Aviso: Essa é uma história Jacob/Bella. Sinta-se livre para não ler. A classificação M foi dada por linguagem e insinuações.
A história é situada depois do casamento de Edward e Bella; ela não fica grávida.
Todos os personagens pertencem à Stephenie Meyer.
Eu escrevi esse capítulo ouvindo The Animals were Gone de Damien Rice e She's like the Wind de Patrick Swayze. Se você procura uma música de fundo, essas são minhas sugestões.
Um
Ela lançou o pescoço para trás, o suor escorrendo pela nuca. Abafando um gemido, pousou a cabeça sobre o ombro musculoso do homem que a tivera. Ele não era de muitas gentilezas, mas era muito forte e sabia como agradar uma mulher na cama. Que sorte fora sua ao entrar naquele bar imundo e encontrá-lo bebendo seu décimo copo de uísque, com os olhos vermelhos de noites mal dormidas. Não fora preciso fazer muito. Achegara-se dele, dissera doçuras no ouvido, ele pegara-a pelo braço e a pusera na caminhonete. Dirigiram para um motel não muito confortável; mas ele pagou tudo e sem nenhuma palavra durante toda a noite, fizera-a sentir-se a mulher mais desejada do mundo.
Beijando a bonita pele avermelhada que cobria os músculos de quem nem sabia o nome, Anne virou o rosto para o dela. Como era bonito, e como era jovem. Passou os lábios pelo mandíbula quadrada e pelos lábios bem feitos, pelas bochechas angulosas e pela fina pele das pálpebras inferiores, onde estavam plantadas duas roxas olheiras.
Como era bonito, e como era triste. Anne não podia imaginar o que sofrera um coração tão jovem para que na boca não saísse um sorriso, para que nos olhos não alcançasse uma única luz.
Quando tornou a beijar seus lábios, as mãos que a tinham pela cintura subiram por suas costas e tocaram seus cabelos. Ele os cheirou. O que ardeu nos olhos dele foi mais que tristeza.
Foi morte. Anne tentou sorrir, porque não podia chorar. Talvez ele também não pudesse chorar, era o que o tornava tão sombrio. Ele mergulhou o nariz nos seus cabelos e no pescoço, e se não fora gentil durante a noite, agora era todo de um carinho com seu corpo que ela foi invadida por calor, não o calor do sexo, mas o de alguém que precisa fugir, pois fora daquele motelzinho sujo e barato, não havia mais nada para ele.
Anne entendia os homens, os conhecia, mas não os prendia justamente por conhecer só os errados. Deitou a cabeça no peito do primeiro que lhe pareceu certo, e falou, sabendo que um homem só tem um motivo para tanta tristeza, e só tem um motivo para afogá-la no corpo de uma mulher que nunca viu. "Ela vai voltar. Sabe disso, não sabe? Ela não vai deixá-lo".
Um lobo uivou melancólico lá fora.
O homem largou-a na cama e arrancou a porta fora para sair do quarto.
Anne ficou só, fitando atônita os destroços de madeira.
...
Jacob, furioso, destruiu outra porta com um pontapé. Foi pondo as calças enquanto corria pelos intermináveis corredores, o cheiro dela puxando-o como que ligado a um fio na direção das montanhas. Não era doce como os sabonetes de lavanda, os incensos e os lençóis recém lavados de outrora. Era o doce que ardia seu nariz e o fazia querer estrangular o pescoço branco até que na sua imaginação ele ficasse vermelho.
O dono do motel, um velho sem dentes com uma espingarda na mão, veio ao seu encontro querendo saber que balburdia era aquela. Jacob o empurrou para um canto, torceu o cano da espingarda com a mão e jogou-a no chão. Arrombou a última porta e por fim, subiu na caminhonete, arrombando também o portão.
Era o décimo motel que destruía, era a décima mulher que deixava num quarto sem saber o nome.
Era a décima vez que Isabella Swan voltava a Forks.
A caminhonete velha rangeu aos seus esforços; usá-la era um só um jeito de prolongar o encontro, de imaginá-la esperando-o, nunca sabendo se ele ia, rezando para que ele fosse.
Ele sempre ia.
