Descobertas
Capítulo 1 – O Começo...
Era uma noite linda. Linda noite que por tantos anos nunca foi esquecida. Na pequena casa de praia dos Winner uma sombra observava a luz da lua. Sua trança voando perante o vento, sentindo a maciez da noite. A luz clara da lua refletia no grande mar a sua frente. A varanda parecia tão pequena agora em relação à beleza da lua. Tudo parecia tão pequeno naquela noite. Simples noite. Duo fechou os olhos pela primeira vez aspirando o vento frio da noite.Os sedosos fios haviam escapado da trança, balançando levemente contra o seu rosto de anjo. Sentia tanta paz. Como se aquela lua fosse a fonte do seu desejo.
- Heero...
- Estou aqui. – Duo abriu os olhos assustado olhando para o japonês a sua frente. Quando ele havia chegado?
- Linda noite não? – Heero falou suave olhando para as íris ametistas que agora observavam a lua. As íris brilhavam mais do que nunca, como sempre Duo estava lindo, não podia negar que se sentia atraído pelo outro, mas tudo estava decidido, não podia mais voltar atrás.
- Sim. A lua..- Duo apontou com o olhar e Heero o seguiu. – está linda.
Parecia um anjo! Ele era um anjo! Impossível descrevê-lo de forma contrária, estava tão sereno, tão doce, tão belo, um anjo alado, um amigo que havia o tirado das sombras, talvez..um amor secreto.
- Duo.. – Heero olhou para o americano, prendendo o olhar nas órbitas ametistas. – Eu vou me casar com Relena.
- Perdido em pensamentos de novo? - Um homem alto de aparência forte entrou no ressinto do americano. Duo olhou para o amigo se perdendo das lembranças de cinco anos atrás. Seu peito ainda doía com essas lembranças, por mais que Heero fosse um antigo amor era como se estivesse vivendo tudo de novo, como se ainda quisesse o japonês perto de si, como se ainda o amasse.
- Na verdade estava pensando sobre a reunião de amanhã, você acha que o Sr Claus...
- Você tem idéia de que horas são? – foi interrompido pelo companheiro de trabalho. Sem outra opção virou a cadeira, olhando o relógio em cima da mesa. Já havia passado das 10 horas, era tarde, muito tarde. Duo sabia disso, mas sua vontade era ficar, ficar e trabalhar para não pensar no japonês..mas parece que sua estratégia já não estava dando mais certo.
Heero havia tomado conta dos seus pensamentos todos esses anos, tentava não pensar no japonês, afinal não era com ele que se casara e pra falar a verdade nem ao menos se casara, sua vida estava resumida a tentar esquecer Heero, mas estava tão difícil. O Trabalho não estava mais conseguindo driblar o pensamento "Heero", não conseguia esconder de si próprio o amor secreto que sempre sentiu pelo outro.A Guerra havia acabado á cinco anos e desde desse cinco anos tanta coisa havia mudado, seus amigos tomaram um rumo em suas vidas, Quatre, Trowa, Wufei..Heero..não conseguia esquecer o japonês. Talvez se essa maldita guerra tivesse continuado...talvez ele ainda estivesse perto, talvez ele ainda se comunicassem.
Num relance Duo começou a rir com esse pensamento. Levantou-se sob o olhar do colega que segurava um copo de café na mão.
- O que é tão engraçado? – Luke perguntou revirando os olhos pelo amigo. Conhecia Duo há apenas dois anos, mas nesses dois anos pode notar que o americano era confiável e um bom amigo para todas as horas. Sabia sobre seu passado, ou pelo menos sobre ele ter sido um piloto gundam. Sentia-se seguro com ele, o olhar divertido e ao mesmo tempo cauteloso, suas feições eram de uma pessoa normal e isso Luke admirava.
- Eu lutei a minha vida toda para ter paz e quando finalmente consegui – abriu os braços, olhando para o céu através da janela – eu me arrependo.
- Se arrepende? – Indagou sem entender, Duo voltou a olhar para o amigo, pegou a mala de trabalho e a abriu colocando pilhas de papelada que provavelmente veria em casa. Luke continuava a olhá-lo nos olhos, ele não era de se desperdiçar, alto, cabelos castanhos, olhos verde, só não fazia o tipo do americano.
- Esquece Luke, um dos maiores segredos desse mundo é tentar me entender. – Fechou a maleta, piscando para o outro. Deu um breve "tchau" tocando em seu ombro, logo depois passando por ele. Era cômico. Tanto que lutara pela paz, tanto que sofrera por ela, para no final se arrepender por causa de um amor perdido.
Duo saiu do prédio dando um "boa noite" ao porteiro e aos demais seguranças.
