Nunca te esqueci

História U.A. inspirada nos personagens de Saint Seiya.

Disclaimer: Saint Seiya e todos os seus personagens pertencem a Masami Kurumada. Este texto não possui qualquer caráter comercial

Capítulo 1 - Veleiro

- E pensar que tudo começou com isso, com um veleiro...

- Tem razão em se orgulhar, senhor Kyrillos.

- Milo, Milo. Já te falei para não me chamar de senhor, não falei?

- Desculpe, senhor... Kanon.

- Isso! Não foi tão difícil, foi?

- Não! – e realmente não fora.

Desde que ele saíra do escritório para levar o contrato para a assinatura de Saga e Kanon, tudo correra às mil maravilhas com Kanon. Kanon fora extremamente simpático com ele. Saga, mais retraído, também fora simpático, a seu modo. Só que ele estava a quase uma hora rodando pelo estaleiro vendo os barcos, veleiros, lanchas e navios (ele ainda não sabia bem a diferença) fabricados pelo estaleiro dos irmãos Kyrillos. Ele precisava voltar. Caso contrário ele iria levar uma chamada no escritório. Ele ainda tinha mais uns 50 contratos para minutar antes do final de semana. E já era a tarde de 6ª.feira! Mas o que ele podia fazer? Aqueles eram os clientes mais importantes do escritório. E Kanon pedira especificamente que ele fosse até a sede da empresa pegar a assinatura dos dois irmãos...

- Você sabe velejar, Milo?

- Eu nunca velejei ... Kanon!

- Oras – Kanon subira em um belo veleiro e acenava para Milo - Você é grego! Precisamos dar um jeito nisso imediatamente!

O que ele podia fazer? Eram clientes. Se ele destratasse um cliente do escritório, ele podia dar adeus ao seu emprego de advogado. E ele ainda tinha que devolver a bolsa restituível que permitira que ele se formasse... Milo subiu no veleiro e se surpreendeu ao ver que Saga já estava lá.

- Nós dois saímos para velejar todos os finais de semana. E resolvemos que neste você vai com a gente, Milo!

- Mas... eu não posso. Eu ainda tenho que terminar uns trabalhos... E eu já marquei alguns compromissos para o final de semana – verdade! Ele marcara com dois de seus assistentes um mutirão de trabalho para aquele final de semana.

- Bom, pessoalmente, eu me contento em deixar você atrasar os nossos trabalhos – a voz de Saga o surpreendeu afinal, ele falava tão pouco...

- Mas eu...

- Você vem, Milo! - Kanon era mais positivo e explosivo! E seu tom não admitia contestação!

- Eu tenho que avisar o escritório.

- Eu aviso! – e Kanon pegou o próprio celular e informou à secretária de Milo que eles teriam um jantar de negócios e que ela devia desmarcar os compromissos de Milo por todo o final de semana. A secretária, é claro, não apresentou nenhum óbice ao cliente. Ele era o cliente mais importante do escritório, afinal! - Tem mais alguém que você queira avisar, Milo?

Não! Não havia! Milo morava sozinho, não tinha compromissos, namorada ou parentes morando com ele. Pelos últimos 4 anos tudo o que ele fizera em Atenas fora trabalhar. E a consciência de que se ele sumisse ninguém notaria o atingiu de forma abrupta!

Os irmãos finalmente soltaram as cordas do veleiro e eles partiram. Os dois manejavam sozinhos o veleiro. Milo não entendia nada do assunto, mas lhe parecia que os dois velejavam muito bem. A segurança de seus movimentos era evidente. A troca de palavras entre os dois era quase desnecessária, como se eles já tivessem feito aquilo milhões de vezes. Milo os observava e se sentia meio perdido. O que ele faria num veleiro, sem roupas, com dois clientes tão importantes e por todo o final de semana? Se algo desse errado evidentemente a culpa seria sua. E seu chefe, evidentemente, o culparia de acordo.

- Não faz essa cara, Milo! Tenho certeza de que vamos achar uma forma de fazer você aproveitar o fim de semana de folga... – Milo estremeceu. A voz soara em seu ouvido. Quando Saga se aproximara daquela maneira?

