The Son of Mists
DISCLAIMER: Saint Seiya pertence a Massami Kurumada e empresas licenciadas. Esse é um fic, puramente feito para entretenimento, sem fins lucrativos.
História baseada em um RPG. Fazendo parte da cronologia de Tiger's Daughter, e criada para participação de um concurso de OC's promovido pelo Facebook.
Parte 1: Alanna
Alguns anos depois da queda de Hades.
Grécia, Santuário.
Shura havia chegado há pouco de mais uma missão em nome do Santuário e fora chamado ao Salão do Grande Mestre. Ali entrando avistou Mu que atualmente atuava como Mestre e Atena conversando sobre fatos que estavam acontecendo pelo mundo, ao avistarem Shura o receberam com sorrisos, satisfeitos por ele ter voltado são e salvo.
-Shura, seja bem vindo.-dizia Atena.
-Senhorita Atena.-o cavaleiro se ajoelha respeitosamente diante da figura da deusa da justiça.-A missão terminou bem. As ações do inimigo foram frustradas antes mesmo de começarem.
-Muito bem.-disse Mu.-Shura, por favor descanse agora e...
-Estou pronto para realizar outra missão, Mu. Digo, mestre.-o cavaleiro de capricórnio o interrompeu.
-Shura. –Atena começa a falar pausadamente.-Você tem realizado missões uma atrás de outra sem descansar. Isso não é bom.
-Atena, não desejo ficar parado no Santuário.
-Diga, Shura... –Shura ergue o rosto para a deusa.-O que está acontecendo?
-Eu... ainda me envergonho dos meus atos do passado, senhorita.-disse baixando o olhar.-Dos crimes que cometi. Naquela noite, eu quase a matei quando...
-Shura, Aiolos não o perdoou e até pediu sua amizade de volta?-Atena o questionou, sentando no trono diante dele. -Não há razão para se punir dessa maneira.
-Eu sei, senhorita Atena. Mas meu coração está inquieto.
-Como assim, meu amigo?
-Sinto que não posso ficar parado, ou a lâmina da Excalibur começará a enferrujar.
-Esse sentimento de inquietação não é algo bom meu amigo.-Atena estava começando a ficar preocupada. –Sei que essa relativa paz tem incomodado alguns de vocês, acostumados a realizar missões pelo mundo. Mas é tão terrível assim ficar aqui e desfrutar de alguns momentos de relaxamento?
-Para um soldado, essa paz chega a incomodar. Perdoe minha sinceridade, senhorita, mas nasci para a batalha e não para ficar quieto e sereno em um lugar.
-Shura, se deseja partir em mais uma missão talvez eu tenha algo.-Atena olhou para Mu sem entender o que ele queria dizer.-É uma missão de resgate.
-Missão de resgate?
-Descobrir o que houve com um cavaleiro de prata.
-Me perdoe, Mu. Mas essa missão não é mais digna de um cavaleiro de prata?
-Não é tão simples assim, Shura. -Mu começou a falar.- Três anos atrás, eu enviei um jovem cavaleiro de prata para cumprir uma missão, em minha condição de grande mestre no lugar do mestre Dohko. O cavaleiro sabia que era uma missão sem data de retornar ao Santuário. Bem, há alguns dias ele deveria ter enviado um relatório de sua missão, mas essa mensagem nunca chegou e perdemos contato com o cavaleiro.
-Acha que algo aconteceu a ele?
-É o mais provável, devido a sua missão.
-E que missão era essa?
-Manter selado os Portões de Avalon.
-Os Portões de Avalon?-Shura questionou.
-Avalon é bem real, Shura.-dizia Atena.-E um local de grande poder e cobiçado por forças do mal.
-Por séculos o Santuário tomou para si a missão de proteger os Portões e garantir que ninguém entre ou saia de Avalon e roube seu poder.-Mu completou.- Um acordo em comum entre esse mundo e o outro, um mundo governado por seres encantados.
-Essa era a missão do Cavaleiro de Altar?
-Sim. O fato de não termos notícias dele há muito tempo pode significar que um inimigo poderoso apareceu ou...-completava o ariano.-Apenas um alarme falso. Mas temos que verificar isso. Mas, se o pior aconteceu...
-Eu farei o que deve ser feito.
No dia seguinte a essa conversa, Shura estava a caminho de Glastonbury em um ônibus. Preferiu esse trajeto por ser mais tranquilo, não queria chamar a atenção de ninguém e poder digerir as informações sobre sua missão.
