Obviamente todos os direitos pertencem a George Lucas.
Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante.
Anakin Skywalker acaba de descobrir que seu amigo e mentor, o supremo Chanceler Palpatine, era na verdade o Lorde Sith que o Conselho Jedi buscava. Avisado pelo jovem, Mestre Windu e mais três Jedi partem para o Senado com o objetivo de deter o Chanceler, deixando Anakin no templo.
Tentado pelo lado negro da Força, Skywalker acredita que sua esposa, a Senadora Padmé Amidala de Naboo, morrerá durante o parto de seu filho e que somente os conhecimentos do lado negro podem salvá-la. Dividido pelo seu dever a Ordem e seu desejo se salvá-la, Anakin acaba decidindo por ir atrás do Chanceler.
Já acreditando como certo o domínio sobre Anakin, Palpatine e o lado negro haviam desconsiderado um detalhe em seus planos de dominação da galáxia. Shannon Skywalker, a irmã gêmea de Anakin.
Shannon voltava de uma missão em Kashyyyk, o planeta Wookiee para o qual havia viajado junto com Mestre Yoda, abordo de um cruzador Jedi com o batalhão clone que lhe acompanhava em batalha, quando sentiu um distúrbio na Força. Na verdade, Yoda havia mandado que ela retornasse antes do esperado por ambos pressentirem que algo ameaçava os Jedi em Coruscant, mas nunca as premonições da moça haviam lhe causado tanta dor, a ponto de fazê-la desmaiar, como a daquele momento.
Em sua inconsciência forçada, Shannon pode ver um futuro onde os Jedi não mais existiam e a galáxia era controlada pelo Império. Podia ver no que seu irmão se transformaria, um ser mais máquina do que homem, e o destino que aguardavam seus amigos. Podia sentir toda a dor, sofrimento e medo daquele sombrio futuro.
Quando por fim despertou, ela se viu cercada por vários clones preocupados, inclusive o comandante Rex, um grande amigo (talvez um pouco mais do que isso se ela fosse ser sincera sobre seus sentimentos) e companheiro de muitas batalhas ao longo das Guerras Clônicas.
- Temos que chegar ao Senado depressa! – Ela gritou a ordem se colocando de pé com dificuldade. Shannon sabia que para sonhar em impedir esse futuro de se tornar realidade, ela não podia perder tempo.
Os clones, embora ainda confusos sobre o que havia acontecido com a sua General, não demoraram a obedecê-la. Rex, entretanto, a segurou pelo braço antes que ela pudesse ir para a ponte de comando.
- O que está acontecendo Shannon? Primeiro você desmaia e agora essa ordem?
- Eu tive uma visão, Rex. – Ela explicou hesitante, principalmente por também ter visto o que aconteceria com os clones. – Anakin está em perigo.
Ela não precisou completar que o restante da galáxia também estava, Rex já saira gritando ordens para que os clones andassem mais rápido com os preparativos e de tempos em tempos lançava um olhar preocupado na direção dela. Ela não precisava se aprofundar porque ele sabia, assim como o restante dos clones do esquadrão dele, o quão profunda era a ligação entre os gêmeos Skywalker.
Entretanto o rosto de Shannon era uma máscara sem emoções, anos de treinamento Jedi a haviam ensinado como fazer isso, mesmo que por dentro a preocupação com o irmão e a galáxia a consumissem como um lento veneno. Por sorte, em poucos minutos eles haviam saído do hiperespaço e pousado na plataforma do Senado.
- Shannon, espere por nós! – Rex gritou vendo a moça começar a correr para fora da nave.
Ela se obrigou a parar e virou para o comandante clone, deixando que ele, pela primeira vez, visse as emoções estampadas nos grandes olhos azuis da Jedi.
- Eu preciso fazer isso sozinha.
- Mas...
- Rex, eu sei que é difícil, mas preciso que confie em mim. – Ela o cortou, sabendo que não podia arriscar ter os clones se voltando contra ela no momento crucial. – Contate Yoda e diga que ele precisa proteger os Jedi imediatamente. Espero que tais medidas não sejam necessárias, mas não posso arriscar que tudo seja perdido.
- Espero vê-la de novo, General. – Ele falou, por fim se rendendo, afinal ele não podia desobedecer uma ordem direta dela.
- Também espero poder revê-los, Comandante. – Ela respondeu forçando um pequeno sorriso, antes de voltar a correr.
Em pouquíssimo tempo nenhum dos clones era capaz de vê-la, mesmo que seus cabelos ruivos sempre a tornassem um alvo fácil de localizar.
- Vocês ouviram a General! – Rex gritou ao se dar conta de que eles continuavam parados na plataforma. – Temos ordens a cumprir, homens.
Shannon, obviamente, já não ouvia mais a movimentação dos clones. Sua mente estava muito distante, suas pernas, ajudadas pele Força, faziam com que corresse como nunca antes em sua vida e seu coração se apertava a cada passo. Um lembrete de que no momento o tempo era seu maior inimigo.
Quando chegou a porta do gabinete do Chanceler, ela chegou a hesitar com medo de que fosse tarde demais, porém se obrigou a eliminar todas as dúvidas de sua mente e adentrou na sala.
Shannon chegou a registrar brevemente os três Jedi mortos perto da porta, mas era nas outras três figuras que seus olhos estavam focados. Anakin segurava o sabre de luz com força na direção da janela e dos outros dois, mesmo de longe sendo possível para ela ver a confusão nos olhos azuis do irmão; Mace Windu estava sobre o peitoril da janela apontando seu próprio sabre para o Chanceler Palpatine, que parecia ter envelhecido centenas de anos desde a última vez que Shannon o vira.
- Você não pode deixar que me matem. Sou a única pessoa que pode salvar sua esposa. – Ele pediu para Anakin, que segurou com ainda mais força a empunhadura do sabre. – Junte-se a mim e ela jamais morrerá.
- Anakin, não de ouvidos a ele. – Mace gritou para o jovem Jedi, já tendo percebido que o lado negro ameaçava se apoderar de Skywalker.
- Anakin, Padmé vai morrer se você confiar em Palpatine! – Shannon gritou, saindo de seu choque inicial e fazendo três pares de olhos se voltarem surpresos em sua direção.
- Shannon?
- Skywalker? – Mace perguntou ao mesmo tempo que Anakin, ambos sendo seguidos por Palpatine:
- Você?
- Francamente, vocês não têm nenhuma pergunta melhor não? – Ela perguntou, escondendo por trás do sarcasmo suas verdadeiras emoções. – Por acaso eu seria alguma aparição da Força?
- O que você está fazendo aqui? – Anakin foi o primeiro a perguntar, momentaneamente se esquecendo de Mace e Palpatine.
- Vim impedir você de cometer o maior erro da sua vida. – Ela respondeu retirando uma mecha de cabelo ruivo da frente do rosto.
Amigos e inimigos a encaram em choque, nem um dos três realmente entendendo o que ela estava fazendo ali ou como aparecera tão rapidamente no planeta capital.
- Ela mente! – Palpatine gritou percebendo que podia perder o controle que tinha sobre Anakin se não agisse logo. – Perderá tudo se acreditar nessa criança.
- Eu minto? – Shannon gritou. – Não fui eu que menti para ele durante todos esses anos, escondendo ser um Lorde Sith. Não fui eu que revelei os segredos dele ao mundo. NÃO SOU EU QUE VOU DESTRUÍ-LO! Você pode até achar que eu não passo de uma criança, mas vou proteger a minha família, custe o que custar.
- Shannon, o que raios está acontecendo aqui? – Mace perguntou em uma tentativa de entender o que de fato estava acontecendo. Ele fora até ali para acabar com um Sith, mas agora sentia que havia muito mais por trás disso.
- Eu preciso que você confie em mim, Mestre Windu. Eu sei o que estou fazendo. – Ela pediu sem desviar os olhos de Palpatine.
Ele concordou com a cabeça, afinal já a havia visto em ação vezes o bastante para aprender a confiar em seu julgamento, mesmo que não pudesse dizer a mesma coisa sobre o irmão dela. Obviamente, ele não deixou de pressionar Palpatine como o sabre, mas decidiu que podia não matar o Chanceler imediatamente, como desejava.
- Ela não acredita em você Anakin. Não vê que ela só quer que você perca tudo que ama? – Palpatine argumento, ignorando o sabre de luz de Mace. – Você já perdeu sua mãe por causa dela, se lembra?
- Sua víbora. – Ela murmurou percebendo que Palpatine estava tentando virar o irmão contra ela ao relembrar que Shannon não acreditara nos sonhos de Anakin sobre a mãe deles estar sofrendo como uma verdade. – Anakin, eu posso provar o que digo.
- Apenas mais mentiras.
Ignorando a provocação dele, ela se sentou no chão e começou a murmurar um cântico em uma língua antiga. Palpatine percebia que ela estava vulnerável e que precisava acabar com ela de uma vez se quisesse concretizar seus planos, ele podia cuidar de Mace Windu com facilidade, estava apenas brincando com o Jedi ao fazê-lo acreditar que havia ganho, mas Shannon ainda tinha uma influência grande demais em seu novo aprendiz para que ele corresse riscos.
