À primeira vista

Minha mãe me levava até o aeroporto enquanto falava ao celular com meu pai. Eu mascava um chiclete, entediada.

-- Não, é CLARO que eu não me esqueci de levar ela ao aeroporto. Onde você acha que eu estou levando ela agora mesmo, seu demente? – Atualmente, demente era uma das palavras favoritas de minha mãe. Principalmente quando se tratava de meu pai. – Como assim? Ah, vai se ferrar.

E ela desligou.

Minha mãe já havia me explicado 464873453743254674537254237 vezes o PORQUE de eu estar indo morar em Forks, a cidade com menos sol do universo. Eu continuava sem entender. Ela estava casada com Phil, o cara que poderia ser até MEU namorado, pela idade que ele tinha, e ela queria poder viajar pelo mundo trabalhando como escrava sexual do cara. Algo assim.

-- Tchau mãe. – Eu disse, sem olhar para ela.

-- Tchau, Lauren. Não esqueça de escrever.

-- Pode crer. – Falei, rindo. Eu sabia que a ultima coisa que a minha mãe faria seria responder uma carta minha. Como se eu fosse perder meu tempo escrevendo, de qualquer jeito.

Peguei um avião na classe econômica, e sentei ao lado de um velho que dormia, roncava e babava. Que sorte a minha. Cheguei em Forks e chovia. Vi meu pai ao lado de sua viatura, me esperando. Seu olhar pousou sobre minhas malas.

-- Uau. Você precisa de tudo isso mesmo?

Revirei meus olhos. Até parece que o meu pai entenderia esse tipo de coisa.

-- Sim, pai.

Fomos até a casa dele, minha casa, enquanto ele puxava assunto, mas minhas respostas eram curtas. Quer dizer, eu gosto de conversar, mas com as minhas amigas, e não com o meu pai. Duh. Chegando em casa, meu pai me despachou no meu quarto e saiu. Dei uma olhada no quarto, em geral. Continuava igual, mas agora havia um computador (velho, muito velho) e um armário. E um banheiro anexado ao quarto. Obviamente, para vir morar em FORKS, eu tinha minhas exigências.

-- Lauren, pode descer aqui? – Meu pai gritou do andar de baixo. Desci até lá, e ele estava ao lado de uma caminhonete velha, muito velha. Aparentemente tudo era velho por aqui. -- Lembra-se de Billy Black, de La Push?

Ah, o indio velho, feio e com o filho que babava por mim desde que eramos crianças? Não, imagina.

-- Pois bem, eu comprei dele essa caminhonete. – Ele disse.

-- Pai, você já tem a viatura. Não precisa de outro carro. – Falei lentamente, para ele conseguir entender todas as palavras.

Ele parecer momentaneamente constrangido, mas logo disse:

-- É pra você, Lauren.

Eu não falei o resto do dia com o meu pai.

Quer dizer, aquilo era velho. Grr.

Acordei no outro dia e resolvi dar uma trégua para o velho e falar com ele.

-- Oi pai. Vou pra escola.

Ele olhou para mim rapidamente, mas só assentiu. Sono ou ressentimento?

Sem tempo de analisar as ações do meu pai, fui para o meu novo velho carro, e me dirigi a escola.

Durante a manhã, algumas pessoas falaram comigo. Vou compartilhar aqui as anotações mentais que fiz quando os conheci:

Eric Yoalgumacoisajaponesachinesaoucoreana: O cara é bem feinho, mas dá pro gasto. E tá completamente caidinho por mim. Não que isso seja uma novidade.

Jessica: Ela parece minhas antigas amigas. Parece ser a única com senso de moda por aqui.

Mike: Esse sim já tá até apaixonado. Eu pegava, mas a Jessica tá completamente in love com ele, e ela parece ser a única amiga decente por aqui.

Ok, isso foi até a hora do refeitório. Aí então, eu vi. Jessica disse que eles eram os Cullens, e me deu uma rápida biografia da família, mas eu não estava prestando atenção. Estava de olho no que foi apresentado como Edward. Meu único pensamento foi: uh, sexy.

-- Não perca seu tempo, ele não namora. – Disse Jess sobre o Edward.

Há, essa menina não me conhecia. Se o desafio é grande, o prêmio é maior ainda.

Fui para a aula de biologia ao lado de Ângela, uma menina muito tímida que não parecia ter gostado de mim. Bom, se eu fosse ela, não gostaria de mim também. Quer dizer, eu sou bonita, engraçada, e no meu primeiro dia aqui todos já me amam. Pobrezinha.

Chegando lá, a única classe livre na sala de aula era a de Edward. Parece que a sorte está do meu lado. Sorri e fui até ele. Ele não foi muito receptivo.

Durante a noite, lembrei de meu dia...

Edward não olhava para mim. Eu tentava sorrir para ele, mas ele parecia estar lutando em um conflito interno. Quando a sirene soou, ele saiu correndo, mas eu não deixei passar o olhar de ódio que ele aplicou em mim ao passar.

Mas obviamente, isso não queria dizer que eu estava desistindo. De jeito nenhum.