E, passada a estranheza inicial, a verdade é que Milo realmente estava se divertindo na companhia daqueles dois. Eles eram extraordinariamente parecidos. E espirituosos, à sua maneira. E simples, para dizer o mínimo. Milo estava com a calça e a camisa do terno, ambos dobrados pela altura das canelas e dos cotovelos. Ele tirara a gravata e abrira os botões de cima da camisa. Também tirara os sapatos e as meias, já que estavam em um veleiro. E soltara o cabelo cacheado e loiro, que se agitava ao vento. Coisa que ele não fazia há uns... dois anos? E sentia-se extremamente à vontade com aqueles dois milionários. Eles bebiam vinho tinto, falavam, contavam piadas, queriam ouvir do escritório de Milo, de seu dia-a-dia. E ele estava há tanto tempo sozinho que começou a valorizar a companhia. Era até mesmo capaz que ele sentisse falta dos dois quando o final de semana acabasse e ele tivesse que se internar em sua sala novamente. Temendo pelo próximo e. mail desaforado ou pela próxima ligação de telefone que significaria mais trabalho ou ... mais trabalho.

Agora ele olhava para o pôr-do-sol, sentado na proa (ou popa?) do veleiro e admirava a beleza do mar Egeu. E ouvia o silêncio. Como era mágico aquele momento. Como o sol brilhava espetacularmente antes de se por. E dourava o mar e escurecia os contornos da terra. Absolutamente deslumbrante. E, Milo acabou por nem mesmo notar Saga sentado perto de si, olhando para ele de forma tão intensa quanto ele olhava para o pôr-do-sol.

- Lindo! - a voz de Saga o pegara de surpresa novamente. Mas o desejo no olhar de Saga sobre si o pegou mais de surpresa ainda. Milo levantou-se.

- Senhor ... Saga, eu...

- Você ficou sem graça, Milo? - a voz de Saga soava rouca, pesada de desejo.

E Saga avançava em sua direção enquanto ele andava para trás. Saga não deixava de olhar Milo diretamente nos olhos e parecia se divertir com a situação. Já Milo estava desesperado. O que ele poderia fazer? Algo definitivamente daria errado e seu chefe teria todas (todas mesmo!) as razões para culpá-lo.

- Senhor ... Saga. Eu devo ter passado a idéia errada. Eu... – e Milo bateu as costas em outro alguém. Kanon!

- Passado a idéia errada? – a voz de Kanon agora soava bem próxima de seu ouvido, rouca como a de Saga. Milo estremeceu. Sua fuga fora cortada. E Saga continuou por Kanon:

– Absolutamente, Milo. Nós percebemos que você não notou nosso interesse. Há algum tempo, já.

De repente Kanon o envolveu em um abraço por trás, impossibilitando que ele continuasse a se esquivar de Saga. Então, Kanon colocou as mãos por baixo da camisa de Milo, tocando seu corpo enquanto Saga, que estava à sua frente, avançava sobre si, em direção aos seus lábios. O que ele devia fazer? Empurrar os dois? Jogar-se no mar? Eles eram dois. Os dois eram maiores que ele e, evidentemente, estavam em melhores condições físicas, vez que o único exercício de Milo era digitar no computador. E eles eram clientes. Milo estava sem ação e absolutamente apavorado, quando sentiu os lábios de Saga esmagando os seus. Sua respiração estava descompassada. Seu coração batia feito louco. Ele precisava dar um jeito de resolver aquilo sem brigar com ninguém e sem perder o emprego. Ele nunca deveria ter entrado naquele veleiro!

Foi aí que ele sentiu... A sensação era maravilhosa, quente. As mãos de Kanon começavam a pressionar sua pele, despertando sensações novas e desconhecidas. Os lábios de Saga exigiam mais, muito, muito mais. E Saga aprofundou o beijo, forçando entrada através dos lábios de Milo. Saga, então, puxou sua cabeça pela nuca para mais perto de si, enquanto Kanon, sentindo que Milo não reagia, invadiu sua calça. Milo se perdia nas sensações. Mas uma parte de sua mente o chamou de volta. Ele devia sentir-se ultrajado com aquele tratamento. Ele tinha que reagir! Ele devia empurrá-los. E Milo o fez. Ele empurrou Saga com toda a sua força e o viu cair sentado bem defronte a si, com um olhar espantado.