Como estaria Heero agora? Será que estaria pensando nele? Não..muito improvável.
Já estava na estrada, a caminho de seu tão amado lar, um lar que muitos e muitas vieram, mas nenhum realmente o satisfizera. Não era "galinha", tinha os seus rolos com as mulheres e os homens, uma coisa que aprendera na infância, quando só vivia com homens é que prazer não distingue sexo..apesar que esse ditado é sobre o amor, mais isso não vêm ao caso. Não vêm ao caso, por que há anos seu grande amor não resolvia voltar. Voltar para um alguém que nunca tivera.
Acelerou o carro, na escuridão da noite. O céu brilhava á estrelas, a estrada estava razoável, nem muito lotada nem muito vazia.O Vento brincava com sua trança enquanto Duo continuava dirigindo ao som do rádio que nem sabia quando havia ligado. Não sabia de nada, ultimamente seus movimentos eram mecânicos e repetitivos.
Não demorou muito para chegar no seu apartamento.
- Boa Noite D.J 1 – falou mostrando seu tão precioso sorriso.
- Boa noite Sr Maxwell – o porteiro sorriu de volta para o americano, abrindo o portão para ele.
Estacionou o carro preto e subiu para a sua cobertura. Chegando lá em cima, o primeiro pensamento que veio em sua mente era deitar em sua cama para nunca mais acordar, mais sabia que provavelmente Criss estava cheia de mensagens. Abriu a porta do apartamento revelando o aposento bem mobiliado por móveis de tom cor sangue e branco. Na sala tinha um belo sofá vermelho, uma mesa de centro branca com detalhes vermelhos, em cima dessa a tão adorada secretária eletrônica que marcava vinte mensagens. O Carpete branco cobria todo o apartamento, em determinados lugares móveis que pareciam ser mais obras de arte. A cozinha era grande, com tudo o que tina direito. O Quarto era uma suíte enorme. Uma grande cama vermelha em seu centro, quadros excitantes no local e em uma parte mais profunda, descendo exatamente dois degraus, ficava a banheira de hidromassagem e embutido no próprio chão, um mine bar com direito a champanhes e tudo mais.
Uma outra ala, da mesma forma da hidromassagem tinha um pequeno escritório, composto por uma escrivaninha e uma estante de livros. Próximo à cama havia uma escada branca dando para a cobertura que era uma grande varanda, com um pequeno jardim e uma piscina, tendo uma vista linda e irresistível para o mar.
Adorava seu apartamento, era o seu refúgio nas horas que batia a solidão, a falta de seus verdadeiros amigos, de seu amor secreto. Tirou a gravata, desajeitado, aquilo realmente o incomodava muito, foi até a cozinha, pegou uma cerveja e voltou para sala.
- Eu sei que eu sou irresistível, mas acho que vinte mensagens já é esnobação, não acha? – brincou com a secretária eletrônica, que segundo ele andava muito metida, com vários recados chatos. Rodou o aparelho, por fim se esparramando no grande sofá.
- Eu sei que o nosso relacionamento não anda muito bem Criss, mas o que eu posso fazer? – olhou para a companheira de recados. Podiam o tachar de louco, mas ainda não era crime dar nome a uma secretaria eletrônica ou era?
Rodopiou a cerveja, sentindo o líquido lhe descendo a garganta. Voltou a olhar para a secretária e a ligou, ouvindo uma por uma, os demais recados estressantes.
Ouvia tudo enquanto o bebia sem parar, recados de mulheres o procurado, homens, clientes, seu chefe...tinha que ver o que danado fizera de errado dessa vez, estava para desligar a torturante Sra Maxwell, por que ninguém falava tanto quanto "ela", quando ouviu uma voz que não ouvia há tempos.
Oi Tio Duo
Como você est�? Eu to com muitas saudades suas, papai disse que eu ia te ver, eu to com tantas saudades e papai também. Mamãe anda ocupada, na verdade ela sempre ta ocupada, Tio Duo.
Quando você vai me levar ao parque, eu já tenho assim oh...ai..acho que você não pode ver minha mão...eu tenho a idade de uma mão inteira tio Duo...acho que é cinco, mas eu não tenho certeza.
Você vai visitar agente? To com muita, muita, muita saudade...eu te amo tio Duo! Não se esqueça de mim, ta?
Er...será que já acabou o tempo da mensagem? Num importa..er...tchau tio Duo?
Será que ele consegue me ouvir?
Tio...
