Avisos

I– As personagens do universo Potteriano da honorável JK Rowling não me pertencem. Eu sei que vocês sabem, é só pra esclarecer as coisas mesmo.

II–Essa fic tem conteúdo yaoi, que é o relacionamento amoroso entre dois homens. Se você não gosta, então pare sua leitura por aqui. Não vou aceitar bem críticas a esse respeito

III- E contém SPOILERS de Harry Potter e as Relíquias da Morte. Depois não digam que eu não avisei ¬¬


Forever Love (tradução) X Japan

Amor Eterno

Não mais posso mais andar sozinho
Tão fortes são os ventos do tempo.
Ah! Sofrer ferimentos...
Deveria estar acostumado, mas agora...

Ah! Abrece-me assim mesmo.
Com o coração úmido
Neste momento que se transforma,
Enquanto existe o amor que nunca mudará.

Você abraçará meu coração?
Aceite... minhas lágrimas.
Agora todo meu coração está preste a se quebrar.

Amor eterno, sonho eterno.
Apenas os pensamentos transbordam,
Fortes, melancólicos e que preenchem o tempo.
Oh! Diga-me por que

Tudo que vejo é triste em meu coração.

Você ficará comigo?
Até que o vento passe?
Novamente...Todas minhas lágrimas tranbordam.

Amor eterno, sonho eterno.
Esteja ao meu lado assim mesmo...
Abrace meu coração trêmulo ao amanhecer.
Oh! Fique comigo...

Ah! Que tudo tenha um fim...
Nesta noite sem fim.
Ah! Nada mais tenho a perder...
Nada mais além você.

Amor eterno, sonho eterno.
Esteja ao meu lado assim mesmo...
Abrace meu coração trêmulo ao amanhecer.

Ah! Você ficará comigo?
Até que o vento passe?
Agora, mais do que ninguém esteja ao meu lado!

Amor eterno, sonho eterno.
Não posso caminhar, além disso...
Oh! Diga-me por que? Oh! Diga-me a verdade.
Ensina-me o significado de viver.

Amor eterno, sonho eterno.
Entre as lágrimas que transbordam
Até as estações reluzentes mudem para a eternidade.
Amor eterno...


Forever Love

Nevava cada vez mais forte nos terrenos de Hogwarts naquela semana. Os alunos, em geral, recolhiam-se mais cedo ao calor de seus dormitórios embora soubessem que ficava mais difícil acordar e deixar aquele conforto para mais um dia de aulas com aquele clima frio pior a cada dia.

A maioria dos alunos permanecia mais quieta que o normal, exceto quatro deles, os auto-intitulados "Marotos", que acabavam de aprontar mais uma nos corredores das masmorras com direito a bombas de bosta e um Argo Filch desejoso do retorno da época em que se era permitido torturar os alunos.

As detenções deveriam ser cumpridas com os quatro juntos e, com sorte, não resultariam em mais detenções porque eles juntos eram praticamente impossíveis. Talvez o único que ainda tivesse salvação entre eles era Remus Lupin, um dos monitores da Grifinória. Sim, um dos monitores metido em confusões com os amigos! Mas talvez ele fosse a voz da razão do grupo. Talvez...


O final da aula de Adivinhação estava chegando e o tom monótono e aloucado da professora Angela Trelawney agia como estímulo para que os marotos conversassem entre si por bilhetes escritos em pedaços de pergaminho.

"Tô com sono. Ass: Padfoot"

"Acorda aí que daqui a pouco temos que cumprir detenção no escritório do Dumbledore! Ass: Prongs"

"O Moony é o único que tá prestando atenção nessa droga de aula. Ass: Wormtail"

"Verdade... que chatice! Ei, Moony, para de encher sua cabeça com essa ladainha toda e fala com a gente! Ass: Padfoot"

Minutos depois...

"É, parece que o Moony tá gostando dessa aula de verdade. Ele não tira os olhos da tresloucada... Ass: Prongs"

Sirius suspirou aborrecido e começou a cutucar Remus, que olhou para ele assustado. Era evidente que lobisomem não estivera prestando atenção na aula. O garoto maior, de cabelos negros até os ombros e olhos cinza azulados olhou curiosamente para os olhos cor de mel do garoto menor que, aparentemente, estivera distraído em pensamentos enquanto olhava para a professora de adivinhação durante a aula toda. Ligeiramente irritado também pelo sono, Sirius empurrou o pedaço de pergaminho mais para perto de Remus, que arrumou uma mecha loira, que já apresentava alguns fios brancos bem visíveis, para trás da orelha e o pegou, lendo toda a conversa e pondo-se a escrever.