Ele tentou desvencilhar-se de Kanon, mas foi tarde demais. Kanon travou seu braço direito por trás de seu próprio corpo e o torceu. Saga continuava no chão, olhando-o com muita raiva. Saga, então, se levantou e deu um forte soco no estômago de Milo que caiu de joelhos, desesperado em busca de ar. Quando recuperou o fôlego, Milo fechou os olhos e gemeu. Caramba! Aquilo doía. Era definitivo! Ele não conseguiria sair daquela situação sem brigar com ninguém... Saga, então, engatinhou até onde estava Milo, pegou seu rosto, e esperou que ele voltasse a abrir os olhos. Só então ele falou:

- Fica bonzinho, Milo. Nós não queremos te machucar!

- Fica um pouco difícil acreditar nisso, Saga! - a voz de Milo saiu difícil, mas definitivamente não perdera o tom desafiador. Kanon devia ter identificado o tom, pois torceu novamente o braço de Milo, que gemeu novamente. Saga sorriu e falou:

- Se você me escutar eu peço para o Kanon te soltar. – Kanon torcia seu braço sem dó e Milo parara de registrar o que Saga lhe dizia. – Kanon, solta o Milo!

- Mas Saga, ele pode te agredir de novo!

- Kanon, solta o Milo. Nós não queremos forçá-lo, queremos?

Kanon considerou aquela pergunta por um momento. Não! Eles não queriam forçá-lo. E Kanon soltou Milo e o empurrou para frente. Milo ficou de quatro, apoiado nos dois braços, tentando poupar o braço machucado a todo custo. Ele, então, esperou que sua respiração voltasse um pouco mais ao normal e ficou novamente de joelhos, somente para encontrar os olhos de Saga quase à mesma altura dos seus. Ele tentou ir um pouco para trás, mas seu corpo novamente bateu no de Kanon, que estava ajoelhado atrás de si. Pronto! Tudo ficara na mesma! Como ele iria fazer para sair daquela situação?

- Milo, eu e o Kanon te quisemos tão logo te conhecemos da primeira vez. Na primeira reunião que fizemos em seu escritório. Você entrou na sala com uns contratos, fez algumas anotações rápidas e saiu apressado, deixando-nos com seu chefe. Você se lembra, Kanon?

- Nós saímos de lá e concordamos que nunca havíamos visto alguém tão bonito! - a voz rouca de Kanon soara bem próxima ao ouvido de Milo, que sentiu sua respiração em seu pescoço. Aquilo o fez se arrepiar.

Também Milo se lembrou. Isso fora há poucos meses. Ele se surpreendera quando finalmente conhecera os dois milionários armadores. Tão jovens. Gêmeos idênticos. Todas as secretárias do escritório ficaram comentando como eles eram lindos. Todas as advogadas queriam vê-los. Quando Milo foi chamado à sala, porém, ele assumira o ar profissional de sempre e, quando saíra, todas lhe perguntaram como eles eram. Mas o que ele podia dizer? Ele entrara tão apressado (como sempre!), anotara o que devia ser modificado e se fora. Ele tinha que mandar o contrato modificado para o seu chefe ainda naquela tarde. Ele mal os notara.

- E você nem mesmo olhou para nós dois. O que é muito estranho, considerando que muita gente fica atraída por nossa semelhança... – continuou Saga, como se acompanhasse os pensamentos de Milo - Desde então nós queremos te conhecer, falar com você... mas é complicado, Milo. Você nunca sai, quase nunca almoça, ignora completamente nossas sugestões de sair, ainda que seja para discutir trabalho... Parece que mora naquele escritório.

É, pensou Milo. Ele não tinha mesmo vida. E qual seria a chance dele sair para almoçar com um cliente sem seu chefe? Nula! Então melhor que seu chefe fosse sozinho que, assim, ele teria que vê-lo menos, pensou Milo.