Quando desceu da estação rodoviária, notou um ar pesado na cidade. Não sabia exatamente o que era, mas as ruas não tinham a movimentação que normalmente uma cidade turística teria. Os sons de bater de asas chama a sua atenção e Shura olha para cima, em um galho de uma árvore ressecada e morta estava um corvo, que grasnava e olhava para ele.
Parecia nervosa com a presença de Shura e depois alçou voo. O cavaleiro achou estranho aquilo, mas não deu maior importância ao fato. Tinha uma missão a cumprir e apenas isso. Seguiu caminho por uma rua, que o levaria até a trilha que o guiaria a Colina de Tor, onde estaria os tais Portões de Avalon.
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Nas proximidades de Glastonbury, precisamente perto a uma famosa igreja, observando a construção antiga estava uma idosa. Tanto pelas suas vestes em farrapos quanto pelas feições horrendas, ela poderia ser facilmente comparadas a uma bruxa de contos infantis, ainda mais quando no cajado que usava para apoiar-se um corvo pousou e grasnava, como se conversasse com a idosa.
Ela sorri, exibindo dentes falhos e podres.
-O portador da espada sagrada aqui? Seria obra do destino que a Espada venha tentar proteger o herdeiro, Medraut? Ah...meu velho inimigo...sei que tem dedo seu nessa trama. O que acha, Medraut?
O corvo grasnou mais uma vez e a velha começou a gargalhar.
-Calma meu velho amigo... Ele não representa perigo, pois nem sabe o que está acontecendo. Deve ter vindo porque o incauto abriu os portões para nos encontrar e atraiu o guardião. Pena...teve que morrer... O idiota tem tanto poder, mas não sabe ser discreto. Pft! –ela cospe no chão e começa a rir.- Mas, calma. Breve, muito em breve voltaremos para casa. Ele prometeu que o herdeiro viria...está sentindo? Ele cumpriu a promessa. Ele veio! Hahahahahaha! Ele veio!
A idosa faz um gesto erguendo os braços. A capa parecia ganhar vida e dela milhares de corvos de olhos rubros saiam e alçavam voo em direção a Glastonbury.
-Tragam-no.
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Colina de Tor.
Desde que chegara na cidade Shura tem sentido algo estranho no ar. Agora, aproximando-se da Colina, tinha certeza de que seus sentidos estavam corretos. Segundo Mu, os Portões na verdade ficavam ocultos por uma magia antiga, mas que apenas alguém de grande poder poderia abri-los. E geralmente quem tentasse isso, seria pela busca de mais poder.
De repente os ventos tornaram-se mais fortes, um brilho tênue formou-se aos pés do monte e de dentro deste brilho um vulto negro parecia emergir dele, correndo a grande velocidade, e na sua direção. Alguém estava abrindo novamente os tais Portões.
-Mas...que droga!-levou a mão ao rosto tentando proteger os olhos quando surgiu do nada uma luz branca e muito forte.
Cego pela luz intensa, e movido pelos instintos de guerreiro, Shura agiu movendo o braço direito e disparando seu golpe. A figura diante dele movia-se rápido, evitando ser atingida mortalmente pelo golpe da Excalibur, mas não o suficiente para evitar que o que parecia ser seu ombro fosse atingindo.
Somente quando escutou um grito de dor, numa tom feminino e enfraquecido, que Shura percebeu o terrível engano que cometera. Assim que a luz dos Portões extinguiu-se e este ficou novamente oculto pelas brumas da magia de seus criadores, Shura pode vislumbrar o que fizera.
Com horror notou que ferira uma jovem, que parecia proteger com o corpo alguma carga preciosa. Seus olhos verdes mostravam o quanto estava assustada, com dor, mesmo com o rosto parcialmente coberto pelos longos e lisos cabelos loiros que estava soltos. Usava um traje branco que lembrava algum filme medieval antigo, que pareciam dar-lhe um ar angelical, mesmo parcialmente sujo pelo sangue dela.
Por instantes, ele parecia não saber o que fazer. Até que estendeu a mão na direção da moça que se encolheu de medo.
-Não. Eu não vou machucá-la. Eu não pretendia. –tocando em seu braço ferido.- Eu...sinto muito.
Ela o fitou e permitiu que ele a tocasse, parecia ainda confusa. Seus lábios se moveram, sem nada dizer a princípio, e depois formaram palavras de um som antigo que ele não compreendia. Ela sacudiu a cabeça e começou a falar novamente, mas ele ainda não entendia.
