AVISOS: Essa fic é recomendada para maiores de 18 anos.

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COMUNIDADE DA FIC NO ORKUT: A Fogueira das Paixões

- A história da fic é coerente, mas existem alterações em alguns personagens da série; se você procura uma fic que seja um "oitavo livro de Harry Potter", não recomendo essa fic e nenhuma outra que eu tenha escrito. Acho divertido ver os personagens em situações que jamais seriam vistas nos livros da Rowling e, como só escrevo o que gosto de ler, minhas fics seguem essa linha do "tudo é permitido".

- A fic mistura diversos gêneros; comédia, suspense, romance... várias emoções se confundem entre os capítulos. Mas, mesmo não gostando de fics nesse estilo, sugiro que leia pelo menos um capítulo; existem pessoas que dizem "odiar" e se tornaram os leitores mais fiéis. Você pode se tornar um deles!

-Não há limites dentro dessa fic. Se o que procura é diversão, situações inusitadas e muitas emoções, desejo a você uma boa leitura!


CAPÍTULO 1

O fogo do desejo, a chama do amor

Fogo. Elemento de luz e calor. Temperatura elevada. Suor...

Quando a labareda do desejo incendeia o corpo, gotas de suor se acumulam; a pele esquenta, torna-se vermelha; é a labareda tentando ultrapassá-la. Uma labareda incontrolável, indomável; principalmente quando a ela se acumula as brasas do amor.

O fogo ganha mais intensidade; não existe forma de apagá-lo. Ele arde sem se ver, mas pode-se senti-lo – e com força total. Se tentar apagá-lo, ele cria fumaça... A fumaça causa lágrimas... Choro, dor... Sofrimento. Não existe jeito de se lutar contra o fogo devastador do amor.

E existe também a tocha da vingança; a tocha da maldade; a tocha das intrigas. O fogo do ódio e da mentira. Junte-se essas tochas e cria-se um fogo maligno; queimaduras mortais, labaredas perigosas.

Nessa história, essas tochas, a brasa do amor, o fogo do desejo, tudo se mistura em um só, formando uma imensa fogueira. A temperatura vai esquentar com essa enorme mistura de desejo, amor, maldade e intrigas.

Por que quando o fogo arde com grande intensidade, alguém vai se queimar... Alguém vai transpirar... Alguém vai amar... Alguém vai sofrer...


Elas entraram ao mesmo tempo na biblioteca. Trocaram cumprimentos mudos com os olhares e sentaram-se ao redor da mesma mesa de sempre.

Todas tinham a mesma expressão de desapontamento. Serena Bennet, loira, de cabelos lisos, e Joyce Meadowes, olhos claros e cabelos castanhos cacheados, de um lado, em frente Lanísia Burns, morena, linda e de olhar provocante, e Clarissa Stuart, branca, pele cor da neve e olhos azuis, e na ponta esquerda, Alone Bernard, uma bela morena de cabelos compridos. Ficaram em silêncio, perdidas em suas próprias desilusões.

Subitamente a última integrante do grupo chegou e ocupou o último lugar na mesa, ao lado de Alone. Hermione Granger sentou-se, e seu grande suspiro confirmou que ela também se encontrava na mesma situação.

-Estamos começando oficialmente mais uma reunião das Encalhadas. Como posso observar, nenhum resultado foi obtido, não é? – perguntou Joyce, numa pergunta que envolvia a todas.

Todas confirmaram com a cabeça.

-Foi o que eu disse na noite passada – falou Alone. – Agir sem magia não adianta nada! O plano de pressionarmos os garotos não obteve êxito algum! A magia é necessária! Viu como eu tinha razão, Hermione?

-É, talvez – respondeu Mione. – Mas é que tentar manipular sentimentos utilizando-se de magia é contra as regras, sem falar que é muito perigoso!

-É a única forma que temos para conseguirmos cada um deles! – insistiu Alone. – Fizemos as maiores loucuras hoje, e, veja no que deu? Em nada! Quero dizer... Todas seguiram o que foi combinado ontem à noite, não?

-Sim – confirmou Lanísia. – Até passei do ponto. Mas nada do professor Augusto me ensinar tudo o que ele já aprendeu de melhor na vida.

-Ótimo... – Alone deu uma risadinha. – Eu também passei do ponto com o Potter... – ela corou um pouco.

-Você jogou-o no chão? – perguntou Serena, os olhos brilhando de curiosidade e perplexidade. – Você fez como disse que ia fazer?

-Fiz. E fiz bem feito...

-Alone, conte como foi! – pediu Serena.

-Foi durante o intervalo entre as aulas, hoje à tarde...


Harry, Rony e Hermione caminhavam tranqüilamente entre a multidão de alunos, indo para a aula de Transfiguração, agora ministrada pela Professora Frieda Lambert.

-Frieda ensina muito bem – comentava Rony. – É um tanto severa, mais severa que McGonagall, mas talvez seja só impressão.

-Não sei não, Rony – disse Harry. – Ontem ela me viu conversando com o Dino e quase me esganou... Não foi, Hermione?

Mione não escutou; estava olhando, perplexa, para Alone Bernard que, como dissera na noite anterior, na reunião das Encalhadas, encontrava-se encostada à parede, trajando uma saia preta bem curta.

-Oh não – murmurou Hermione.

-Mione? – chamou Harry novamente. - Mione? – ele estalou os dedos, despertando-a finalmente.

-Oh... O que foi, Harry? – perguntou ela ao amigo, sorrindo.

-Algum problema?

