Titulo: Por Toda Eternidade
Autora: Angiolleto
Fandom: Supernatural
Gênero: Lemon, Slash, Universo Alternativo
Rating:M
Disclaimer: Nada de SPN me pertence, infelizmente.
Beta: Minha maravilhosa amiga – irmã Ana Ackles!
Royal Opera House, 1900
Sam's POV
Estou em uma cidade fria. Estou vulnerável a tudo e a todos que me cercam, sem saber exatamente o que fazer. Está frio e eu não estou acostumada a isso. Quero gritar. Eu preciso gritar. Mas não vou.
Manter a pose. Ombros para trás, abdômen para dentro, um sorriso nos lábios. Esse vestido parece ainda mais pesado do que realmente é. Eu estou mais pesada do que realmente sou.
Queria estar aqui, mas não para isso. Amo ópera, e um bom espetáculo sempre é a melhor opção para mim. Minha linda Londres, onde o mundo não para, para apenas para ver o que eu vejo.
A música, as roupas. Estou em um sonho e não quero acordar. Se acordar vou encontrar com ele. E ele não é meu sonho. Eu preciso gritar. Nada me faria melhor do que gritar.
Meu nome é Samantha Campbell, uma garota, de Londres, no auge da vida, e acorrentada por ela. Estou ocupando meu lugar e o espetáculo começa.
Lindas músicas que ao meu ouvido soam como o mais horroroso grunhido. A mágica, a beleza, para mim parecem podres, feias, velhas, sem cor. Minha vida está sem cor. Definitivamente preciso gritar.
Vou tentar explicar, sem coloca-los a par do que ocorre no fundo do meu coração. Não haveria fim a este relato se tentasse fazê-lo. Muitos talvez não entendam, mas minhas emoções me controlam, a ponto de me perder em palavras, sem nem o menos perceber.
Seus olhos são verdes. Verdes como esmeraldas, ou as florestas mais verdes das terras selvagens. Meu eterno amado. O único homem que tem poder sobre meu coração e minha alma.
Seu nome é Dean Winchester, o dono dos olhos mais lindos que jamais existiram, e também dono do meu coração. O homem mais lindo que há neste planeta.
Enquanto estou aqui sentada, vendo uma de minhas óperas favoritas, meus pais estão ao meu lado, mas meu pensamento divaga. Lembro-me de seus lábios, enquanto beijas os meus. Suas mãos que percorrem meus braços sobre o tecido. Tudo parece tão vago.
Cada vez que me lembro de sua voz rouca em meus ouvidos para que ninguém escutasse suas declarações de amor, meu coração se fecha em agonia e dor. Não deixarei as lágrimas caírem. Não vou dar esse prazer a dor, não vou fraquejar.
Não, Dean não morreu. Eu já não estaria escrevendo este relato se tal sentença fosse real. Com toda certeza não. Eu teria ido junto. Talvez dessa forma pudéssemos ficar juntos e felizes em outra vida.
Estou condenada a me casar com aquele que não amo. Apesar de George ser um excelente homem, escolhido por meus pais, um pensador nato, com talentos para crescer na vida, ele não é Dean.
Retiro do bolso o último presente de George. Um lenço, onde em pontas opostas posso ver bordadas nossas iniciais. SC e GC. Meu pai sempre me disse que Dean não era o rapaz certo. Ele é apenas um inconsequente que se vangloria do dinheiro deixado por seu pai, falecido.
Que me importa isso? Não sei até agora.
Fato. Casarei com George. A vida não me sorrirá, e não abrirá suas portas de felicidade e bem-aventurança, presenteando-me com meu amado Winchester do outro lado da porta da igreja.
Veem? Perco o rumo deste relato, simplesmente por pensar em meu amado.
Minha vida já não será a mesma em apenas duas semanas. A cada minuto meu coração está mais e mais apertado. O que faço sem ele? O que será de mim se não puder ter comigo seus sorrisos? Seus magníficos olhos? Suas palavras repletas do sentimento mais puro?
