Disclaimer: Ouran Highschool Host Club não me pertence, e sim á Bisco Hatori ( cara sortudo, queria ser ele! )
Notas da autora: Um dia, eu estava remexendo em meus antigos cadernos quando encontrei essa história. Daí eu pensei: "Poxa, eu preciso postar isso!" e aqui está. Espero que gostem e apreciem esta história tanto quanto eu apreciei escrevê-la...
Parte 1: Em que há chuvas, raios e trovões; O começo de tudo
Era uma noite de chuva forte, raios, trovões. Me encolhi dentro do armário e comecei a tremer compulsivamente, com medo dos raios, é claro. Eu era fraca, frágil e desprotegida naquele momento, e me esconder dentro de armários ou de qualquer outro lugar sempre fez com que eu me sentisse mais segura, afinal.
De repente ouvi um estrondo, e no segundo seguinte um clarão iluminou a sala, acompanhado de um som forte e cortante de um raio. Me encolhi mais ainda e coloquei minhas mãos sobre meus ouvidos, na iludida tentativa de que fazer aquilo fizesse com que eu não escutasse mais nada ao meu redor. E então lágrimas brotaram de meus olhos e começaram a descer por minhas bochechas, traçando um caminho sinuosamente em meu rosto. Depois disso, escutei um leve rangido da porta se abrindo. Arregalei os olhos, espantada, eu não esperava que alguém viesse até o meu quarto em uma hora dessas… Tentei permanecer quieta e silenciosa dentro do armário; Eu não queria que aquele alguém, seja lá quem fosse que estivesse ali me visse naquele estado humilhante, eu e meu medo bobo merecíamos ser deixados em paz.
A luz que emanava do corredor pela porta aberta iluminou "meu quarto", e ouvi uma voz suave se espalhando no ar.
— Haruhi?
Oh meu Deus, era Kaoru. Tentei continuar em silêncio para que el pensasse que não havia ninguém ali e fosse embora, porém falhei miseravelmente. Mais um som forte de raio e um trovão ribombaram e ecoaram pela sala, e, inevitavelmente soltei um grito abafado, e agora, é claro que ele sabia que eu estava ali.
Ouvi o som de seus passos pelo piso quando ele vinha na direção do armário. Ele parou em frente e abriu a porta, e então seu rosto adquiriu uma expressão de surpresa e preocupação quando ele me viu. Ótimo, agora ele era a terceira pessoa que me via daquele jeito. Ele era a terceira pessoa que estava vendo meu outro lado, ao invés da Haruhi confiante, forte e independente que ele sempre via na sala de aula e do clube. Com seus olhos dourados arregalados, ele sussurrou:
— Haruhi… mas o que você está fazendo aí?
Abri a boca para respondê-lo, porém, fui cortada pelo som de um raio, e instintivamente (eu estava apenas a procura da segurança) pulei ligeiramente para seus braços. Ele não reagiu na hora, porém logo aliviou e envolveu seus braços ao redor do meu corpo, em um abraço morno e protetor.
( Pov: Kaoru)
Segurei Haruhi contra mim, enquanto ela tremia e chorava incontrolavelmente. Ela estava tão assustada, tão frágil, tão… vulnerável…. Que senti que ela precisava ser protegida, e eu quis protegê-la, afinal. Eu já sabia antes de seu medo, quando Tamaki-senpai contou que ela sempre ficava assustada com tempestades, ficando paralisada e sem conseguir se mover, então foi bom eu ter me preocupado com ela e ter vindo em seu socorro procurá-la, afinal de contas. Eu me importava e me preocupava com ela, de verdade. Talvez mais que o meu irmão, ou o Host Club inteiro. Abracei Haruhi mais apertado, ela retribuiu o abraço e encostou sua cabeça levemente em meu peito, puxando o tecido da minha camisa suavemente.
— Shhh… Haruhi, vai ficar tudo bem. Você está segura aqui, comigo. Não há nada que você precise temer, eu vou te proteger da tempestade…- Eu disse, sussurrando no ouvido dela, com a minha voz soando a mais calma e suave o possível.
— O-Obrigado, Kaoru.- Ela disse, e eu pude ver a gratidão sem seus olhos grandes e expressivos cor de chocolate.- Eu aprecio o gesto.
Ela fechou os olhos momentaneamente, parando de tremer.
