Shenanigans | Unbreakable


Universo Alternativo. Desconsiderando o Epílogo (as always...). Pós-guerra.


Sinopse: Contratos de casamento são artimanhas de séculos passados, certo? CERTO?! | É uma pena que o mundo mágico seja ainda tão, uh, retrogrado em certos aspectos, Mr. Potter...

Disclaimer: Harry Potter e companhia limitada não me pertencem, blablabla. Tudo é da J. K. Rowling e da Warner, whatever.

Observação: Capítulo não betado.


N/a: Sempre achei muito divertido estórias de casamentos arranjados / contratos de casamento. Esta não é exatamente uma dessas estórias, no entanto. K.


Parte Um

One foot (right) in front of the other


Terça-feira, 1º de setembro de 1998.

Hermione mordeu o lábio inferior observando a barreira da plataforma 9 ¾.

-Nervosa?

-O mundo bruxo tem nos trucidado por semanas...

Harry lhe ofereceu um sorriso sarcástico. – Eles nos amam, Mione.

A morena riu sem vontade. Dessa vez, Harry tinha razão. O mundo mágico os considerava o mais novo Hit de sua reclusa sociedade. "O casal mais poderoso dos tempos modernos", aclamavam.

Eles haviam evitado o mundo mágico como quem evita a praga negra nos últimos meses, mas isso não impedira as especulações surgirem. E desde que Harry e Hermione não eram encontrados para oferecer uma declaração, os mais escandalosos e fantásticos rumores surgiram... Hermione tinha até medo de saber o que os esperava em Hogwarts.

Seu final ano na escola deveria ser algo relativamente pacato e voltado para - no máximo – alguma pseudo-agrura de jovens adultos quanto a romances e estudo e o futuro. Mas claramente aquilo era pedir demais e seu ano letivo, antes mesmo de começar, tornara-se um circo.

Hermione suspirou, fechando a mão no braço de Harry enquanto ele empurrava o carrinho com suas malas e Bichento. O moreno lhe ofereceu um sorriso pequeno, lhe chamando a atenção. - Okay?

Agora era a hora da verdade, ou mais bem hora de atuar da melhor maneira possível.

Ela assentiu uma vez com firmeza. – Okay.

Sem mais, eles atravessaram a barreira para a plataforma 9 ¾.

O 'x' da questão é: meio que estou casada com meu melhor amigo (?)


Quarta-feira, 8 de julho de 1998.

Para ser franco, Harry nunca pensou que as coisas poderiam ficar horríveis mais uma vez. Muito menos trás apenas algumas semanas do fim da guerra. Oh, ele estava errado. Tão errado.

Tudo começou quando decidira acompanhar Hermione em sua viagem à Austrália afim de "resgatar" os pais de sua amiga. Hermione estava uma pilha de nervos – o que não era pra menos, considerando o que a jovem mulher fizera.

Hermione não tinha certeza se seus parentes iriam lhe perdoar algum dia. Pra ser honesto, Harry também tinha suas dúvidas... – não que ele fosse comentar isso com sua amiga. Nunca.

De toda forma, ele decidira que – além de ter parte da culpa na situação (não que ele tivesse desejado um psicopata obcecado em assassiná-lo e em dominar o mundo) – iria acompanhá-la para lhe oferecer apoio moral.

Harry não tinha certeza do que faria se os pais dela surtassem ou coisa parecida... Não. Nenhum plano. Nenhuma ideia. Nada. E, mais uma vez, pra ser honesto, Harry sabia que era uma das últimas pessoas que saberia lidar adequadamente com a situação. Infelizmente, ele não via uma fila de pessoas – adequadas ou não - oferecendo auxilio a sua melhor amiga. E apesar de ser completamente inepto, ele sabia que Hermione precisava de ajuda, mesmo que não fizesse ideia do que fazer se tudo desandasse – o que, francamente, era propenso a acontecer.

No fim, fora um dos momentos mais desconfortáveis de sua vida. Ele e Hermione sentados de fronte aos pais dela, relatando de forma compilada o que haviam passado e o por quê. Hermione não deixara sua mão por todo tempo que permaneceram lá (e Deus! Foram horas e mais horas de discussão), suas mãos fechadas na dele como se aquele contato estivesse lhe dando forças para prosseguir com sua história sob os olhares de choque e traição de seus pais.

No fim, eles acabaram passando quase um mês no país: lidando, cicatrizando e curando.

Foram dias difíceis... Às vezes, Hermione estava só exausta demais para tentar enfrentar seus pais ou mesmo se levantar, mentalmente machucada e exausta. Em outras, Harry acordava gritando e chorando por conta de mais um pesadelo que era tão real que ele podia distinguir nas horas seguintes o odor de sangue, suor e morte. E ainda havia dias em que ambos estavam tão arrasados que nada podia lhes tirar daquele estado de ânimo; normalmente nesses dias o casal de amigos malmente falava com o casal mais velho, quase não reagiam, orbitando ao redor um do outro e - apenas torcendo por um dia melhor.