Foi quando ele viu a luz branca que Shannon irradiava. Um sinal que fez o maligno Lorde Sith pela primeira vez considerar que ele não era invencível.
Ele tinha razão em teme-la.
Como Shannon sempre tivera uma mente forte demais para ser iludida por suas promessas de amizade, ao contrário do irmão, Palpatine não havia se dado ao trabalho de observá-la como fizera com Anakin. Afinal só existiam dois Sith, um mestre e um aprendiz, ele não precisava de Shannon se já tivesse Anakin. Se houvesse observado, talvez tivesse percebido a razão pela qual ela havia resistido e não estaria sendo surpreendido pelo verdadeiro potencial da moça tantos anos depois.
Shannon possuía desde pequena uma habilidade que os Jedi chamavam de Aura Pura. Pessoas como ela eram tão inconscientemente boas, ao ponto de naturalmente esquecerem de si próprios para proteger os outros, e possuíam uma conexão tão intima com a Força que não podiam ser atingidas pelos poderes do lado negro a não ser que se colocassem diante deles voluntariamente.
Yoda suspeitara do potencial da menina no dia em que Qui-Gon trouxera os gêmeos para o templo, mesmo que por temer separar os irmãos também houvesse inicialmente recusado o treinamento dela como Jedi, entretanto, suas suspeitas foram confirmadas quando os raios de Conde Dookan não foram capazes de feri-la durante o confronto na Batalha de Geonosis. Desde então, o grande Mestre Jedi vinha treinando Shannon em segredo, para que suas habilidades não a tornassem um alvo, a cada vez que ela retornava ao Templo.
Entretanto, tal habilidade é extremamente rara e não passa de uma lenda para a maioria das pessoas, a própria Shannon havia sido a primeira pessoa em milênios ao nascer como uma aura pura.
- Não é possível! – Palpatine gritou, o ódio e espanto claros em sua voz, conforme a verdade sobre ela lhe atingia.
Continuando a ignorá-lo, ela prosseguiu com o cântico enquanto uma esfera de luz começava a ser formar a sua frente.
- Vejam o que vi, sintam o que senti. – Ela falou retornando ao idioma convencional da galáxia.
Isso fez com que as imagens de sua última visão começassem a passar na esfera, como se fossem um filme. Toda a destruição que Shannon vira em sua mente, estava agora na frente dos outros três. Não que ela tenha revelado tudo, porque algumas partes eram dolorosas demais para serem revividas, mas era o bastante para que eles compreendessem. Obviamente, mesmo o conteúdo que escolhera revelar lhe feria profundamente, mas ela não permitiu que nenhuma lágrima escorresse por seu rosto, a Republica era mais importante que os seus sentimentos pessoais.
Ao final das imagens, a esfera desapareceu, mas ela não se sentia capaz de encarar o irmão e o horror que ele próprio sentia pelas coisas que fizera naquele futuro.
- Você vai mesmo acreditar nessa garota? – Palpatine questionou com uma risada seca e tanto Shannon quanto Mace tiveram que admirar a persistência dele em alcançar seus objetivos.
- Essa garota, Chanceler, é a minha irmã e ela nunca mentiria para mim. – Anakin a defendeu. A visão de Shannon o havia mostrado que o lado negro não era a resposta para seus problemas.
- Eu pensava que você era mais inteligente, Anakin. – Ele retrucou com desdém, se virando na direção de Mace.
- Não! – Os gêmeos gritaram ao mesmo tempo.
Ambos entenderam imediatamente qual era o próximo passo do Lorde Sith, mas Mace só compreendeu o aviso dos jovens segundos depois, quando os raios roxos já o estavam atingindo. Ele se deixara distrair pela visão de Shannon, a mesma que salvara Anakin, havia colocado o Mestre Jedi em perigo e a moço percebia isso.
Os dois Skywalker viram o mestre Jedi ser atingido e em meio a dor do ataque perder o equilíbrio. Sem parar para pensar, Shannon se jogou e conseguiu com dificuldade segurar Mace, pendurado para fora da janela.
- Você sabe que acabou de se expor ao meu ataque, não sabe? – Palpatine questionou com um sorriso. Se ele não podia ter um aprendiz, teria enorme prazer em acabar com todos naquela sala, sozinho.
- Eu não tenho medo de você. – Ela respondeu com um brilho determinado nos olhos azuis enquanto tentava juntar suas forças para puxar Mace de volta para a "segurança" da sala.
- Deveria. – Ele falou sombriamente fazendo com que seus raios roxos atingissem Shannon.
Nunca antes ela sentira uma dor tão intensa quanto a que experimentava no momento, mas não gritou ou sequer falou. Ela podia até morrer, mas não daria a Palpatine o deleite de vê-la sofrendo, Shannon tinha muito do mesmo orgulho e teimosia de Anakin.