"A aula é importante. Vocês deveriam estar prestando atenção nela também. Ass: Moony"

"Nem vem que você não tava com cara de quem prestava atenção em aula nenhuma, senhor Moony. Um doce pelos seus pensamentos! Ass: Padfoot"

"hahahahahaha Pegou ele, hein, Pad? Agora pode falar que eu também quero saber, Moony! Ass: Prongs"

"Sério, você tá passando mal, Moony? Ass: Wormtail"

"Parem com isso todos vocês! Eu não estou passando mal nem estou vagando mentalmente por aí. Eu estava prestando atenção na aula até vocês me interromperem. Eu posso ensinar essa matéria depois para vocês se quiserem. Ass: Moony"

"Vocês acreditam nisso? Eu não acredito. Minha opinião é que ele tá apaixonado pela professora e mergulhou em pensamentos proibidos no decote da velha. Ass: Padfoot"

"Parem de rir! Ela tá vindo aí... parem, é sério! Ass: Moony"

- Então a entrada do universo na Era de Aquário é tão engraçada assim? Contem-me a graça porque eu quero rir também. - Uma voz fina vinda do começo da sala de aula se aproximava dos marotos com um tom furioso que já era bem conhecido deles.

Tiago e Sirius bem que tentaram deixar de rir mas isso era pedir demais com a aproximação do decote pavoroso da professora. Ela usava um vestido cor-de-rosa com detalhes verde amarelados no decote. Pareciam flores murchas que combinavam com o chapéu pontudo. Não, parecia que a professora havia colocado flores murchas cor de pão bolorento na altura do decote. E imaginar Lupin fascinado com aquilo era - ao ver a cara de preocupado dele com a aproximação da professora - hilário!

- Detenção! Encontrem-me aqui depois das aulas de hoje... e trinta pontos a menos para a Grifinória! - disse a professora exasperada em um tom estridente.

- Mas nós temos que cumprir detenção no escritório do Dumbledore depois das aulas de hoje... - retrucou Lupin sério.

Com ar de extrema reprovação, a professora analisou Lupin por alguns instantes antes de dizer qualquer coisa. Ela gostava dele. Era um bom aluno, as más companhias é que o estragavam.

- Ouvi falar das bombas de bosta nas másmorras. Vocês sabiam que Madame Pomfrey teve que passar o dia todo preparando uma poção para tirar aquele cheiro horrível do garoto?! Eu esperava mais do senhor, senhor Lupin. - o tom de decepção na voz da professora era evidente.

Ao ouvir o que a professora disse sobre o garoto de cabelos oleosos que sofrera as conseqüências das bombas de bosta no corredor das másmorras, Tiago e Sirius estouraram em risos novamente. Ao contrário deles, Pedro se encolheu com a reprovação e Lupin esboçou um sorriso quando ela mencionou Severus Snape e o cheiro de bosta que provavelmente devia ter impregnado os cabelos sebosos dele mas voltou a ficar sério quando a decepção dela para com ele fora mencionada.

Remus abriu a boca para dizer qualquer coisa mas achou melhor se calar.

- Muito bem... então espero os senhores amanhã bem cedo. - completou categórica a professora.

Ouviu-se um muxoxo dos três que acompanhavam Remus mas logo morreu na intensidade dos ventos congelantes que entraram pela janela aberta. Era mais uma excentricidade da professora a de deixar as janelas abertas mesmo durante uma nevasca. Ela dizia que era para entrar em maior contato com as forças da natureza porque isso ajudaria a interligar a essência mágica deles e a essência das linhas da nova era de Aquário.

A aula terminou sem mais incidentes depois que Lupin conseguiu fazer Tiago e Sirius pararem de rir a intervalos cada vez mais longos de tempo. Pedro estava amuado a um canto quando a sineta tocou, significando o final da aula de fato.

Eles juntaram seus materiais, antes espalhados pelas mesinhas redondas adornadas com velas vermelhas em forma de gota, e deixaram a torre de adivinhação com certo alívio. Tanto por deixarem a monotonia da aula, quanto por deixarem de aspirar aquele cheiro forte de incenso de qualquer coisa que a professora inventasse minutos antes da aula, para aumentar sua clarividência.