Haruhi permaneceu com a cabeça encostada no peito de Kaoru, deleitando-se com a sensação de segurança e calor que ele lhe transmitia. Aspirou o perfume fraco de sua colônia, enquanto seus olhos permaneciam fechados. Aos poucos, ela foi se acalmando, sua tremedeira diminuindo. Suas lágrimas de insegurança que antes haviam escorrido por seu rosto haviam secado.
(Pov: Haruhi)
—Eu sou patética… - Eu murmurei entre a camisa dele, o som da minha própria voz saindo abafada e difusa, porém foi o suficiente para que ele ouvisse.
— Por quê você acha isso?- Kaoru me perguntou, e eu me afastei enquanto olhava em seus olhos, que agora estavam um misto de preocupação e indignação.
— Porque eu tenho medo de algo tão bobo...- Eu respondi, constrangida.
Ele deu um pequeno riso.
— O quê foi?- Eu perguntei.- Você também acha que é um medo bobo, não é?
— Não, não é tão bobo assim.- Ele respondeu, e então parou de rir.- Eu já tive medo de coisas muito piores, sabia?
— Tipo o quê?- Eu perguntei, já esquecendo a tempestade, me concentrando em seus olhos e em nossa conversa.
— Tudo bem, eu vou te dizer, mas não ria, ok?- Ele disse.
—Bem, Haruhi , eu, Kaoru Hitachiin, tinha medo do sim é patético.
— Medo do escuro? - Eu repeti, com uma sobrancelha arqueada. Eu não conseguia imaginar Kaoru com medo de algo assim.
— Ah, e eu também tinha medo da boneca da minha prima. Ela corria com aquele brinquedo atrás de mim, porque ela sabia que eu morria de medo dele…
(Pov: Kaoru)
Poxa, acho que ela realmente me achava um babaca agora. Mas era tudo para confortá-la, é claro.
Agora, foi a vez dela rir.
— Sério?- Ela me perguntou.
—Sim…- Eu respondi, um pouco constrangido. Um pequeno rubor cobria minhas bochechas, que graças a Deus Haruhi não pôde ver porque o quarto estava escuro.
— Não, não são medos tão ruins assim.- Ela disse, com um sorriso.
— Bom, Hikaru ficava irritado quando tínhamos de dormir com a luz acesa por causa do meu medo, e até hoje eu não me sinto muito seguro ou confortável no escuro, sabe?
— Mas… e agora, neste momento, você não sente nada?- Ela me perguntou com curiosidade.
— Agora, eu não sinto nenhum desconforto-Eu disse.- Você sabe o por quê?
— Por quê?
— Porque eu estou com você…- E então tive a impressão de ter visto um pequeno rubor no rosto de Haruhi, e então ela voltou a se aconchegar outra vez em mim.
— Obrigado, Kaoru.- Ela murmurou.-Obrigado por me confortar…
— De nada, Haruhi.- Eu disse, e então inevitavelmente dei-lhe um pequeno beijo na testa.
— Você está com sono?- Eu perguntei a ela,
— Não.- Ela respondeu.
— Venha. Eu conheço um lugar para onde podemos ir que eu tenho certeza de que você vai gostar.- Eu disse, oferecendo-lhe minha mão, que ela tomou de bom grado. A palma de sua mão pequena e delicada de Haruhi estava fria, e eu dei um suave aperto nela, esperando que ela aquecesse com o calor da minha mão. Fomos andando até a porta e saímos do quarto, nos deparando com o corredor comprido e iluminado da grande mansão de verão da minha família, a família Hitachiin. O corredor estava silencioso, pois todos já estavam dormindo, inclusive os empregados. Por isso, éramos os únicos que ainda permaneciam acordados na casa inteira.
Eu fui conduzindo Haruhi pelo sinuoso corredor, enquanto andávamos no mesmo ritmo.
— Kaoru, para onde estamos indo?- Ela me perguntou.
— Você vai ver.- Foi a única coisa que lhe respondi.
Olhei para nossas mãos unidas, e agradeci a Deus por todos os membros do clube ainda estarem dormindo. Se eles ainda estivessem acordados, eu nunca teria um momento a sós entre eu e Haruhi. Sorri, feliz, e ela pareceu não notar. Ela devia apenas não sentir o mesmo que eu sentia, ou, quem sabe, o sentimento fosse até mesmo desconhecido para ela… Poxa, por quê ela têm que ser tão densa? Talvez porque isso fosse apenas uma parte importante de seu traço de personalidade, era o que fazia Haruhi ser Haruhi. Sua personalidade era algo que eu amava nela, inclusive sua densidade, e todas as outras coisas, boas ou não. Quando foi que eu havia me apaixonado por ela, afinal? Nem eu já me lembrava mais, mas acho que desde sempre, a partir do momento em que comecei a conhecê-la melhor.
