Oui Je Suis de Paris
Ele a observava balançar e rodar ao som de uma música desconhecida. Não era nada parecido com o que ele já tenha ouvido. Bach, Mozart e Bethoven não se encaixavam muito bem. A melodia era dançante... Seria um falso tango argentino? Todos aqueles homens - e algumas libertinas – apreciavam, enquanto ele tentava decifrar o som. Saber onde aquilo o levaria: até si? Até outro drink – que ele também não soubera identificar. Harry nunca se sentira tão estrangeiro – Até ela?
Do outro lado do salão, Ron se divertia e batia palmas para uma moça muito bonita: loira e com um decote insinuante, que realizava passos de uma exímia bailarina. Seus sorrisos o embasbacavam e o ruivo a seguia com o olhar, a aliança em sua mão esquerda completamente esquecida. Compreensível.
Paris estava especialmente iluminada àquela noite, mas Harry não poderia se importar menos. Entre aquelas paredes vermelhas, "Oui Je Suis de Paris" tocava alto e a hipnose exercida por ela e seus cachos curtos, seu cigarro longo e seus movimentos - e que movimentos – o proibido de um Harry conservador, que desejou mais que nunca, ser seu cigarro e pertence-la. Voz lenta, compassada, gemida, rouca. Seja qual fosse o feitiço, Harry queria aquela mulher. Mesmo com os vícios ruins. Com as belas pernas. Com as mãos nas cadeiras.
Acompanhar seu show de plumas, seus grandes olhos, insinuantes, piscantes e ilusórios que indicavam Harry onde ir, onde encontra-la, onde se encontrar. Pansy não era de muitas palavras. Não as articulava tão bem sem um roteiro a seguir. Quando suas mãos encontraram as de Harry, soube como agir, mas não soube o que falar. E não disse.
Ao arrastá-lo para a cama de seu camarim mal iluminado, soltou pequenas frases desconexas, em um francês que o cérebro do moreno não decodificou. Ela podia estar falando de amores ou preços: ele só ouvia os gemidos.
E a maestria com que ela conduzia os beijos de Harry, os distribuindo em lugares específicos, com que retirava cada camada de roupa, até as mãos quentes encontrarem com a pele fria – nervosa – de um inglês inexperiente. O jeito fácil como lidava com a excitação dele: com as mãos, com a boca, seu pecado particular, sua dança. Esta que ele apreciou, nua, cantante, cambaleante, risonha, alta de champagne, realizando sua fantasia inglesa.
E como professora, dirigiu mãos, membros e boca, aos seios, aos gemidos, a outro cigarro. Entre cavalgadas dela, e os gemidos dele, e as aberturas dela, as estocadas dele, os gemidos dela, o suor de ambos. Suor, cigarro e gemidos. Danças, campeadas, aberturas e estocadas. Ápice. Melhor que musica.
E por fim, batidas na porta que lembravam que ela é a estrela. Sem beijos, se vestiu e saiu.
E Paris nunca dorme.
N/A: Escrita para o projeto Through The Ages do 6v.
