Disclaimer: Paul e a família Slater infelizmente não me pertencem e sim a tia Meg Cabot, eu só peguei eles emprestados um pouquinho.


Quando Dois Deslocadores se Encontram

Capítulo 1: Quando dois deslocadores se encontram

Sinceramente eu odeio todo esse clima de volta as aulas, quero dizer, eu realmente não consigo entender. Foram só alguns dias de férias e as pessoas voltam se tratando como se não se vissem a milhões de anos. É muito chato ficar ouvindo os gritinhos quase histéricos que as meninas dão nos corredores do Beverly High School de "ai amiga, que saudade!".

Realmente isso esta me dando náuseas, mas eu acho que posso agüentar até o fim do dia. Pelo menos eu tenho, porque não da para sair correndo cada vez que alguém chega perto de mim me abraçando e perguntando como foram minhas férias de inverno. São em momentos como esse que eu gostaria de ser só mais uma na multidão, daquele tipo que as pessoas não param para olhar duas vazes. Mais isso é meio impossível já que eu sou "famosa" desde que nasci.

Meu nome é Kathleen Lewis Harrison, mas as pessoas me conhecem mais como Kate Harrison. Sou filha do casal de atores mais famosos da América, ícones na década de 80, Natalie Lewis e Daniel Harrison que foram rotulados pela mídia como os "queridinhos da América". Pelo menos é o que eu sempre ouço as pessoas dizerem, vejo em especiais de TV ou leio em reportagens de revistas, que não cansam de falar sobre eles mesmo depois de tanto tempo.

Deixem-me explicar melhor, meus pais morreram em um terrível acidente de carro quando eu tinha somente três anos. Eu estava dentro do carro com eles e também morri naquele dia. Fui declarada morta por dois minutos, mas por algum "milagre" eu voltei a vida, mas digamos que quando eu voltei, não voltei tão normal quanto deveria. Afinal ver gente morta não é uma coisa que eu consideraria a mais normal do mundo.

Só eu sei aonde eu fui parar durante aqueles minutos em que eu fui considerada morta. Quero dizer, eu e minha avó Anne Harrison, uma grande pintora de renome internacional. A maior e melhor pintora do mundo, pelo menos em minha opinião. Quando os meus pais morreram, eu fui morar com ela. Foi ela quem me ajudou a entender tudo o que aconteceu comigo naquele dia e foi ela quem me explicou que eu era uma deslocadora e quais eram todos os meus poderes.

Os corredores do Bev (que é como nós alunos chamamos o colégio) estavam lotados, tentei com muito esforço chegar até o meu armário, mais foi muito difícil sempre alguém me parava no meio do caminho me perguntando como foram minhas festas de fim de ano. E com um sorriso no rosto e uma resposta pronta na ponta da língua eu respondia "Foram ótimas! E as suas?". Se tem uma coisa que eu aprendi na vida é que em uma conversa o assunto favorito das pessoa sempre é algo que envolva elas mesma. Apesar de elas terem perguntado sobre você, o que elas querem realmente é falar sobre si próprias.

Quando finalmente consegui chagar ao meu armário, abri o cadeado (que provavelmente tem a senha mais ridícula de todo o colégio: 12345!!) e comecei a colocar os livros que eu tinha trazido na mochila lá dentro. Depois de conferir se eu tinha pegado tudo o que eu iria precisar para a primeira aula, fechei o meu armário. Foi então que eu me bati de frente com a pessoa que estava parada em frente ao armário ao lado. Minha mochila que ainda estava aberta pendurada no meu braço esquerdo, com a colisão tudo o que estava dentro dela caiu no chão se esparramando para todo lado. Abaixei-me rapidamente para pega-las.

- Me desculpe, - eu disse – eu não te vi. Realmente me desculpe.

E sai catando tudo freneticamente. Meu fichário, com a queda, abriu e todas as folhas dele se saltaram. Aquilo depois ia me dar trabalho para organizar tudo novamente, mas eu fui recolhendo todas as folhas de qualquer jeito mesmo. Depois eu parti para os livros, que eu joguei por cima das folhas do meu fichário, provavelmente amassando todas elas e por último o meu iPod, que milagrosamente não havia sofrido nenhum arranhão com o tombo! Pelo menos a primeira vista.

- Tudo bem, mais da próxima vez toma mais cuidado por onde anda – eu ouvi ele (sim, a pessoa com quem eu me esbarrei era um garoto) dizer, agachado em minha frente me ajudando a catar minhas coisas.

