O inverno havia chegado e frio se instalava de vez na cidade e consequentemente as ruas ficavam desertas mais cedo que o comum. Naquela noite, porém dava para notar uma grande movimentação na pacata cidade. Várias pessoas estavam aglomeradas na rua como se estivessem temendo o pior. Do meio delas, saiu uma morena correndo com todas as forças que conseguiu reunir em seu corpo. Ela estava desesperada quando entrou em sua casa com lágrimas invadindo o seu rosto. Correu até o seu quarto e se trancou nele. Suas mãos estavam trêmulas e suava frio. Sua respiração também se encontrava descompassada e ela tentava respirar fundo para que sua respiração se normalizasse. Será que ela sempre seria escrava da magia e do mal? Por mais que tentasse esquecer seu passado cheio de erros ela sempre era obrigada a rever passando pela sua cabeça todos os horrores que havia cometido em toda sua vida. Novamente havia tentado usar sua magia para acabar com a vida de alguém. Por mais que não quisesse usar seus poderes para demonstrar qualquer tipo de superioridade toda aquela magia parecia ser mais forte que ela.
Leroy estava quase morrendo pelas suas próprias mãos. Ele agonizava de tanta dor que sentia e implorava para voltar a respirar, mas Regina com requintes de crueldade ainda conseguia tirar o pouco de ar lhe restava em seu corpo. Ela nem ligava se ele morresse em sua frente, só precisava saciar todo aquele desejo que havia se instalado em seu coração. Afinal, ela precisava descontar em alguma pessoa todas as suas frustrações e ele parecia ser a vítima perfeita para isso. Quanto cometia tal atrocidade um sorriso de sarcasmo despontava em seu rosto. Gostava de ver pessoas sofrendo por sua causa e fazer maldade de certa forma a acalmava. Mas quando ouviu uma voz desesperada chamando o seu nome, Regina voltou à realidade. Ao ver os olhos arregalados de Henry que estava assustado pelo ato que sua própria mãe cometeu Regina voltou a si e percebeu o que estava fazendo. Largou Leroy que aos poucos conseguiu recuperar todo o ar de seu corpo. Os lábios que já tinham uma tonalidade roxa voltaram à cor avermelhada de sempre. E Regina saiu correndo. Precisava fugir dali, afinal, não teria coragem de encarar o seu filho depois de tudo o que ele a viu fazer.
Regina se olhava no espelho e sentia raiva dela mesma. Sentia ódio de ver refletida naquele maldito espelho a mulher que ela tinha se tornado. Havia deixado toda a amargura de sua vida se instalar dentro de seu coração e isso a fazia mal. Ela se feria por dentro, e parecia que não existia nenhuma pessoa que pudesse curá-la naquele momento. Tentou não usar magia, mas praticamente era impossível porque ela já havia se tornado dependente do poder que possuía. Ela era tão poderosa e tão vulnerável, ao mesmo tempo em que esse poder havia se tornado mais uma fraqueza em sua vida. Esse conflito de sentimentos tão contrastante a matava por dentro. Não sabia quem era e muito menos o que queria ser. Mas ela sabia que seu temperamento explosivo não contribuía em nada. Se alguém a irritasse muito ela era capaz de matar com um grande sorriso em seus lábios.
Regina sempre soube que sua vida era um grande paradoxo, mas ultimamente esse paradoxo estava quase sempre oscilando para o caminho que ela não queria seguir, mas que no fim das contas era sempre o que Regina percorria. Ela sempre soube de todas as consequências sobre os atos de sua vida. Então por que sempre escolhia o caminho da dor e do sofrimento?
Regina resolveu entrar em sua banheira para ver se conseguia se acalmar. Principalmente para pensar em uma maneira de acabar com o mal que vivia em seu coração. Por que fazer o bem sempre era tão difícil?
Regina precisava de ajuda e ela sabia disso. Mas de quem? Não tinha mais confiança nenhuma em Archie, não depois dele não ter cumprido a confidencialidade médico-paciente. Regina poderia fazê-lo perder a licença para clinicar, mas resolveu deixar para lá. Afinal, tinha decisões mais importantes para tomar em sua vida.
