"Midori! Midori, onde você está? " – A voz desesperada de minha mãe ecoava em minha cabeça – "MIDORI! MIDORI! " – Ela soluçava a cada letra.
Eu acordei com um grito, meu futon estava ensopado e minha testa queimava. Minha tia gritava meu nome do andar de baixo.
"Estou descendo" – Gritei de volta.
Peguei meus óculos e coloquei a roupa que estava do lado do meu futon. Meu quarto estava vazio e ainda era noite, percebi, não havia porque ela estar me chamando. Ao descer as escadas vi meus tios parados na porta com uma mala na mão, realmente tinha algo de errado.
"Midori, não podemos mais permitir que fique aqui. " – Minha tia disse, sua voz estava de algum modo diferente – "Sua presença lembra-nos diariamente da desgraça de nossa família, por isso peço que deixe esse lugar agora. " – Não via nenhuma expressão em seu rosto.
"Junto a mala tem dinheiro o suficiente para comida e o trem, também há um endereço no qual você pode pedir abrigo" – Meu tio falava com a mesma expressão. Ele abriu a porta e olhou para a rua – "Pegue o que sobrou em seu quarto e saia. "
"Vocês não podem estar falando sério! " – Falei nervosamente – "Quero dizer, o que eu fiz pra vocês? "
Não consegui entender o que eles queriam dizer, tudo que consegui fazer foi olhar, incrédula, para meus tios. Estava morando aqui há somente dois meses e não havia nenhum lugar ao qual pudesse ir. Eles não podiam estar falando sério.
"A acompanharei até a estação, pelo amor que tive por minha irmã, mas depois disso nunca mais entre em contato conosco" – Meu tio disse sério, como se não tivesse ouvido minhas palavras.
Subi para meu quarto em estado de choque. Peguei meu celular e o casaco, tudo o que me sobrara nesse pequeno quarto e desci as escadas. Me dirigi a porta, pequei a mala e segui meu tio até a estação.
Meu corpo se movimentava por conta própria, quase como se eu estivesse em um transe. Isso era impossível, eu não estava sendo expulsa, estava? Eles não iam me deixar como fez minha mãe, iam?
"Seu trem está quase chegando" – Aquela expressão não saia de seu rosto – "Adeus, Midori. "
E com essas palavras eu fui abandonada pelo resto de família que havia me sobrado.