(Pov: Haruhi)
Paramos em frente a uma grande porta dupla branca e dourada, assim como eram todas as outras portas na casa. Kaoru abriu a porta para mim e esperou que eu entrasse, entrando depois de mim e fechando a porta atrás de si. O que eu vi a seguir me deixou maravilhada…
Era uma grande, extensa e bonita biblioteca, e havia inúmeras prateleiras com livros que iam do chão ao teto, além de que também havia um segundo andar, de onde pude avistar de longe mais e mais prateleiras de livros, com uma escada branca que descia em espiral elegantemente até o térreo. Nesse instante, estava boquiaberta de tanta admiração. Aquele lugar era simplesmente o paraíso para mim.
— Uau! -Eu disse, com uma ênfase extra que demonstrava claramente minha admiração.
Kaoru riu da minha reação e me perguntou:
— Você gostou?
— Se eu gostei? Eu amei esse lugar! É simplesmente o paraíso!- Eu exclamei, realmente animada. Eram raras as vezes em que eu me animava com alguma coisa.
— Também acho. Esse é o meu cômodo favorito na casa inteira…
— Sério?
— Sim. Eu também gosto de ler, principalmente livros de suspense e romance. - Kaoru disse, e então olhou para mim e notou a expressão receosa que eu trazia no olhar.- Vá em frente. - Ele me convidou.
Não pensei duas vezes. Fui direto para a primeira prateleira que vi , uma seção especial de romance. Fui passando os dedos pelas lambadas dos livros conforme eu lia os títulos minuciosamente, sem saber qual eu escolheria primeiro. De repente, vi um título em especial que me chamou a atenção, chamado "O Viajante do Meio-Dia". Tirei o livro cuidadosamente da estante e o segurei em minhas mãos.
— Boa escolha, Haruhi.- Kaoru disse, de repente, por trás de mim. Senti o calor e a proximidade de seu corpo por trás, e então corei um pouco, após sentir uma sensação estranha que é meio difícil de explicar. Ele se ergueu alguns centímetros e puxou um livro da estante de cima, o título era "A Eterna Ladra de Estrelas" e o estendeu para mim.
— Leia esse livro também! Eu já li e é muito bom, tem uma história bonita…- Kaoru me sugeriu.
— Ok, tudo bem…- Eu disse, com um sorriso, aceitando o livro.
Ele sorriu de volta enquanto pegava um livro aleatório em outra estante, e depois andou até alguns sofás organizados no fundo da sala, perto de uma lareira acesa.
Observei Kaoru de longe: antes eu nunca havia imaginado que ele também gostasse de livros. Eu pensava que ele achava que ler fosse uma coisa chata, e que ele nunca lesse nada… Mas, pelo visto, eu me enganei. Há muitas coisas que eu não sei sobre ele, mesmo Kaoru sendo meu melhor amigo e tal. Isso me ajudou a conhecer mais sobre ele, a conhecê-lo melhor, a vê-lo de uma maneira diferente. Talvez seja somente Hikaru quem não goste de leitura, mas, como eu já sei, Hikaru não é a mesma coisa que Kaoru, e as diferenças e semelhanças que pude perceber entre eles me impressionam. Eles são tão iguais, mas ao mesmo tempo, tão diferentes…
Eu não havia percebido antes, mas, enquanto estive pensa, fiquei olhando por um longo tempo para Kaoru, que estava sentado no sofá lendo pacíficamente. Ele desviou o olhar de seu livro para olhar para mim, e então, corei e rapidamente desviei o olhar para o lado, voltando a fazer o que eu estava fazendo antes, procurando livros.