- E aí, nós tivemos essa idéia. Foi arrojada. Para lá de agressiva, mas nós queríamos tanto falar com você, tentar te conhecer! – conclui Kanon, meio sem graça.

- É. – concordou Saga – Essa é a nossa defesa. Fraca, eu sei, mas não há mais nada além disso. Desculpa, Milo. Nós não queríamos te machucar. – ao menos a voz de Saga parecia arrependida, pensou Milo.

Saga se aproximou novamente. Milo foi para trás, mas dessa vez ele não era o alvo de Saga. Saga beijou Kanon apaixonadamente, bem à sua frente, a poucos centímetros de si. Milo arregalou os olhos. Eles eram irmãos. Eles eram homens. Que espécie de perversão seria aquela? Mas havia algo de tão singular naquele beijo que Milo se pegou olhando descaradamente. Os dois eram idênticos. Seus movimentos felinos eram extremamente parecidos. Os cabelos escuros dos dois, igualmente longos, voavam ao vento e acabavam por se confundir. A beleza daquela cena lhe tirou o fôlego. E então eles começaram a tirar a camisa um do outro. As mãos de Kanon repousavam no peito bem definido de Saga. As mãos de Saga vagavam sem rumo pelas costas fortes de Kanon, tentando puxá-lo mais para perto de si. Milo não conseguia deixar de olhar para a cena, como que enfeitiçado.

E, então os gêmeos pararam de seu beijar e se afastaram um pouco, ambos observando Milo com desejo no olhar. Eles se aproximaram novamente, mas desta vez, Milo não se afastou. Kanon pegou sua mão direita e colocou-a em seu próprio peito, sobre seu coração. Milo o sentiu descompassado. Já Saga pegou a outra mão de Milo e virou-a, começando a beijar e mordiscar seu pulso. O efeito foi imediato. Milo começava a sentir seu coração se adaptar ao mesmo ritmo do coração de Kanon e ele tinha certeza de que Saga também sentia. Milo não encontrava mais as forças para se afastar. Ele sabia que os gêmeos o haviam trazido para lá sob falso pretexto. Ele se lembrava que eles o agrediram, mas ainda assim, ele não tinha mais forças para se afastar deles. As sensações o invadiam. O desejo tomava conta de seu corpo. Sua respiração estava pesada. Seu coração batia como um louco. Ele não conseguia mais resistir. Era como se ele fosse pego por um turbilhão. Ele não conseguia mais se afastar. Sentindo a entrega de Milo, Kanon puxou sua cabeça pela nuca, aproximando-o mais de si e falou:

- Milo, você nos quer?

Maldição! Ele queria aqueles dois. Como só desejara alguém uma vez em sua vida, há muito tempo atrás. Mas daquela vez ele não conseguira assumir seu interesse. Ele não tivera a coragem necessária. E o perdera. Completamente. Mas agora seria diferente. Agora ele teria coragem.

Tomando a falta de resposta de Milo por aceitação, Kanon o beijou possessivamente. E ele sentiu Saga tocando seu corpo e puxando sua camisa. Ele sentiu os botões quebrarem, a camisa se rasgar, mas ele já não se importava mais. Sentir as mãos de Saga em seu corpo era mais importante. E, em algum momento eles trocaram... Saga o beijava e Kanon percorria seu corpo. As mãos de Saga enroscavam-se em seu cabelo. As mãos de Kanon espalmavam-se em suas costas, empurrando-o contra Saga, enquanto Kanon empurrava-se contra si. Milo fechou os olhos para se entregar ainda mais às sensações provocadas pelos gêmeos. Algum dos dois o ajudou a levantar. Milo duvidava que conseguisse sozinho. E eles o conduziram à cabina.

00000000000000000000000000000000000000000000000000000

Isso ocorrera há um ano.

00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Bom, esse é o novo projeto da Virgo-chan. Claro que minha prioridade é acabar "Uma Nova Fase", a fic do meu coração. Mas a idéia surgiu e eu quis logo colocá-la no papel. Espero que vocês gostem!

Só para não deixar passar... Ah! esses gêmeos!.

Muitos beijos da

Virgo-chan

Ago/06

8