In Hiding

Autora: Leah Kate

Tradutoras: LKFans aka (Clarisse, Leanna, Ana Ford, Cristianepf, Nicilion, Brunz, AndreSoares, Lanai, Smahile e Ci)

Resumo: Depois de serem resgatados, Sawyer tenta não pensar no fato que ele é parcialmente responsável por Kate ser presa - até a noite que ela aparece em sua janela procurando por abrigo.

Nota: In Hiding juntamente com On The Road (trabalho ainda em andamento de Leah Kate) são consideras as Bíblias Skate (Sawyer & Kate de Lost).

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Capítulo 1 – traduzido por Clarisse

Sawyer abriu a porta hesitantemente e a empurrou, vendo-a abrir nas dobradiças barulhentas. O lugar parecia o mesmo, o que o surpreendia. Havia uma camada de poeira sobre tudo, mas não havia nada novo. Afinal, ele quase nunca vinha aqui, mesmo antes de ir para a Austrália. Essa era a casa onde ele morou quando era criança, cena do mais trágico e assustador momento pelo qual ele já havia passado – a casa onde ele tinha presenciado a morte de seus pais.

Depois de ter sido mandado para viver com parentes distantes com 8 anos de idade, ele não tinha pensado muito na casa. Mas deveria estar lá, no fundo de sua mente, porque quando ele tinha 20 anos e completou seu primeiro golpe lucrativo foi a primeira coisa na qual ele pensou. Ele se encontrou no Tennessee, parado em frente à ela, não querendo entrar, mas sem conseguir ir embora. Ela não estava a venda, e ele não esperava que estivesse. Mas o dono morava em Maine, e não foi muito difícil convencê-lo que seria o melhor pra ele vendê-la. Mesmo depois de comprá-la, Sawyer raramente ficava lá. Mas ele gostava de saber que ela estava lá... que ele teria algum lugar pra voltar se não tivesse outras opções.

Agora, depois de passar mais de um mês na ilha do inferno, a casa parecia melhor do que nunca. Ele entrou devagar e soltou sua mala. Ele não tinha idéia de porque ele ficou com a mala – a maioria das coisas nela não eram dele, e ele não precisava mais delas agora. Mas era um instinto para ele manter suas posses próximas. Ele odiava perder qualquer coisa.

Ele apertou o interruptor de luz experimentalmente, sem esperar que nada acontecesse, mas ficou surpreso quando a luz acendeu imediatamente. "Fala sério", ele disse baixo, surpreso. A companhia elétrica deve ter esquecido de cortar a luz – ele não havia pagado as contas no último mês.

Ele olhou para a casa sem saber o que fazer. Seus olhos foram parar num canto, na TV empoeirada – a que tinha sido a mais moderna em 1985, mas hoje parecia algo de outro planeta. Ele ligou e, novamente, se surpreendeu quando funcionou. O som o deixou levemente chocado – depois de não ter ouvido praticamente nada nos últimos 40 dias, tudo era estranho. Ele não esperava que fosse tão difícil se ajustar.

Enquanto a imagem gradualmente mudava de preto para colorida, ele percebeu pela primeira vez o que as vozes estavam dizendo. Era um noticiário – um noticiário sobre eles. A primeira coisa que seus olhos registraram foi Claire e o bebê – o âncora estava terminando de falar sobre o nascimento, aparentemente. E depois Charlie com cara de bobo.

"Também entre os sobreviventes resgatados quinta-feira está o baixista da banda de rock inglesa Driveshaft, Charlie Pace. Fãs do grupo expressaram alegria por esse inesperado acontecimento, e o Sr. Pace fez uma declaração agradecendo aos fãs pelo apoio e prometendo um tour reunindo a banda com novo material, esperado para o fim do ano." E mostraram um grupo de garotas histéricas, segurando cartazes e gritando "NÓS TE AMAMOS, CHARLIE!"

Sawyer virou os olhos e e deu uma bufada.

O âncora continuou. "E, surpreendendo o sistema de justiça dos Estados Unidos, a fugitiva procurada Katherine Austen foi apreendida por agentes federais. Austen é procurada por uma série de crimes, incluindo assassinato e crime doloso, e tem escapado das autoridades por pelo menos 5 anos."

De início ele não reconheceu o nome. Não significava nada para ele. Quem era Katherine? Mas então...lá estava ela. Kate. Um agente a escoltava nos 2 lados, e ela estava algemada. Ele quase parou de respirar. Ela olhou para a câmera, brava… mas havia outra coisa lá. Terror. Em todo tempo que ele passou com ela na ilha, ele nunca tinha visto isso em seus olhos. Ele sentiu seu olhar direto para ele, através de toda a distância entre eles, transportado pelas ondas aéreas até sua casa.