A jovem estendeu a mão e tocou o rosto do cavaleiro e inclinou-se para frente, tocando os lábios róseos nos dele. Shura sentiu como se seu corpo fosse atingindo por um leve choque, mas foi a surpresa pelo ato da desconhecida que o deixou sem reação por alguns instantes.
Protestou mentalmente quando ela afastou os lábios dos deles e começou a falar, desta vez em um idioma que ele agora entendia.
-O...guardião? É você?-finalmente perguntou, fitando os olhos negros do cavaleiro, parecia ler sua alma.
-Guardião?
-Dos Portões. Minhas irmãs me disseram que os Portões possuíam um guardião poderoso. Alguém do Santuário!-ela fita a caixa da armadura e depois ele novamente.-É você?
-Acho que agora sou. Deixe-me ajudá-la e... por que me beijou?
-Perdoe-me...tive que ler o idioma que falam nessa terra. São tantos. Familiares e estranhos ao mesmo tempo para mim.
Foi quando notou que ela segurava uma criança em seus braços. Era um menino de cabelos negros, que não deveria ter mais do que três anos de idade e adormecido.
-O que...é você?-lembrou-se do que Áries havia dito sobre os moradores de Avalon serem encantados.-Veio de Avalon?
-Eu...ai... –levou a mão ao ombro e o cavaleiro afasta seus cabelos, notando o corte.
-Graças a Atena foi de raspão. Você foi rápida.
-S-somos rápidas...ai...-protestou quando ele tocou em seu ombro, mas espantou-se quando ele usava seu cosmo para conter o sangramento.-Você sabe usar a energia da Luz?
-Que? Cosmo? Isso se chama Cosmo. Todos os cavaleiros sabem usar.
-Não a chamamos assim. -observou que o ferimento se fechava.-Obrigada, milorde.
Ela agradeceu com um tímido sorriso e o cavaleiro ficou desconcertado.
-Bem...quem é você, senhorita?-perguntou se levantando e dando a mão a ela.
-Alanna...Alanna de Ynys Mon.
-Eu sou Shura de Capricórnio.
Ela arregala os olhos, parecendo reconhecer seu nome, e em seguida parecia aliviada.
-Rianne se referiu ao seu nome uma vez... estava destinado a nos encontrar.
-Quem?-não conseguia entender o que ela dizia.
-Minha irmã mais velha.
-Alanna.-Shura sacudiu a cabeça, aquela garota dizia coisas confusas para ele.- Foi você quem abriu o portal antes? Sabe onde está o homem que protegia esse local?
-Não. –ela parecia assustada com o interrogatório. -É a primeira vez que venho a seu mundo. Vim procurar proteção.
-Você precisa de proteção?-não imaginava quem teria coragem de ameaçá-la. Ou de como ele ainda estava dormindo apesar do barulho ao seu redor.
-Não para mim. Mas para ele. Ele dorme graças a um encanto, não queria que ele visse os horrores que deixamos para trás quando saímos da segurança de nossa casa.
-O que está acontecendo afinal, Alanna?
-É uma história longa, milorde.-ela suspirou, ajeitando o menino em seus braços. –Só posso dizer que muitos querem o mal dessa criança, e minhas irmãs... nós arriscamos tudo para protegê-lo. Um dia, virão buscá-lo para cumprir seu destino, mas até lá ele deve ser preparado e protegido. Só não sei se foi uma ideia sábia vir para seu mundo, já que ela foi banida para cá.
-Ela? Quem?
-Mor...-de repente, parou assustada.-Pela Deusa Mãe...já nos encontraram!
Shura sentiu algo errado no ar. Um cosmo sombrio que se aproximava rapidamente. Imediatamente ordenou que sua armadura saísse de sua urna e se juntasse a ele, o que foi feito diante do olhar admirado de Alanna. O cavaleiro se colocou diante de Alanna e da criança em seus braços, pronto para qualquer inimigo.
Então, uma enorme nuvem negra feita de milhares de corvos surgiu vindo de Glastonbury. Não era algo natural, o cavaleiro já havia percebido, e se confirmou quando o enorme bando investiu contra eles todos juntos. O cavaleiro realiza um movimento com o braço direito, fazendo um arco no ar. Uma poderosa energia atinge os corvos.
Mas eles não se dispersam. As aves atingidas e despedaçadas pela Excalibur se regeneravam quase no mesmo instante em que foram atingidas, revoando ao redor deles e formando uma única figura gigantesca.
-Que tipo de bruxaria é essa?
