Amor Adiado
A notícia atingira-a como um balde de água fria… gelada. Ele… morto… não, não era verdade… Arrastou-se até à sua cama e fechou os olhos de modo a impedir que alguma lágrima traiçoeira fosse cair. Era inconcebível que aquele velho pervertido sem remédio tivesse morrido, parecia algo vindo de uma obra de ficção sem pés nem cabeça. Ele era Jiraya, o grande pervertido de Konoha, custava acreditar que ele tivesse realmente partido
Tantas vezes que ela lhe batera, e desejara a sua morte, talvez porque sabia que ele assim não o faria. Que só por ela desejar a sua morte ele resistiria a tudo e todos só para a poder continua a importunar, a galantear, a … proteger.
Ela não o queria, não conseguia, não podia admitir… Mas sabia… Sabia que sentia a falta dele… Sabia que ele era uma parte insubstituível da sua vida, alguém único, especial e especialmente irritante.
Sentia falta das noitadas, das noites de copos, das piadas sem graça, dos piropos tão fora de moda, do seu bafo quente a cheirar a cigarros e a sakê. Sentia falta daqueles olhos negros penetrantes, tão misteriosos e no entanto completamente desnudos perante os dela.
Sentia falta da amizade dele, daquele ombro amigo que sempre lhe proporcionara, daquele peito onde afogou tantas vezes as mágoas e que molhou com as suas lágrimas. Nunca imaginara que um dia poderia vir a chorar por ele, sempre lhe parecera um cenário absurdo e irreal.
Tomara-o tantas vezes por garantido que agora sentia a falta dele mais do que nunca, mas ele já não iria voltar… Já não a iria olhar, nem tentar seduzir com piropos baratos, nem partilhar um copo de sakê… E já não estava cá para a salvar… de si mesma.
Ela sabia, mas não admitia. Ela queria mas o orgulho não deixava. Ela tentava, mas a casmurrice era muita. E muita coisa ficou por dizer.
No final de contas ela amava-o, amava cada parte dele, o sorriso descarado, as roupas espalhafatosas, as gargalhadas com cheiro a Sakê, os cabelos sempre naquele completo desalinho, e sobretudo aqueles olhos negros.
Mas de que servia agora, sempre que teve oportunidade adiou, e agora desejava nunca o ter feito. Sempre pensou que haveria tempo, que haveria uma próxima vez, que não fazia diferença adiar, porque ele acabava sempre por voltar para ela.
Amaldiçoou-se por ter sido tola, fútil, por pensar que se podia adiar interminavelmente o amor que sentia por ele. Que ele era imortal só porque ela precisava dele, porque ela era a inspiração dele, porque ele era capaz de tudo por ela.
Nunca pensou o quanto egoísta era, o quão infantil, fútil e hipócrita. Nunca quis lhe dar uma hipótese para que ele nunca parasse de procurar por ela, para que ele tivesse de voltar a Konoha, só para a voltar a galantear. E a única coisa que ela sempre fizera fora adiar o seu amor por ele, o amor dele por ela, o amor deles.
Sem dar conta uma lágrima deslizou-lhe pela face abaixo. Uma porta abriu-se e ela levantou-se limpando a face.
- Tem de contar ao Naruto. – Pronunciou Shizune de olhar pesado com Tonton nos braços.
- Eu sei. – Respondeu Tsunade saindo do quarto indo em direcção do seu escritório Tonton pulou dos braços da rapariga e seguiu Tsunade. Shizune demorou os seus olhos na mulher suspirando tristemente e retirou um pequeno papel do bolso que depositou na cama da Godaime, saindo em seguida.