Foi quando eu levantei o meu rosto pela primeira vez e o que eu vi foi o garoto com os olhos mais perfeitos do mundo. Quer dizer, o garoto era bonito e tudo mais, seus cabelos castanhos e encaracolados com as pontas levemente douradas, provavelmente douradas pelo sol, pareciam fazer uma combinação perfeita com a sua pele bronzeada (o que era meio estranho, já que nós estávamos no inverno, mas quem se importa?). Porem o que realmente chamava a atenção nele era aquele lindo par de olhos azuis.

- Kathleen Harrison! – uma voz afetada me chamou, fazendo com que eu desviasse os meus olhos dos dele.

Antes mesmo de eu me virar eu já sabia de quem era aquela voz. Só uma pessoa nesse colégio tinha uma voz tão irritante. Era Rachel Heisenberg, a chefe das líderes de torcida.

Quando eu me levantei e virei para vê-la, respondi no mesmo tom afetado que ela.

- Rachel Heisenberg!

- Que saudade amiga!! – disse ela enquanto trocávamos dois beijinhos, beijando o ar – me divertir horrores nas férias. E como foram as suas?

- Legais – respondi sem me estender muito no assunto.

- Mas você é mesmo uma safadinha viu. Mal acabou de chegar de férias já esta dando em cima do aluno novato! Mais eu te entendo amiga, ele é mesmo muito gostoso!!

- Como você sabe que ele é novato?

- Dã! Querida acorda! Esse colégio é grande, mais nem tanto e você acha que um pedaço de mau caminho daqueles ia passar despercebido por mim? – Falou sacudido com as mãos a grande cabeleira loira para trás.

Virei pra trás para ver se o Garoto-Olhos-Perfeitos ainda estava lá, mais ele já havia ido. A Rachel tinha razão, ele era novato mesmo e meu vizinho de armário pelo que estava parecendo. Agora ele ocupava o armário de Eric Stevenson, que se mudou com sua família para a Inglaterra nesse semestre.

- O nome dele é alguma coisa Slater. Acho que era Peter, ou talvez Patrick... ah, não importa. – Rachel continuou falando – Ele veio transferido de Carmel. Parece que ele morava lá com o avô e o velho morreu ou alguma coisa assim, aí ele veio para cá para morar com os pais.

- Como é que você sabe?

- Querida o que nesse colégio eu não sei, hã? Eu estava na secretaria mais cedo pra resolver o problema do meu armário, você sabe que desde o final do semestre passado ele anda emperrando na hora de abrir, o que é totalmente um absurdo! Faz séculos que eu reclamo do meu armário e eles ainda não fizeram nada a respeito disso. Então enquanto eu estava lá ele apareceu, aí eu meio que acabei ouvindo algumas coisas da conversa dele com a secretária.

Rachel mudou de assunto e agora estava falando alguma coisa sobre o quão excitantes foram as férias dela, mas eu não estava mais prestando atenção. Minha mente estava longe.

Que engraçado, eu pensei, eu conheço um Slater. O nome dele é Jack, ele tem 8 anos. Agente se conheceu no inicio do semestre passado quando a família dele se mudou aqui para Beverly Hills. Os pais de Jack são médicos e o pai dele, Rick Slater, é um dos neurocirurgiões mais importantes e conceituados do país. Ele trabalha no mesmo hospital onde eu sou voluntária, o John St. Clair Hospital. Eu faço parte de um grupo que trabalha como voluntários em hospitais. Eu sou voluntária da ala infantil, todo sábado eu apareço lá para contar histórias para as crianças. Foi assim que eu conheci o Jack, ele sempre ia lá para ouvi as minhas histórias. Logo nos tornamos amigos e eu descobri que ele também podia ver gente morta, assim como eu. Desde então nós meio que "trabalhamos" juntos ajudando os espíritos em sua passagem para o outro mundo, o céu, o inferno, o purgatório, a reencarnação ou que quer que venha depois da morte.

É impressionante a quantidade de espíritos que ficam vagando em hospitais, afinal não é pra menos, a quantidade de gente que morre lá é sempre muito grande. São pessoas que partiram deixando alguma pendência para trás ou então morreram de forma muito brusca, essas são as piores de ajudar, pois na maioria das vezes elas teimam muito em aceitar a sua nova condição, por isso eu e o Jack sempre temos muito que fazer.

O Jack é uma gracinha, sempre se empolga com cada coisinha que agente faz. Como se tudo isso fizesse parte de uma grande brincadeira. Acho que ele pensa assim porque ainda nenhum dos fantasmas que ele já encontrou em sua vida tentou matá-lo. Entretanto, ele ainda tem tempo para perceber que a mediação não é uma festa tão grande assim, mas por enquanto eu vou deixar o garoto ser feliz um pouquinho.