-Não... Nenhum... – ela olhou para Alone, que fez um sinal para que ela se afastasse com Rony. - ...problema.

-É que você parecia tão distraída, aí pensei que...

Naquele instante, Mione viu que não havia nada a fazer; teria que deixar que o plano prosseguisse. Ela e as garotas estavam se reunindo há duas semanas, tentando bolar formas de conquistar os rapazes que tanto queriam e amavam, e não seria ela quem ia impedir uma delas de conseguir. E, se afastando com Rony, teria a oportunidade de fazer o combinado na última reunião...

-Rony! – ela exclamou, um tanto exageradamente.

-Minha nossa, o que foi?

-Lembrei de uma coisa! Preciso urgentemente apanhar um livro na biblioteca! Venha, venha comigo...

-Mas e o Harry...

-Harry siga em frente! – Hermione agarrou o braço de Rony e o puxou antes que ele pudesse falar alguma coisa.

Harry ficou parado no corredor, sem entender nada. Balançou a cabeça, vendo os amigos se afastarem, voltou-se e continuou a caminhar. Observava distraído as pessoas que passavam, sem nem se dar conta de Alone...

Só foi aproximar-se da garota para que ela o puxasse para dentro da sala vazia.

Alone jogou-o no chão e, num movimento rápido, encostou a porta com a perna. Harry começava a se apoiar com os cotovelos para levantar-se, mas, antes que ele pudesse se levantar, ela colocou uma perna sobre o peito dele e o impediu.

-Alone? Você está louca? – perguntou Harry.

Ela levou um dedo à frente dos lábios e pediu silêncio. Harry ia recomeçar a reclamar quando Alone levou as mãos até a saia curta e, num movimento lento, sensual, começou a levantá-la.

-O que você pode ver daí ainda não é o suficiente? Não se incomode, querido – ela ergueu mais um pouco... – Eu mostro mais...

Ela usava um par de meias pretas provocantes. Parou de erguer a saia e baixou uma das meias, no mesmo movimento lento e com a mesma expressão sensual.

-Você pode ver tudo, tudo...

Harry começou a suar e, meio sem saber o que falar, murmurou:

-Alone, por favor...

-O que você quer? – perguntou ela, afastando a cascata de cabelos negros. - Hein? Ah acho que já sei o que você quer... – ela tirou a perna do peito dele e agachou-se, deitando-se sobre Harry. Levou um das mãos as vestes dele e abriu um dos botões, enquanto colocava o rosto próximo ao rosto dele. – Você quer que eu o domine totalmente, não é? Não se preocupe...

Ela desabotoou o segundo botão...

-Eu faço isso. Eu o domino.

O terceiro botão foi aberto, enquanto o peito de Harry subia e descia descontroladamente, numa respiração acelerada, ofegante.

-Alone, não...

-Ah... – suspirou ela, colocando a mão por dentro da abertura nas vestes e tocando o peito de Harry. – Que delícia...

-Alone, por que... Por que está fazendo isso?

-Fazendo? – ela riu. – Ah, querido Harry, eu ainda não fiz nada!

A mão dela tocou a coxa do rapaz e começou a massageá-la. Enquanto isso, a outra mão encaminhava-se para o zíper... Harry ofegava... Suava... Tremia...

-PARE! – ele gritou, libertando-se do corpo e das mãos de Alone e levantando-se apressadamente.

Secou o suor da testa com um lenço, enquanto Alone se aproximava, com o rosto vermelho.

-O que foi? Eu... Te ofendi, é isso? – ela parecia apavorada. – Fui muito rápida, não é? Desculpe-me, mas é que...

-Não é que foi rápida... – disse Harry. – É que eu não... Não quero.

-Não quer?

-Não... Não só o que você estava fazendo... Nem um beijo eu quero, Alone. Eu não... Eu não quero nada.

-Mas não é possível! Tem algo errado comigo? Você me acha feia, é isso? Estou gorda? Mas, não acredito, todos os rapazes acham meu corpo lindo, e...

-Não é nada com você. É... Comigo.

-Como assim? Você... Você gosta de outra pessoa, é isso?

Harry sentou-se, ainda respirando rápido e secando o suor. Olhando para o chão respondeu:

-É. Isso. Eu gosto de outra. Outra pessoa.

-Quem é ela, Harry? – Alone aproximou-se, perplexa e curiosa ao mesmo tempo. – Quem é ela?

Ela podia jurar que havia lágrimas nos olhos de Harry ao responder:

-Isso não vem ao caso.

Dito isso, Harry abotoou os botões da veste, abriu a porta da sala e saiu, deixando Alone perdida em pensamentos e morrendo de vergonha.


-Estou me sentindo uma estúpida depois daquilo – concluiu Alone. – Sabem, garotas, acho que toda vez que eu ver o Harry novamente vou me esconder de tanta vergonha!

-Quer dizer que ele gosta de alguma garota – falou Serena, pensativa. – Você sabe quem é, Hermione? Quem é a pessoa que Harry gosta?

-Não faço a mínima idéia... – disse Mione, igualmente pensativa.

-Bom, isso demonstrou que você não tem nenhuma chance com ele, Alone – disse Joyce. – A não ser, é claro, que utilizemos de magia no nosso próximo plano...

-Magia não! – insistiu Mione.

-Magia sim! – falou Serena. – Também preciso dela! Lewis não aceita namorar comigo por causa daquela assombração da mãe dele! A única forma de tirá-lo daquela submissão e fazer com que ele fique comigo é apelando para a magia!

