Não pode ser ela, não pode ser ela, não pode ser ela...
O xerife pensava com toda a força de seu ser enquanto fazia seu cavalo correr o mais rápido possível por sua cidade, querendo chegar o quanto antes na delegacia, porque não podia ser ela!
Saltou de Konohamaru e amarrou as rédeas de qualquer jeito.
Não pode ser ela, não pode ser ela, não pode ser ela...
Subiu os três degraus da varanda da delegacia tropeçando.
Não poder ser ela, não pode ser ela, não pode ser ela...
Abriu a porta violentamente.
Não pode ser...
Era ela.
Sakura-chan, a dançarina mais bacana do saloon. A garota com quem Naruto sonhava em se casar.
Ela estava sentada em uma cadeira, suas pernas amarradas nas pernas da frente e seus braços nas pernas de trás. Parecia ser uma posição extremamente desconfortável.
Mas ela não parecia estar desconfortável. Parecia estar dormindo. Sua expressão não tinha nenhuma preocupação. O que, provavelmente, era a causa da irritação de Sasuke, o melhor caçador de recompensas daquela parte do oeste e o melhor amigo do xerife.
Ali também estava Tsunade, a média barra curandeira barra legista barra faz de tudo relacionado a medicina e cura.
- Sakura-chan? – chamou-a em uma vozinha miudinha, recebendo uma careta de Sasuke, mas ela abriu seus olhos verde-água.
Nenhum remorso, nenhum medo neles.
A Naruto só restou perguntar uma coisa.
- Por quê?
Ela inclinou a cabeça, considerando a pergunta, seus olhos jamais deixando os azuis do loiro.
Por fim, deu de ombros.
- Era meu trabalho.
Naruto franziu o cenho e estreitou os olhos.
- Seu trabalho? – perguntou bem devagar, enunciando claramente cada sílaba, como que para ter certeza que não ouvira errado.
Ela pressionou os lábios em uma fina linha, decidida a fazer algo que não realmente queria, mas tinha de fazer.
- Meu nome é sim Haruno Sakura. Mas não sou realmente uma dançarina de cancan. Sou uma agente a serviço de Sua Majestade, o Rei Kurama I. – soltou seu braço esquerdo das amarras, pegou um cartão no bolso de seu colete e esticou-o para o jovem xerife. – M-san me recrutou um tempo atrás, ele pode confirmar tudo.
Estarrecido, o loiro pegou o cartão e olhou boquiaberto Sakura enfiar seu braço de volta nas amarras. Engoliu em seco pensando na cratera que esta simples ação fizera no ego do Uchiha a sua direita.
Ele leu o cartão.
Morino Ibiki
Inteligência Militar, subsolo
Capital do Fogo do Reino Unido
Engoliu novamente em seco. A temida Inteligência Militar do Fogo. Era por causa dela que o antigo País do Fogo se tornara um Reino Unido. Incontáveis países anexados ao longo dos séculos a vontade absoluta de um único governante. O único lugar do mundo que ainda era uma monarquia absolutista.
Olhou novamente para Sakura.
Uma das agentes da Vontade de Fogo do Rei Raposa. Uma garota de cabelo rosa que dançava excepcionalmente bem.
Ele supunha que este era o motivo de tanto sucesso, ninguém jamais desconfiaria de uma garota de cabelo rosa, quanto mais no fim do mundo do oeste, onde a proporção de homens para mulheres era de sete para um, em regiões com muitas mulheres.
Saiu de seu devaneio com um pigarreio de Tsunade e pressionou os lábios em uma fina linha, decidido a fazer seu dever, mesmo que não gostasse de fazê-lo nestas circunstâncias.
- Por que ele era o seu trabalho?
Ela desviou os olhos para a mesa a sua direita, onde o corpo jazia sob um lençol atrás da médica.
- Orochimaru descendia de um ramo bastardo de uma dinastia passada. Era seu desejo sentar-se no trono.
- E...?
- Não foi a primeira vez que esta linhagem tentou algo. Mas foi a primeira vez que conseguiram matar membros da família real. – ela voltou seu olhar para o xerife, sua mandíbula se contraía, aparentemente sem ser sob seu comando. – Ele matou quatorze príncipes. Todos os descendentes masculinos de Sua Majestade. Os quatro filhos e os dez netos.
- Mandaram você atrás dele. – concluiu Naruto. Ela assentiu com um movimento rápido.
- Por quê? – perguntou Sasuke com os olhos vermelhos estreitados.
Ela deu um sorriso de canto para o moreno.
Naruto gemeu, daquela expressão pretensiosa não viria nada de bom.
- Porque eu sou a melhor. Eu sou Lady Haruno Sakura, 25ª Duquesa de Konoha. Eu fui criada para este trabalho.
Naruto franziu novamente o cenho, 'criada para este trabalho'? Jovens nobres não eram criados para os luxos da corte e posições políticas seguras dentro de muralhas e paredes reforçadas?
Sakura sentiu a confusão de todos e elaborou.
- Quem conquistou o País do Fogo foi minha família. Quando um império ainda mais antigo ruiu, o imperador deixou seu herdeiro aos cuidados de sua Guarda de Elite, formada exclusivamente por Amazonas. Elas o surrupiaram para longe do império caído e construíram um novo para o bebê. Com o tempo, à líder da Guarda foi dado título de Baronesa. Eu sou a 87ª Baronesa do primeiro baronato do País do Fogo. Mais tempo se passou e outros títulos foram inventados, o primeiro sempre indo para a líder da Guarda. Até que um dia surgiu a Inteligência Militar e a Guarda se tornou um clã, o único a prover agentes para a Inteligência.
- E isto continua até hoje.
- Não. Isto foi até aquele homem matar os primeiros quatorze herdeiros de Sua Majestade. – desviou o olhar para a parede. Naruto sabia que se dependesse da intensidade do olhar, a parede estaria pegando fogo. – Minha mãe era a 24ª Duquesa. Um filho cadete se apaixonou por ela, ele era o quarto e último. Seu irmão mais velho já tinha dois filhos e a esposa estava grávida do terceiro, o segundo irmão mais velho já tinha um filho e o terceiro, acabara de se casar. Ninguém jamais achou que qualquer descendente dele ascenderia ao trono.
Os olhos de Naruto se arregalaram. Ela não queria dizer que...
- E a única filha dele realmente jamais teria chances de ascender ao trono, sendo a décima quinta na linhagem de sucessão. A menos que os quatorze em sua frente morressem. – Voltou seus olhos verde-água para os azuis-céu de Naruto e ele engoliu novamente em seco.
- Sakura-chan?
Ela balançou a cabeça e deu um sorriso triste.
Olhou novamente para o corpo sob o lençol.
- Graças a ele, agora é Sua Alteza, Sakura, Princesa de Cha.