Os quatro caminharam pelos corredores, desceram escadas e o cheiro da sala de aula ainda impregnava suas narinas quando desceram até o salão principal para a hora do almoço. O efeito do cheiro de comida logo se fez notar em suas expressões. Era realmente um alívio sentir qualquer outra fragrância que não a de incenso!


O encontro rápido com Severus Snape, que ainda cheirava ligeiramente mal, fez com que os quatro estourassem em gargalhadas antes de chegarem à mesa da Grifinória. Snape jurava vingança e ameaçava lançar toda a sorte de azarações, mas os professores estavam entrando pela porta principal e ele não teve escolha senão a de se calar.

Rindo, os quatro passaram o almoço comemorando o sucesso do plano do corredor com as bombas de bosta.

Havia mais duas aulas durante a tarde e depois a detenção no escritório de Dumbledore. Remus tentava conter a alegria de Sirius e Tiago, que agora conseguiam fazer Pedro rir com eles todas as vezes que seus olhares se encontravam com os do Ranhoso, mas sem muito sucesso. Só esperava não levar outra detenção porque o seu tempo de estudos estava debilitado e os trabalhos logo começariam a se acumular. Fora isso, Remus ainda tinha um pequeno problema: a sua distração. Nas últimas semanas ele vinha notando que estava mesmo distraído. Fora um milagre que Sirius e os outros não tivessem percebido isso antes. Ele não teria como explicar, pelo menos, não com a verdade.

O lobisomem pegava-se pensando por mais tempo que o normal, perdia explicações das matérias durante as aulas e toda vez que iniciava seus trabalhos mais demorados, ele se pegava parado olhando fixamente para o papel, segurando a pena bobamente até a tinta secar nela. Em todas essas ocasiões inexplicáveis, era Sirius que vinha à sua mente: a forma como haviam se conhecido no primeiro dia no Expresso de Hogwarts, a maneira como se identificaram quase que imediatamente, o modo como ele lhe sorria sempre que aprontava alguma das suas e principalmente, a forma como ele se sentia na presença do amigo. Era algo inexplicável e começara a ocupar a mente de Remus com a facilidade doçe de um pensamento simples até se apoderar da maior parte do seu tempo.

Na cabeça de Remus, ele estava satisfeito por ter Sirius como uma dos seus melhores amigos. Mas havia algo estranho nisso porque o garoto não deixava seus pensamentos. Lupin, no fundo, sabia que havia algo mais ali.

- Remus? Remus...? - a voz finalmente superou mais um dos sonhos acordados de Lupin como um choque.

-O..oi. O que foi? - respondeu o lobisomem, tentando disfarçar seu devaneio o melhor possível com um sorriso.

- A sineta tocou há uns dez minutos e você ainda não guardou seu material. O que tá acontecendo com você? Esqueceu que temos detenção agora com Dumbledore? - era um Tiago um tanto espantado demais para o gosto de Remus.

- Ah.. é... já vou guardar. Podem ir... eu alcanço vocês. - sorriu novamente, constatando, para seu desespero, que Sirius o olhava com preocupação.

- Você está bem, Moony? - perguntou Sirius, que já segurava a mochila nas costas.

- Estou sim - sorriu novamente com a maior naturalidade que pôde reunir - É só que... a Lua Cheia começa amanhã então... estava pensando nos trabalhos que vou ter que fazer para repor as aulas perdidas e...

- Você tem certeza que é só isso? - Interrompeu um Sirius visivelmente desconfiado, para desespero de Remus.

- Bom, na verdade, eu não diria ser "só" isso... mas é isso sim - respondeu com um sorriso conformado, ainda guardando apressado o material depois de perceber que a sala de aula já estava vazia, exceto pelos quatro. A licantropia nunca havia sido algo fácil para Remus e muito provavelmente para nenhum lobisomem.

Tiago deu um olhar significativo a Sirius.

- Gente, eu vou pra cozinha. encontro vocês na sala do diretor. - Pedro já ia saindo apressado na esperança de fazer um lanche antes de começarem a detenção, que poderia levar horas.

Os três garotos assentiram com a cabeça e Lupin agradeceu por ter sido interrompido por Pedro. Com sorte, a atenção deles seria desviada.

- Olha, Moony, se você precisar conversar, estamos aqui, tá bem? - Tiago olhou Remus profundamente e talvez aquilo tivesse algum outro significado oculto mas sobre o qual Remus não queria pensar no momento. Ele já tinha coisas o suficiente na sua mente, pelo menos era o que ele pensava.

