China temia sentir mais do que mera afeição por Rússia.
Não era por que a maioria dos países tremiam diante de sua presença, nem de sua má fama. O próprio asiático sabia ser cruel quando julgava necessário.
Não era pelo território. Estavam entre os maiores países do mundo, apesar da ambição do russo de sempre crescer.
Não era falta de poderio. Não, ambos eram países fortes, moldados pelas guerras.
Não era pela economia. Sim, os negócios iam muito bem para o mais velho, mas não é que o outro estivesse atrás de dinheiro, a situação do eslavo não era ruim, e seu interesse já era insinuado antes de da economia chinesa florescer a ponto de chamar a atenção internacional.
Não era pelos ideais. Aliás, talvez um fosse o mais próximo de entender o outro nesse ponto.
Não era pela cultura. Certamente eram diferentes, mas um não poderia negar a riqueza e beleza que nascia das mãos e mente do outro.
Como países, talvez fosse a união mais promissora...
E como indivíduos?
O loiro era gentil com ele... talvez até gentil demais...
Às vezes o russo agia como uma criança, em suas diversas facetas: pregava-lhe peças, testava-o, era carente, cruel... mas o chinês gostava de ter 'crianças' por perto, e seus irmãos cresceram, sairam de sua casa e já quase não o viam, exceto por motivos oficiais.
O moreno não admitia, mas sentia saudades da época em que era um império, em que as atenções de quase todo o continente se concentrava nele... e o jovem do norte lhe era tão devotado...
O grandalhão já lhe havia demonstrado afeto em tantas ocasiões... no começo desconfiou e procurava recusar ou ignorar, contudo acabou não só se acostumando, mas chegava a apreciar tal fato e às vezes se flagrava inconscientemente fazendo algum agrado ao outro, apesar de mais sutil.
Sentiam-se bem um na companhia do outro. Poderiam passar horas conversando animadamente, rindo... apesar de que o silêncio que antes era confortável ia ficando cada vez mais frequente e com aquela tensão ansiosa do que quer ser dito mas é calado.
Por outro lado, o primogênito da Ásia chegava a se sentir estranhamente vazio longe do ocidental.
Rússia era atraente, assim como China, mas cada um o era à própria maneira. E era aí que surgia a causa do temor do asiático.
O tamanho.
Seria um pouco irritante ter que fazer o outro abaixar-se para provar seus lábios, o que era muito injusto, visto que o maior lhe roubava beijos quando baixava a guarda, sendo que o chinês teria muito mais dificuldade se quisesse pegar o rapaz desprevenido. Não que o fosse fazer, mas que era injusto, era.
Mas, como dizem, o buraco é mais embaixo...
Quando ajudou o então aliado a se recuperar de uma perna quebrada, foi praticamente impossível evitar vê-lo nu enquanto o ajudava no banho. E daquela época, o mais velho se lembrava de uma coisa:
Lá embaixo, a potência russa se mostrava devastadora.
E o que poderia causar excitação em muitos, era a sua fonte de preocupação.
Porque tinha certeza de que o russo não se conformaria com uma relação casta e sem contato físico. Coisa que levaria a dois pontos:
1- Muito provavelmente, o loiro iria querer ser o ativo... não que o moreno nunca tenha sido o passivo de uma relação... Se perguntassem, bateria em quem ousasse tal falta de respeito, mas internamente, se considerava do tipo 'apertado'. O que normalmente seria uma qualidade piorava o seu receio. Nunca tinha visto algo tão grande, muito menos teve algo de tais dimensões dentro de si. E tinha lá suas dúvidas se seria agradável... ou saudável.
2- Independente de ser o ativo ou o passivo, cedo ou tarde o russo o veria... e isso sim poderia ter consequências que o preocupavam:
A) Que Rússia se decepcionasse e o rejeitasse. Já se sentia diminuído só de lembrar daquele membro monumental, mas ser deixado por não ser o suficiente seria humilhante, e é provável que o golpe em seu coração seja mais difícil de cicatrizar do que a marca que leva nas costas.
B) Não são poucos os países que zombam de sua aparência, por considerarem-no 'afeminado', e como que para por mais lenha na fogueira, Coreia tinha espalhado fotos de uma vez em que embebedara e produzira o mais velho fazendo-o parecer propositalmente 'feminino', quase uma Lolita de olhos puxados. E se ainda o julgassem 'pequeno', seria o fim. Seu orgulho masculino não poderia permitir tal situação!
Não que fosse 'pequeno'.
Sempre se considerou 'normal' ou 'proporcional'. Mas quais eram os seus parâmetros?
Era normal ele e os irmãos tomarem banho juntos, antes de cada qual tomar o seu rumo, e não se achava especialmente maior ou menor em comparação... apesar de que não costumava ficar 'checando' nem nada. Não havia conotação sensual, era só um momento de intimidade fraterna e natural.
Porém, não sabia a fonte, mas as más línguas faziam a festa sobre a extensão de toda a família.
Rússia não era o primeiro ocidental que o chinês vira nu.
Havia o Império Romano... não que se lembrasse particularmente 'daquela região'. Tentou forçar a memória, mas... havia sido há tanto tempo... estaria ficando esclerosado, além de tudo?
E Inglaterra, um pouco mais recentemente... mas suas memórias daquela época estavam nubladas pelo ópio, o que era dolorosamente claro era que o britânico havia arrancado seu irmão caçula de seus braços.
Mas, voltando ao assunto, Rússia era tão grande que no primeiro momento em que o viu, China chegou a sentir compaixão imaginando se não era alguma sequela de um acidente nuclear ou algo assim. Não lhe parecia natural, mas agora tinha suas dúvidas se não era do próprio asiático que a natureza zombava...
Aviso: sobre o 'tamanho' dos personagens... há uma menção (indireta) sobre o do Rússia no anime... os outros são aleatórios e NÃO tem relação nenhuma a qualquer etnia real. Até porque eu também tenho sangue asiático (apesar disso não ser nenhuma campanha contra ou a favor do mito da pouca generosidade da natureza em relação à anatomia asiática. Eu mesma não tenho parâmetros para comparar ocidentais e orientais). É só para entreter e mostrar um pouco do que pode acontecer quando a paranoia dá as caras... ou como manipular boatos... ou sei lá o que mais pode acontecer durante a fic. Quanto à 'veracidade' do que for citado, é nula. Não a levem à sério. No mais, espero que se divirtam.
