N/A: oooolá. bom, a idéia surgiu do nada, e era pra ser uma short. Mãs, como eu nunca consigo parar as histórias quando eu quero (haha o), ela vai ter uns três capítulos, eu acho. Não mais que quatro, prometo.

Espero que gostem, a idéia inicial era uma Lily mais chatinha, mas acabei me surpreendendo por conseguir pôr no papel a Lily que eu sempre imaginei. \o/ Por favor, deixem reviews com as opiniões, é importante. :D

Mari: SURPRESINHA PRA VOCÊ. Eu não sei o que me deu, mas a idéia veio, então como tem TUDO a ver, eu oficialmente dedico a fic a você! *-* te amo, pedra.


Capítulo 1 - Trazendo à tona.

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- Lily, se acalma! – Marlene segurava os ombros da amiga, os cabelos pretos lisos presos num rabo de cavalo, os olhos azuis divertidos e espanados ao mesmo tempo.

As duas ficaram se olhando por um instante, antes de começarem mais uma de suas crises de risos.

- É sério, Lene, - a ruiva conseguiu dizer depois de um tempo – está piorando a cada dia... Eu não consigo mais nem cozinhar, sem fazer um estrago na cozinha.

- Lils. – a morena riu. – Você sempre foi descoordenada!

- Ei! – ela riu. – Sou só um pouquinho desastrada...

- LILY! – Um berro esganiçado veio do quarto no fim do corredor.

- Cara, sua irmã fica mais mal-comida a cada minuto. – Marlene revirou os olhos enquanto abria a porta do quarto de Lily e dava passagem à amiga.

- Pois é, acho que aquele gordo não anda fazendo o trabalho direito... – As duas riam enquanto atravessavam o corredor.

- O que você quer, Petty? – Ela adorava chamar a irmã pelo apelido ridículo, ela ficava fora de si, sempre.

Petúnia revirou os olhos grandes demais para o rosto. Ela estava mais ossuda do que o de costume, fazendo dieta para poder entrar no vestido que comprara para a festa de noivado.

- Quero seu esmalte cor de vinho.

Lily levantou as sobrancelhas em um sinal muito característico de desafio.

- E eu espero realmente que suas brincadeirinhas a meu respeito acabem, quando eu me casar.

- E eu espero realmente que você pare de me encher o saco. Mas não precisa esperar se casar, por favor.

- Ora, não seja tão sarcástica, não é fino.

Marlene e Lily se acabaram em risadas, saindo do quarto dela.

Quando elas estavam na escada, Lily gritou para a irmã.

- E eu não posso te emprestar o esmalte, Petty, porque eu o virei dentro do seu creme facial!

Petúnia guinchou lá do quarto, batendo a porta com um forte barulho. Lily e Lene gargalharam, sabendo que Petúnia estaria, naquele momento, jogando fora todo o conteúdo do seu creme para o rosto, mesmo que o esmalte de Lily estivesse seguramente guardado no seu guarda-roupa.

- Bom dia tio Charlie, tia Andry. – Marlene cumprimentou os pais da amiga, enquanto pegava o leite na geladeira e o cereal de cima da mesa.

Charlie estava sentado lendo o jornal enquanto Andry tomava tranquilamente o seu café da manhã.

- Dia, Lene. – Os dois responderam a 'quase-filha'.

Marlene e Lily não se desgrudavam nunca. Desde que Lily recebera a carta de Hogwarts, quando tinha 11 anos, quando as duas não estavam no colégio, ou estavam na casa dos Evans, ou na casa dos McKinnon.

- Lene, vem ver! – Lily gritava do sofá da sala.

Marlene pegou as duas tigelas de cereal que tinha preparado e se encaminhou para a sala, se largando ao lado da amiga.

- O que foi? – Ela perguntou enquanto passava a tigela para Lily.

- 'Brigada. – Ela enfiou uma colherada na boca, e respondeu de boca cheia. – Rem está na TV!