- Tudo bem. Obrigado - sorriu gentil denovo, terminando de guardar as coisas e colocando a mochila nas costas. - Agora vamos?

Sirius e Tiago assentiram e pareceram ter esquecido o assunto de minutos atrás quando recomeçaram a contar vantagem depois das bombas de bosta no Ranhoso. Remus só conseguia rir denovo e denovo de tudo o que os outros dois falavam animados.

No fundo, Sirius não estava muito convencido de que Remus dissera a verdade sobre sua desatenção. Ele havia notado que até mesmo as perguntas dos professores não eram mais respondidas com a velocidade de antes e os trabalhos dele não tinham a mesma nota alta de sempre. Era como se houvesse algo que incomodasse o lobisomem mas que ele provavelmente escondia de todos. Talvez fosse algum resquício do isolamento ao qual Lupin se havia imposto depois da mordida de Fenrir Greyback essa característica de não se abrir tão facilmente mesmo com os amigos. Achou melhor investigar e conquistar o segredo de Remus aos poucos. Afinal, ele era Sirius Black, não era?


Chegaram ao escritório de Alvo Dumbledore em cima da hora mas não encontraram Wormtail no caminho. Provavelmente ele se atrasaria, empenhado em fazer uma boquinha antes de começar a detenção. O que mais irritou Tiago foi pensar que muito provavelmente Pedro chegaria quando os três já estivessem na metade do trabalho e assim faria pouco esforço para terminar. Ele havia feito isso nas três vezes passadas, não seria surpresa alguma que os deixasse na mão novamente.

- Alguém aí lembra da senha? - Sirius disse, olhando da gárgula de pedra, que guardava o escritório de Dumbledore, para os outros dois Marotos.

- Acidinhas - disse Remus rapidamente.

- Ah, o que seria de nós sem você, Moony? - brincou Tiago, colocando as duas mãos no peito em um gesto melodramático.

Alguns risos depois, a gárgula se moveu, revelando a escadaria para o escritório. Os garotos subiram e encontraram um Alvo Dumbledore que já os aguardava com alguns doces na sua escrivaninha.

- Boa tarde, senhores - Dumbledore cumprimentou-os animadamente de trás de sua escrivaninha. Fawkes estava em seu poleiro aparentemente adormecida.

Os garotos responderam mais olhando para os doces que nunca teriam imaginado que um dia ocupassem mais da escrivaninha de Dumbledore, que o diretor propriamente dito.

- Bem, bem... espero que estejam arrependidos do que fizeram, mesmo sabendo que muito provavelmente não estão - olhou penetrantemente para cada um dos garotos através de seus óculos de meia-lua. - Eu... sinceramente esperava que o senhor Lupin conseguisse conter os avanços irresponsáveis dos senhores mas vejo que minha pequena tática não foi um completo sucesso... então vamos à detenção: quero que ordenem os doces primeiro. Por favor, separem os feijõezinhos de todos os sabores e escrevam no vidrinho o sabor que eles têm, sim? Claro que isso implica experimentar todos eles por cores... então espero que se empenhem e, claro, sirvam-se do que quiserem. - sorriu antes de deixar os alunos abobados em meio aos doces.

- Ele não tá falando sério... - Sirius olhava para os pacotinhos de feijõezinhos de todos os sabores sobre a mesa, incrédulo.

- Acho que está falando sério sim... - Lupin disse ligeiramente entristecido por ter desapontado o diretor mas muito mais surpreso por tomar conhecimento de que fazia parte de uma estratégia dele o seu cargo de monitor.

- Pedro tá perdendo essa - disse Tiago rindo e pegando uma caixa de bombons explosivos.

- Sabe que isso pode ser considerado tortura? - cuspiu Lupin depois de ter experimentado um feijãozinho verde amarelado que muito lembrava a cor dos adornos da roupa da professora de adivinhação - Esse aqui é de cera de ouvido... eca!

- Na verdade, não pode não - interrompeu Dumbledore, que acabara de voltar à sala com alguns livros nas mãos. - De acordo com o estatuto da magia, dar doces aos alunos não está incluído em nenhuma das cláusulas específicas de tortura... - sorriu triunfante para um Lupin que fazia caretas.

- Ah.. - Lupin pegava os feijõezinhos da mesma cor e colocava em um vidrinho que havia acabado de conjurar onde se podia ler claramente: cera de ouvido.