-Então não adiantou pressioná-lo no corredor escuro? Ah eu já sabia – falou Lanísia. – Eu avisei que era um plano muito fraco...

-Assim como respeito a sua maneira de amar, eu espero que respeite a minha maneira discreta – falou Serena.

-Garotas, sem brigas! – pediu Joyce. – Então, Serena, conte como foi.

-Do mesmo jeito de sempre... Submisso... Medroso... E, pra piorar, com a aparição da minha doce sogra no final...


-Lewis...

-Serena...

Os lábios se uniram num beijo apaixonado. Lewis afagava a nuca de Serena sob a cascata de cabelos loiros; aquela maneira com que ele tocava seu corpo, firme, mas delicada, fazia a jovem estremecer...

-Eu te amo tanto... – sussurrou Serena, acariciando o rosto do rapaz e dando-lhe mais um beijo.

-Eu sei, meu amor... Eu também te amo...

-Então tomou a decisão? – perguntou Serena, ansiosa. – Finalmente vamos namorar?

O rosto do rapaz tornou-se firme e sério de repente. Serena encontrou a resposta através dessa expressão.

-Não outra vez, não é, Lewis?

O rapaz suspirou, erguendo os olhos para a garota.

-Serena, não tem como! Mamãe não permite o nosso namoro, ela é totalmente contra o nosso relacionamento, por mais argumentos que eu lance, por mais vezes que eu diga que eu te amo de verdade!

-Sabe muito bem que ela não precisa ser uma barreira...

-Não? Como assim?

-É o que eu já lhe disse! Namoramos escondidos e, quando concluirmos o nosso curso aqui na escola, vamos embora juntos e construímos uma casa para nós dois...

-Serena, seria ruim demais...

-Se me amasse de verdade, lutaria para que fôssemos felizes, independente da opinião contrária dos outros, inclusive de sua mãe!

-Não é tão simples assim! Ter ela contra nós seria muito ruim, e...

-Sabe qual o seu problema, Lewis? Você é racional demais. Não coloca os sentimentos em primeiro lugar, e sim a razão!

-Serena, talvez ela melhore com o tempo. Vamos esperar mais um pouco, ter a minha mãe do nosso lado será muito melhor!

Ela enxugou a primeira lágrima que escapou dos seus olhos...

-Nunca teremos. Sua mãe é maligna...

-Serena!

-...Será que você não viu isso ainda!

-Serena, ela é minha mãe, não fale assim!

-Viu como você se ofende? – ela o encarou de cima a baixo. – Completamente submisso... Forte no cérebro, fraco no sentimento...

Lewis ficou em silêncio, enquanto ela o observava.

-Se é assim que deseja, Lewis, então, tudo bem. Vamos aguardar o impossível...

-Não é impossível.

-Claro que é. Ela me odeia.

-Não é verdade...

-Odeia, odeia sim! Você é que não enxerga nada. Acha que enxerga, mas não. É míope nesse sentido também, quase cego... É assim que você vê sua mãe...

Serena tirou os óculos quadrados do rapaz.

-Um simples borrão... – falou a garota. – Quando você colocar óculos dentro de si mesmo, verá assim – ela recolocou os óculos no garoto – verá com nitidez, finalmente, a mãe que tem.

Lewis respirou fundo...

-Serena...

-Boa noite.

Serena apanhou a mochila que estava no canto da parede e saiu do corredor, não dando ouvidos aos chamados de Lewis. Assim que dobrou o corredor, uma mão rude a interrompeu, apertando seu braço com violência. Ela baixou os olhos e encontrou o que já esperava ver... A mão magra, descarnada, com o anel de rubi gigantesco, com unhas pintadas em um forte roxo. Levantou os olhos. Lá estava ela... Digna de um pesadelo... Cabelos brancos, rosto enrugado, lábios finos, olhos pintados.

Frieda Lambert.

-Oh, queridinha... Que bom vê-la por aqui.

-Não seja falsa, sei muito bem que a senhora me odeia!

-Eu? Odiar você? Nunca, minha querida. Eu só quero o que seja melhor para você... – Frieda deu uma risadinha carregada de ironia.

-Ah, eu longe do seu filho, claro!

-É, sim – Ela sorriu ainda mais, apertando o braço de Serena. Sua voz seca confirmou. – Bem longe...

-Se é isso que quer, pode comemorar. Seu filho não quer namorar comigo... Parabéns, Sra Frieda. Você conseguiu...

Serena afastou-se da professora, enquanto ela abria um grande sorriso de dentes amarelados e sumia novamente, entrando em sua sala e mergulhando na escuridão.


-E foi assim que aconteceu...

-Minha nossa, Serena – comentou Clarissa. – Acho que você precisa da magia é para se livrar dessa mulher!

-Por que tanto ódio por mim – perguntou Serena a si própria, em voz alta. – Era isso o que eu queria entender!

-Ela nunca deu uma razão, não é?

-Nunca, Mione. Mas ela me odeia muito. E não é simplesmente porque não quer Lewis namorando alguém... Não é um simples ciúme de mãe. Tem... Tem algo a mais. Eu não sei o que é. Mas existe algum motivo misterioso que não consigo enxergar para tamanho ódio.

-Lewis abana o rabinho para a mãe, me perdoe a expressão – falou Joyce. – Ele não vai mesmo se entregar à paixão enquanto esse "encosto" estiver por perto.

-E a aluna e o professor, como vão? – perguntou Clarissa se referindo a Lanísia.