- O Doutor John Lupin e seu filho adolescente, Remus Lupin, visitaram hoje o hospital Sta. Edwiges, em Leeds, e inauguraram o centro de pesquisas...

- Acho que ele parece ainda mais cansado. – Lene inclinou a cabeça para o lado, analisando o amigo pela televisão enquanto o repórter noticiava a inauguração do centro de pesquisas de um importante hospital do Reino Unido.

- É. – Lily concordou com a cabeça. – A lua cheia apareceu no começo da semana.

As duas tinham se tornado amigas de Remus Lupin, porque ele era monitor-chefe da Grifinória, assim como Lily. E descobriram que apesar dele andar com os caras mais idiotas e, embora elas odiassem admitir, mais lindos e desejáveis, de Hogwarts, MENOS PETER PETTIGREW, ele era super responsável e querido. E que ele guardava um terrível segredo: Ele era lobisomem.

- Lily, eu preciso que vocês duas saiam de casa, daqui a pouco. – Andry falou quando Lily estava lavando a louça.

- Por...? – Ela estranhou a pergunta da mãe.

- Nós vamos pintar seu quarto e o de Petúnia, pra estar tudo certo quando voltarmos.

- Ah, tudo bem. – Lily respondeu desanimada enquanto se lembrava da viagem que eles fariam dali a dois dias.

- Lils, você deveria estar radiante! – Lene falava enquanto elas arrumavam as coisas pra sair.

- Ah, como se ninguém soubesse que eu enjôo em alto mar. – Ela fez uma careta, se largando na cama.

- Lily, as pessoas nem sentem que estão em alto mar quanto estão fazendo um cruzeiro!

Lily se afundou ainda mais. Um cruzeiro. Ela tinha odiado essa idéia desde o princípio, quando os pais dela inventaram de fazer um programa diferente nessas férias de Natal. Dede o começo de julho eles não falavam em outra coisa a não ser o tal cruzeiro, e Lily preferia mil vezes ter que passar o Natal em Hogwarts, mesmo tendo que aturar James Potter e os amigos infantis dele aprontando todas. Pelo menos para aqueles três, Potter, Black e Pettigrew, ela podia aplicar detenções. Em Petúnia, Valter e os pais dele, ela não podia.

- Lene, Petúnia vai com o Válter. E os PAIS dele também vão. – Ela teve vontade de chorar ao se lembrar disso. – É simplesmente ter que aturar aqueles gordos chatos me dizendo que eu sou estranha, e que meu cabelo é chamativo demais. E que eu sou temperamental demais, e que posso prejudicar a semana perfeita desse cruzeiro idiota.

- Eles são mesmo muito idiotas. – Lene revirou os olhos, divertida, enquanto catava as roupas pelo chão.

- Como se eu ligasse pro que eles pensam, aqueles ridículos.. – Lily resmungava sozinha enquanto socava umas roupas dentro do guarda-roupa, e separava algumas coisas pra levar pra casa de Lene.

- Mas Lils, pensa bem. – Lene tinha acabado de guardar suas coisas e estava mexendo no notebook de Lily, sentada na cama.

- Hum. – A ruiva disse contendo o riso enquanto se recuperava de um quase tombo.

- Você tropeçou numa meia? – Marlene interrompeu o raciocínio. – Lil! Você consegui tropeçar numa meia?

- Idiota, eu disse que essa coisa toda de desastre estava piorando. – Lily ria. – Conta, o que eu tenho que pensar bem?

- Então, - Lene voltara a olhar para o notebook. – Se você tiver sorte, vai ter um monte de cara gato lá.

Lily passou os olhos pelo quarto, sonhadora. É, talvez Lene tivesse razão. Se ela tivesse sorte...

- Er, Lene, é de mim que estamos falando, lembra? – Ela jogou a meia que estava segurando dentro do guarda-roupa e pegou a malinha que levaria para a casa de Lene.

- Ah é. – Ela riu. – Esqueci desse detalhe. Lily Evans é a pessoa mais azarada do mundo. – Vamos. Ela fechou o notebook e pegou a mala, e as duas saíram do quarto,

- Mãe, estamos indo! – Lily gritou quando estava na porta da frente, abrindo a maçaneta.