Tiago ria das caretas de Remus enquanto sentia pequenas explosões de chocolate dentro de sua boca. Sirius começava a ajudar Remus e acabara de conjurar um vidrinho onde se lia "vômito" em letras garrafais. Aos poucos, mais e mais vidrinhos foram conjurados com a maioria dos sabores: doce de leite, grama, alcachofra, couve de bruxelas, morango, chocolate, amêndoas, sola de sapato, cenoura e etc. A tarde já havia dado lugar à noite naquela sexta-feira quando os garotos terminaram o serviço satisfeitos.

Quando deixaram Dumbledore feliz em seu escritório por não correr o risco de comer mais feijõezinhos de todos os sabores com gostos que não queria, encontraram Pedro dormindo em frente à gárgula que guardava o escritório do diretor.

- O que você tá fazendo aqui?! - perguntou um Sirius nervoso, cutucando a costela do garoto gordinho com a ponta do sapato.

- Eu... eu não sabia a senha e fiquei aqui esperando que alguém viesse mas não veio... - Disse pedro depois de ser acordado por Sirius.

Tiago bateu na testa com uma das mãos, ao que Remus riu. Ele sabia que Pedro havia feito isso de propósito... só o que o garoto gordinho não sabia era que o tiro havia saído pela culatra...


O jantar correu sem mais incidentes e logo os garotos foram se deitar porque precisavam acordar cedo no dia seguinte para cumprir a detenção com a professora de adivinhação.

As cortinas das camas foram fechadas e o silêncio reinou nos dormitórios mas Remus não conseguia dormir, sendo mais uma vez invadido por pensamentos que traziam os momentos em que havia conversado com Sirius naquele dia. As frases que o outro dissera haviam sido incrivelmente registradas pelo cérebro dele e retornavam agora como uma espécie de assombração. Talvez invadissem seus sonhos também, caso o sono viesse. Remus começava a suspeitar que aquilo não podia ser apenas uma amizade e nem mesmo a melhor amizade que uma pessoa poderia ter. Havia algo mais quando Sirius arrumava seus cabelos, quando Sirius se sentava ao seu lado e então era como se todo o resto perdesse o sentido e apenas Sirius brilhasse diante dos seus olhos.

Lupin se perguntava se estava apaixonado... mas isso não podia ser bom, podia? Sirius era um garoto e, além disso, seu melhor amigo... não, era um dos seus melhores amigos. Não podia colocar Sirius acima de James ou de Pedro, podia? Mas ele estava... e estava acima dos dois há muito tempo e Remus só havia se dado conta disso naquele momento.

Os pensamentos de Remus foram interrompidos por um ronco alto de Pedro, que dormia na cama ao lado da sua. Foi então que se virou para tentar dormir mais uma vez.

Os roncos de Pedro Pettigrew pareciam absurdamente altos naquela noite. Era culpa de Pedro Sirius não conseguir dormir! Ou ao menos era isso que ele pensava. Os roncos eram altos apesar de Sirius não dormir ao lado do outro garoto. Ele se perguntava como Remus poderia dormir com aquele barulho e seu primeiro impulso foi o de ir verificar se o amigo estava realmente dormindo. Se não estivesse, poderiam se sentar e conversar um pouco até que o sono viesse. Era agradável conversar com Remus e ele parecia estar precisando se abrir com alguém. A falta de atenção dele provavelmente estaria ligada a algum problema e sentia que poderia ajudar se ao menos pudesse conversar com ele longe dos outros dois. Sentia que precisava fazer isso mas não sabia como fazer.

Sirius levantou-se e foi até a cama de Remus, abrindo as cortinas apenas o suficiente para verificar que o amigo estava aparentemente adormecido. E era tão angelical daquele jeito... ele dormia de lado, os braços ligeiramente dobrados um sobre o outro, enquanto as pernas igualmente dobradas jaziam sob as cobertas. Devia estar quentinho ali, contrastando com o vento gélido que fazia as janelas baterem vez ou outra no dormitório. Estava agradecido aos céus por ter Remus como um dos melhores amigos. Com Remus não era como com Tiago, era diferente, era mais doce. Tiago era, sem dúvidas, seu melhor companheiro para aventuras que adoravam planejar, mas Remus era... era simplesmente diferente, oras! E dormindo daquele jeito fazia com que sentisse vontade de estar com ele ali, sob as cobertas. Talvez se ele se deitasse ao lado de Remus, poderia fazer o amigo adormecer no seu abraço e assim ele poderia finalmente contar o que parecia estar escondendo. Não, definitivamente ele estava escondendo algo. Suspirou, voltando à realidade dos roncos e achando estranhos seus pensamentos. Ele poderia realmente dormir abraçado a Remus? Isso soava um tanto... gay... e gay ele não era, era? Ele, que tinha filas de garotas se quisesse e sempre conseguia conquistar quem quisesse... Não, pensamento idiota de uma madrugada de um dia cheio de feijõezinhos de todos os sabores no escritório do diretor mais amalucado que Hogwarts já teve!