-Magia das trevas...-murmurou a garota.
-Cavaleiro de Atena... portador da Espada Sagrada do Rei...-a "ave" gigantesca falava em voz gutural.- Por que se coloca entre mim e minhas presas? Afaste-se! Isso não diz respeito ao seu Santuário ou ao seu mundo! Não tem o porquê interferir! Quer ter o mesmo destino do antigo guardião?
-Tsc... pelo jeito que fala, acho que mataram o cavaleiro de prata que protegia esse local.–Shura sorri de lado.- Acho que você está falando demais. Ao atacarem um cavaleiro, provocou o Santuário.
-Não foi culpa de minha mestra.-a voz continuava.-E o assassino do Cavaleiro nem se encontra em seu mundo agora. Não vejo razões para que interfira nesse assunto, cavaleiro. Minha mestra quer o menino, simples assim.
Alanna estremece, abraçando protetoramente o menino.
-Entregue o menino...minha ama quer seu sangue para retornar ao seu reino novamente. Nada queremos com seu mundo. Apenas nos entregue o menino. E poderá ir embora.
Shura olha por sobre o ombro para Alanna e a criança, adormecida profundamente graças ao tal encanto que ela dissera. Então estreitou o olhar e seu cosmo eleva-se.
-EXCALIBUR!- ele lança o golpe com mais força que o anterior, destruindo parte do corpo daquele ser, reduzindo as aves atingidas a tantos pedaços que era impossível voltarem à sua forma original, dispersando as restantes.
-Tolo! Envolveu-se numa guerra milenar que não é sua!
-Acha mesmo que um Cavaleiro entregaria uma criança para um ser das trevas como você?-Shura falava com desprezo à criatura. -Avise sua mestra, que esse menino e essa mulher estão sob a proteção do Santuário agora. Sob a proteção de Shura, o Cavaleiro de Ouro de Capricórnio.
-Selou seu destino, Cavaleiro Shura de Capricórnio. Minha mestra não será piedosa da próxima vez!
De repente, os Portões pareciam querer se abrir novamente. O vento começou a tornar-se mais forte, como acontecera momentos antes de Alanna emergir dele.
-Eis o assassino que procura, Cavaleiro. Mestre Agravain.
Depois dessas palavras, a criatura se dispersa no ar, deixando apenas resquícios de seu cosmo negro.
-Precisamos fechar os Portões. -disse a jovem, deitando a criança com cuidado na relva. – Agravain abriu os Portões pela primeira vez, desafiando as leis de meu pai que proibiam isso. Ele quer libertar sua mestra de seu exílio, cavaleiro. Se o fizer, Avalon pode cair.
-Me diga o que devo fazer para selar essa coisa!
-Por apenas alguns momentos é possível ver os umbrais dos Portões, é quando algo ou alguém o atravessa. Se eles forem destruídos, os Portões se fecharão. –ela baixa o olhar.- Foram palavras de meu pai.
-Se fecharem, ele não pode sair. E nem vocês voltarem.
-Sephir não poderá voltar ainda.- Alanna cerra o punho. -Não houve tempo de lhe dizer exatamente quem somos, Shura.
Ela estende a mão e toca novamente o rosto do cavaleiro. Esse toque suave parecia ter o efeito devastador na mente de Shura. Ele começou a ter visões, a compartilhar as memórias e lembranças de Alanna. Assim ficou sabendo que ela pertencia a uma raça tão antiga quanto a ilha mística que viera. Que sua família, seu povo, traziam equilíbrio entre os mundos. Viu a imagem austera do pai que ela tanto admirava. Imagens, lembranças, tudo sobre o lugar de onde Alanna viera, o paraíso de mais de mil anos em que nasceu e viveu sendo destruído por uma guerra civil, pessoas e criaturas que ela conheceu morreram em meio a anos de caos, até o nascimento de um menino que representava a esperança pelo retorno da paz, mas que também poderia ser a chave da total destruição de Avalon.
Em apenas um toque, Alanna também vivenciou todas as lembranças, angústias, batalhas e culpas do cavaleiro de Capricórnio, até sua redenção perante Atena. Cada sangue e lágrima que derramou pareciam ser dela também. E ela sentiu que seu pai e sua irmã estavam certos. Ele era o homem predestinado a ser o protetor de Sephir, ela podia confiar plenamente naquele homem. Uma tênue luz dourada de esperança em meio às trevas que ameaçavam seu lar.