E a mensagem acaba. Um sorriso se abriu no rosto do americano ao ouvir a voz da pequenina. Há tempos não há via, por que Relena andava muito ocupada com os negócios. Holly era a filha de Relena e Heero, eles realmente haviam se casado logo no final da guerra. Foi um casamento muito rápido, em um minuto a guerra havia acabado e em outro eles estavam se casando. Duo sempre fora amigo de Heero, na verdade o único amigo do japonês. Heero não era alguém muito sociável e de fato com o final da guerra à tendência era que ele se fechasse para todos. Nunca soube o motivo do casamento, depois que Heero lhe dissera o mundo acabara para ele. Já chegara a pensar que o motivo dessa união seria Holly, mas era um tanto improvável, Heero Yui se casando por causa de uma gravidez era realmente impossível.
Holly tinha apenas cinco anos, da última vez que se lembrara dela a menina tinha os cabelos compridos, presos numa trança que por bem ou mal foi influência do Tio Duo. Os olhos eram iguais aos do pai, azul cobalto, olhos penetrantes, rosto suave e feminino, tendo várias feições de Relena. Era uma menina muito doce e gentil e também uma ótima mini-shinigami, às vezes conseguia ser uma pestinha de primeira.
Duo não tinha só Holly como afilhada, há dois anos Quatre e Trowa haviam se casado e adotaram um casal de gêmeos. Ryan 2 e Lana, os dois eram um amor de criança, ambos loirinhos, o menino tinha os olhos verdes e a menina azuis, lindos como os pais adotivos. Deviam estar com quatro anos, Ryan era mais agitado, adorava brincar, ir para praia, o que dava muito trabalho ao papai Trowa e o papai Quatre e um ótimo companheiro para a pequena Holly. Lana era mais calminha, amava comprar roupa com apenas dois anos de idade. Da última vez que Duo a vira ela estava com uma roupa da Cinderela em pleno parque municipal.
Wufei era um caso a parte, não havia tido filhos, se bem que nem tinha como ter, por que a evolução humana não permitiu ainda os homens de engravidar. Ele estava namorando Treize. 3 Ambos viviam felizes e não pensavam em casar nem muito menos ter filhos, não por agora.
A Vida ia muito bem para todos, vida nova, todos com alguém, menos Duo. Colocou a já vazia garrafa na mesa do centro, e voltou a ouvir a mensagem da sua pequenina. Era tão bom ouvir aquela voz de criança pequena e amorosa, queria poder apertar a pequenina de novo entre seus braços, poder beijá-la mais uma vez. Por mais que ela fosse filha de Heero, era como se ela fosse sua filha também. E tinha esperança de que ela pudesse levá-lo até o coração do japonês.
Relena sempre fora ocupada demais para dar muita atenção a garota, não que ela fosse uma mãe desnaturada. Claro que dava carinho a Holly e fazia tudo que uma mãe deveria fazer, mas nesse último ano, justo quando a garota estava carente por atenção, Relena se ausentara, tomando boa parte de seu tempo com os negócios, fazendo com que Holly se aproximasse cada vez mais do pai. Duo sabia como ninguém que ambos eram como unha e carne, não se separavam nem sob decreto. Por ter Duo como melhor amigo, Holly havia se apegado muito ao Tio Duo, principalmente por que adorava aprontar com ele para cima de Heero que antes tinha só um Duo para "aturar" as brincadeiras, acabou tendo dois dele. Dias bons que há tempos não eram mais vividos.
A mensagem repete várias vezes, enquanto a pequenina embala o sono do americano. Fazia tempo que não se sentia feliz, que não via alguém que lhe transmitisse paz.
O Dia apenas começava nas redondezas do Reino de Sank. Na mansão dos Peacecraft em uma das enormes suítes uma sombra trabalhava em seu laptop.
- "Porcaria" – pensava mal humorado. Fazia cinco horas que estava parado na frente daquele aparelho e nada de conseguir o que queria.
- Tousan? Anata wa nani wo shiteiru nodesuka? 4 – a voz suave de uma pequena garotinha penetrou nos ouvidos do japonês.
Heero virou a cadeira, vendo a sua pequenina Holly parada na porta de seu quarto com aquela carinha de anjo que ninguém consegue ignorar.
- Eu to trabalhando Princesa. – falou com a voz suave para a menina.
- Trabalhando Tousan?
- É minha Princesa, mas para você eu tenho tempo – deu um sorriso, vendo a menininha brincar com a maçaneta da porta – Vem c�! – abriu os braços e a pequena correu para o seu abraço carinhoso.
- Minha Princesinha, sabia que eu te amo? – falou agarrando a pequena que ria pelo gesto de carinho.
- Você já me disse isso mil vezes tousan.
- É mesmo? – parou de abraçar a garota, fitando-a nos olhos – E você não gosta?
- Claro que gosto – falou rápido – gosto muito.
