Amores trocados

Um garoto de apenas 6 anos e cabelos lavandas, corria em direção ao bosque que circundava o Santuário, para se esconder. Procurou uma arvore a qual pudesse subir, encontrou uma bem larga, de troncos espessos. Subiu nela, deitando-se em seu tronco principal, olhando em direção ao Santuário um pouco ofegante.

Em uma grande pedra, próxima à arena de batalhas estava outro garoto da mesma idade e cabelos da cor do sol. Ele estava debruçado sobre ela, com o rosto escondido entre os braços, contando em voz alta. – ...8, 9 e 10. Pronto ou não, lá vou eu! – O loirinho olhou para os lados, procurando, não sabia por onde começa a procurar. Não conseguia sentir o cosmo de Mu, seus treinamentos haviam acabado de começar, portanto seus poderes de percepção ainda eram pequenos. Somente com muita concentração conseguiria identificar o cosmo do outro. Mas nem pensou em se concentrar, eles estavam brincando e ele não queria estragar a brincadeira.

O garoto foi em direção ao bosque, sabia que o amigo deveria estar ali. Era o único lugar onde ninguém os incomodariam. Ele olhava por todos os lados, procurava entre os arbustos e arvores.

Enquanto isso, o garoto de cabelos violetas ria-se ao ver seu amigo se aproximar de sua arvore sem percebê-lo.

O loiro já começava a ficar nervoso, pensou em se concentrar para sentir o cosmo do outro, mas achou injusto, então continuou procurando.

O garoto que estava em cima da arvore seguia o outro com os olhos. Via ele entrar por entre os arbustos, saindo irritado por não tê-lo encontrado. Viu ele passar por baixo de si. Neste momento prendeu a respiração e controlou sua imensa vontade de rir. O loirinho passou por ela sem percebê-lo e adentrava mais ao bosque. Sorriu satisfeito ao vê-lo passar. Quando o outro tomou uma distancia razoável, desceu da arvore e gritou. – SHAKA, EU VOU GANHAR! – Mu correu em direção a pedra onde o loiro contara para se picar.

Shaka ao ouvir o outro gritar virou-se rapidamente e correu em sua direção. Eles corriam em direção à pedra, mas Mu estava bem a frente de Shaka. Na ânsia de correr mais rápido Shaka tropeça em um galho seco e cai no chão, chamando a atenção do ariano que parou no mesmo instante e voltou para socorrer o amigo.

Quando Mu chegou até Shaka, este já estava se levantando e sentando no chão olhando para o seu joelho que doía. Áries sentou-se ao seu lado vendo o machucado sangrando no joelho do amigo. Segurou as mão do loirinho e viu que também estavam machucadas.

Vem, vamos lavar isto! – O ariano ajuda o outro a se levantar e o leva à um riacho que tinha ali perto. Shaka sentou perto da margem enquanto Mu pegava um pouco de água com suas mãos e passava em seu joelho para limpá-lo. Quando achou que estava bem limpo, pegou as mãos de Shaka e as mergulhou no riacho, esfregando com suavidade suas mãos nas dele.

O loirinho não esboçava nenhum movimento próprio, somente deixava ser cuidado pelo ariano. Sentia um frio na barriga, do contato com o amigo, gostava da sensação de ser cuidado por ele. Por um momento até pensou que deveria ter caído mais vezes, para poder ser tratado assim.

Quando terminou de lavar bem as mãos de Shaka, Mu olhou para ele preocupado. – Ta doendo? – Shaka negou com a cabeça. – Tem certeza?

Shaka faz cara de manha. – Só um pouquinho.

Áries ficou olhando bem naqueles olhos azuis, que também o encarava. Neste momento, sentiu uma dor no peito muito grande. Vários pensamentos passaram por sua cabeça. Como um ser tão lindo quanto aquele podia se machucar. Como ele podia ter deixado o outro se machucar. Não deveria ter ido até o bosque, não deveria ter corrido. E acima de tudo, não deveria ter deixado o loirinho correr. Pensou que nunca mais o deixaria correr.

- Sinto muito Shaka, a culpa foi minha. – Mu abaixou a cabeça, sentia-se realmente culpado.

Shaka olhou-o por alguns instantes e sorriu: - Deixa de ser tonto Mu! Como a culpa pode ser sua se eu tropecei com as minhas pernas e não com as suas?

Áries continuava com a cabeça baixa e estava preste a chorar. – Eu não devia ter corrido de você!

