N/A: Hum, já faz um tempo que eu não faço isso (avisem se eu estiver fazendo alguma coisa errada ;). Estou saindo de um longo jejum de fics e essa aqui teve o prazer de me acompanhar através de todos os bloqueios e crises. Comecei a história há muito tempo e ela foi se transformando com o tempo, meio que tomando vida e crescendo por si própria. E agora é a hora de deixar que ela continue sozinha. :
O título foi emprestado da clássica música do Queen, mas a letra que acompanha a história é de Why do I keep counting, do The Killers. A fic é pequena e está dividida em partes só por organização e capricho meu. Mais notas no final. Boa leitura!
Rapsódia:
termo utilizado para classificar
as composições que não seguem uma
estrutura fixa. Nesse estilo de composição,
a emoção criativa é usada para transformar sentimentos em música.
Rapsódia Boêmia
O pub era escuro e mal-cuidado, mas guardava algo de atraente em sua aparência. Escondido em um beco de Picadilly Circus, o bairro londrino de vida noturna mais agitada, o bar trazia algo de pitoresco na decoração surrada, nas mesas de madeira sem toalha e no chão constantemente molhado pela cerveja que os freqüentadores derramavam dos copos absurdamente cheios que eram servidos no balcão.
O público do pub Tucker's End era dos mais variados. A garçonete alta e esguia, de cabelos loiros obviamente pintados e ar de quem está disposta a agradar, já não se surpreendia mais com as personalidades excêntricas e aparências estranhas que freqüentavam o bar. Depois de grupos de estudantes escandalosos a senhores gordos do interior, de velhos gastando todo seu salário em bebida a figuras encapuzadas tremendo ao som de qualquer menção à polícia, ela chegara a conclusão de que trabalhar em um pub barato de Londres era um trabalho que exigia desapropriação de qualquer tipo de preconceito. Cliente era o cliente, era seu lema. Ela já havia aprendido a usar sua voz mais simpática, vestir o sorriso mais bonito e o decote mais vistoso e receber sem reclamar as gorjetas que a manteriam pelo resto do mês.
Naquela noite o pub havia recebido um conhecido (pelo menos no submundo do qual o estabelecimento fazia parte) traficante de drogas, o que movimentou de certa maneira a casa: havia uma atmosfera ligeiramente incômoda, permeada pela desconfiança e o medo do bar receber a visita de policiais a qualquer momento. O traficante não escondia que realizava algum tipo de negócio com um homem também suspeito que sentou junto a ele, e beijava sem pudor a sua acompanhante negra, bela e igualmente indiferente à presença dos outros. Não era uma novidade tão grande para Tucker's End, mas era um acontecimento além da rotina diária do bar. A garçonete nem reparou no homem próximo dos seus 25 anos que entrou no pub pela primeira vez, ligeiramente hesitante, mas trazendo uma expressão pouco surpresa – como se já tivesse visto muito mais do que aquilo nos poucos anos de vida.
Se tivesse prestado mais atenção quando anotou o pedido do homem e lhe trouxe uma caneca grande de cerveja, talvez tivesse reparado na cicatriz que os cabelos negros em sua testa tentavam esconder. Mesmo que o tivesse feito, provavelmente acharia apenas que o jovem era mais um trabalhador bebendo o cansaço do dia, machucado em alguma briga recente.
Ninguém desconfiava que o maior herói do mundo mágico havia acabado de entrar no pub apertado. Era exatamente isso que Harry Potter queria.