Então eu ouvi o sinal para a primeira aula tocar. Eu ainda estava ao lado do meu armário com a Rachel, balançando a cabeça para tudo o que ela dizia como se estivesse prestando atenção a cada palavra que ela falou nos últimos minutos.

- Acho melhor eu ir para sala, eu vou ter aula de trigonometria agora agora. – Disse interrompendo o seu grande desabafo de como Mike Thompson, o namorado dela e armador do time de basquete do colégio, toda hora ficava ligando para o seu celular durante as férias para saber onde e com quem ela estava.

- Argh! – ela limitou-se a dizer. – Não se esqueça que no terceiro horário tem o "Bom Dia de Boas Vindas", agente se vê no vestiário do ginásio antes de começar a apresentação.

- Ok então. – Eu disse e fui andando até a sala do professor Alan McDonald.

- Esta atrasada Srta. Harrison. – Ele disse para mim parado na porta de sua sala segurando um copo de café, que é a sua marca registrada. O Sr. McDonald adora café, embora eu ache que beber tanto dele, como ele sempre faz, ainda vai acabar lhe fazendo algum mal.

- Eu sei, me desculpe Sr. Mc.

- Tudo bem Srta. Harrison, dessa vez te darei um desconto. Somente porque hoje eu estou de muito bom humor já que o meu café está mais gostoso do que de costume. – Falou piscando para mim.

O Sr. McDonald é o meu professor favorito. Ele é negro, alto, tem uns 60 e poucos anos e usa um óculos de lentes grossas. Certa fez uns alunos roubaram o óculos dele de brincadeira e o coitado do Sr. Mc ficou ceguinho como uma toupeira durante todo o resto do dia. Desde então nunca mais o Sr. Mc tirou os óculos do rosto para nada no colégio. Pelo menos foi essa a história que me contaram, já que nessa época eu ainda não estudava aqui. Outra particularidade do Sr. McDonald é viver dizendo que se acha o irmão gêmeo do Morgan Freeman. E de fato até seriam parecidos se o Sr. Mc não fosse gordinho e meio careca na parte da frente da cabeça.

O Sr. Mc é muito engraçado e eu nunca pensei que matemática pudesse ser tão divertida. Ele me fez gostar ainda mais dessa matéria que já era a minha favorita. Veja bem, eu adoro matemática porque nessa matéria ou você esta certa ou esta errada, não tem meio termo. E a sua resposta é valida tanto aqui, quanto em qualquer outro lugar do mundo. Um mais um vai ser sempre igual a dois.

Diferente de literatura, que eu também adoro, mas a parte de interpretação de poema eu acho um verdadeiro saco. A interpretação de um poema é uma coisa muito subjetiva, uma palavra pode ter múltiplos significados. A palavra estrela, por exemplo, em um poema pode significar brilho,sorte, algo especial ou pode pura e simplesmente significar estrela mesmo. Quem adora fazer esse tipo de coisa é Shakespeare, eu realmente amo as suas peças, "Hamlet" é uma das minhas favoritas, porém interpretar os seus sonetos é uma verdadeira tortura. Prefiro mil vezes enfrentar um fantasma raivoso a ter de interpretar um soneto de Shakespeare.

Quando entrei na sala sentei no meu lugar de costume na fileira do meio, eu gosto dessa fila porque ela sempre me mantém mais concentrada na aula além de me proporcionar uma vista panorâmica da lousa. Quando eu sento muito próxima a janela acabo me distraindo com o movimento do lado de fora da sala de aula, já quando eu sento na fileira da outra extremidade da sala, onde fica a porta, como as carteiras ficam quase encostadas na parede eu sempre acabo encostando a minha cabeça nela e quando eu menos espero acabo cochilando. Como eu não quero nem me distrair nem cochilar eu acabo me sentando na fileira do meio mesmo.

Quando eu olhei para trás, já sentada em minha carteira (eu sempre faço isso antes da aula começar para saber quem é que está sentado no fundo da sala), eu percebi que na fileira direita da minha, sentado a duas carteiras atrás de mim estava o tal de Slater-Olhos-Azuis-Perfeitos.

Eu virei o meu rosto rápido e olhei para a lousa em minha frente. Não era possível que o Garoto-Olhos-Azuis-Perfeitos estivesse na mesma sala de matemática que eu. E eu estava enganada ou ele estava olhando para mim quando eu o vi? Provavelmente não. Vai ver ele só estava olhando para janela.

