – disse a jovem. Eu sorri.
Tudo em shigume era belo, a cor dos cabelos e os traços físicos eram iguais aos meus, somente os olhos e a rebeldia dos cabelos pertenciam ao pai.
- Eu estou bem, daqui a pouco irei me acostumar a vir pra cá, a secretária já sabe o meu nome, acredita? – O rosto de shigume ficou diferente, mais triste.
- Sakura, não precisa fazer piada agora. Já é o terceiro ataque do papai esse mês, eu não sei o que pode acontecer... Eu tenho medo por vocês, mãe.
- Se preocupe com você primeiro minha filha, nós vamos ficar bem.
- Eu sei, eu só não imagino você sem ele. – Não consegui responder, apenas a olhei.
- Eu amo muito você, garota – Shigume nada disse, apenas sorriu e me abraçou.
- Eu também amo muito a senhora, e o papai também. Vai dar tudo certo, nós vamos superar isso juntos!
Ficamos ali sentadas na sala de espera de mãos dadas. Shigume já tinha 35 anos, o tempo passara muito rápido. O médico retornou e disse que a situação de Sasuke era estável e que ele já podia receber visitas. Shigume e eu entramos no quarto, Sasuke estava consciente, nossa filha foi ao encontro dele, choramingou um pouco em seus braços, depois de um tempo, ela deu-lhe um beijo no rosto e nos deixou para ficarmos a sós.
Eu caminhei até a cama de hospital e me deitei ao seu lado, nenhum de nós falou; eu fiquei admirando ele por um momento, ele podia ser mais velho que eu, mas a beleza continuava intacta, todos os seus traços fortes e jovens estavam ali, olhei seus olhos e me deixei perder dentro deles. Eu sabia que ele estava relembrando o mesmo que eu, o filme da nossa vida passava por nossas mentes, todas as tristezas, as brigas, os momentos de solidão, que eram consumidos logo em seguida pelos momentos de felicidade e amor, que eram muito mais fortes e mais presentes. Eu acariciei seu rosto, e deixei que ele mexesse em meu cabelo.
- Depois de tanto tempo, e você continua com o mesmo cheiro de flores. Eu sempre amei esse cheiro - Eu forcei um sorriso para o comentário.
- Nossa filha está crescendo rápido, já é uma mulher. Você lembra quando ela nasceu?
Sasuke nunca foi um homem de muitas palavras, mas eu sabia que ele nunca tinha sido tão feliz como naquele dia.
- Só lembro de ter as pessoas que eu mais amava em meus braços – As palavras dele ficaram pairando no ar por um momento. A vontade de vontade de chorar veio, eu deixei que ela me tomasse e depois me livrei dela, sem derramar uma lágrima.
- Você me deu um susto hoje, sabia? – Minha voz era quase um sussurro e a dele não estava diferente.
- Eu sei, me desculpe. Você não precisa ficar aqui, vá pra casa descansar.
Antes de responder, eu parei para observar melhor o quarto, já havia claridade entrando nele, já era de manhã. Havia uma máquina de batimentos cardíacos ao lado da cama, ela mostrava batimentos fracos, porém constantes, e na parede acima da máquina havia um relógio, o quarto era pequeno e mesmo assim confortável. Eu olhei para os olhos dele novamente, e percebi o que viria.
- Eu pensei que fosse ficar sem você desta vez – Ele não respondeu, apenas me olhou.
- Sakura, meu amor, um dia, que não esta muito longe...
- Não existe esse dia! – Eu o interrompi. Nenhum de nós poderia viver sem o outro.
- Eu acredito no nosso amor, e sei que ele não deixará que eu fique aqui sem você. – Ele sorriu.
- Eu sempre vou estar onde você estiver. Eu amo você. – Ele sussurrou.
Eu segurei a mão dele e ele retribui, eu o vi fechar os olhos e ficar com o rosto tranqüilo, era a última vez que eu o veria daquele jeito. Desviei meus olhos para a janela, contemplei o sol, cenário de tantos momentos da minha vida. Voltei a olhar para o sasuke, e fechei meus olhos também.
- Eu também amo você. – sussurrei.
Tudo ficou escuro e depois calmo e claro, eu o sentia em mim e sei que ele me sentia nele, nada mais importava, nós iríamos ficar juntos, era o nosso destino. Dava para ouvir a máquina que acompanhava os batimentos cardíacos mudando de som, ela estaria mostrando uma linha reta agora, sinal de que já não precisava acompanhar nenhum coração. O som vinha de longe, e não durou muito tempo, nós seguiríamos para algo desconhecido, juntos, para sempre.
Originalmente postado em 25.02.2010
Foi minha primeira fic e merecia alguns ajustes (:
