Capítulo I
O Julgamento de Kai Hiwatari
Não se passara mais de dois dias, após aquele vil acto. Na minha memória, ficará gravado para todo o sempre o momento em que Kai tirara a vida àquele homem. Àquele homem que amava; que me havia satisfeito por uma noite. A sua morte abalara-me, contudo, a pena que sentia pelo Kai era maior. Afinal, ele tinha-o morto porque me amava. Fê-lo num acto de loucura, cegueira, ciúme. E eu iria testemunhar a seu favor!
- O julgamento de Kai Hiwatari vai começar. Peço à primeira testemunha que entre. Dead Lady!
As grandes portas de carvalho abriram-se de par em par, para dar passagem a uma rapariga. Era uma rapariga alta. Os seus longos cabelos castanhos ondulavam à medida que andava, enquanto os seus olhos castanhos-claros brilhavam com a luz que entrava pelas altas janelas da sala do tribunal.
- Pelo que sei, tem algo a dizer em relação a este caso. - começou a juíza.
- Então, pois claro que tenho! - Olhou para o Kai, com os olhos a brilharam. - Coitadinho do Kai... Eu não conhecia esse Dalipah, mas com certeza que o Kai não teve culpa nenhuma, ora! É uma rapaz tão calmo, giro, jeitoso, encantador, maravilhoso, estu-
- Já percebemos...
- Er... Como estava a dizer, Sr.ª Dr.ª Juíza, o Kai não teve culpa! Não se vê logo naquela carinha de anjo que ele era incapaz de fazer mal a um sapo?
- Não devia ser a uma mosca? - perguntou a Juíza, confusa.
- Não, não. Uma mosca ele era capaz de matar, sabe, ele não se dá muito bem com aqueles que são menores que ele... Quer dizer! Não me interprete mal, afinal as moscas são muito irritantes, transportam doenças, cheiram mal quando não tomam banho e, além disso-
- Se não tem mais nada a dizer, sugiro que passemos à próxima testemunha. - disse a Juíza, entediada.
- Não, não! Tenho ainda uma coisa importante para dizer! - A Juíza e o Kai olharam-na com atenção. - Er... Antes de ele ser preso, será que posso passar uma noite com ele?
- RUA!
- Eh, que mau humor... Era só uma sugestão...
- A única mulher com quem ele vai passar uma noite, no resto da vida dele, sou eu!
Dead Lady olhou para a Juíza com mais atenção.
- Espera lá... Se tirarmos essa maquilhagem e a peruca... - Dead Lady levou uma mão ao coração. - Não pode ser... Yukix!
A Juíza arrancou a peruca, limpou a maquilhagem com um lenço e...
- Olá, Dead!
- Não posso... Desde quando és Juíza?
- Ora, descobri que os homens mais interessantes passam sempre por aqui. Sabes que já julguei o Itachi? E o Sasuke? A Sakura processou-o por ele a ter traído com o Naruto...
- O meu Sasu... Com o Naruto?
- É assim a vida. Agora que venha a próxima testemunha... - Pegou nuns papéis espalhados pela sua mesa. - Firekai!
- Sou eu, sou eu. - soou uma voz, junto às portas.
- Aproxima-te. O que tens a dizer sobre este caso?
- Não muito... Apenas venho dizer que fiquei muito contente com tudo isto! Esta é uma área que não é muito explorada, aqui em Portugal. Quer dizer, pelo menos eu não tenho conhecimento de muitos. Mas gostei da forma como o Kai reagiu... Foi... Curioso. Nunca pensei que o Kai matasse por... amor?
- Amor? O Kai por acaso ama alguém? - perguntou Yukix, com desdém.
- Então, não é preciso ofender! - gritou Kai, do seu canto.
- Tu, meu menino, está caladinho!
- Se foi amor ou não, não sei dizer...
- Se não há mais nada que tenha a acrescentar, passaremos à próxima testemunha. Ora muito bem, chegou a vez de...
- Moriiii! - Uma rapariga com cabelos negros esvoaçantes aproximava-se a correr. - Então tu é que és a Juíza?
- Então, claro que sim! Eu especializei-me em "Juízo a Jeitosos"! Nem imaginas quem é que já julguei. Já passou por aqui-
- Itachi, Naruto e Sasuke. Avança, Yu...
- Sim, Dead... Bem, então conta lá como tudo aconteceu, May.
- Isto é assim. O Kai bazou para a Ásia, mais um torneio de Beyblade... - Maylene olhou para ele, com uma expressão zangada. - Enfim, é a vida dele, não é? Continuando... Lá onde eu trabalho, também trabalhava o Dalijah-
- Ah! Então é Dalijah! Eu pensava que era Dalipah!
- Dead... Posso continuar?
- Claro, claro.
- Então, ele até era girinho... Não era nenhuma brasa, mas-
- Pois, brasa é ali o Kai, não é? - comentou Yukix.
- Pois é! Já reparaste como aquelas tatuagens são sexys? - observou Maylene, babando-se para o Kai.
- Continua, May...
- Ele até era girinho, atencioso, simpático, amoroso, carinhoso, e tudo mais. Ao fim de alguns dias, a coisa deu-se!
- Que coisa? - perguntaram Dead Lady e Yukix ao mesmo tempo.
- A coisa, pah!
- Aaah! A coisa!
- Retardadas... ¬¬
- Respeitinho, May! Não te esqueças que sou a Juíza!
- Hum... Está bem. Quando a coisa se estava a dar, o Kai chega a casa! - Ouviu-se um "Ooh" ecoar pela sala. - Depois, entrou de repente no quarto, e espetou uma faca no Dalijah e...
- E...
- Morreu!
- E qual é a tua posição neste caso?
- Tenho pena do Kai, coitadinho... - Voltou-se para o Kai. - Estás perdoado, amorzinho... - disse, mandando-lhe um beijo.
- Está bem... A próxima testemunha é...
- ONDE É QUE ELE ESTÁ? EU VOU MATAR ESSE GAJO! - Uma rapariga entrara a correr pela sala, com um fúria nos olhos.
- Alguém acalme aquela louca...
- Louca é você! - Perscrutou a sala com o olhar, detendo-se no Kai. - Estás aí, sacana! Como te atreveste a matar o Dalijah? Agora vais experimentar o mesmo que ele!
E assim foi. A rapariga avançou a correr para Kai, que começou a fugir dela. Então, Firekai e Maylene agarraram-na, para que parasse.
- E a menina é...? - perguntou Yukix.
- Sin Girl.
- Ah! A testemunha... Faça o favor de se acalmar e falar.
Sin Girl dirigiu-se para o seu local, respirando fundo várias vezes.
- Eu conhecia o Dalijah. Aliás, conhecíamo-nos há anos! Ele era o meu melhor amigo... - murmurou a rapariga, deixando uma lágrima correr pela sua pele bronzeada. - Mas não há crise! Pus um anúncio no jornal e, em breve, já devo ter encontrado outro.
- Ah! Então o anúncio era teu! - exclamou Dead Lady. - Eu hoje li. Dizia assim: "Rapariga simpática, e, um pouco temperamental, procura um melhor amigo, depois de o anterior ter sido assassinado."
- É esse mesmo! Bem, o que venho aqui dizer é muito simples. Esse Kai é um sacana, nojento e otário. Quando o apanhar, vou matá-lo.
- Está no seu direito... - concordou Yukix. - É tudo?
- Não! Ainda não acabei! Quero acrescentar que o Dalijah era muito bom rapaz. Era um bocado chato, e quando alguém o chateava, nunca mais largava essa pessoa; no sentido de a fazer sofrer, claro. Quando andávamos na escola, houve alguns que ainda sofreram às suas mãos... Costumava chamar-lhe o estratega. E se ainda vivêssemos na era das batalhas dos reis e toda essa cena, tenho a certeza que teria sido um dos melhores!
- Isso é fascinante... - comentou Yukix, enquanto bocejava descaradamente.
- O que eu quero dizer com este discurso todo é...
- É...
- Quero pena de morte! O Kai deve morrer! Uma morte pagasse com outra! - respondeu Sin Girl, decidida.
- Eu vou ver o que posso fazer... A próxima testemunha é a... Tomoyo-chan91!
Uma rapariga calma entrou, caminhando em passo rápido.
- Oixinho!
- Er... Oi... xinho... - respondeu Yukix. - Diga o que tenha a dizer, e depois baze.
- Okix! Eu acho que esta situação toda é linda e muito dramática... Linda, no sentido de o Dalijah e a Maylene amarem-se às escondidas; dramática porque... acho que toda a gente sabe. O Kai nunca deveria ter morto o Dalijah.
- Obrigado pelas suas palavras. xia-thebladergirl, faça o favor de se aproximar.
- Não tenho muito mais a acrescentar. Aliás, eu e a Tomoyo estivemos a ensaiar o discurso lá fora, juntas...
- Ah... Não quer dizer nada?
- Quero dizer que o que o Kai fez é muito feio! Mas ele continua a ser lindo... - disse Xia, com um sorriso travesso.
- E com isto, chegamos ao fim da lista de testemunhas. A sentença do Kai é...
- É... - repetiram as testemunhas.
- É complicada!
- ¬¬ Ou morre ou não! - reclamou Sin Girl.
- Bem, o estado português não autoriza as penas de morte; e ainda bem, porque era um desperdício matar este jeitoso.
- Vá lá, Yu! Diz logo a sentença dele! - insistiu Maylene.
- Além de passar uns anitos na prisão, quando sair, terá que ser meu marido! Muahahahaha
- Hey! Isso não é justo! - objectou Dead Lady.
- Temos pena, querida... Tivesses-te licenciado em "Juízo a Jeitosos", em vez de andares a perder tempo a torcer pela relação do Sasuke com a Sakura. No final, ele acabou com o Naruto...
- Sasuke is my sex god! - gritou Naruto, que aparecera, sabe-se lá de onde.
- ¬¬ Triste... - entoou o grupo das testemunhas.
- Caso encerrado!