Não há mais volta e nada no mundo me faria ficar mais triste.
O espetáculo se finda. Levanto-me com o mesmo sorriso falsificado no rosto. Ouço o tilintar das joias das mais finas e respeitáveis senhoras e vejo que assim como eu, seus sorrisos não chegam aos olhos.
Estou fadada a ser uma delas. Sem sombra de dúvida, jamais serei feliz. George não é uma má pessoa. Mas ele não me ama, e isso jamais será mudado.
Ironias da vida.
Ele é apaixonado por Danielle. Futura esposa do meu amado.
O que estarão fazendo os caminhos da vida, para estarem tão embaraçados? O que pode ter acontecido com duas histórias de amor tão lindas a ponto de tudo não passar de um sonho?
Nada mais me importa. Vejo meu amado Dean vindo em nossa direção. Meu mundo novamente para.
Sam's POV
- Sr. Campbell – Dean se aproximou da família e fez um pequeno meneio para o pai de sua amada. – Sra. Campbell – Como um cavalheiro, beijou a mão da mãe de Samantha, mas sem tirar os olhos da própria Samantha. – Sam. – Sam abriu um enorme sorriso, mostrando suas lindas covinhas, quando sentiu os lábios de Dean sobre sua mão.
- Dean, sabe que não é bom que sejamos vistos com você. – Disse o pai de Sam.
- Sr. Campbell, sei que não aprova meu relacionamento com sua filha, mas nem por isso me peça para ser descortês e fingir que não os conheço. – O sorriso estampado escondia toda a raiva que sentia pelo tom imperativo e abusivo usado pelo pai de Samantha.
- Deixa Dean. – Sam interveio, não gostando da atitude do pai. – Podemos conversar mais no jardim. – Sam ofereceu o braço que já era tomado por Dean, quando sua mãe resolveu falar.
- Sam. Não é direito uma moça ficar andando no jardim de um local público como esse com um rapaz que não é seu noivo. – Apesar de saber da opinião do marido, Mary não concordava com ele. Não via problemas no casamento de Sam e Dean, pois sabia que a filha era apaixonada pelo garoto desde criança.
- Sra. Campbell, não se preocupe. Também sou um homem comprometido e não pretendo fazer nada que comprometa a mim e a Sam. Preciso falar com ela por apenas um momento e logo a trago para vossa companhia.
Mary sorriu ante as boas maneiras de Dean. Coisa que seu marido acusava-lhe de não ter. Apenas acenou com a cabeça em concordância, não deixando o marido em momento algum se posicionar.
- Vocês têm cinco minutos. – E sorrindo puxou levemente o marido para a roda social do teatro, enquanto Sam e Dean se dirigiam ao jardim.
No jardim
- Você veio, como eu pedi. – Os olhos de Sam brilhavam com as lágrimas contidas.
- O que você me pede que eu não faço, minha amada Sam? – Dean sorria nervoso. Sabia que era uma despedida. Sam logo se casaria. Ele logo se casaria. Ficariam separados um dos braços do outro pelo resto de suas vidas.
- Há uma coisa. Mas se me negar, mato-me na primeira oportunidade. – Sam mantinha a cabeça baixa, segurando as lágrimas, pois não teria como explicar a mãe os olhos inchados e borrados. Mas sua real vontade era se atirar nos braços de seu amor e fugir com ele dali, para serem felizes.
- Samantha! Não brinque com isso. Faço o que quiser. Porém não diga mais isso. – Dean passava os dedos pelos cabelos loiros em um gesto nervoso e tenso. Olhava para todos os lados, odiava ver sua Sam naquele estado.
- Quero ser sua Dean. Uma vez que seja, mas quero me deitar com você, ver o dia nascer em seus braços. Ao menos uma vez na vida poderei ter essa felicidade. – Sam tomou coragem, mas assim que começou a falar seu rosto enrubesceu. Aquilo realmente não era coisa que uma moça direita diria, mas ela já não ligava.