- Oi, maninhas, surpresa! – William, o irmão de Lene estava parado na porta, com a mão na maçaneta também, do lado de fora.

- Will! – Lily sorriu e os três se cumprimentaram num abraço coletivo.

William era cinco anos mais velho do que elas, tinha 22 anos. Ele era o 'irmãozão' pra todas as horas de Lene, e, conseqüentemente, de Lily.

- Mãe! – Lily gritou mais uma vez, e depois de alguns segundos Andry apareceu na sala.

- Will! – Ela também o abraçou. – Que bom ver você, faz tempo que não vinha aqui. – Ela disse com carinho, sorrindo.

- Pois é, tia... a gente tava passando por aqui e Julie lembrou que talvez, muito pouco provavelmente, sabe, Lene estaria aqui. – Ele sorriu. – Mas a gente anda meio sem tempo mesmo, muito trabalho no Ministério, e aí as pessoas ficam me explorando, né, porque eu sou o mais novo de lá e...

- Aw, coitadinho. – Lily brincou, apertando as bochechas do garoto.

- É, mas isso vai acabar, porque depois dessas férias de Natal vai entrar em vigor um programa de estagiários, e aí eu é que vou explorar criançinhas de 16 anos.

- Ei! – Marlene e Lily soltaram ao mesmo tempo, se fazendo de indignadas e arrancando risadas de Andry e William.

- Pois é, mas temos que ir. – Ele disse, olhando significativamente para as bolsas da irmã e de Lily.

- E Julie, como está?

– Está me esperando no carro. Manda um abraço por Charlie, tia.

- Será mandado. Não suma! – Ela sorriu. – E vocês, juízo! – Ela afagou os cabelos das duas garotas.

Lily revirou os olhos, divertida.

- Mãe, vou dormir na Lene, já que o quarto vai ficar cheirando tinta e tal.

- Tá. – Ela respondeu como se fosse uma grande novidade.

- Amanhã eu peço pro Will trazer ela de volta. – Lene abanou a mão em sinal de descaso. – Obrigada, tia. Manda um beijo pro tio. – Ela falou abraçando Andry. – Vamos Lil, Julie daqui a pouco se irrita e vai ter um troço lá fora.

As três riram enquanto Lily se despedia da mãe, e elas entraram no carro.

- Oi, Julie! – As duas cumprimentaram a noiva do irmão assim que entraram no carro.

- Oi meninas! – Ela sorriu em resposta.

- Garotas, nós tivemos uma idéia... – Will começou, já dirigindo a toda velocidade.

As duas se entreolharam. As idéias de Will eram sempre as melhores.


Depois de um quinze minutos as garotas estavam no quarto de Lene, deixando as bolsas em cima da cama.

- Tomara que minha tia já tenha ido. – Lene falou descontraidamente enquanto espiava o corredor.

- Ela continua chata?

- Pff, nem imagina. – Lene respondeu, revirando os olhos. – Ontem, eu te disse, né, ela deu pra implicar com as minhas roupas.

Lily riu.

- É, pelo menos ela não fica falando que se cabelo é chamativo demais e parece anormal, assim como todas as outras coisas em você.

- É. Acho que estou cmo vantagem. – Lene riu, sentando-se na cama. – Lils. – Ela chamou depois de alguns momentos de devaneio.

- Hum?

- Acho que estou apaixonada por Sirius Black. – Ela disse meio rápido.

- O QUÊ? – Lily se engasgou com a própria saliva, e conseguiu cair da cama, ao invés de levantar dela.

- Eu acho que gosto mesmo. – Lene falou fazendo careta enquanto estendia a mão para a amiga boquiaberta no chão.

- Lene! – Lily usou um tom como se estivesse a repreendendo. – Você tinha me dito que tinha parado de pensar nele! – Um segundo de silêncio. – E você me disse isso anteontem!

Marlene riu.