Depois disso eu não sei o que deu em mim, quando percebi já estava com a mochila em meu colo procurando por um espelho. Quando o encontrei passei uma boa parte da aula com ele na mão fingindo que admirava o meu próprio reflexo, quando na verdade o que eu estava tentando fazer era olhar o fundo da sala para descobrir se o tal Slater-Olhos-Azuis estava realmente olhando para mim mesmo.

Geralmente as pessoas não acham muito estranho quando vêem uma líder de torcida (eu já mencionei isso antes? É eu sou uma líder de torcida. Não que eu me orgulhe muito disso, mas as vezes na vida uma garota tem que fazer o que uma garota tem que fazer) com um espelho na mão se olhando durante tanto tempo, ou pelo menos fingindo que estão. Pena que o Sr. Mc não pense do mesmo jeito, ele me mandou guardar o espelho.

Droga!

Eu me encolhi um pouco na carteira com minhas mãos cobrindo o rosto. Que vergonha! O que é que esta acontecendo comigo? Desde quando eu me comporto assim como uma desesperada? Eu estava me sentido a própria Rachel (embora ela seja meio ninfomaníaca e tudo mais) e tudo isso por causa de um garoto!

Está certo que ele não era um garoto qualquer, provavelmente era um dos mais bonitos do colégio e aqueles olhos dele eram de realmente tirar o fôlego. Mas mesmo assim isso não é motivo para eu me comportar dessa maneira.

E no final das contas talvez ele nem seja assim tão bonito por dentro quanto demonstra ser por fora. Vai ver ele é só mais um riquinho mimado, esnobe, insolente, egoísta e egocêntrico como tantos outros que existem aqui no Bev e que eu realmente abomino. Por isso esquece Kate, olhos assim não valem nem um pouco a pena.

Eu estava realmente decidida agora em prestar a máxima atenção na aula, afinal era o mínimo que eu poderia fazer depois de ter me comportado como uma idiota durante quase a aula toda, quando ouvi um aviso do diretor através da caixa de som que ficava pendurada na parede, acima da lousa.

-Todos os alunos, professores e funcionários favor se dirigirem ao ginásio de esportes para o "Bom Dia de Boas Vindas" logo após soar o sinal.- Disse o diretor Miller -Repetindo, todos os alunos professores e funcionários favor se dirigirem ao ginásio de esportes para o "Bom Dia de Boas Vindas" logo após soar o sinal.

E então o sinal, que era uma campainha meio irritante, tocou indicando o terceiro horário. Eu saí da sala o mais rápido que eu pude. Primeiro porque eu estava morta de vergonha e depois porque eu não queria chegar tarde ao ginásio e ouvi uma reclamação da Rachel. Só Deus sabe o quanto ela pode se tornar histérica quando se trata de alguma coisa que envolva a Torcida.

Os corredores estavam lotados e barulhentos, todos os alunos conversavam tão alto que era praticamente impossível ouvir os meus próprios pensamentos naquela barulheira. Quando cheguei ao ginásio ele ainda estava meio vazio. A quadra estava ocupada com algumas cadeira onde a orquestra do Bev ia tocar. Eles já estavam sentados lá aquecendo os seus instrumentos, já que também iam se apresentar no "Bom Dia de Boas Vindas".

Passei por eles, fui ate o fundo do ginásio e sai por uma porta que levava a um corredor que dava nos vestiários. Virei a direita e entrei no vestiário feminino. Rachel já estava lá dentro acompanhada da sua melhor amiga (e sombra particular) Julie Wang junto com todas as outras garotas da torcida.

- Você chegou tarde. – Ela disse meio irritada. – Vá se trocar rápido, nós não temos muito tempo.

- Eu vim o mais rápido que pude Rachel, não me culpe por ser quase impossível andar naqueles corredores lotados.

Com minha mochila nas costas fui ate uma das cabines do banheiro para vestir o meu uniforme das lideres de torcida. O uniforme que nós usávamos não era feio, muito pelo contrário, eu até gostava dele. Era um mini-vestido sem manga com uma discreta fenda na parte esquerda da saia (para facilitar os movimentos e acrobacias), de cor vermelho amarronzado, em que a parte de cima do vestido era branca e tinha o nome "Beverly" bordado no mesmo tom de vermelho do resto da roupa.

Tendo colocado o meu uniforme agora eu estava sentada em cima do vaso sanitário trocando os meus sapatos pretos no estilo boneca por um tênis branco com meias soquetes da mesma cor que eu tinha tirado de dentro de minha mochila.