Dirigiu em círculos perdendo-se nas estradas que de dia tão bem conhecia e nas noites dela nem mais o nome lembrava e a caminhonete por fim perdeu suas forças, sucumbindo aos solavancos e morrendo num longo e frouxo esgar.
"Porra", murmurou. A porta remendada caiu no chão quando a empurrou; Jake quis não se importar e embrenhar-se na mata.
Mas não. Ele girou os calcanhares e voltou. Pôs a porta no lugar. Consertou-a. Era uma parte muito pequena de Isabella que lhe pertencia, então ele cuidava com um carinho frustrado, com o desejo reprimido de consertar algo que jamais precisou ser consertado.
Foi quase como se pudesse ouvir uma melodiosa risada, quando pensou isso.
Correu pela encostas íngremes, os cabelos antes presos num rabo displicente caindo por seus ombros e testa, atrapalhando sua visão, os afastou com raiva. Esfregou os olhos úmidos, que vida, podia chamar isso de vida, quinze anos, os mesmos caminhos, e as feridas que cicatrizavam de dia para que ela as abrisse com os dentes famintos à noite.
Esperando, esperando, esperando.
Como se Isabella fosse voltar, não para atormentá-lo, não para humilhá-lo.
Mas para ficar.
Grunhiu arrematando uma árvore da raiz com um murro.
Ao topo da montanha esperava-o a criatura mais bonita de todo o universo. Sentada com as pernas cruzadas sob uma pedra, ela também era uma, imóvel e cinza. Os longuíssimos cabelos castanhos cascateavam pelos ombros frágeis – frágeis, ah, um dia ela fora frágil, um dia ele a salvara de se afogar, agora ela que o afundava – sua pele branca como a lua e suave como a pétalas das flores. Os lábios avermelhados sorriam, delicados e rosados, mas não quentes, nunca mais quentes, como na clareira, como no garagem, como nos seus sonhos. O sorriso não alcançava seus olhos.
Jacob sentia falta dos olhos castanhos quando via os dourados. Embora nunca satisfeitos, embora nunca felizes, preferia-os castanhos, e só dele. Agora pertenciam ao vampiro que pusera nos dedos dela aquele diamante horrendo. A pedra cuspia na sua cara o que ele ouvia dentro da cabeça sem cessar: elaédele elaédele elaédele elaédele.
"Jacob", a voz dela. Sentia falta dos ofegos, das vermelhidões, dos tropeços, da Bells que corria por seu quintal na infância batendo os desajeitados pés na lama.
"Você".
O sorriso dela aumentou, uma fileira imaculada de dentes brancos e pontiagudos. Faltava as linhas delicadas que surgiam no canto de seus lábios e o calor. Ainda sim, a visão do amplo sorriso, seus joelhos não mais sustentaram seu corpo, e Jacob teve de gritar para não chorar.
"Você não tem o direito!".
"Eu tenho todo o direito", Bella inclinou a cabeça para o lado, finalmente deixando de sorrir; ele pôde finalmente ficar de pé. "O cheiro dela está em você".
"O cheiro dele sempre, sempre, sempre está em você!".
"Ele é meu marido".
"E eu sou o quê, Isabella?! O quê?! Que merda é essa que nós somos?!".
"Você é o meu... meu Jacob".
Ele apoiou os braços num grosso tronco de árvore, abaixando a cabeça neles e riu; que restava fazer a não ser rir da palhaçada que era o encontro entre o patético lobisomem e a vampira pela qual ele era apaixonado. Riu com tanta força que o que saiu de seus olhos foram lágrimas de horror. Onde estava aquele casal de amigos que bebia refrigerante e consertava carros juntos, rindo de músicas piegas soando nas rádios e de saberem que, embora de mundos diferentes, completavam-se e o destino os quisera juntos.
O destino os quisera juntos.
Isabella não quis.
A vampira fez passos sem sons, deslizando pela terra molhada e pousando na raiz da árvore. O hálito fresco de flores soprou nele, o fantasma da menina que morrera ecoando, próxima, próxima, fazendo evaporar as lágrimas contra a pele fervente.
"Tem que parar com isso, Jacob. Você está se destruindo".
"Está com ciúme".
"Claro que estou".