- Pois é, mas não parei. Desde anteontem eu me peguei pensando várias vezes. – Ela fez cara de pensativa. – Acho que estou doente.

Lily colocou a mão na sua testa.

- Sente também algum tipo estranho de vontade de se jogar naqueles estúpidos braços de jogador de quadribol? – Ela perguntou em tom falsamente clínico.

Lene assentiu com a cabeça.

- E também um enorme desejo de ter aquele tanquinho só pra você? Aqueles olhos azuis e cabelos pretos lindos e as pernas musculosas, e... – Ela parou pra pensar. – E aqueles dentes brancos e a boca totalmente beijável?

Lene fez cara de culpa e assentiu fervorosamente com a cabeça.

- Isso não quer dizer nada. – Lily brincou depois de um momento. – Ou sendo assim, todas as garotas naquele castelo estariam morrendo de amores por ele.

As duas explodiram em risadas.

- Lene. – Foi a vez de Lily chamar a amiga, que devaneava sobre Sirius.

- Fala. – Ela disse num tom meio sonhador.

- Acho que eu apaixonada por...

Ela parou na metade da frase. Não conseguia dizer.

Marlene despertou imediatamente de seu transe, pulando em cima de Lily.

- Por quem? – Ela perguntou, os olhos arregalados de curiosidade.

- Hum, esquece. – Lily recuou, tentando parecer indiferente.

- Lily. – Lene chamou ameaçadoramente.

- Jamespotter. – Lily soltou uma palavra em tom baixo, parecendo um espirro.

A boca de Marlene foi até o fim do pescoço.

- EU OUVI DIREITO?

- Ouviu. – Lily disse, contendo um sorriso culpado. Ela levantou a cabeça para amiga que a olhava admirada. – Peraí! – Ela gritou. – Você me conta que está gostando do cara mais galinha de Hogwarts e eu aceito. E eu te digo que estou gostando do cara mais...

- PERFEITO.

- Isso. Perfeito de Hogw- NÃO! Perfeito não. Do cara mais... Arrogante e-

- E gostoso.

- Sim, arrogante e gostoso. - Ela sorriu maliciosa. - Mas não perfeito.

Marlene gargalhou.

- Lily, sua idiota! – Ela riu da cara da amiga.

- Ei, por quê? – Lily se fez de ofendida.

- O garoto simplesmente se arrasta pra você, e você o abomina! – Ela parou com a mão na boca. – Quer dizer, era isso que eu pensava. Que Remus pensa, que Alice pensa, que Frank pensa. Lils, a escola inteira acha que sabe que você odeia o Potter!

- Pois é. – Lily fez cara de conformação. – Eu também pensava. – Ela riu de si mesma.

Marlene pulou de alegria.

- Lils, você não vai ter trabalho nenhum. – Ela abriu um sorriso radiante. – Nenhum.

- Lene, do que é que você tá fal-

- Lily, o garoto te ama. – Ela falou simplesmente, como se estivesse falando da previsão do tempo.

- Lene, acorda. James Potter não ama ninguém. Ele simplesmente acha que tem o rei na barriga, é totalmente metido, tem uma arrogância incontrolável, faz piadinha de qualquer coisa, não leva nada a sério e-

- E você está totalmente caída por ele. – Lene completou, rindo.

- Droga. – Lily bufou, não tendo como argumentar. Desde o começo do semestre, ela simplesmente não conseguia parar de pensar nele. Por mais que ela tentasse afastar, os pensamentos impuros com relação ao cara mais lindo e gostoso de Hogwarts eram inevitáveis. Por mais que ele continuasse importunando-a com as brincadeirinhas e convites irritantes para sair, e ela continuasse recusando e dando detenções pra ele e os amiguinhos, ela simplesmente não podia evitar devanear ao ver aquele corpo super definido de atacante de quadribol, daqueles olhos castanho-esverdeados que volte e meia ela pegava a olhando. Mas ela sabia que ele era completamente insensível, e que já tinha despedaçado milhares de corações estúpidos que caíam na conversinha dele. E sabia que ele só a chamava pra sair porque ela simplesmente não consegui segurar o impulso de berrar com ele, de se irritar. E segundo Remus, Potter falava que adorava ver a 'ruivinha' irritada. Que era só por isso que ele fazia essas coisas. Mas todo mundo dizia que no fundo, ele só fazia isso porque ele queria, mesmo, ficar com ela. – Ele podia realmente querer alguma coisa séria comigo. – Ela falou pensativa. – Eu até tentaria relevar aquela arrogância dele.