- Que bom. Pois eu adoro abraçar e beijar a Princesa mais linda desse mundo. – voltou a beijar a menina que se contorcia em seus braços, rindo do pai.Para ela, seu pai era a pessoa mais carinhosa que existia no mundo. 5
- No que você tava trabalhando Tousan?
- Eu estava tentando decifrar um arquivo codificado.
- O que é isso? – a pequena franziu a testa sem entender o que acabara de ouvir, os olhos azuis sedentos por curiosidade.
- É quando um texto está em uma linguagem que ninguém entende, e o papai tem que tornar essa linguagem entendível, entendeu minha pequena?
A Menina balançou a cabeça num sim, adorava aprender coisas novas. Olhou para o quarto a sua volta. Era uma das suítes do "grande castelo" como ela própria denominara, tinha uma cama com lençóis brancos, uma mesinha no centro rodeado por dois sofás. Uma ala onde ficava a televisão e o som e o pequeno escritório onde se encontrava. Apesar de ser manhã estava tudo escuro por causa das cortinas que não deixavam a luz passar.
- Por que gosta do escuro Tousan? – perguntou para o pai, olhando para ele.
- Por que você é tão curiosa? – riu da pequena a colocando sentada em cima da mesa – Me diz, o que você estava fazendo?
- Eu tava tentando ligar pro Tio Duo...mas ele não atende. – olhou triste para o pai, fazendo uma cara de cão sem dono – eu to com saudades dele Tousan, muitas saudades, quando você vai me levar l�?
Deixou escapar um suspiro pela angustia da garota. Quando foi passar as férias na casa do americano quase que o elegia como pai ou até mesmo mãe substituta. Sabia do amor de sua filha pelo Americano, mas também sabia que nada era tão fácil como viajar da Europa para a América em um piscar de olhos.
- Mamãe está trabalhando e eu não posso deixá-la sozinha – falou para a pequena que o olhava – quando a mamãe tiver um tempinho agente viaja, certo?
- Mas mamãe nunca tem tempo, ela nunca tem tempo pra nada – falou irritada cruzando os braços, colocando um biquinho de choro no rosto. – ela não tem tempo nem pra mim.
- Heiiii...claro que tem. – abraçou a filha que caiu em seu colo – ela só é muito ocupada, mas ela te ama, ela sempre que pode te da atenção.
Beijou a menina, essa continuava encolhida em seu colo. Abraçou a filha, acomodando-a melhor em seu peito.
- O que foi Holly? – perguntou preocupado, a menininha demorou, mas levantou a cabeça olhando para o pai.
- Quando eu fui ao parque com a Mushi-mushi, todos os meus amigos estavam com as suas mães...só eu que tava com a Mushi-mushi.
Heero sentiu um aperto no coração vendo a sua pequena desse jeito. Sabia que não devia ser fácil para a pequena ficar o dia todo com a babá e nada de Relena. Dava todo o tempo que tinha para ficar perto da filha, mas tinha que admitir que às vezes um amor materno faltava e via a calhar.
Olhou para os olhos da garotinha, ela se segurava para não chorar, mas não conseguiu. Heero limpou a lágrima da menina, dando um sorriso para ela.
- Eu vou falar com a mamãe e enquanto isso nada de chorar, ok? – Holly balançou a cabeça feliz, toda vez que seu pai prometia ele cumpria.
- Que tal me dizer o que você queria falar com o Duo. – a garota abriu um sorriso ao ouvir o nome do Tio tão amado, em poucos segundo Heero se arrependera de ter começado o assunto. A garota não parava de falar, falava de Duo como se fosse o seu segundo pai. Às vezes pensara que talvez a filha fosse dele, mas depois lhe via a mente que ele e Relena nunca se deram muito bem.
Enquanto ouvia o relato da filha, tratou de desligar o laptop. Sua pequena princesa era única e o que só importava naquele momento.
Continua...
1 – Ando assistindo muito a série The O.C!
2 – Acho que definitivamente estou viciada na série Ryan é o nome do protagonista principal!
3- Nessa fic o Treize está vivo. Se passa depois do Endlles Watz, mas por algum motivo da minha cabecinha eu deixei ele viver!o/
4 – "Papai? O que você está fazendo?"
5 – Heero a pessoa mais carinhosa do mundo? O.O Isso seria um OOC se ele realmente não tivesse tido essa filha.
Aviso que por mais que assuste ter o Heero casado com a Relena eu repito: essa fic é 1x2x1 yaoi!
Sou movida à base de comentários/críticas/sugestões, mesmo que essa minha fic não seja muito boa...comentários animam bastante
Ah! E como hoje é o dia da mulher..esse é o meu presente para todas as mulheres amantes do yaoi XD
Bjinhus
Karin-chan