"No momento da queda trágica, Austen estava sendo escoltada para os Estados Unidos sob a jurisdição de um agente federal. Infelizmente, o agente não sobreviveu ao acidente. Para mais detalhes na chocante descoberta dos sobreviventes do Vôo 815 da Oceanic, você pode visitar nosso web site no endereço..."

Ele parou de ouvir. Forçando a se mexer, ele desligou a TV. O Silêncio se instalou de volta na casa.

Ele continuou sentado, se sentindo mal. Ele sabia que isso iria acontecer – ele tinha esperado isso. Ele até tinha dito a ela que ele sabia. Mas de algum modo, a realidade era diferente. Aquele olhar que ela direcionou à câmera era quase que acusador. Ele sabia que era ridículo, mas ele não conseguia parar de pensar nisso.

Ele podia ter dado o lugar para ela. Mas ele disse a si mesmo que não teria feito diferença. Que o barco que resgatasse a jangada iria receber informações sobre o vôo – que quando eles chegassem na Austrália, as autoridades (e os jornalistas) já estariam esperando por eles. Se ela estivesse lá, ela provavelmente teria sido presa do mesmo jeito. A palavra chave, porém, era provavelmente. Ela poderia ter tido uma chance. Pelo menos ela não estaria encurralada.

"Que se foda", ele disse com raiva, levantando e chutando a cadeira do seu caminho. Ele tinha problemas o suficiente sozinho pra se preocupar. Se ela era tão má quanto eles diziam, talvez ela merecesse estar presa. Essa idéia, contudo, não fez ele se sentir nem um pouco melhor, porque no fundo ele sabia que ela não merecia.

Saindo de casa, ele localizou o lugar onde ele escondia dinheiro – na parte de trás do tanque da privada, um truque que seu pai tinha lhe ensinado quando ele ainda era criança. Ele pegou parte do dinheiro e deixou o resto, mas pensou melhor e pegou tudo. Tinha um bom bar por perto – se ainda estivesse aberto, ele gastaria lá. Ele nunca precisou mais de um drink na sua vida.

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Ele estacionou em um ângulo estranho, sabendo que ele tinha bebido muito pela terceira noite seguida, mas não se importando. Essa rotina estava se tornando quase um consolo. Quando ele descobriu que o bar ainda funcionava, ele praticamente se mudou pra lá. Ele ia lá toda tarde e toda noite por 3 dias – desde o dia que ele chegou em casa, de fato, ele não tinha vontade de fazer mais nada. Ele não sabia o que estava errado com ele.

No início, as pessoas da cidadezinha tinham tentado se aproximar dele, perguntando sobre o acidente e a ilha. Mas ele intencionalmente se fez inaproximável. Não era difícil – na verdade era como uma segunda natureza. Agora, todos os deixavam sozinho, o que era o que ele queria. Graças a Deus o telefone havia sido cortado, porque ele sabia que, se não tivesse, todo jornalista do país estaria ligando tentando marcar uma entrevista.

Na segunda noite ele cometeu o erro de se aventurar na parte do bar onde ficavam a televisão, esperando pegar um jogo de baseball. Em vez disso, ele viu Jack sendo entrevistado por Bárbara Walters. Ele evitou essa área depois disso.

Ele saiu do carro devagar, testando que estabilidade ele teria de pé. Não muito ruim, considerando. Seu nível de álcool estava se reajustando. Ele nem estava se sentindo tão bêbado. Abaixando a cabeça nas águas que caiam do céu ele foi para a varanda, abriu a porta, e entrou em casa.

De repente, um barulho ecoou pela casa, vindo da direção do quarto do andar de baixo. Ele parou, imediatamente tenso e alerta. Que diabos era aquilo? Ele esperou um segundo, não ouvindo mais nada. Pegando um bastão de baseball que, de algum modo, contra todas as probabilidades, ele lembrou que guardava no armário embaixo das escadas, ele foi lentamente em direção ao quarto de onde o barulho tinha vindo.

Engolindo nervoso, ele girou a maçaneta e hesitantemente abriu a porta. O quarto estava escuro, mas pela brisa ele podia sentir que a janela havia sido aberta... e quando ele prestou atenção, pode ouvir uma respiração. Será que esses repórteres iriam tão longe para conseguir uma história? Ele esperava que os filhos da mãe soubessem que ele não permitiria isso – ele não ligava se fosse Tom Brokaw, ele espancaria qualquer um que ousasse ultrapassar sua propriedade.

Se preparando para brigar, ele passou a mão pela parede até encontrar o interruptor. Acendendo com sua mão esquerda, ele levantou o taco com a direita...e então chocado, abaixou lentamente, completamente desorientado.

Em pé, no meio do quarto, completamente molhada e com a respiração ofegante, estava Kate.