-Péssimos. O Professor Augusto ainda não quer me dar umas "aulas particulares"... Nem sob pressão...


O sinal tocou. Augusto, trinta e oito anos, cabelos negros e lisos, vestes impecáveis, sorriu para a turma e despediu-se.

-Tenham um bom dia e até a próxima aula!

Os alunos começaram a sair da classe. Ele começou a analisar os trabalhos dos alunos, distraído. Era apenas uma forma de disfarçar... Ele já sabia o que estava para acontecer... Ou melhor, quem estava para aparecer.

-Não vai olhar para mim?

Claro que queria olhar. Vira-a em seu sonho durante a noite, totalmente despida, deitada em sua cama, o convidando a amá-la. Totalmente entregue em seus braços.

-Não estou com vontade, Lanísia. Bom dia.

Lanísia socou a mesa e jogou para trás o pergaminho que o professor analisava.

-Olhe pra mim! – disse, alteando a voz. – Eu sei que você quer olhar!

Augusto levantou os olhos lentamente, tentando mostrar indiferença. Não podia deixar que ela percebesse o quanto a queria, o quanto a amava.

-Estou olhando, Lanísia – disse devagar. Balançou os ombros, parecendo distraído. – E agora, o que você quer?

-Não fale assim! – ela parecia a beira da histeria. – Não diga dessa maneira! Como se... Como se não me quisesse, como se não soubesse o que eu quero!

-Ainda não estou lhe entendendo, Laní...

-Claro que está! Eu sei que está! – ela aproximou-se, tomando a mão dele. – Eu sei que você me quer. Eu sei que você quer esse meu corpo...

Lanísia levou a mão de Augusto até um de seus seios. Augusto fechou os olhos e suspirou, dizendo:

-Pare com isso...

Sua mão envolvia o seio de Lanísia sobre a blusa. Augusto tentou se desvencilhar, mas ao mesmo tempo que queria se afastar, sua mão queria envolver ainda mais aquela carne macia que ela tocava... Lanísia viu a expressão do professor que se transformava, a vermelhidão que se espalhava sob a barba rala... Os olhos que se fechavam levemente...

-Lanísia, por favor, não... – ele ofegou.

-Sim, você me quer... – disse ela, satisfeita. – Você me quer da mesma maneira que eu te quero, não há como negar...

-Não...

-...Não tem como negar, Augusto...

-Eu não quero você... Eu NÃO QUERO! – ele afastou a mão, abrindo os olhos novamente e parecendo retornar de um sonho.

A testa dele estava molhada de suor; ele ainda respirava rapidamente; Lanísia olhou-o de cima a baixo e sorriu tristemente.

-Você tem medo, não é?

-Medo? Eu? Mas... Do que você está falando, garota?

-Sim, medo sim. Você tem medo de ter algo comigo, de me amar!

-Nunca quis ter algo com você, menina...

-Claro que quer! A maneira como ofegou e suou ao tocar o meu seio! Os olhares que lança para as minhas pernas quando está dando aula! O jeito como fala comigo! Você me ama!

-Ah! – ele riu. – Amo você? Eu? Ah, está doida, você é apenas uma menina, uma aluna...

-AÍ! – ela interrompeu. – Aí está a chave da questão! Eu não sou uma menina, e você sabe muito bem disso; o que você acabou de tocar e o restante do que esse vestido esconde, não fazem parte do corpo de uma menina. Eu sou uma mulher. Mas, ainda assim, sou, como você acabou de recordar, sua ALUNA.

Augusto engoliu em seco... Ela tinha encontrado o motivo...

-O romance entre professor e aluno é proibido – continuou Lanísia. – Se descobrissem que o professor dorme com a aluna...

-Não fale nesses termos...

-Não sou mais criança e sabemos o que duas pessoas fazem quando se desejam! – falou Lanísia, ríspida. – Continuando... Se descobrissem que você dorme com a aluna e ama a aluna, o caos estaria formado! Causaria grande espanto na escola e você seria demitido! Não é isso, Augusto? Não é esse o motivo que faz com que você fuja de mim?

Eles se encararam por alguns momentos; olho-no-olho; Augusto mordeu o lábio; juntou os pergaminhos com um aceno de varinha e levantou-se, apanhando sua maleta.

-Se você não sai, eu saio...

-Augusto... – Lanísia saiu atrás dele. – Augusto, espere!

-Você está enlouquecendo, garota! Vendo amor e desejo onde não existem!

-Não tente fugir da realidade! Eu te quero! Eu...

Augusto virou-se e a encarou:

-Esqueça dessas suas ilusões juvenis e me deixe em paz.

-Não fuja do que você quer, Augusto. É impossível tentar fugir. Você me quer, você me deseja, e vai continuar desejando. Não tem como escapar do que o seu coração e seu corpo escolheram.

Ele sentiu o perfume dela invadir-lhe as narinas; os lábios dela estavam tão próximos...

-Esqueça isso, Lanísia... Esqueça...

Dito isso o professor se afastou, deixando Lanísia triste, com o coração na mão, sentindo a chama do amor queimando no seu peito, e um fogo incontrolável envolvendo o seu ser.


-É, esse professor é mesmo duro na queda – falou Joyce, pasma com a atitude que a amiga tomou.

-Sim. Não é apenas um mestre de Defesa contra as Artes das Trevas. É também um mestre na Defesa contra as Artes da Sedução. Ele estava quase desmaiando de tanta vontade, garotas, mas... Fugiu! Ele é muito racional. Não consegue esquecer nem nos momentos mais quentes que não pode ter nada comigo!

