-Sensei, por que isso aconteceu conosco? - A criança pergunta triste olhando os túmulos á sua volta. O homem se agacha até ficar da altura dela. - Não sei, acho que ninguém saberia explicar.

-Fomos atacados e massacrados. E os responsáveis saíram impunes.

-Eles foram perdoados. -O homem responde com a voz calma, mas em seus olhos era visível o ódio e a raiva que aquilo lhe causava.

-Eles nos traíram e foram perdoados. E quem vai nos consolar pelas nossas perdas? Meus pais morreram, Sensei. Assim como os pais de meus amigos. Nós temos direito á vingança.

-Esqueça isso. Coloque suas emoções de lado. Um shinobi não demonstra seus sentimentos. Lembre-se, somos ninjas antes de sermos humanos.

- Somos ninjas antes de sermos humanos. -A criança repete com lágrimas nos olhos e depois olha para o seu Sensei. -E por isso devemos ser fracos e covardes?

-O inimigo foi covarde, nós fomos piedosos e aceitamos a rendição. Isso demonstra que somos mais honrados do que eles.

-A honra não vai trazer meus pais de volta, Sensei.

-Nem a vingança. - Ele rebate e se ergue. Tinham que sair dali, todos deveriam estar presentes ao funeral do Líder. Ele volta a olhar para a criança. Como explicar que o perdão tinha sido um ato político? Que todos foram obrigados á aceitar a rendição e não revidarem o ataque? No momento estavam vulneráveis, tinham perdidos muitos shinobis e precisavam escolher um novo Líder. Não poderiam entrar em conflitos, então conceder o perdão e aceitar a rendição era a melhor coisa á ser feita.

Ele sabia que aquela criança encontraria a paz e o conforto, mas demoraria.

À volta deles várias famílias pranteavam seus mortos. Setenta e duas vidas haviam sido perdidas, incluindo a do Líder. Tudo por causa de um capricho e da traição de pessoas de confiança. E sobre tudo, a ação de uma shinobi com um poder muito forte.

O Sensei também estava revoltado, mas não podia deixar a criança perceber, havia muitos jovens furiosos ali no momento e os mais velhos deveriam controlá-los e não alimentar mais ódio ainda, mas não era fácil esconder os próprios sentimentos.

-Venha, vamos. - Ele fala e sai seguido pela criança, que para alguns metros adiante e olha para trás. - Você devia acrescentar que ninjas têm vida curta, Sensei.

Ele concorda sem olhar para ela e segue seu caminho. Ninjas têm vida curta. E essa vida era dedicada á proteger os outros. Mas eles não puderam proteger as próprias famílias e o inimigo tinha sido impiedoso. Ele sorri amargo, os conselheiros tinham pedido que eles não usassem a palavra "inimigo". Os atacantes não eram inimigos. Eles tinham sido enganados.

Essa era a versão que eles deveriam contar aos jovens. Se era verdadeira ou não, só o futuro diria.