Pintura

Pintura

Aula de Artes na Wammy's House

-Isto é completamente imbecil... – resmunga Mello

-Ah, todos estão se divertindo, inclusive eu.

-Matt,eu não sou como os normais.Você pode ver que o Sr.Brancura ali não está se divertindo.

-E quando o Near se diverte? –Jeevas fala de olhos fechados.

As cores estão dispostas sobre a mesa, boa parte dos alunos se encontram no mesmo estado que o Matt,exatamente como a professora mandou. Ele não. Não parece se interessar. Como sempre, é perfeito demais para se misturar com os outros.

-Está com medo de fechar os olhos, Mihael? Tá com medo do que deseja?

-Cala a Boca, Matt! Só me passa a porra do pincel!

Começo o meu trabalho, desenhar o que se passa na minha mente. Como deu para notar, de olhos fechados. Escolho uma cor aleatoriamente, quando o pincel começa a fluir sobre a tela entendo o que o Matt quer dizer: é libertador. De certa forma. Abro os olhos para limpar o pincel e escolher outra cor. Não olho para a tela. Só quero ver quando estiver pronto. Escolho outra cor, agora faço pinceladas mais espaçadas. Algumas linhas curvas e troco a cor novamente. Agora linhas retas com curvas dispostas sem nenhum sentido. Repito o procedimento centenas de vezes.

Não sei quanto tempo se passa até que Matt me cutuca. Não há mais quase ninguém na sala. Curiosamente, quem passa por mim, olha para a tela e arrisca uma pequena risadinha. Quando volto a prestar atenção no Matt, me deparo com um sorriso enorme em seu rosto.

-O que você pintou?-pergunto

-Um Gameboy. –o olho feio. Não entendo como um jogo pode ser tão importante - Garanto que faz mais sentido do que o seu. –ele diz e saí da sala

Ao ouvir mais algumas risadas baixas, começo a acreditar que pintei algo estranho. Cautelosamente, começo a me virar para a tela.

O quebra-cabeça incompleto na tela certamente já era por si só um problema, contudo eu até podia lidar com isto. Agora o fato de eu ter desenhado o Near era um problema um tanto sério. E comigo ao lado dele. É bem mais difícil de explicar.

Permaneço paralisado, eu sabia que esta aula era idiota! Jogo a tela no chão, isto certamente é falta de chocolate!

Ao me levantar para ir até a dispensa, uma pequena mão puxa a minha camisa. Busco esconder a pintura com meus próprios pés, mesmo sabendo que a tela caiu ao contrário.

-O que você quer?-falo quase gritando.

-Para você!-e me entrega sua pintura e se vai.

Em sua pintura, dois meninos. Um loiro e um tão alvo, tão alvo que brilha. E os dois juntos montando um quebra-cabeças.