Nota da autora: gen da petite-Hermione para o Hermione!Fest do 6V.


Dream On


Era um castelo. Não era muito nítido no primeiro sonho, mas virou quase real depois da terceira vez que ele apareceu. Um castelo grande com muitas torres e muitas escadas. Ela tinha a impressão de que elas mudavam de lugar toda noite, assim como as pessoas nos quadros da parede. A impressão era, claro, fruto dos poucos detalhes que ela podia enxergar. Tudo em seus sonhos – os castiçais, os jardins, a grande bandeira vermelha – era um borrão e Hermione, que ainda tinha cinco anos, lembrava muito pouco quando acordava. Apenas na noite seguinte, quando fechava os olhos, o castelo estava ali de novo, iluminando a noite com suas velas. O calor das chamas esquentava também a menina, que se sentia em casa sempre que via o grande salão com as quatro mesas enormes, e as cores, e as pessoas. Ela quase podia tocar nas paredes de pedra, quase conseguia sentir o perfume das árvores lá fora, quase podia ouvir uma voz feminina, madura e autoritária chamando seu nome por que ela era a próxima, ela seria escolhida, ela era escolhida. Ela era especial.

A pequena sentia muito por ter que acordar e encontrar as outras crianças da vizinhança, aquelas que não sonhavam com o castelo, aquelas que queriam ser princesas e cavaleiros mas nunca chegaram a imaginar os castiçais flutuando e as escadas que mudavam de lugar. Elas disseram que era besteira.

Hermione resolveu que esqueceria seus sonhos. Aprendeu a ler cedo e lia cada vez mais sobre coisas racionais, tudo que poderia ser comprovado, e passou a sonhar com a matemática básica, palavras novas da língua inglesa, experimentos simples de química, invenções de grandes cientistas e as historinhas dos livros que seus pais compraram. Hermione esqueceu o castelo, a bandeira, o lago, os jardins, as cores, o perfume, os quadros e tudo. A tal ponto que, quando a carta chegou, ela não se lembrava de nada e não conseguiu acreditar.

Hogwarts foi seu primeiro sonho realizado – e a porta para todos os outros.