Lene conteve um sorriso.

- Lily, você não tem como saber se o que ele quer e sério ou não, eu já te falei isso. Acho que você tem que é deixar de ser tão besta, e dar uma chance pra ele conversar com você. Você nunca vai saber, se não der uma chance pra ele.

- Lene. – Ela quase interrompeu a amiga. – Você e eu, e toda a Hogwarts sabe o que vai acontecer, se eu der uma chance pra ele.

- O que, vão rolar altos amassos? – Ela perguntou, rindo.

- Não, sua idiota. – Lily riu também. – Eu vou me irritar com ele, e a gente vai ter uma discussão pior do que as de sempre.

- Lils, não TEM como vocês discutirem de uma maneira pior. – Lily revirou os olhos. – Talvez até discutissem, mas talvez não. Quem sabe você não descobriria que ele não é assim tão arrogante?

Lily levantou as sobrancelhas.

- Tá, fico quieta. – Marlene riu. – Mas eu ainda acho que você devia sim, dar uma chance pra ele.

- Hum. – Lily ficou pensativa por um minuto. – Tá, depois das férias eu vou pensar nisso. – Lene abriu outro sorriso radiante. – Agora eu já tenho muita coisa pra pensar.

- No quê, por exemplo? – Lene perguntou, tirando sarro.

- O adorável cruzeiro, por exemplo. – Lily riu sem humor.

- Ah, Lils. – Lene suspirou. – Olha, eu já disse pra você relaxar e aproveitar. – Lily a olhou como se ela estivesse falando outra língua. – Tá, eu sei que a cavala da sua irmã vai estar lá, com o namorado leão marinho dela. – Lily riu. – E os pais morsas dele também. Só que Lily! – Ela sobressaltou a ruiva. – É um cruzeiro, amiga, vai ter várias piscinas, milhares lojas, festas...

- Lene.

- ... caras gatos, jantares e almoços, coquetéis...

- Lene. – Lily chamou mais uma vez.

- ... academia, bailes temáticos, peças de teatro...

- LENE!

- Oi.- A morena interrompeu seu fluxo de pensamentos, sem nem ao menos ter ouvido a amiga chamá-la umas três vezes.

- Deixa eu te lembrar de uma coisa, amiga.

- Hum.

- O cruzeiro que você fez, ano retrasado, era um cruzeiro bruxo.

- E...?

- E aí, que no cruzeiro que EU vou fazer, não tem espaço para milhares de lojas, para peças de teatro, várias piscinas, bailes temáticos acontecendo simultaneamente... – Ela parou. – Aliás, acho que até pode ter, mas tipo, um ou dois. Lene, o seu navio era ampliado umas cem vezes, no lado de dentro. Era quase melhor do que Hogwarts. O meu navio é um navio trouxa.

- Ah, é. – Lene levantou da cama. – Ah, não seja pessimista! – Ela sorriu. – Aposto que vai ter no mínimo UM cara gato lá. E uma piscina, no mínimo. E festas, e comida boa. E será que vocês vão fazer alguma parada em alguma cidade?

- Bom, não sei. Acho que ouvi minha mãe falando sobre umas duas ou três paradas.

- Ah, então tá ótimo. Lily, você vai conhecer o Brasil, tá reclamando de quê? – Ela perguntou com as mãos a cintura, parecendo uma mãe. – E vai tomar um monte de... como é? Caipirinha, eu acho, por mim. E trazer alguma coisa de lá pra mim, também. E aprender a sambar. Lily, você simplesmente TEM que aprender como é que se dança aquilo.