Enquanto me trocava dentro da cabine não pude deixar de ouvir a estúpida discussão das meninas sobre o aluno novo e se ele tinha a bunda mais bonita que a do Mike, que foi eleito por elas como o cara com o bumbum mais bonito de toda escola. Sai da cabine e fui até o canto do vestiário em que ficavam os armários. Guardei a minha mochila dentro de um deles, então me aproximei das meninas (somos 10 garotas ao todo) que agora debatiam se a cor laranja ia ser a cor da moda nas novas coleções de primavera-verão.

Quando Rachel me viu ao seu lado, mudou de assunto pondo fim aquela conversa.

- Meninas silêncio, por favor! Obrigada – disse Rachel quando todas se calaram. – Vocês ainda se lembram da coreografia que ensaiamos para apresentar hoje, não é garotas?

- Claro Rachel! – Falou Manuella Márquez de uma maneira meio sarcástica – Acho que nem se nós quiséssemos poderíamos esquecer. Você nos fez ensaiar tanto essa maldita coreografia no semestre passado, que eu até sonho com ela.

Manuella é a única menina da equipe além de mim que enfrenta a Rachel de vez em quando. Ela é segura o suficiente para saber que não precisa ficar puxando o saco da Rachel para se manter na equipe, pois sendo uma líder de torcida ou não, seu status de realeza no corpo estudantil se manterá inalterado. Também pudera, ela faz o tipo latina caliente com longos cabelos negros e lábios carnudos. Nem precisa dizer que tem sempre um bando de meninos atrás dela.

- Que bom que você não esqueceu a coreografia Manny, porque eu não quero nada além de perfeição quando nos apresentarmos naquele ginásio hoje.

- Calma Rachel, – falou Julie – vai dar tudo certo. Ninguém vai errar os passos que ensaiamos nem nada do tipo.

- Assim espero. Agora vocês três – Rachel apontou para Justine, Jessica e Samantha que estavam sentadas num banco encostado na parede cochichando algo de forma muito entretida – o que é que vocês tanto cochicham ai? E que cara de assombro é essa? Parece até que viram um fantasma.

- Não é nada de mais Rachel. – Justine se apressou em dizer.

- Ótimo! Agora animo meninas, eu quero ver um sorriso de orelha a orelha em vocês três.

As três forçaram um sorriso no rosto, porém eu não pude deixar de notar um quê de infelicidade em seus olhares. Principalmente a Justine, que parecia a mais tensa e assuntada das três.

- Chegou a hora Rachel – anunciou Julie.

- Vamos meninas, chegou a nossa hora de brilhar!

E todas as garotas seguiram Rachel em direção ao ginásio. Eu fui a última a sair e fechei a porta do vestiário. Naquele momento eu não pude deixar de pensar que tinha alguma coisa muito errada acontecendo.

Por que Justine, Jessica e Samantha estavam tão assustadas? Será que a Rachel estava certa? Isso tinha algo haver com um fantasma?

Não, eu pensei, provavelmente elas deviam estar desse jeito por outro motivo. Um motivo que provavelmente não envolva criaturas sobrenaturais. Talvez um parente da Justine esteja muito doente, ou então pode ser que a Samantha tenha terminado com o seu namorado, ou ainda que os pais da Jessica possam ter se divorciado.

Passei todo o caminho de volta para o ginásio tentando me convencer de que não havia nada de errado acontecendo. Quando cheguei lá, ele já estava lotado, me sentei perto das meninas e fiquei observando as outras pessoas que ainda procuravam um lugar vazio no ginásio para se acomodar.

Enquanto vagueava o olhar pela arquibancada do outro lado da quadra pude ver o Garoto-Olhos-Azuis-Perfeitos e eu acho que ele me viu também porque no instante em nossos olhos se encontram não pude deixar de notar uma espécie de sorriso secreto se formando em seus lábios. Eu senti as minhas bochechas pinicarem, provavelmente eu devia estar vermelha feito um pimentão, então eu desviei o meu olhar.

Por um segundo minhas preocupações me pareceram tão... bestas. Aqueles lindos olhos me fizeram esquecer tudo, cheguei até mesmo a pensar que aquelas caras assustadas das garotas não passavam de fruto da minha imaginação. Provavelmente elas só estavam tristes por um motivo qualquer.

Foi nesse momento que uma coisa que prendeu a minha atenção. Alguns metros atrás do Slater-Olhos-Perfeitos eu vi aquele brilho espectral, que sempre me deixa um pouco arrepiada.

Era uma líder de torcida.

Era uma líder de torcida fantasma.

Era uma líder de torcida fantasma e pelo visto muito irritada.

Merda!

Continua...


NA: E então, gostaram da história? Será que mereço reviews?

Até o próximo capitulo.

Bjos!

Nina M.