-Outro que só virá a nocaute se utilizarmos a magia nos nossos planos – disse Serena. Virou-se para Hermione. – E você? Como foi com o Weasley?

-Ah mais uma decepção... Eu não consegui fazer metade do que foi combinado, sabem, mas... Acho que também não tem jeito... E, pra piorar... – surpreendente, ela levantou os olhos para Clarissa. A garota se encolheu na cadeira, enquanto todas seguiam o percurso do olhar de Mione e também a fitavam. -...Atrapalharam-me...

Houve um momento de silêncio carregado de tensão.

-Então... Você agiu no momento em que se afastou com ele para deixar o Harry sozinho para que eu o atacasse? – indagou Alone.

-Sim. Foi naquele momento. Eu o trouxe aqui, na biblioteca, e...


-Não estou entendendo nada, Hermione! – reclamou Rony pela décima segunda vez, quando entrava com Mione na biblioteca, ainda sendo puxado pelo braço.

-Não sei porque você cismou que tem algum motivo por trás disso, Rony – falou ela, mergulhando numa das prateleiras e fingindo que procurava um livro. – Simplesmente tenho que pegar um livro por aqui...

Desastrada, Hermione derrubou uma pilha de livros que estava empilhada na prateleira.

-Oh! – exclamou, corando.

Agachou-se para juntar os livros espalhados pelo chão. Rony, prestativo, agachou-se também.

-Vou ajudá-la – disse ele.

Apenas o movimento do ar foi suficiente para entontecê-la. Mione fechou os olhos por um momento, tentando controlar-se; o que estaria acontecendo com ela? Apenas o calor da pele dele, tão próxima, fazia com que a temperatura da sua aumentasse em quarenta graus!

Rony não percebeu a mudança na amiga; distraído, apontou um dos livros que havia caído e o mostrou a ela.

-Veja: A alquimia do amor. Engraçado... Nunca imaginei que houvesse livros sobre amor nessa biblioteca...

-Eu também não – falou ela. – Se soubesse, talvez o teria pegado para ver se fico mais experiente nesse assunto...

A frase dela tinha um tom melancólico que foi observado por Rony. Ela terminou de recolher os livros e levantou-se. Rony, cismado, tocou o braço dela.

-Algum problema, Hermione?

-Não, nenhum.

-Sabe, sei que vivemos brigando... E que não sou uma garota como aquelas suas amigas novas... Mas, se precisar de ajuda, saiba que estou aqui.

Hermione sorriu.

-Obrigada, Rony.

-Creio que são problemas relacionados a amor, não é?

Mione ficou surpresa com a pergunta, mas não a respondeu.

-Também não sou experiente nesse assunto... A única garota com quem saí na minha vida foi a Lilá, você sabe disso... Mas você também teve o Krum...

-Não, nunca tive o Krum – disse ela, balançando a cabeça. – Nunca toquei nele.

Mione fitou o rosto de Rony; por um segundo, ela podia jurar que havia visto um sorriso radiante de triunfo no rosto do rapaz; mas depois julgou que era apenas uma leve impressão, pois o rosto de Rony encontrava-se tão sério quanto antes.

-Então... você nunca... beijou alguém?

-Nunca. E nem tenho pressa. Meu corpo é meu santuário; valorizo-o acima de tudo. Meus lábios estão guardados para um rapaz. O rapaz que vai desvendar os mistérios dos meus lábios, da minha pele, de todo o meu santuário, e, só ele, repito, só ele, conhecerá esses segredos.

A maneira como ela falou foi tão intensa que Rony ficou sem palavras...

-Nossa... – balbuciou ele, sem jeito. – Você pareceu tão segura agora... Como pode não entender sobre amor?

-Não entendo mesmo – ela cravou os olhos nele. – O rapaz a quem pretendo me entregar de corpo e alma por toda a vida já existe. Ele é o problema. Simplesmente não consigo entendê-lo. Em alguns momentos, ele parece estar aos meus pés, em outros parece tão distante... Infelizmente, toda a minha inteligência, tão admirada por todos os outros, não vale nada nesses assuntos.

Ela suspirou.

-Acho que me julgam incapaz de amar. Como se fosse uma pessoa oca, que não precisa amar, que não sente desejo, que só pensa em estudo... Mas não é assim. Sou uma pessoa normal. Eu queria tanto que esse rapaz percebesse isso.

Ela secou uma lágrima. Rony aproximou-se mais, lentamente.

-E... Quem é esse rapaz?

Os olhos brilhantes de Hermione o fitaram com paixão; no momento em que seus lábios formavam uma resposta, o encanto do momento foi quebrado por uma voz dócil e arrogante:

-Ah, é por isso que estava sentindo um cheiro ruim espalhado pela biblioteca...

Rony engoliu em seco; Clarissa. Clarissa, com sua pele delicada; Clarissa, com suas vestes finas e elegantes; Clarissa, com seu cabelo lindo; Clarissa, com sua arrogância.

-Tão pobre – ela fitou Rony com desprezo. – Ralé... Como podem deixar gente tão mesquinha estudar numa escola tão chique?

-Clarissa, por favor... – pediu Mione.

-Não se incomode, Hermione! Já estou me afastando... – virou os olhos claros para Rony. – A pobreza me incomoda. Não combina comigo. Dá-me náusea. Com licença.

Ela afastou-se. Rony, muito vermelho, apanhou sua mochila.

-Eu vou indo.