Porque não conseguia dormir depois de mais um pesadelo – oh tão realista – sobre a Mansão Malfoy, Hermione - mais vezes do que não - se esgueira na madrugada para o quarto de Harry, caindo em sua cama em busca de conforto. Harry sempre se achara absolutamente horrível nessa habilidade em particular, mas se perguntassem à Hermione, ela diria que ele ia bem mais que ok. Ela não precisava de palavras ou olhares de simpatia, só que ele a abraçasse. E isto, Harry fazia muito bem.

Nos dias em que estavam 'bem' (e os pais de Hermione estavam trabalhando), o casal mais jovem zanzava pela cidade. O que os levava ao segundo... "problema". Eles nunca planejaram ficar por tanto tempo, por conta disto, precisavam de dinheiro. O que os levava basicamente de volta a Gringotts - numa viagem veloz e desagradável via portal para o beco diagonal.

- xxx -

Ironicamente não foi o fato de terem conseguido invadir o banco ou roubar um artefato de um dos cofres – com o auxilio de um goblin, nada menos! -, que lhes trouxe confusão...

Tudo começara a desandar quando Harry fora encaminhado para o gerente de sua conta para lidar com algumas "pendências". Parte de Harry achava que seria executado ali mesmo... A agradável surpresa de que não seria decapitado durou apenas alguns minutos, infelizmente. Desde que suas "pendências" eram muito mais horríveis que uma morte veloz.

Dessa vez fora ele quem precisara do apoio moral da amiga – e francamente, conselhos pertinentes - e praticamente a arrastara consigo no momento em que descobrira que não iria ser executado (tinha a intenção de assumir toda a culpa sobre a invasão e afirmar que forçara Hermione no plano sem cabimento). Não podia ser bom estar em falta com Goblins, mesmo que não fosse um caso de vida ou morte...

Adentrar na sala de reunião do banco Gringotts, escoltado por quatro goblins armados até os dentes não caia bem a Harry e, instintivamente, o rapaz puxou Hermione mais para si. Alguns tensos minutos depois e eles estavam sentados à frente do gerente de suas contas: um goblin chamado Crookfang.

E sim, contas. No plural. Aos 17 anos Harry se tornara o chefe das casas Potter e Black. Infelizmente, Gringotts não conseguira contatá-lo – mais bem: encontrá-lo. – até então. O que trazia por si só uma série de pequenos problemas e arranjos a serem feitos.

Oferecendo um aceno de cabeça como cumprimento para Harry e fitando Hermione com ligeiro erguer de sobrancelha e um sorriso que poderia ser considerado divertido - se ele não fosse um goblin, isto é - Crookfang colocou duas pequenas caixas a sua frente, cada uma delas continha um anel. Crookfang empurrou primeiro a caixa com o brasão que Harry veio a saber ser dos Potter.

Respirando fundo o moreno analisou o anel antes de postá-lo no dedo, emitindo um ruído de surpresa quando o anel se ajustou imediatamente. Quando Harry ia fazer o mesmo com o anel dos Blacks, o goblin o impediu.

-Não faria isso se fosse você. Assim que pôr o anel, passará a ser o Lorde Black, com todas as responsabilidades vigentes. O que nos traz à pendência em sua conta...

O que os levava – exatamente após receber os anéis de Lorde das duas famílias – ao terrível problema: aparentemente Walburga Black – e Harry esperava que sua alma estivesse queimando no inferno – fizera um último golpe antes de morrer: um contrato de casamento puro-sangue como presente de aniversário do futuro Lorde Black.

Ironicamente, a harpia acreditava que o futuro Lorde seria Draco Malfoy. Desde que confiara que seu marido havia banido Sirius da possibilidade de se tornar chefe da casa Black – Harry quase tinha vontade de aparecer em Grimmauld Place e lhe mostrar o anel que agora seria seu...

De toda forma, o importante era que Harry tinha um contrato de casamento mágico que iria ser ativado no momento em que Harry pusesse o anel Black e de acordo com o contrato, deveria casar quando completasse 18 anos.

Quando Hermione, franzindo o cenho, indagara por que aos 18 anos quando a maior idade no mundo bruxo é, de fato, 17. O Goblin respondeu, enfeitando o rosto com um sorriso sarcástico, que eles deveriam agradecer a Voldemort e por Harry ter desaparecido em pleno ar por quase um ano.

-A verdade é que seu contrato deveria ter sido ativado há um ano. Quando se tornou maior de idade e finalmente Lorde Potter e Black segundo as leis mágicas. No entanto, devido as circunstâncias (em principal por não termos lhe encontrado), o contrato obviamente foi temporariamente revogado – o goblin explicou. – De toda forma, a senhora Black estipulara que o contrato deveria ser cumprido no aniversário de seu herdeiro e quando este fosse maior. Você, senhor Potter, cumpre os requisitos como o fazia há um ano atrás. A única diferença é que finalmente podemos informá-lo – deu de ombros.

Harry encarava boquiaberto a criatura a sua frente, o Goblin o fitava de volta com indiferença. Como se não tivesse virado de cabeça para baixo a vida do jovem bruxo.