Ela sentiu sua visão escurecer aos poucos e sabia que era uma questão de tempo até o seu corpo não resistir mais, mas se recusou a soltar a mão de Mace. Então tudo parou.
"Será que mamãe se sentiu assim quando morreu?" Ela pensou deprimida enquanto sentia o aperto em sua mão desaparecer. "Parece que outra pessoa vai ter que cuidar do Ani."
Ironicamente, ela não chamava o irmão pelo apelido de infância desde a morte da mãe, quando num rompante de raiva Anakin havia chacinado os membros do Povo da Areia e a deixado inconsciente quando tentara impedi-lo. Mas, tal como naquele dia, ela havia aceito a ideia da morte.
Só que em meio ao vazio, começou a reconhecer uma voz que estivera ao seu lado por toda a sua vida:
- Shannon! – A voz chamou novamente com urgência e, para o alívio do dono dela, os olhos azuis da moça começaram a se abrir.
- Anakin? – Ela perguntou assim que conseguiu identificar que estava deitada com a cabeça no colo do irmão. – O que aconteceu?
- Eu matei Palpatine para poder salvar você e o Mestre Windu, depois o puxei para dentro, você por pouco não deixou que ele caísse. – Anakin explicou apontando para o ex-Chanceler que tinha um buraco feito pelo sabre de luz no peito. – Ele podia ter matado você Shannon! Será que não sabe a hora de recuar?
- Você me ensinou a não recuar. – Ela retrucou ainda com a voz fraca, mas apesar da provocação Anakin estava feliz demais para se zangar com ela.
- Bom trabalho, Skywalker. – Mace falou para os gêmeos enquanto se levantava com dificuldade. Ele também ficara mal após atingido pelo ataque de Palpatine, mas sabia que precisara suportar uma carga menor do que a dela. – Eu preciso contatar o Mestre Yoda.
- Ele já deve estar a caminho. – Shannon explicou. – Eu pedi para que o meu esquadrão clone o avisasse da situação antes de vir para cá.
- Descansem. – Mace avisou fazendo com a cabeça que entendera e começando a sair da sala, mesmo que andasse a passos lentos. – Vocês já fizeram o bastante por um dia, principalmente você, Shannon. Mas teremos muito o que conversar no Conselho mais tarde.
Shannon e Anakin se entreolharam, ambos sabiam que no meio de toda aquela confusão Mace acabara descobrindo sobre Padmé. Não que o Conselho já não suspeitasse de alguma coisa, mas sem a possibilidade de falar cifrado se quisesse salvar o irmão, era lógico que a suspeita se confirmara.
- Me desculpe, eu não queria que descobrissem sobre vocês.
- Você fez o que tinha que fazer para proteger a nossa família. Eu entendo e sei que Padmé vai entender também quando descobrir que você me impediu de transformar a galáxia em uma ditadura. – Ele a assegurou enquanto acariciava seus cabelos ruivos para acalmá-la. Pela primeira vez na vida era Anakin que estava cuidando de Shannon e não o contrário. – O que importa é que nós dois estamos vivos. Por um momento eu realmente achei que perderia você, Shan.
- Nós estamos juntos Ani, sempre estivemos e sempre vamos estar. – Ela respondeu. As lágrimas escorrendo pelo rosto de ambos.
Embora houvessem crescido juntos, mesmo quando foram salvos de Tatooine por Qui-Gon para se tornarem Jedi, e durante muito tempo houvessem sido confidentes, tanto que Shannon fora única testemunha humana do casamento dele, eles haviam se distanciado nos últimos anos. A agressividade que Anakin possuía quando em frente ao medo da perda, assim como os estratagemas do Chanceler, haviam feito que ele desconfiasse dos Jedi e consequentemente de Shannon. Ele já não confiava nela como antigamente e se ressentia pelo reconhecimento que a irmã possuía em meio aos Jedi.
Mas ali, abraçados no chão, eles não eram mais os grandes Cavaleiros Jedi Anakin e Shannon Skywalker. Não eram o herói sem medo e o equilíbrio. O escolhido e a Força pura que deveria guia-lo pelos caminhos da profecia.
Eles eram, pela primeira vez em muitos anos, apenas os irmãos gêmeos Ani e Shan, da mesma forma como quando eram crianças escravas em Tatooine e só tinha um ao outro. As preocupações com o futuro já não mais importava. Eles estavam vivos e juntos novamente, isso era o bastante para ambos.
Espero que tenham gostado do capítulo e da Shannon. E só avisando, eu completamente inventei a história sobre aura puras, então não é algo que tenha sido tirado dos filmes ou do universo expandido.