-Rony, espere! – Mione tentou impedi-lo.

-Não, deixe-me ir! Você também deve achar isso que ela falou!

-Claro que não! Precisamos terminar essa conversa, vou lhe contar quem...

-Esqueça. Depois conversamos.

Ele a beijou no rosto e se afastou, deixando na bochecha dela a tão deliciosa umidade de sua boca, que contrastava maravilhosamente com o ardor do seu corpo...


-Clarissa! – ralhou Joyce. – Como você pôde atrapalhar uma das integrantes do nosso grupo?

-Peço desculpas a Hermione – falou Clarissa – mas perdi o controle. Não suporto aquele garoto, toda... Aquela pobreza dele... Não dá pra suportar...

-Você tem que aprender a tolerar as pessoas! – ralhou Mione.

Clarissa ia responder, mas Joyce a interrompeu, não deixando que se iniciasse uma discussão.

-Por favor, meninas – pediu ela. – Vamos continuar a discussão e esquecer esse ocorrido. E, Clarissa, da próxima vez deixe para extravasar seu ódio em outro momento, e não quando uma de nossas integrantes estiver em ação. Ouviu bem?

-Sim – murmurou Clarissa em resposta.

-Ótimo. Agora, conte-nos como foi o seu dia. Resolveu nos contar finalmente qual o nome do rapaz que você tanto ama?

Clarissa engoliu em seco. Mais uma vez, não ia responder. Não podia responder. Era inconcebível; seria considerado uma piada. Não estava disposta a fazer aquela confissão... Ninguém podia saber.

-Não, eu... Prefiro deixar no ar.

-Eu ainda chuto entre o Kennet Richards e o Arthur Mallowey – falou Serena.

Sim, esses eram os óbvios, pensou Clarissa. Rapazes desse gabarito eram, para todas, os prováveis ocupantes do seu coração. Ricos, bem vestidos, educados, de ótimas famílias. E seriam, se essa decisão estivesse nas mãos dela. Mas não estava. O coração era um bicho indomável em que não se podia dar ordens. Ele agia e escolhia por vontade própria, ignorando as vontades de seu dono.

E o coração de Clarissa pregara-lhe uma peça da qual ela não conseguia escapar.

-Tudo bem, não vai nos contar o nome, mas conte-nos como foi – disse Lanísia.

-Foi bem rápido – mentiu ela. – Eu o pressionei contra a parede, sussurrei algumas palavras tolas em seu ouvido, beijei-o no pescoço e... Foi só isso.

-Só? – perguntou Serena, decepcionada.

-Sim, só – confirmou Clarissa.

Ela acariciou o pequeno corte próximo ao pulso, e a lembrança do verdadeiro ocorrido atingiu-lhe a mente. Logo depois de ofender o seu verdadeiro amor na biblioteca... Seu verdadeiro amor... Seu inconfessável amor... A quem ela odiava amar...

Rony Weasley.


Ela saiu correndo da biblioteca, parando apenas ao encontrar-se na escuridão e no silêncio do sanitário feminino.

Sentada no chão do sanitário, Clarissa chorava, mergulhada no seu mais secreto desespero. Ninguém podia vê-la chorando, perdendo o controle; era linda, admirada por todos na escola. Nenhum olho podia vê-la sofrendo... Ainda mais por outra pessoa... Sofrendo por amor.

-Por que? – balbuciava ela para si própria. – Por que? Que sentimento desgraçado... Maligno...

Ela havia acabado de vê-lo, na biblioteca, e perdera o controle... O controle da respiração, que se acelerou... O controle do coração, que começou a palpitar rapidamente... O controle da expressão, que acabava denunciando seu sentimento...

E, para se livrar daquela denúncia, mais uma vez ela lançou um comentário preconceituoso e agressivo ao rapaz que mexia tanto com seus sentimentos e desejos mais secretos. O rapaz de cabelos ruivos e sardas, que não tinha uma boa situação financeira, foi obrigado a ouvir, mais uma vez, a bela jovem rica lhe lançando uma piada em voz alta.

O ódio que ela sentia por amá-lo apoderou-se dela e distorceu-lhe os olhos e a expressão. Clarissa o fitou com um olhar maligno, recheado pelo prazer de vê-lo sofrer e corar.

Ela o amava. E ele merecia pagar por isso. Ele merecia pagar por existir. Ele merecia pagar pelo sentimento pagão que havia criado nela.

E, após o prazer maligno, o fogo do ódio diminuía, virava brasa, e depois desaparecia, deixando apenas um fiapo de fumaça... A fumaça do arrependimento, que trazia no seu cheiro a dor do amor. Essa fumaça a sufocava e, desesperada, ela disfarçava, fugia das amigas Serena, Joyce e Lanísia e se escondia no banheiro, só sossegando quando o arrependimento deixava seu corpo através das lágrimas.

-Ele é pobre demais... Ralé... Não posso amá-lo... Não... Não posso amá-lo.

Ela levantou-se do chão, enxugando as lágrimas. Aproximou-se do espelho e tocou o rosto refletido. Tão bela... Roupas tão lindas... Cabelo cacheado e brilhante... A perfeição em forma de garota... Podia ter o rapaz que quisesse... Ricos, milionários, de ótimas famílias bruxas... Mas, não... Sua vontade mais profunda desejava que fosse assim...

Mas o fogo do desejo e o seu coração, não.

Queria aquele jovem... Queria que ele tocasse seu rosto... Beijasse seus lábios... Mordesse seu pescoço... Descesse a boca até os seus seios... Tocasse suas pernas...

