Capitulo I- O Medo
Nesse dia frio e silencioso, está completando uma semana de que eu não durmo, por escolha minha, pois eu temo de ter um daqueles pesadelos novamente. Não posso nem ao menos descansar meus olhos, vejo-o em todos os lugares, não posso nem se quer me olhar no espelho, vejo-o tentando me matar, asfixiada.
Quando percebo que o dia está indo e a noite chegando, separo lanternas, velas, tudo que transmita luz e espalho por toda a casa. Por causa do meu medo, tive que mandar instalar aquelas luzes que acendem só com um bater de palmas, foi caro, mas vale muito a pena. Tomo litros e litros de café e como muitos doces, com o intuito de me manter acordada para não viver aquilo novamente, tendo aqueles terríveis sonhos, pesadelos.

Sentada em um dos sofás de couro da sala de estar, brinco com a costura do braço direito dele. Penso em mil maneiras de como sair dessa vida, enfrentar o medo, o meu medo, mas como sempre, nenhuma solução. Sinto meus olhos pesarem, minhas pálpebras fechando-se sozinhas, dei um tapa estalado em uma das minha bochechas " não posso dormir " grito em pensamento. Novamente, minhas pálpebras fecham-se sozinhas, meus olhos mais pesados do que antes, fui tentar me recompor, mas sinto que é tarde demais. E como das outras vezes, tudo se apagou, obscuro. Adormeci, mas eu já sabia o que vinha seguir.

Como quando acabo de levar um susto, abro os olhos rapidamente. Observo o lugar, olhando para os lados, logo percebo que estou na minha casa. Suspiro aliviada e sorrio fracamente, fecho os olhos para descansar um pouco.

- Por que está sorrindo Sakura? - Ouço aquela voz que nunca queria ouvir, grossa e fina, limpa e suja.

- Saia da minha casa, já – eu temo mais que tudo, mas não demonstro, mesmo sabendo que ele sabe que é o motivo das minhas noites não dormidas. Ele trajava uma capa preta, o cobrindo dos pés a cabeça, deixando amostra suas terríveis unhas pretas e enormes. Uma vez ou outra eu o vejo, e ele é a coisa mais macabra que eu já vi, nem gosto de me lembrar. Uma vez ou outra ele abre essa capa para me pôr medo, mas o que ele mais gosta de fazer, é me isolar em uma espécie de banheiro, sem nenhum tipo de luz, pois ele sabe que o eu temo mais as criaturas do escuro do que dele, e isso o irrita muito – saia já.

- Sua casa? - ouvi uma gargalhada escapar de sua garganta, levantando sua mão esquerda, deixando-a na altura do seu ombro, um pouco para frente, ele irá me bater novamente. Ele estalou os dedos e aconteceu eu não imaginava e nem queria, eu estava lá novamente, na cidade das sombras, ele só criou uma ilusão para eu não fugir, desgraçado. Minha casa fica em Nova York, perto do parque Hall, e ao mesmo tempo em Shadow, uma cidade que mais parece o inferno, por isso evito dormir e principalmente sair à noite.

Em Shadow, dificilmente você acha um humano, eu particularmente, nunca achei, só vi demônios, espíritos e criaturas horrorosas, todas elas querendo me devorar. - está muito mal informada Sakura – ele diz meu nome tão casualmente, me dá náuseas – Pronta para mais uma noite de diversão? - vamos para mais uma noite de tortura, que parece meses, anos, não acaba nunca.

- Me deixe em paz, por favor – murmurei, já chorando com as mãos tampando o meu rosto.

- Por que está chorando? Nem toquei em você – indagou ele – POR QUE ESTÁ CHORANDO? - me encolhi de medo, sentindo algo gelado em minha perna, lentamente eu olho para a minha perna e vejo que a mesma estava cheia de sangue, subo o olhar e vejo que tinha uma criatura do meu lado, sangrando no braço e com o olho esquerdo segurado só por uma pequena pele, quase caindo, rapidamente, levanto e saio de perto dele, com nojo e medo, ele ri.

- Eu te odeio – cuspi as palavras, cheia de ódio e desprezo.

- E quem me amaria? - riu novamente – não seja ridícula Sakura - disse se aproximando de mim, e eu recuando – sabe, estou pesando em fazer uma brincadeirinha nova, mas não sei se você vai gostar.

- Me deixe ir embora – supliquei.

- Não, sua visitinha inesperada merece uma comemoração – fitei sua mão direita, que antes não segurava nada, agora estava com um chicote de sete fios de couro sintético, hoje a noite será longa.

- Por favor, não – coloquei minha mãos em frente ao meu peito, com intenção de me proteger, em vão.

- Que comece a festa – disse dando uma chicotada no nada, logo em seguida as criaturas me seguraram pelas pernas e braços, rindo que nem crianças quando
acabam de ganhar seus doces, e eu chorando, orando para esse pesadelo acabar.