Ele era lindo e era seu irmão e ela amava ele mais do que tudo no mundo. Seus cabelos eram loiros, assim como o dela, só que mais bonitos, ele tinha dedos longos e belos e, pelo menos ela pensava assim, tinha os olhos mais profundos e atraentes e confusos e tristes que existiam. Ele era a coisa mais linda que Deus já tinha feito, era perfeito, era tudo que qualquer um poderia querer ser ou ter. Ele era tudo que ela queria ver e sentir. Ele era o seu irmãozinho, e era dela, só dela, e de mais ninguém.
Você...
Por que você foi embora?
Por que você me abandonou e me deixou para trás sem nunca pensar em mim? Você não me ama como eu te amo? Você não morreria por mim, assim como em morreria, morreria quantas vezes fosse necessário morrer para que você continuasse vivo?
Você sofreria por mim? Você sofreria os mais terríveis castigos e as piores privações para que eu não sentisse nada e nada me faltasse? Pense...
Você não me abandonou. Eu sei.
Alguma coisa deve ter acontecido. Você era inocente e vulnerável e eu tenho medo de que alguma coisa ruim tenha acontecido com você. Eu... Não saberia o que fazer se você não estivesse vivo, mas você está vivo, eu sei, eu posso sentir seu coração, seu coração bate junto ao meu. Se o seu coração parasse de bater, eu morreria junto, porque você é metade do meu coração, você é metade de mim, e sem uma metade, a outra não consegue sobreviver. Isso mesmo, você é a minha metade, nós somos como uma ponte, que para existir, precisa de duas margens, dois opostos, já que uma ponte nunca poderia levar ninguém para o meio do oceano... E um oceano nunca poderia existir se não existisse a outra margem, um pedaço de terra para pisar e se sentir seguro.
Você é o meu pedaço de terra, você é a minha carne que pulsa fora do meu corpo, você devora minhas entranhas em comunhão, você bebe o meu sangue em uma linda taça cravejada de pedras preciosas. Cravejada em safiras.
Você é o meu verme, você me tira e me dá a minha vida. Sem você eu ficaria sem margens, mas você é uma margem tão distante que às vezes acho que, na realidade, a ponte acaba nas minhas costas.
Ele era um anjo, o anjo mais lindo que ela já tinha conhecido. Ele sorria e era puro, puro como água, melhor, puro como gelo. Mas, ao contrário do gelo, ele era acolhedor, e ela amava ficar nos braços dele e sentir o calor de suas mãos enquanto ele tocava em seus joelhos e curava seus machucados. Ela queria ele de volta, já que então, ele poderia tocar nela e fazer com que todo o sofrimento, toda a dor, fosse embora e se transformasse no calor de suas mãos e de seu corpo.
Joshua... eu te amo e, se você me ama, me ama de verdade, eu quero que você faça o que eu disser.
Suas mãos eram quentes e seus olhos era gelados, ela pensou naquele instante.
E eu te digo agora, já que você me ama tanto quanto eu te amo, eu quero que você me mate.