(Pov:Kaoru)
Corei quando vi Haruhi me olhando fixamente com um olhar pensativo em seu rosto. Me pergunto o que ela estava pensando… comecei a pensar um pouco sobre isso, quando fui interrompido ao sentir uma ligeira pressão extra ao meu lado, onde Haruhi havia se sentado. Ela estava sentada muito perto de mim, tão perto que nossos corpos quase se tocavam um no outro, separados apenas por um pequeno espaço que havia entre nós. Haruhi abriu seu livro e começou a ler, enquanto eu corei novamente, pela terceira vez no dia. Eu estava tão perto dela que era muito grande a minha vontade de abraçá-la, que estava se tornando mais forte a cada minuto. Tentei me concentrar novamente na leitura, e então ficamos por mais um longo tempo lendo, até o momento em que Haruhi começou as sentir sono e praticamente desabou em meus ombros devido ao cansaço. Sorri de leve ao olhar para ela e acariciei suavemente seus cabelos, como fios de seda sob a minha mão. Tentei chamá-la para que ela acordasse, mas nada. Haruhi havia apagado.
Senti que minha única e melhor opção era carregá-la de volta até seu quarto, e então fechei o livro que estava lendo e o depositei ao meu lado. Peguei Haruhi e a suspendi em meus braços cuidadosamente para que eu não a acordasse, e então comecei a carregá-la. Haruhi não era muito pesada, de modo que cheguei ao quarto rapidamente.
Eu a depositei suavemente em sua cama, a cobri com o cobertor e fiquei olhando para ela por uns instantes antes que eu fosse apagar a luz. Por fim, dei-lhe um carinhoso beijo na bochecha. Devo confessar que eu estava curioso para saber como devia ser o gosto de seus lábios. Será que algum dia eu saberia? Eu queria beijá-la, mas também queria que ela me aceitasse, em primeiro lugar.
Andei até a porta, porém detive-me ao ouvir um murmúrio solto no ar. Me virei para trás, apenas para escutá-la murmurar meu nome inconscientemente enquanto dormia, com uma expressão serena em seu rosto. Sorri, e, por fim, me fui.
...
( Pov: Narradora)
Conforme seus últimos e curtos dias de férias de verão se passavam, em Karuizawa, Haruhi e Kaoru se tornavam mais próximos lentamente, cada vez mais. Quando os membros do clube saíam para passear nos arredores da cidade, era ao lado de Kaoru que ela andava. Os dois viviam lançando olhares constantemente um para o outro sempre que podiam. Haruhi começou a buscar cada vez mais a presença de seu amigo… Em outra noite de tempestade, como o incidente a que já haviam passado juntos antes, Haruhi estava muito assustada, e por isso havia corrido até o quarto dos gêmeos, e perguntou se ela podia dormir com eles. Eles haviam concordado, e Haruhi acabou dormindo entre os dois rapazes, no meio da cama; Porém, ao escutar o som de um raio, foi nos braços de Kaoru onde ela havia recorrido sua proteção e conforto. Ele, que antes estava dormindo, havia acordado e nada dissera, apenas puxou a morena mais para si, enquanto ela havia se aconchegado nele, e este descansou sua cabeça encima da dela, e os dois puderam dormir em paz. No dia seguinte, quando Hikaru havia acordado primeiro e visto Haruhi dormindo nos braços de seu irmão, ele soube, naquele mesmo instante, que era Kaoru quem estava destinado a ficar com ela, fato que o deixou meio triste, pois ele também gostava dela, mas também o havia deixado feliz por seu irmão.
...
Ás vezes, Kaoru segurava a mão dela. Constantemente, ele faria uma piada sobre alguma coisa, enquanto ela daria um leve soquinho em seu ombro de brincadeira, e os dois começariam a rir e então, ele a abraçaria, em seguida. Ele estava lá para confortá-la quando havia tempestades, ele estava ao seu lado quando ela estava estudando, e ele muitas vezes pedia para que ela explicasse a matéria para ele quando ele não entendia. Kaoru se lembrava das várias noites e fins de tardes tranquilas quando os dois ficavam na biblioteca lendo livros juntos. Houve uma vez em que Haruhi havia sentado em seu colo enquanto os dois liam uma cópia de "A Culpa é das Estrelas", um dos livros favoritos de Haruhi. Ás vezes, enquanto Kaoru lia, os dois faziam uma pausa na leitura, e então ele olhava para ela, ela olhava de volta para ele e os dois sorriam um para o outro.
Os dias se passaram rapidamente, e logo já era primavera. Era hora de deixar Karuizawa e voltar para a escola…
Notas finais do capítulo: Não se esqueçam de deixar comentários, eu amo todos eles!