Deus do céu. Ele tinha que se casar em seu aniversário?, Harry levou as mãos à cabeça. Sentia como se estivesse hiperventilando. Aquilo não era justo! Que inferno! Sempre um desafio atrás do outro? Nunca um minuto de sossego! Já não havia feito sua cota de sacrifícios?! Agora perderia a liberdade de escolher uma esposa? De se apaixonar?

Sem se dar conta do ataque de pânico de seu amigo, Hermione fez um som de desdém com a boca. – E quem Walburga Black acreditava ser o exemplo de esposa puro-sangue perfeita para seu herdeiro?

Isto chamou a atenção do moreno e ele ergueu a vista tão rápido que sentiu seu pescoço estalar.

Crookfang mexeu em alguns papeis a sua frente e pegou um em particular estendendo para Harry. O rapaz fitou o documento como se fosse um animal selvagem, mas sob uma cutucada de Hermione finalmente pegou o pergaminho. Ele encarou o documento sem realmente enxergar e Hermione se inclinou ao seu lado para ler.

-PANSY PARKINSON?! – Hermione praticamente havia saltado sobre Harry, tomando o pergaminho das mãos do amigo. Seus olhos correndo por todo contrato, sua expressão ficando mais sombria e irada a cada linha. – Não vai acontecer – disse finalmente com uma voz fria e dura, colocando o pergaminho na mesa com uma pancada. - Aquela... – respirou fundo tentando se acalmar sem sucesso. – Aquela maldita vadia ignorante queria entregá-lo a Voldemort!

A morena se voltou para o goblin com os olhos brilhando em ódio. – Você o fez não colocar o anel, eu suponho que tenha uma alternativa para esse disparate? – Apesar de ser uma pergunta, seu tom era exigente.

-A única solução seria outro contrato. Mas eu suponho que tenha observado que a senhora Black tomou providências para não ter seu presente anulado.

Hermione estreitou a vista, ponderando. Oh, aquele não era o fim.

Enquanto Harry ainda estava perdido em mais uma leva de auto piedade e resignação, o cérebro de Hermione estava dando voltas e voltas. Seus olhos presos à mesa, encarando o contrato sem realmente enxergar.

Outro contrato. Como? Quer dizer, mesmo sem ter lido detidamente o pergaminho a sua frente, sabia que a senhora Black tomara providencias para que aquele acordo não fosse anulado. Crookfang mesmo a alertara. Era provavelmente hermeticamente fechado! A morena bufou irritada; um novo contrato na linha Black era impossível!

Espere.

Ela ergueu a vista para o goblin. – E se Harry fosse casado? Digamos no momento em que ele puser o anel de senhor da casa Black? Obviamente o contrato seria anulado, certo?

-Hermione, por Merlin, meu aniversário é em apenas três semanas! Como eu poderia-

-Shush! – ela o silenciou, ainda encarando Crookfang; este assentiu lentamente. Hermione abriu um sorriso esquisito que fez Harry trocar um olhar preocupado com o Goblin. – Ótimo, tudo que precisamos é de um novo contrato!

-Hermione... – Harry falou devagar. – Pelo que Crookfang disse, não há possibilidade de outro contrato. A bendita senhora Black praticamente selou essa porcaria!

Hermione virou os olhos e se moveu para encará-lo e em um tom condescendente, falou:

-Acontece que você não é apenas um Black, não é mesmo Harry? Primeiro e principalmente você é o único herdeiro da casa Potter.

– Muito bem. Muito bem! - Crookfang riu deliciado.

Harry arregalou os olhos. – Oh Deus – ele abriu um sorriso, mas este sumiu rapidamente de seu rosto. – Mas eu não-

Hermione ergueu as mãos, impedindo-o de prosseguir. – Crookfang, pode nos dar alguns minutos. A sós? - Não iria correr o risco de ninguém além deles saber daquele plano. Ainda mais divertido, o goblin assentiu e com um aceno saiu da sala. Sem perder tempo, a morena se voltou para o amigo. - Ok. Agora você me escute. Sua única chance de escapar dessa armadilha é estando casado. Sob a linha dos Potter. Sinto muito. Isso é uma droga. Mas ainda é melhor do que estar casado com a Parkinson – ela praticamente cuspiu o nome. – Deus sabe que ela provavelmente tentará assassiná-lo na noite de núpcias.

Por conta da montanha russa de emoções Harry estava irritadiço, mesquinho e pra lá de irônico. - Não sei se reparou, Mione, mas eu sequer tenho uma namorada! – retrucou sarcasticamente.

A morena virou os olhos. – Honestamente Harry! Isso não é relevante! – Harry lhe ofereceu um olhar. - O que importa é que esteja casado – o moreno continuou a fitando e Hermione quase o estapeou. – Não precisa ser um casamento real, seu idiota! Tudo que precisamos é de um contrato e um "casamento" e voilà, temos o pacto Black-Parkinson anulado e você está livre.

-Parece simples – Harry falou por fim, lentamente.

Hermione sorriu presunçosa.


N/a: Mais um pequeno projeto. Tenha medo.