Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

O sol se punha no horizonte tingindo o mar de vermelho, enquanto eles permaneciam na varanda do apartamento, no topo daquela linda montanha no meio do mar. Ela vestia somente um lençol ao redor do corpo nu, e ele usava uma Boxer branca. Os braços dele envolviam os ombros dela enquanto ela repousava a cabeça em seu peito.

- Isso é lindo!

- É... Eu sei. – simples assim sem rodeios ou brincadeiras. Ele estava sendo adulto, pelo menos o mais adulto que conseguia ser. Sem sacarmos. Somente um homem maduro.

- É bom estar aqui com você... – ela estava feliz, muito feliz. Estar com ele assim, sem barreiras ou medos, sem nada e ninguém para atrapalhar era bom demais.

- É bom ter você aqui...

Quando planejara aquela viagem do nada, fizera para ter um tempo com ela, poder curtir aquele começo de relação sem receios. Em sua mente uma pequena luz se acendeu quando sentiu o corpo dela tremer pelo frio. Talvez tivesse planejado aquela fuga porque, em seu consciente, não acreditava que aquela relação pudesse sobreviver no dia-a-dia, porque talvez ela enxergasse a realidade, a loucura que havia feito em deixá-lo entrar em sua vida. Longe de casa, ele a encheria de carinho e ela não perderia tempo pensando se o passo que deram era o mais racional de todos.

O ar frio do mar tocou seu corpo, o lençol de seda não era barreira decente e ela estremeceu da cabeça aos pés. Fechou os olhos e aproveitou o momento, sabendo que momentos como aqueles não seriam constantes, não num relacionamento com House. Seu coração estremeceu quando essas palavras cruzaram sua mente, eles estavam enfim juntos. Era como se anos, meses, dias, noites... Tivessem ficado todos para trás, porque eles estavam juntos.

Mas sua mente ainda teimava em martelar milhões de coisas, de pensamentos coerentes: E se tudo for um ledo engano? E se você não suportar a pressão que será manter esse relacionamento? E se... Droga! Que os "ses" ficassem escondidos por um ou dois momentos, ela precisava dele. Precisava pensar que ele estava mudando e mudando por ela, por eles, para que ficassem juntos. Não queria pensar em como ele lidaria com Rachel, em como levariam isso sendo eles chefe e subordinado... Tudo que ela queria era acreditar que tudo acabaria bem, que nada poderia quebrar o encanto que os cercava.

House sabia que muitas coisas passavam pela cabeça dela, muitas preocupações, mas nunca desejara tanto que ela acreditasse nele. Queria que toda a confiança que ela depositava nele como médico, fosse agora depositada neles dois, na relação deles. Porque, droga, ele daria o máximo de si para que aquilo que começavam desse certo, porque se ele a perdesse... Se perdesse essa oportunidade, o que restaria deles? O que restaria dele?

Os pensamentos pareciam sincronizados quando ele a apertou mais forte e ela se virou para que o contato entre seus corpos fosse o mais forte e intenso possível.

- Nós vamos conseguir! – House sussurrou no ouvido dela.

Cuddy ergueu os olhos e tomou o rosto dele entre as mãos.

- Nem que tenhamos que fazer o mundo rodar para outro lado!