Misguided Ghosts
"- Uma lembrança feliz – disse ele [Azazel] – De cada um. Algo para me entreter enquanto estou acorrentado como Prometeu à sua pedra." (City of Lost Souls, Capítulo 11)
Isabelle aceitara ceder uma memória a Azazel por Jace. E apenas isso não a deixava se arrepender da decisão. Mas, ao fechar os olhos e vasculhar a mente para tentar achar algo bom o suficiente para satisfazer o demônio, não conseguiu pensar em nada que não lhe fosse fazer falta.
Não se lembrava de nada da infância que não envolvesse treinamentos e longas horas de estudo e dedicação, então descartou a possibilidade logo de cara. Pensou nos pais, mas a voz da mãe lhe contando sobre a traição do pai ressoou em sua mente, afastando a ideia de felicidade.
Alec. Alec sempre fora como seu porto seguro, alguém que podia confiar e que amava mais do que tudo. Mas, não. Não conseguiria se desfazer de nenhum dos momentos que passara com o irmão. Nem dele, nem de Max. Seria menos doloroso se não tivesse tantas recordações dele, mas, ao mesmo tempo, se recusava a esquecer Max. O tempo já levava seus detalhes embora, tinha que se agarrar àquilo que ainda tinha.
Suspirou e reprimiu um pequeno sorriso assim que sua mente vagou para Simon. Lembrou-se da sensação dos seus braços ao redor do corpo dela, de sua respiração em sua nuca e a voz sussurrada em que ele lhe contou a tal história sobre galáxias e espaçonaves de que não entendera quase nada.
Sempre que pensava em tudo aquilo que Simon não era e como isso o tornava exatamente aquilo que sempre quis, desejava tê-lo conhecido antes. Antes de se conformar com a eminência de um coração partido, de construir uma barreira entre ela e todos os outros.
E então, soube o que gostaria de esquecer.
- Estou pronta – disse Isabelle.
Sentiu o toque de Magnus em sua testa e ouviu o murmuro de palavras inelegíveis. Pensou em todos os caras que vieram antes de Simon, todos aqueles que usara e descartara, todos que lhe foram como uma distração. Abriu mão de todos, de cada memória que tinha deles.
E de repente, sentiu-se vazia. Abriu os olhos e encarou os olhos de gato de Magnus a sua frente. Ele lhe lançou um pequeno sorriso, confortando-lhe, enquanto abaixava a mão e ia em direção a Simon.
Ele a observava e Isabelle devolveu o olhar; e nada daquilo tudo importou mais.