- Sam! Isso não é certo... Eu não posso... Nós não podemos... Não é possível... – Após mais algumas desculpas Dean olhou para os olhos castanhos esverdeados decididos de Sam e concluiu – Marque dia, hora e lugar. Vou te fazer ter a maior experiência de sua vida, meu amor. Vou te provar que seu marido não passa de lixo perto de mim.
- Dean! Não fale assim. Sabe que gosto do George como um amigo. E ele sabe do meu amor por você e certamente não nos critica por isso. Ele também está sendo forçado a fazer isso.
- Claro que não critica. Ele está de olho em Danielle, ou pensa que não percebi? – Dean controlou o volume de sua voz antes que alguém ouvisse sua conversa.
- Tem ciúmes dela Dean? – Sam tinha uma expressão incrédula, não acreditando que Dean pudesse nutrir algum tipo de ciúmes por sua futura esposa. Danielle era uma moça bonita. Com seus cabelos ruivos e seus belos olhos castanhos, Danielle era uma bela mulher. Será que ele poderia estar gostando dela? Ou teria se apaixonado?
- Não Sam. Sabe que eu não a amo. Sequer a suporto. Ela é um peso morto ao meu lado em tudo que faço. O que me irrita é o seu futuro marido não lhe dar atenção e ficar olhando aquela mosca morta.
Sam apenas abaixou o rosto. Nunca acreditava quando Dean lhe dizia que era linda, mas mesmo sem dizê-lo diretamente, suas palavras atingiam seu coração. Em um ato friamente calculado empurrou o loiro para trás de um arbusto, onde não poderiam ser visto e lhe roubou um beijo.
- Vou marcar nosso encontro. E então poderei casar, morrer, não importa. Minha vida estará completa por ter sido sua, uma única vez que seja. – Sorrindo, Sam se afastou, arrumou o vestido, acenou para Dean e voltou para dentro, para encontrar os pais.
Ao final da semana seguinte Sam mandou um bilhete para Dean. Ela esperaria o casamento. Queria queimar no inferno pelo resto da vida, mas trairia seu marido. Não se importava mais com os castigos.
Sim, poderia fazer isso antes de ser uma mulher casada, mas não poderia correr o risco de seu marido desconfiar de sua virgindade. Se pudesse escolher, Dean seria o primeiro. O único.
Em duas semanas, Sam entrou na igreja. Estava linda, com seus cabelos castanhos sobre os ombros. Mas suas covinhas não apareciam. Eu sorriso era plástico, suas lágrimas contidas rolaram quando avistou Dean nos bancos da igreja. Os olhos castanhos esverdeados estavam repletos de sentimentos, mas nenhum deles se aproximava de ser felicidade.
Entrou em uma postura rígida, passos fortes e seu pai ao lado fazia seu braço tremer, ele estava mais nervoso do que ela. Ela não sentia mais nada. Samantha estava indo a caminho de sua morte. Seu coração se quebrava em mais e mais pedaços a cada passo.
Chegou à frente do padre, e quando George tomou seu braço, mais lágrimas caíram. Seus movimentos eram rudes, ele não queria que ela estivesse ali, tanto quanto ela não queria estar ali.
Quando o padre fez a pergunta máxima do casamento, os dois engoliram em seco antes de aceitar o compromisso matrimonial. As lágrimas não pararam de rolar em momento algum, mas todos achavam que eram de felicidade, já que ela não retirava o sorriso do rosto, como uma boa noiva.
George e Samantha sentiram o gosto amargo do beijo, como pimenta em seus lábios.
Quando se viraram para sair da igreja, os olhos de Samantha se ligaram aos de Dean, assim como os de George estava presos aos de Danielle.
O loiro se segurava no banco da igreja, pois suas pernas já não o sustentavam mais. Estavam bambas e se sentia sufocado. Se pudesse teria pulado em cima de George, ou então batido no padre, qualquer coisa.
Mas não. Tinha ficado parado olhando sua desgraça se consumar. Sua Sam estava sendo levada para longe e ele não tinha feito absolutamente nada. Tinha ficado quieto e compactuado com isso.