Remus se mexeu na cama, o que despertou Sirius de seus devaneios. Não teria uma explicação plausível para estar observando o amigo dormir caso ele despertasse, teria? Fechou a cortina rapidamente e voltou à sua cama, fechando as cortinas e fazendo um feitiço nelas para que os roncos não o perturbassem tanto.

Dormir com Remus, essa era nova para ele. Certamente fora a quantidade de doce que não fizera bem ao seu cérebro. E também, se ele virasse gay não teria problema algum. Dumbledore era gay e era um esplêndido diretor. Pois bem, e se ele, Sirius, fosse gay? Qual o problema em ser gay? Mas ser gay implica amar garotos, não é como um decreto político e só... Mas por que diabos ele pensava nisso agora? Justo as duas da manhã de um sábado e sábado de detenção com a professora Trelawney. Ela devia ser pavorosa ao acordar... é, isso era suficiente para tirar a hipótese de ser gay da cabeça. Coisa infundada...


O dia começara com os quatro Marotos ( e dessa vez Pedro não conseguira escapar da detenção também ) na sala da professora de adivinhação. Havia pilhas gigantes de livros empoeirados que iam do chão até o teto e que precisavam ser limpos e organizados nas prateleiras por ordem alfabética e sem uso de magia. As varinhas foram devidamente recolhidas pela professora, que agora trajava um vestido vermelho escarlate com plumas pretas que mais pareciam um animal morto recentemente e pregado ali. Seus óculos sujos e de lentes grossas davam a ela uma aparência ainda mais pavorosa que a do dia anterior.

Após cinco horas de trabalho intenso, os marotos saíram da torre de adivinhação e foram direto para o lago. O vento gélido cortava a pele dos seus rostos mas eles preferiam a liberdade do lago a se enfurnarem com todos os outros alunos nas salas comunais. Além disso, era dia de lua cheia e logo Remus deveria começar a se preparar para a ocasião. Sem exceção, Remus ficava mal quando a lua cheia se aproximava e estava particularmente pior naquele dia.

Sirius olhava para Remus preocupado mas em visível conflito interno quando Pedro voltava da floresta proibida com Tiago, ambos trazendo gravetos para acenderem uma fogueira.

- Nós estaremos lá com você, Moony. - Sirius tocou um dos ombros de Remus em um gesto firme. Odiava quando o amigo ficava mal daquele modo devido a lua cheia mas sabia que era, até então, inevitável.

- Eu... eu sei, obrigado, Pad... - disse Remus corando levemente mas agradecendo ao frio por não permitir que seu rubor fosse tão aparente. Ele sabia que Sirius se importava mas por que então estava tão triste? Talvez porque não era como queria que fosse... E por que Sirius se sentia tão bem diante de um simples sorriso do amigo?

Acenderam a fogueira o e calor aqueceu um pouco os corpos dos quatro, que tremiam diante da fogueira. Conversaram animadamente sobre os feitos da semana e os da próxima, arrancando risos de Remus, que estava muito abatido. Sua fragilidade chegava a extremos quando próximo da lua cheia, mas, na verdade, a qualidade de lobisomem proporcionava força física extra a ele e por isso tentava se controlar ao máximo para não ferir outros caso perdesse a cabeça enfurecido. Como resultado, era a pessoa mais calma do grupo e provavelmente da escola toda.

Por vezes, o olhar de Remus parava sobre Sirius e ele se pegava delirando novamente. Com uma freqüência irritante, ele se pegava acordando de seus devaneios pelos risos dos outros, aos quais ele se unia para não deixar que percebessem sua ausência.

Algumas horas depois, acharam melhor voltarem ao salão comunal da Grifinória porque o frio parecia ter se intensificado. Faltava apenas três horas para que Remus tivesse que deixá-los para ir à casa dos gritos com Madame Pomfrey.

Lupin pensava que a lua cheia seria um bom momento para que pudesse refletir melhor sobre seus sentimentos por Sirius. Talvez fosse necessário para esquecê-lo, já que ele não conseguia pensar em ninguém mais heterossexual que o amigo, além do próprio fato de ser seu amigo. Ele não queria correr risco de estragar a amizade que tinham.