Lily riu da amiga.

- Queria que você fosse comigo. – Ela disse, enquanto pegava a amiga pela mão e saíam do quarto. – Com quem mais eu vou ficar falando merda durante a viagem?

- Pois é.

- Ih, desanimou, foi? – Lily perguntou, notando o olhar da amiga, distante. – Eu sei que eu vou ficar duas semanas fora e que você não vive sem mim e-

Marlene riu, voltando pra Terra.

- Tá, tá, não se ache tanto.

Lily tropeçou num degrau da escada, e saiu rolando pelos últimos cinco degraus, até cair no chão da sala, onde os pais de Lene estavam sentados conversando.

Lene veio correndo atrás, rindo, e se abaixou para ajudar Lily a ficar de pé, já que ela não parecia capaz de respirar, por causa do ataque de risos.

- Ai, meu joelho. – Ela saiu pulando numa perna só, enquanto se apoiava na mesa da sala. – Oi tio, oi tia. – Ela cumprimentou os dois que riam da cena.

- Tudo bem, Lily? – Sandra, a mãe de Lene, perguntou.

- Tudo indo. – Ela sorriu enquanto massageava a perna. – Lene, pára de rir. – Ela disse tentando não começar a rir de volta.

- E sua mãe, seu pai?

- Todos bem, também.

- E aí, vamos? – Will tinha aparecido no batente da porta, abraçado com Julie.

- Vamos! – As duas responderam juntas, deixando a sala com os outros dois.

William e Julie tinham tido a idéia de jogar uma partida de futebol com os vizinhos.

Eles iriam invadir o ginásio oficial do time da cidade, que só abria durante os dias de semana e era terminantemente proibido para quem não era do time. Ou fazia parte da equipe toda, que seja. A adrenalina tomava conta.

- Eles já foram? – Lily perguntou, enquanto andavam pela rua, se referindo aos vizinhos que jogariam também.

- Já. – Julie respondeu, andando mais atrás, com Will.

- Eu simplesmente não sei como é que você vai jogar, Lils, mas ok, vamos tentar. – Lene brincou lembrando-se da cena da escada, e recebendo um tapa no braço.

- Eu jogava no time, não lembra? – Lily se fez de ofendida.

- Lembro. – Lene riu. – Quando sua coordenação ainda te fazia algumas visitas.

Lily e os outros também riram.

- Ah, nada a ver. Só parei o ano retrasado porque...

- É, eu sei bem o porquê. – Lene interrompeu, com o ar malicioso. – Você descobriu que o Black tinha saído de casa e tinha ido morar com o Potter. Que por mero acaso, moravam há algumas quadras do ginásio onde o time treinava. E por acaso, também, eles descobriram que a ruiva mais gostosa de Hogwarts jogava um esporte trouxa, e eles passaram a assistir os treinos, freqüentemente.

Lily olhou reprovadoramente para Lene, ao ouvir o 'ruiva mais gostosa de Hogwarts'.

- E não me olhe assim, você sabe que você é. E eu sou a morena mais gostosa, dica.

Todos explodiram em risadas.

- Tá, meninas, menos, por favor. – Will zombou. – E eu não gostei nada disso, de saber que esses garotos ficavam indo ver você treinar. – Will era tão ciumento com Lily quando era com Lene.

- Nem eu, Will, nem eu. – Lily fez careta, e eles finalmente chegaram. Era um prédio de dois andares, comprido lá pra trás, com um muro enorme e alto, e uma grade de acesso, no meio.

- É, eles já estão se aquecendo. – Lene disse enquanto espiava pela grade.

Enquanto Will ajudava Julie a subir no muro, Lily se virou para a rua e se lembrou de um dia, quando estava esperando seu pai ir buscá-la depois do treino, que James e Sirius tinham passado por ali, rindo alto e brincando feito crianças. Quando avistaram Lily, de shorts curto, chuteira, top e rabo-de-cavalo, as chuteiras e a camisa do time na mão, eles pararam seu percurso. Tinha sido o primeiro de muitos outros dias insuportáveis, em que Lily nem ao menos podia olhar pra fora do perímetro da quadra, porque se os visse ali, perdia totalmente a concentração. Ela soltou uma risadinha, caindo na real.