A viu passar por ele e os lábios dela formarem as três palavras que norteavam sua vida até aquele momento. "Eu te amo." Ele a amava, mais do que poderia pensar, mas do que poderia mensurar.
Naquela noite, Sam teve sua primeira noite embebida em lágrimas. Não deixou de chorar por um único momento. Quando o ato se findou, Sam se encolheu na cama e não deixou que George a tocasse mais. No outro dia pela manhã não saiu do quarto, e não permitiu que ninguém entrasse.
Se sentia suja, seu corpo tinha sido violado, por alguém que não tinha o menor direito de fazê-lo. Mal podia esperar para o dia em que seria tocada por seu amado. Mas até lá teria que aguentar seu marido.
Desde que tinha visto Sam saindo da igreja acompanhada de outro homem, Dean estava desestabilizado. Sua mãe tinha percebido a clara diferença. Sua noiva tinha lhe dito isso, que estava mais desconcentrado e afoito do que o normal.
E tudo isso era porque tinha perdido para sempre sua amada. Só lhe restava agora esperar sua noite de amor com a única mulher que poderia ocupar seu coração.
E depois, passar o resto da vida com sua esposa fútil, sem graça, descabeçada. E o pior de tudo, burra. Sua Sam era uma mulher inteligente, linda, engraçada. Sua futura esposa não sabia dizer mais que duas frases interessantes. Por semana.
Em alguns dias teria sua recompensa por todo esse sacrifício. Samantha... Somente sua. Não importava o que acontecesse depois. Teria em suas lembranças tudo que importava.
Passados alguns dias do casamento, Sam já saia do quarto, mas não mantinha mais o sorriso no rosto. Estava sempre séria, mas ainda sim era doce com o marido, como uma boa esposa. Sabia o que deveria fazer e faria. Mas nem por isso daria pulos de alegria.
Seu marido também a tratava da mesma forma. Não era mal educado, pois sua educação não lhe permitia, mas George só lhe dirigia a palavra quando necessário, e simplesmente a procurava a noite para que pudessem gerar o filho que a família esperava.
Sem que seus pais soubessem, dormiam em quartos separados, para alívio de Sam.
Uma vida fria, e sem sentimento. Como Sam sempre temeu ter. Sabia que parte da culpa era sua, mas não conseguia sorrir ao olhar para George. Se sorrisse, talvez ele achasse que estava zombando de sua dor. Ambos sofriam.
Porque ela via a dor nos olhos dele, assim como em seus próprios olhos quando se olhava no espelho. Danielle podia ser uma mulher vazia, mas somente ela lhe faria feliz. Somente ela faria com que os sorrisos de seu marido chegassem a seus lindos olhos castanhos. Não podia critica-lo, não escolhemos a quem amar.
Quase um mês depois de casada, havia chegado o dia tão esperado. Tinha arranjado uma maneira de ficar fora o dia todo. Senão a noite toda como gostaria, pelo menos o dia todo. Borboletas dançavam em seu estômago, e suas mãos estavam geladas quando saiu de casa.
- Marcos. – Chamou o mordomo. Ele a conhecia desde pequena e sabia de seu amor por Dean. Era seu maior confidente e quem mantinha a comunicação entre eles. – Estou saindo. – Sam tentava controlar seu sorriso e nervosismo.
- Sam... Tome cuidado. – Ele lhe deu um beijo na testa, e segurou-lhe as mãos. – Estou torcendo para que seja uma tarde de muita felicidade.
- Marcos, sabe há quanto tempo estou esperando por isso. E só está sendo possível graças a você. Muito obrigada meu grande amigo. Eu vou. Dean está a minha espera, para me levar às alturas. – Sam sussurrou a última parte, apenas para que Marcos escutasse, e viu seu rosto enrubescer.
- Aproveite o que a vida te dá de melhor minha menina. – Sam viu os profundos olhos azuis de Marcos piscarem, enquanto ele lhe dava dois tapinhas no ombro.
Estava indo ao encontro de seu amado Dean.