Sirius conversava animadamente com Tiago sobre o jogo de quadribol da Lufa Lufa contra a Corvinal a um canto e Pedro comia algumas guloseimas quentes que pegara da cozinha, distribuindo para algumas garotas com quem ele conversava. Pedro não tinha muitos amigos mas parecia estar satisfeito com os que tinha.

Para Remus, a manifestação do amor sempre havia sido livre de preconceitos. As pessoas criavam conceitos a partir de uma experiência e pareciam querer usá-los para todas as outras experiências na vida e isso ele realmente achava errado. Tudo bem que ele jamais havia gostado de outro garoto... e mesmo em termos de paixões, fora apenas uma garota que certa vez roubara seu coração mas isso fora há muito tempo e ele não fora correspondido. É, ele realmente devia estar apaixonado por seu melhor amigo. Dava para notar isso pelo grau dos pensamentos que andava tendo... e o simples fato de ver Sirius o enchia de alegria. Por falar nisso, era difícil mesmo se despedir dele antes da lua cheia. Era ruim. Ele sabia que veria o amigo em sua forma animaga mas mesmo assim, não estaria consciente, estaria? Não, e isso contava como não ver o amigo e por isso era torturante. O que ele estava dizendo? Torturante?! É, definitivamente, estava apaixonado. O que fazer agora? Ele sabia que um dia aquilo iria passar mesmo se não tentasse nada... tentar? Como poderia pensar em tentar alguma aproximação? Ele falava de Sirius Black! E ele era muito bonito, por sinal. Não, não podia fazer nada, apenas esperaria aquilo passar. Tinha que passar. Algum dia, ia passar. Mas e se não passasse? Ele se sentiu corar. Como dizer a Sirius Black que estava apaixonado? Impossível!

- Monny! MOONY! - Tiago sacudia Remus pelos ombros.

Remus deu um pulo, ainda sendo sacudido pelo garoto de olhos castanhos. Recuperou-se o breve choque e olhou atentamente para o amigo sem dizer nada.

- Fala... pode falar... o que deu em você? - Tiago sussurrou, agora sentado ao lado de Remus enquanto tentava olhar para a direção em que o amigo estivera olhando fixamente. - Eu vi que você não tirou os olhos do Padfoot...

- O quê? - perguntou bobamente.

- Pode falar... ele não está nos ouvindo. Se você quiser, conversamos lá em cima a sós mas você não me escapa mais, Moony.

- Não... Sirius? Não... é que... - Remus suspirou pensando em qualquer coisa para dizer o mais rápido possível - Eu... eu não estava olhando para ele.

- Eu vi, Moony. Não minta para mim! - Tiago falou quase aos ouvidos de Remus, ainda sussurrando para que ninguém mais ouvisse. - Não tirava os olhos dele... você tá gostando dele, não tá? A sua cara é de quem está apaixonado... e você tem estado com a cabeça, desculpe o trocadilho infame, mas... você tem estado com a cabeça na lua. - Sorriu então triunfante. - Eu acho que vocês combinam. - Fez aquela expressão de maroto que Remus conhecia bem.

- Não! - Estava desesperado e mais vermelho que antes - Não é isso... ou, bem, é isso mas não assim... Não gosto dele... eu... eu não estava olhando para o Padfoot - olhou ao redor, buscando qualquer desculpa. Não iria revelar isso ao Tiago, não ao Tiago, braço direito de Sirius - era aquele garoto ali que eu olhava. Tá vendo? Atrás do Sirius... - Mentira deslavada mas ao menos Tiago fez cara de quem caía nela.

- Eu sabia, pequeno Moony! - Tiago bateu uma mão na outra, fazendo um som que fez Sirius olhar para ele. Aquele som já era seu velho conhecido de quando o amigo tinha uma grande idéia ou então havia descoberto algo grande, realmente grande.

Remus não sabia onde se esconder. Era tarde demais, agora teria um Tiago dedicado a fazer qualquer coisa que ele pressentia que não ia dar certo e pior, alguma coisa que o envolvia diretamente.

- Posso te ajudar? Posso contar ao Padfoot? Acho que ele conhece o garoto... - perguntou um Tiago extasiado, arrumando os óculos com um olhar que Lupin não gostava. Era cheiro de encrenca.

- Ajudar? Mas como...?

- Podemos trancar vocês dois em uma das salas vazias de Hogwarts! Seria perfeito! - O olhar alucinado dele não era um bom sinal.