Resolveu colocar uma música e encheu um cálice com o melhor vinho de sua adega. A água já estava morna e ela jogou uns sais de banho que tinham como principais propriedades relaxar e acalmar. Assim que entrou em sua banheira começou a relaxar. Os olhos foram cada vez mais ficando pesados até que ela não conseguiu mais deixa-los abertos.
- Você acha mesmo Regina que conseguirá um dia ser boa? Você não ousou em me matar quando eu apenas queria me aproximar novamente de você.
- Primeiramente eu não pedi sua opinião sobre nada em minha e vida. E além do mais, você estava ameaçando meu filho. Você acha que eu arriscaria a vida dele?
- Você fez o que fez porque tem a maldade dentro de seu coração. E tentou criar a ilusão de que matou para salvar seu filho. Não tente mentir para sua mãe. Você me matou porque você quis e não jogue essa culpa em ninguém. Por que ela somente é sua!
- Não! Você está totalmente enganada! – respondeu Regina com lágrimas em seus olhos.
- Você o sequestrou somente para me ferir! Quis me atingir usando Henry. Só não pensava que eu ia me virar contra você. Não é isso? Você me subestimou! Achava que me tinha controlada, mas não era bem a verdade. Você achou mesmo que eu seria a mesma garota que eu era quando tinha dezoito anos. Eu cresci! Amadureci! Erradamente para dizer a verdade! Mas pude pelo menos enxergar a mãe que me manipulava.
- Regina, Regina! O tempo passa e você continua sempre com essa sua inocência patética. Você acha que alguém como você pode mudar? Pense bem nisso!
- Pode! Eu acho que sim! Eu estou me esforçando tanto.
- Então será necessário que se esforce mais. Quase matou Leroy hoje. Isso é atitude de alguém que está se redimindo? No meu mundo isso é atitude de quem é mal. E você é má. Não tem como fugir desse destino. O mal estará sempre dentro de você.
- É mentira! Eu posso mudar! Eu confio em mim!
Regina havia acordado assustada com o pesadelo que havia tido com Cora. Desde que acabou com a vida de sua mãe, a morena era atormentada com terríveis pesadelos. Cora nunca mais ia sair de sua vida, até depois de morta ela continuaria a infernizá-la. Seus pesadelos mexiam cada vez mais com o seu psicológico e a deixava mais perturbada do que ela já estava. Não bastava como estava se sentindo depois de quase ter matado Leroy, ainda tinha que aturar visitas constantes de sua mãe durante seus sonhos.
De sobressalto saiu de sua banheira e começou a se arrumar rapidamente. Hoje ela acabaria com todos os dilemas de sua vida. Ela iria conseguir a paz de todos na cidade novamente e de certa forma deixar que Henry vivesse feliz com Emma. Entrou em seu carro que não queria funcionar de jeito nenhum. Deixou para lá e resolveu ir andando mesmo até a casa de Emma Swan. Precisava falar com a xerife urgentemente. Algum tempo depois Regina estava tocando a campainha da casa de Emma.
- Regina! O que está fazendo aqui a esta hora da noite?
- Preciso falar com você senhorita Swan!
- Você não acha um pouco tarde para querer resolver qualquer tipo de assunto. – diz Emma.
- Não é tarde! É cedo! E quanto mais cedo isso tudo parar será melhor para todos. – fala Regina ofegando.
- Do que você está falando Regina? Eu não estou entendendo nada.
- Estou falando de mim! A única forma de acabar com tudo.
- Desculpe-me! Mas não estou com clima para conversar com você agora. Vamos conversar amanhã.
- Eu preciso falar agora! Agora Emma.
Vendo que Regina não ia desgrudar os pés de sua casa ela resolve ouvir o que a morena tem a dizer.
- O que você tem a me dizer então?
- Please! Stop to my life! – responde uma Regina desesperada.