Clarissa começou a suar, pensando nas mãos do rapaz percorrendo o seu corpo, de forma romântica, quente, fantástica...

Ela fitou o próprio rosto novamente. Lá estava o amor e o desejo refletidos. Amor e desejo pelo pobretão, pelo rapaz de roupas surradas...

-Não... – murmurou, envergonhada pela expressão. – Não... – sua voz aumentou; o amor cedia espaço ao ódio novamente. – Por que você existe, Rony Weasley? Por que?

Sua mão encontrou um frasco de perfume que havia sido esquecido no banheiro.

-Eu odeio amar você! – berrou, descontrolada. – EU ODEIO!

Ela lançou o frasco de perfume contra o espelho, que se partiu em vários pedaços e quebrou a imagem da garota apaixonada que ela tanto odiava.


Ela acariciou o corte mais uma vez. Tirou os dedos dele e levantou os olhos. Uma onda gelada a envolveu ao ver os olhos de Hermione pregados nela.

Estaria ela desconfiando de alguma coisa? Teria percebido que, por trás do imenso ódio de Clarissa por Rony Weasley, existia uma paixão inconfessável e secreta? Não, ela não podia ter percebido... Seria uma verdadeira tragédia se alguém descobrisse.

Sentindo-se acuada pelo olhar de Hermione, Clarissa baixou os olhos azuis. Suspirou de alívio quando o clima de tensão foi quebrado pela voz viva de Joyce Meadowes.

-Bom, vocês sabem que eu não tenho um garoto fixo, nenhum em especial... Estou a procura, a muito tempo, vocês sabem... Vou fazendo os meus "testes", utilizando vários como cobaias! – ela deu uma risada constrangida e coçou a cabeça. – Então, hoje houve mais um teste, mas... Ah, garotas... Não deu em nada outra vez! E ainda fui ofendida!

-Nãããão! – exclamou Serena, espantada. – Quem foi o ousado?

-Miguel Corner!

-Ah tinha que ser – disse Lanísia. – Ele parece ser tão... atrapalhado!

-É, mais ou menos... Mas manda muito bem... Então – ela pigarreou, procurando controlar-se. – Vou lhes contar. Sabe, tem algo que me intriga naquele garoto...


Num corredor escuro e deserto do castelo, uma porta se abriu com estrépito. Joyce Meadowes e Miguel Córner saíram de uma vez. Os cabelos de Joyce, sempre bem escovados, encontravam-se arrepiados, formando uma espécie de juba leonina; a blusa estava completamente amassada, e a saia, torta.

Miguel fechava o zíper da calça quando Joyce ajeitava a saia e dizia, rindo:

-Que surpresa, Miguel... Que lobo feroz em pele de carneiro...

Ela passou as unhas pelo rosto de Miguel, que estremeceu.

-Que bom que achou tudo isso – disse ele. – Pena que não posso fazer o mesmo... Você fez jus à fama que tem!

Joyce estranhou.

-Como assim?

Miguel aproximou-se e falou baixinho:

-Galinha em pena de galinha!

Joyce, furiosa, desferiu um tapa no rosto do garoto.

-Como se atreve? Seu... rude! Seu grosseiro! Aproveita-se e depois vem ofender, é isso?

-Não, eu...

-Ah, eu já devia imaginar! Tão idiota como todos os outros! E, quer saber de uma coisa, Sr Corner? Nem foi tão bom assim! Você ainda não é o que eu procuro! Preciso continuar a procura...

-Claro, fazendo "testes" com todos os garotos da escola...

-O problema é meu, ta legal? O lugar em que você brincou é meu, e eu deixo entrar quem eu quiser!

Dito isso, Joyce deu as costas para o garoto, ainda ajeitando os cabelos.

-Ainda preciso encontrar alguém que me complete... Por que posso ter todos, mas ao mesmo tempo sinto como se não tivesse ninguém?


-Muito ousado esse Miguel – comentou Alone.

-Com certeza – disse Joyce. – Mas só me confirmou o que já sabia ao sair daquela sala: ele não é o garoto perfeito para mim.

-Ou seja: os testes continuarão! – exclamou Lanísia, rindo.

-Sim – Joyce respirou fundo. – Não só comigo, não é; todas nós continuamos na mesma.

Clarissa se mexeu desconfortavelmente na cadeira; tocou o corte novamente, enquanto os olhos de Hermione se voltavam para ela outra vez, curiosos, acusadores...

-E Clarissa continua a nos esconder – comentou Serena, decepcionada, cheia de curiosidade.

-Sim... – disse a jovem, afastando os cabelos e levantando-se. – Eu vou indo já... Amanhã vocês me contam sobre o próximo plano para conquistá-los...

-Mas, Clarissa...

-Desculpe, Joyce, eu estou com uma dor de cabeça... Desculpe.

Ela saiu correndo da biblioteca, em desespero, ainda sentindo o penetrante olhar de Hermione.

-Coitadinha – disse Joyce. – Deve estar perdendo o controle por causa dessa paixão secreta que não conta a ninguém... Não a culpo. Acho que todas nós, em breve, também perderemos o controle.

-Só se continuarmos a bancar as estúpidas – disse Lanísia com rispidez. – Temos a solução nas nossas mãos, mas hesitamos em utilizá-la! Garotas, não sairemos dessa maré de azar se não utilizarmos magia! Magia é a palavra-chave! Se não utilizarmos magia para destravarmos esses "bundões", esses medrosos, nunca os teremos! E precisamos deles! Os queremos! Os desejamos! Os... Os amamos!