- Besta! Mesmo que se você tivesse ido andando eu teria corrido para chegar primeiro e cairia do mesmo jeito. Como você é pretensioso! Acha que tudo o que acontece no mundo é por sua causa? – Shaka encheu as mãos com água e jogou sobre o ariano fazendo com que ele levantasse a cabeça. – SHAKA! – Aproveitando a falta de defesa do amigo, o virginiano começou com o pé mesmo a jogar água no ariano. Mu começou a revidar da mesma forma, dando inicio a uma deliciosa guerra.

Depois de um tempo quando ambos estavam inteirinhos molhados e cansados se deram uma trégua e Shaka deitou-se no gramado olhando para o céu. Mu fez o mesmo e eles ficaram algum tempo assim, até que Shaka quebra o silêncio. – Mu, eu gosto muito de você! – O ariano olhou para o amigo deitado ao seu lado, que continuava a olhar para o céu. – Shaka, eu também gosto muito de você!

Shaka agora olhava para o amigo bem nos olhos. Ficaram alguns instantes assim, o que deixou Mu muito nervoso.

Shaka pensava em várias coisas que o incomodavam e que queria falar para o amigo e achou que agora seria a hora. – Mu, quando digo que gosto muito de você é por que, gosto de você mais que de qualquer outra pessoa. Você é meu melhor amigo! Eu também sou seu melhor amigo?

Mu estava surpreso com a pergunta de Shaka, ele sabia que era seu melhor amigo, sempre estavam juntos. – Sim, você é meu melhor amigo.

Shaka não estava muito satisfeito com a resposta – Mas você gosta de mim mais do que de qualquer outro?

Áries não entendia muito bem o que Shaka queria, afinal ele sempre demonstrou o quanto gostava do amigo e que claro, não haveria alguém que ele gostasse mais. - Shaka, eu gosto de você mais que de qualquer pessoa.

Shaka sentou-se diante de Mu, que permaneceu deitado e apoiando-se numa de suas mãos para ficar mais perto do ariano. – Então me prometa que nunca vai gostar mais de alguém do que de mim!

Mu olhou o amigo praticamente sobre ele, seus cabelos dourados caindo próximo do seu rosto. Sentiu-se tão nervoso que quase não conseguiu responder. – E-eu prometo.

Shaka sorriu. Há muito tempo que queria que o amigo lhe prometesse isso. Sempre sentiu uma sensação de posse muito grande em relação ao ariano. Pensando nisso desmanchou seu sorriso e se aproximou mais ainda do amigo.

O tibetano ao ver o amigo se aproximar mais, ficou totalmente estático, achou que mesmo que caísse uma bomba em seu lado, não conseguiria se mover.

Shaka chegava cada vez mais perto do rosto de Mu. Seus olhos não deixava os dele em momento algum. Quando seus lábios se tocaram de leve, o ariano não resistiu ao toque e fechou os olhos. Shaka olhou satisfeito a entrega do amigo e também fechou os seus e aproximou-se mais do outro aumentando a pressão entre seus lábios. Foi somente um leve toque de seus lábios, mas ambos sentiram uma forte sensação. As suas cosmos energias haviam se fundido, encontrando-se, como ambos. Após alguns instantes que pareciam eternos para eles, Shaka levantou seu rosto e abriu os olhos juntamente com Mu.

Shaka virou-se olhando para o riacho. E foi ele mesmo que decidiu quebrar o silencio. – Vamos voltar, já é tarde!

Mu concordou e ambos voltavam para suas casas. No caminho não trocaram palavras embora muitas coisas queriam ser ditas. Se despediram na 1º casa, olhando-se intensamente, sabendo que a partir daquele dia tudo seria diferente.

Mais foi mais diferente do que imaginavam, pois nesta mesma noite, Shion interrompe o sono de seu aprendiz mandando que ele partisse às pressas levando a armadura de Áries consigo. Disse que não podia se despedir de ninguém e que fosse para Jamiel, onde ficaria isolado protegendo a armadura do mal que estava prestes a se apoderar do Santuário. Mu obedeceu as ordens de seu mestre, tinha muito medo do que poderia acontecer com Shaka, mas partiu, sabendo que isto poderia fazer com que ele perdesse a pessoa que mais amava no mundo.

Continua...

Beijos...

Pois é, como é de praxe vou alertando desde já que haverá muito sofrimento. (olhar máligno)