Olhou-a, esperando-a sorrir, sorrir era natural para ela agora, vivendo no mundo que queria, Isabella estava sempre feliz. Alguma parte doente do seu coração queria fazê-lo sorrir também porque o seu objetivo, o seu plano, seu maldito plano, fora fazê-la feliz, e se estava, então Jacob tinha que se dar por satisfeito.
Não estava. A outra parte do seu coração queria-a infeliz, quebrada, incapaz de amar outro que não fosse ele, destruída e que uma vez que fosse, Isabella rastejasse e implorasse, e não o contrário.
"Eu vou transar com cada mulher que eu encontrar, Isabella Swan. Vou entrar em todo bar, bordel ou o que quer que seja, e vou ter quem eu quiser, como eu quiser, do jeito que eu quiser, está me entendendo?! Não pode me impedir!".
"Sabe que posso. Você não está me encontrando nelas. Só está me perdendo".
"Nunca tive. Por isso mesmo, pegue essa sua merda de moralismo e saia da minha reserva, das minhas terras e da minha vida, volte para sua porra de família e para sua merda de marido, volte para tudo que escolheu, e do mesmo jeito que eu deixei você ir embora, você vai me deixar em paz!", Bella não piscou uma vez seus reluzentes cílios. Era como se Jacob sussurrasse e não berrasse. Foram-se os anos em que a intimidava. Ele quem temia a gelidez da presença dela agora, a força de suas brancas mãos e o poder de seus olhos faiscantes. "Se você um dia, um dia que foi, amou isso... isso que existiu entre nós... então você vai embora e nunca mais vai voltar".
"Eu sempre vou embora, Jacob, sempre. Eu fui embora para sempre".
Lá estava ela, com os lábios próximos aos seus, os olhos dourados junto aos seus, a testa fria encostada a sua, fazendo sua pele quente, seu corpo todo desejá-la tanto que doía. "E toda vez que eu vou embora, eu prometo nunca mais voltar, porque eu sei que isso está matando você, e me mataria também, se eu pudesse morrer", a mão dela perdeu-se nos seus cabelos, acarinhando-o, fazendo seus olhos fecharem e sua cabeça tombar contra o tronco, derrotada. "Então eu estou na minha casa, ouvindo as canções do meu marido, e de repente, é como se o mundo virasse ao contrário e eu sinto o meu coração quebrar. Só que não é o meu, é o seu".
Com os dedos gelados Bella tocou seu peito febril e baixou a cabeça, murmurando contra o seu coração, que enlouqueceu ao ouvi-la dizer. "Quando eu fui transformada, eu amava você. Uma vez mudado, para sempre mudado. Isso... não tem como ser arrancado fora".
Antes que sucumbisse e seus braços arranhando o tronco se soltassem e a agarrassem, Isabella pulou graciosa de volta para a pedra onde estava sentada, olhando-o como se tivessem acabado de se encontrar.
"Vá embora".
Os lábios dela curvaram-se. "Quando eu fiz amor com ele ontem... eu o chamei de Jacob".
Isabella desapareceu por entre a névoa.
A tribo, que estava reunida montanhas abaixo, ouviu o uivo cortante do sofrimento de Jacob, e em seguida, o som de árvores e mais árvores sendo derrubadas.
Nuvens pretas juntavam-se sobre o céu.
Estava vindo uma tempestade.
Muito boa noite (:
Eis aqui a minha nova criação de Twilight, novamente com o Jacob como meu personagem principal. A história terá três ou quatro capítulos, e eu a caracterizo como o reencontro que eu gostaria de ter visto, caso Breaking Dawn fosse diferente. Não sou muito fã de todos virarem uma família feliz e eterna; gosto mais deles como fogo versus gelo/vampiro versus lobisomem, retratado em Eclipse. Fato, eu gosto de uma boa disputa e de um pouco de drama. Sou uma garota, não dá pra evitar.
Curto Jacob de um jeito diferente das maioria das pessoas; penso-o como um representando legítimo do povo fascinante que são os índios americanos, além da expressão máxima do primeiro amor e da intensidade dele. Gosto de retratá-lo com um moleque que ás vezes não sabe o que fazer, mas que sempre soube o que quis, que é a Bella.
E vocês, o que acham? Adoraria saber suas opiniões sobre meu personagem favorito!
Elogios, sugestões e críticas são super bem-vindos, desde que educados (:
Atenciosamente, Jenny.