- Ahn... eu agradeço muito mas eu prefiro fazer as coisas do meu jeito e...

- Eu sei que podemos te ajudar de qualquer jeito, mesmo que seja do seu, Monny. - falou mais sério agora. - Posso contar ao Padfoot? Ele tem idéias melhores...

Lupin não achava aquilo uma boa idéia mas qualquer coisa valia para tirar Sirius da cabeça. Mas tirar da cabeça era a mesma coisa que tirar do coração? Talvez fosse mais fácil fingir que não amava Sirius se o amigo pensasse que ele amava outra pessoa.

- Pode. - Por que um friozinho subiu pela sua barriga? Ele não sabia, mas sabia que havia feito algo certo.

Em pouco tempo, Tiago se reuniu a Sirius e começaram a conversar. Sirius inicialmente ficou incrédulo diante da notícia e uma pontada de decepção perspassou por sua garganta e sentiu seus olhos estranhos. O que era aquilo? Não era como lágrimas, era como uma decepção... mas por que estaria desapontado? Sentir os olhos era estranho. As pessoas geralmente enxergam através dos olhos e tudo bem mas era estranho sentir seus olhos. Seu coração batia mais pesado ou era impressão? Bobagem, do que estava falando mesmo com Tiago? Ah, sim, ele conhecia o garoto e sabia que era gay. Repentinamente, lembrou-se do seu conflito interno da noite anterior e desviou o olhar do garoto que era a paixão secreta de Moony para o próprio Moony, que olhava com uma expressão indecifrável para ele. Não, claro que não era para ele, era para o garoto atrás dele. Devia era estar feliz por seu amigo ter chances com o garoto sextanista. E até que não era uma má escolha... era um garoto alto, encorpado e o rosto não era tão ruim assim. Não jogava quadribol mas mesmo assim era bem popular. Não importava, Moony o queria então Moony o teria. Por que uma dorzinha lá no fundo insistia em sondar seu peito, isso ele não sabia mas sabia que ajudaria a qualquer custo a unir aqueles dois.

Antes que o lobisomem pudesse medir as conseqüências da sua mentira, Tiago e Sirius se aproximaram dele e começaram a conversar alegremente.

- Estou muito feliz por você... acho que tem chances, olha só... - Sirius começou mas seu tom não era muito convincente.

- Sirius o conhece e adivinha? O garoto é gay também. - Sorriu Tiago.

- E quem disse que eu sou gay? - Remus olhou de Tiago para Sirius um tanto desconfortável. - Eu acredito que o amor é livre, não vê sexo, etnia, pureza de sangue ou qualquer outra coisa. - Ele precisava parar de olhar para Sirius. - Odeio rótulos...

- Tudo bem, tudo bem... o que queremos dizer é que o garoto gosta de garotos e você tem chance. Deveria estar mais feliz... - estranhou Tiago.

- Eu... eu estou - Remus olhou para baixo e forçou um sorriso que deve ter saído pavoroso.

- Olha, Moony, se você tá assim por minha causa, eu te digo: não deixo de ser seu amigo por nada nesse mundo, entendeu? Acho que você não queria ter me contado, não é? - Outra pontada passou pelo peito de Sirius ao dizer isso. Oras, era preciso especificar as coisas, não era? Não devia ser fácil ser gay ou qualquer outra coisa que ele prefira dizer que era... ele devia ter medo de não ser aceito pelos amigos porque, colocando-se no lugar dele, era uma decisão difícil. Era uma vida difícil... ele precisava de apoio.

- Não é isso, Sirius... obrigado pelo apoio... mas... - Disse Remus hesitante.

- Então vamos aos planos. Agora que você sabe que somos seus amigos até no inferno, precisamos de um jeito de aproximar você do garoto. A propósito, o nome dele é Alessandro Diggory. - Tiago estranhou um pouco o fato de Remus não ter sequer perguntado o nome da sua paixão mas, no final, pensou que era porque Sirius estava por perto e ele deve ter tido medo de ser rejeitado pelos amigos. Isso seria bem típico do Moony.

- Não podemos. Está na hora de eu ir... - Remus olhou o grande relógio da sala comunal, levantando-se apressado pois passara alguns minutos do horário em que ele normalmente saía para ir à casa dos gritos.


Bem, eu espero que tenham gostado. Essa é minha primeira fic e talvez ela acabe ficando grandinha. Reviews são muito bem vindas! D