-Por favor, use seu poder contra os Umbrais...não hesite. -ela murmurou e tocou novamente os lábios do cavaleiro em um rápido beijo. -Cuide de meu irmão...
Alanna então corre na direção dos Portões, onde a luz que indicava que se abria começava a surgir. Ela ergueu a mão na direção daquela luz e um brilho azul intenso surgiu na palma de sua mão, e foi quando Shura percebeu que de certo modo ela tentava impedir que Agravain o atravessasse, e pode vislumbrar os Umbrais etéreos dos Portões.
Lembrou-se das palavras dela. "...não hesite". Praguejou. Ela estava lhe mostrando o seu alvo e não poderia sair da frente. Ergueu o braço, sabia o que tinha que fazer, e o resultado de seu ato se o fizesse.
-Alanna...
Ela virou seu rosto para trás, sorrindo. Era o sinal de que poderia usar seu golpe sem culpa ou receios. E assim o fez.
A Excalibur é desferida, segundos antes de um homem enorme de armadura negra e rosto oculto por um elmo na forma de um dragão surgir e pegar Alanna pelo pulso com firmeza. Aquele gigante negro olha na direção de Shura e do Cosmo dourado que vinha em sua direção.
Ocorre uma explosão com o choque do cosmo contra os umbrais. A terra estremece, uma enorme nuvem de poeira toma conta do local. Quando por fim o silêncio reina e a poeira se dissipa, parte da Colina de Tor estava destruída. E não haviam mais sinais de Agravain ou de Alanna.
Shura sente as pernas fraquejarem, como se tivesse perdido algo muito valioso. Com um dos joelhos apoiado no chão ele desfere um soco contra o solo, colocando suas frustrações naquele golpe.
-Maldição!
Então move o rosto na direção do menino ao ouvir que a criança estava acordando.
-Papai?
Perguntava o pequeno de cabelos negros e lisos, esfregando o olho esquerdo com o punho e voz chorosa, após sentar-se na relva. Ele também possuía olhos negros e enormes que se destacavam em seu rosto pálido. Olhos curiosos sobre o homem de armadura dourada diante dele.
-Onde tá meu pai?
Shura nada disse, fechou os olhos um instante procurando as palavras certas.
-Eu não sei.
-E Rianne? Onde tão a Meredith e a Alanna? –ele olhava para os lados, depois fitou Shura com o rosto já banhado em lágrimas.-Cadê todo mundo?
-Elas... Alanna não pode ficar com você.
O menino começa a chorar bem alto. O barulho do choro assusta o cavaleiro que tenta em vão encontrar as palavras certas para acalmá-lo. Ajoelhou-se na frente do pequeno, colocando a mão por sua cabeça e acariciando seus cabelos.
"-Cuide de meu irmão."
-Seu nome é Sephir, não é?
Ele balança a cabeça afirmando.
-Você não vai ficar sozinho, Sephir...Você vem comigo para o Santuário.
Ele começa a caminhar para longe do local da batalha. O menino ainda permanecia sentado no chão, incerto sobre o que fazer. Então ouviu um corvo grasnar, assustando-o. Sephir se levanta rapidamente e corre para alcançar Shura, pegando em sua mão como se procurasse proteção.
Shura olha espantado para o gesto do menino, e instintivamente aperta sua pequena mão, diminuindo seus passos para que pudesse acompanhá-lo, como se quisesse lhe dizer que agora estava tudo bem.
Um pouco afastada, uma senhora que aparentava ter uma idade avançada os observava. Um corvo pousa no alto do cajado que a idosa usava para apoiar seu corpo. Ela sorri, exibindo seus dentes apodrecidos. Sorri de modo maligno, olhando para o corvo.
-Podemos esperar mais um pouco. Não podemos Medraut?
A ave, como se a entendesse, balança as asas negras e grasna novamente.
-Não é uma ironia dos céus, Medraut?-ela continua falando, se afastando do local pela direção oposta, enquanto o corvo alçava voo. -Essa espada maldita sempre nos atrapalhando...sempre.
Continua...
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Fim da Parte 1.
Notas:
Glastonbury é uma pequena vila em Somerset, Cornwell. Ela é famosa por acolher o festival anual que leva o nome da cidade, mas a visita vale em qualquer época do ano. Tem o encanto de pequena vila inglesa e um passado histórico cheio de mitos. Dizem que é o local de onde é possível chegar à lendária Avalon, e onde estaria o túmulo do rei Arthur.
Alanna em celta antigo significa Bela.
Sephir vem de Séphiro, deus dos ventos.