- Eu não ficava nervosa porque ficava com raiva. Eu ficava nervosa porque ele ficava me olhando. – Ela murmurou.

- Hã? – Lene perguntou vindo para o lado de Lily.

Ela virou para a amiga, sorrindo bobamente.

- Você me dá medo. – Lene brincou. – O que foi que você disse, agora?

- Eu tava lembrando do que você disse, de James e Sirius virem aqui pra ficarem me irritando.

- Lily, acho que você está mesmo apaixonada. – Lene falou, se sentando no meio fio. – Eu não via você com esse olharzinho estranho desde do terceiro ano, quando Maurice te pediu em namoro.

Lily gargalhou.

- Ele era feio demais. – Ela disse, entre risos. – Lene, como é que você permitiu que sua amiga ficasse com aquela coisa?

- Ai, Lils, ele era tããão legal. – Ela falou, irônica.

- Nah, ele era legal, sim. – Lily defendeu. – Ele só era feio, coitado. – Ela riu de volta.

- Péssimo, Lils, ele era totalmente péssimo. E tinha uma risada estranha. – Ela fez careta. – Mas se eu falava mal dele, você me batia, queria que eu fizesse o quê?

- É, eu gostava mesmo dele.

- Pois é, pena que ele cresceu, deixou de ter uma risada estranha e agora se acha o tal só porque consegue ficar com as garotas mais gostosas de Hogwarts. – Will disse, parado atrás de nós. – E que não sãp vocês, que fique claro. - Elas riram. - E agora acho melhor vocês pularem logo esse muro, antes que aqueles dois imbecis apareçam na rua, e vocês vão ficar aqui, congeladas feito duas bobas.

As duas riram, mais de nervoso do que de qualquer outra coisa. Imaginaram Sirius e James chegando ali, naquele exato momento.

- Vamos logo. – Lily se apressou.

Depois de algumas partidas, todos estavam mortos. Os vizinhos da rua de Lene eram divertidos, e eles sempre faziam esse tipo de coisa juntos. Eles não faziam idéia de que a família de Lene era uma família bruxa, óbvio, nem que Lily também era uma, mas eles se falavam desde pequenos, e eram amigos pra esse tipo de coisa: invadir uma propriedade privada. Depois que eles foram embora, parecia muito mais estúpido eles estarem ali. Antes eram 14, agora eram 4. Se alguém entrasse e os visse ali, daria merda, na certa.

- Ai, que fome. – Lene ouviu sua barriga fazendo barulho.

- É, vamos voltar. – Will disse se levantando do chão, onde eles estavam todos sentados e deitados há uma meia-hora, descansando.

- Estamos abusando da sorte... – Lily disse, meio cautelosa enquanto levantava e se alongava, sentindo os músculos doendo. – Caraca, fazia tempo que eu não jogava.

- Orra Lily, nos surpreendeu. – Julie brincou, jogando o braço sobre o ombro de Lily.

- é, ela conseguiu cair só umas três vezes. Em duas horas! - Lene fingia estar abismada.

- Ah que injusto. - Lily murmurou, brincando. - E, Julie, não fale nada! – Ela zombou. – Levou alguns frangos, né.

- É, acho que não me dou muito bem no gol. – Ela fez cara de pensativa.

- Na verdade, - Lily ia brincando enquanto eles pulavam o muro de volta, indo para a rua, olhando pra todos os lados. – você vai tão bem no gol quanto em qualquer outra posição. Eu é que sou uma ótima artilheira, portanto não importa quem estivesse no gol, teria marcado os três mesmo assim e-

Lily parou com Marlene a acotovelando nas costelas.

Ela seguiu o olhar de Marlene e avistou Sirius e James sentados no meio fio do outro lado da rua, ambos olhando atentamente para elas.