-Apoiada – comentou Serena batendo palmas.

-Com certeza – disse Alone.

-É, também acho – falou Joyce.

-Eu não – insistiu Hermione.

-Ah, Mione!

-Joyce, como líder desse grupo você devia ter mais juízo! Garotas, com magia não se brinca! Vocês já deviam saber disso! Estaremos manipulando sentimentos, mexendo com o sentimento de outra pessoa sem que ela saiba... Mexendo com paixão, amor, desejo... Vocês não percebem o quanto isso é perigoso?

-Mione, é a única maneira! – insistiu Alone. – Veja: Potter nunca ficará comigo porque gosta de outra pessoa; Augusto nunca terá nada com Lanísia porque tem medo da relação proibida que ocorre entre os dois; Lewis tem medo da mamãe e continuará fugindo da Serena; Clarissa parece ter perdido as esperanças com esse garoto secreto, tanto que anda perdendo o controle; Joyce ainda não tem um garoto certo, mas precisa da magia para segurar algum ao lado dela, sem deixar que ele apenas se aproveite dela; e, você, com a magia não precisaria ficar atrás do Rony Weasley, nem teria mais duvidas se ele a ama ou não!

-Mas é errado! Em alguns desses casos estaríamos criando um sentimento!

-E daí? – perguntou Lanísia. – Não é isso que nós queremos? Eles aqui, nas nossas mãos?

-Eu sei, mas...

-Dane-se a ética, Hermione – falou Lanísia. – Não use a razão como muitos desses garotos. Ouse! Arrisque! Temos que arriscar para conseguir o que nós queremos!

-Sei, mas...

-Ninguém ficará sabendo! Nunca! – disse Joyce. – Será um segredo guardado a sete chaves por nós seis. Guardado até a morte. Ninguém saberá que os rapazes que teremos ao nosso lado tiveram o sentimento manipulado ou criado através de magia!

-Exatamente – disse Serena. – E então, Mione? Concorda que está na hora de tentarmos utilizar a magia em nossos planos?

Mione suspirou e esfregou os olhos; finalmente, disse:

-Tudo bem, vamos tentar.

-Excelente! – exclamou Joyce, contente. – Agora, teremos que discutir qual o método que utilizaremos... Hummm... Poções de amor?

-Não, muito manjadas – falou Alone. – E, ainda por cima, não são totalmente seguras. As vezes o efeito acaba. Precisamos encontrar algo definitivo, com efeito perpétuo!

-Vocês só podem estar brincando! – disse Hermione. – Utilizarão algo sem prazo de validade? Algo... que dure para sempre?

-Claro – respondeu Serena. – Eu quero o Lewis pra vida toda.

-Mas e se der errado?

-Não dará errado – falou Joyce. – Hermione, não tem como dar errado!

-Sei... – ela bateu na mesa. – Bom, eu não falo mais nada!

-Poções não são úteis... – murmurou Alone, pensativa. – O que seria? Qual magia é capaz de prender o coração de uma pessoa por toda a vida?

-Precisamos de algo que nos ajude a encontrar essa resposta – disse Lanísia. – Um livro, por exemplo...

Joyce estalou os dedos.

-O livro que Rony viu com Hermione! Mione, como era mesmo o título?

-A alquimia do amor.

-Esse mesmo! Serena, pegue esse livro, por favor, e traga até aqui!

Mione apontou a prateleira para Serena, que foi até ela e apanhou o livro. Era um volume grosso, de capa vermelho-vivo, com uma gravura dourada na capa, que trazia um frasco de poção com um coração dentro. Abaixo da gravura, o título, em letras douradas.

-É aqui, neste livro, que encontraremos a magia que os prenderá para sempre! – disse Joyce. – Vamos, garotas! – ela acendeu quatro velas. – Vamos encontrar a solução para todos os nossos problemas...

O fogo nas pontas das velas iluminava o livro... Fogo... Elas não podiam imaginar que o elemento que traria a solução ardia no quarteto de velas bem próximo a elas.


Clarissa continuou correndo, aos prantos. As lágrimas caíam sem parar, borrando a linda maquiagem, manchando sua pele clara.

Ao dobrar um corredor, parou de chofre. Voltou e se escondeu no canto. Lá vinha ele pelo corredor deserto... As mesmas vestes surradas de sempre, o mesmo cabelo desgrenhado... E a mesma onda de amor a envolveu.

Aquilo tinha que acabar... Ela não agüentava mais. Ter de mentir para as garotas, ter que se torturar por dentro por causa daquela paixão desgraçada... Não. Ela precisava dar o ponto final.

Subitamente, a onda de ódio chegou, sussurrando uma idéia maligna, desesperada, nos ouvidos de Clarissa. Num canto maldito sussurrado em seus ouvidos, a idéia tomou a sua mente.

Livra-se dele, livra-se da paixão.

Livra-se dele.

Os passos aproximavam-se... A escuridão era a sua aliada... Precisava agir...

Era muita humilhação... Muitas lágrimas... Muitas angústias... Ele tinha que pagar...

Puxando a varinha do bolso, Clarissa estendeu a mão para o outro corredor e, num movimento ágil e desesperado, berrou, angustiadamente, em direção ao rapaz que tanto amava:

-Avada Kedavra!


NA: E assim termina o primeiro capítulo de A Fogueira das Paixões. Espero que gostem e continuem lendo. Por favor, comentem. Muitas emoções virão por aí!