Nota: Nesta história não vou indicar qual a personagem em que está o ponto de vista, acho que é muito fácil identificar. Boa leitura!
A culpa de estar nesta situação era minha, eu sabia o que estava a fazer quando sai das muralhas do castelo para as ruas da cidade sem nenhum guarda. Apenas uma das minhas aias me seguia, mas ela era totalmente inútil contra ladrões.
"Porque estão a fazer isto? Querem dinheiro? O meu pai pode oferecer-vos o que vocês quiserem." Eu digo, mas eles continuam-me a empurrar pelas ruas até ao cais. "Vocês não sabem quem eu sou?"
"Claro que sabemos princesa. Não estamos aqui pelo dinheiro… apenas seguimos ordens." Diz um deles.
Eles meteram-me num bote para me levar até um navio. Meu Deus… Eles são piratas…
"Não, por favor. Não me levem." Só me restava implorar. Eles não me deram ouvidos e continuaram a remar.
Já no barco prenderam-me num dos compartimentos como os animais. "VOCÊS NÃO SE VÃO LIVRAR DISTO! O MEU PAI VAI ENFORCAR-VOS A TODOS!" Eu gritei e eles riram. "TIREM-ME DAQUI!" Eu continuei a gritar. "EU SOU UMA PRINCESA! EXIJO QUE ME TIREM DAQUI!"
"Majestade não está na posição de exigir nada." Ele enrola um trapo à volta da minha boca e prende as minhas mãos. "Imagino que assim esteja melhor do que antes." Ele ri alto e volta a deixar-me sozinha.
Eu só chorei por horas e quando anoiteceu adormeci. Eu estava muito exausta.
"Hora de acordar." O homem berra. Ele deixou um prato com pão bolorento e um copo de água sobre a mesa e tirou-me as restrições. "Se te portares bem não vais precisar disto." Ele agita a corda e o trapo.
Eu apenas assenti. "Come!" Diz ele.
Volto a olhar para o pão. Tinha bichos! "É suposto comer isto?"
Ele ri. "Ou isso ou nada. Ainda temos 1 semana até à próxima paragem."
"Para onde me levam?"
"Para a ilha dos piratas, temos uma viagem de 3 semanas pela frente."
"O meu pai vai encontrar-me… e vocês estarão mortos."
Ele volta a rir. "Não me parece menina. Agora come!" Ele sai e deixa-me sozinha.
Eu não vou comer este pão de jeito nenhum.
Eu não comi praticamente nada os últimos dias. "POSSO FALAR COM O CAPITÃO?" Eu gritei. Um homem magro entrou. "Eu preciso falar com o capitão."
Ele toca-me no rosto e no braço. "Que macia…"
"O que estás a fazer?" Entra o homem que me trazia sempre a comida. "Sabes que não tens autorização para entrar! E muito menos para lhe tocar." Diz ele para o homem magro. "Sabes qual é o castigo para a desobediência…"
"A prancha não…"
Eles iam mandá-lo borda fora? "Eu chamei. Eu queria falar com o capitão."
"É o que ela está a dizer?"
"Sim, sim!"
"Então vai e não te quero voltar a ver aqui." Ele ruge.
Poucos minutos depois estava numa nova sala com o capitão do navio pirata.
"Princesa Aria Montgomery." Ele beija a minha mão. Ele tinha muito melhor aspeto que a restante tripulação. "O que quer falar comigo."
"Como sabe eu não quero estar aqui." Ele assentiu. "Eu queria fazer-lhe uma proposta, o senhor pode levar-me de volta e em troca posso lhe dar um lugar no castelo." Eu digo.
"Menina Aria, isso não é possível e a vida de pirata dá-me muito mais do que a vida de burguês." Ele diz. "Eu tenho ordens para a levar connosco."
"Quem deu essas ordens?"
"Ezra Fitzgerald, ele gere toda a nossa ilha."
"E porquê eu?"
"Eu não sei menina, mas a recompensa é muito generosa."
Estou a ver que não ia ter sorte nenhuma. "Já que não posso voltar… Será que posso sair do sítio onde me mantêm?"
"Imagino que a menina não quer andar no meio de uma tripulação de piratas. Eles podem ser desagradáveis com as meninas bonitas como vocês. Mantemo-la no quarto para sua proteção de qualquer maneira."
Ok então também vou ficar fechada no quarto… "Bom… e a comida? Será que me podem dar alguma coisa que não esteja cheia de bolor? Imagino que o Sr. Fitzgerald não me quer ver apenas em pele e osso."
"Isso podemos arranjar com certeza amanhã atracamos e poderá comer o que quiser." Diz ele. "É tudo?"
Eu anuo. "Sr. Charles?" O senhor que me trouxe entra. "Leve a Srª Montgomery, por favor."
"Obrigada pelo seu tempo capitão…"
"James."
"… James." Eu repeti.
O meu aspeto era horrível… Eu tinha sofrido de enjoo nas últimas horas. O mar estava muito agitado e eu só rezava para que o navio não fosse ao fundo.
"Menina! Vamos a terra." Eles levam-me para o bote e eu tenho uma pequena esperança de poder escapar.
Assim que chegamos entramos numa taberna. "Queremos o melhor prato." Diz ele entregando um pequeno saco com moedas.
"Claro."
Poucos minutos depois a mulher traz uma sopa quente e uma série de petiscos e um prato com arroz e carne fresca. Eu já não via tanta comida há vários dias e isso sem dúvida deixou-me faminta, tanto que esta manhã quase poderei comer o pão que me deixaram.
Os outros piratas apenas comeram carne e beberam cerveja. Eu não sabia o que era até provar um pouco. Era horrível… Eles riram de mim.
Depois de acabar de comer tudo avidamente um deles falou. "Está na hora de continuar a viagem."
A segunda semana tinha sido melhor, com o novo abastecimento o meu comer passou a ser pão novo e alguma carne seca. Foi sem dúvida melhor do que a papa que me davam.
Segundo o capitão faltavam cerca de 4 dias para chegarmos ao destino. Eu tinha a certeza que podia negociar com esse tal Ezra e voltar para o meu adorado pai.
Eles iam parar num novo porto esta noite, mas desta vez eu não iria.
Eles trouxeram mais carne para mim e um vestido muito simples e sem graça. Tive de aceitar… O meu cheiro era horrível, tive o mesmo vestido por mais de 2 semanas… Eles trouxeram também uma banheira de madeira para o meu quarto e encheram-na com água salgada, era o melhor que havia. Eu queria chegar à tal ilha com a pouca dignidade que ainda me restava.
Tomei o meu banho pela primeira vez sozinha e vesti o vestido novo. Em 2 dias estaria em terra firme e sem dúvida temia pelo meu futuro.
"Menina Aria?"
"Sim?" Eu desviei os olhos do livro que o capitão me deu.
"Venha comigo."
"Já chegamos?" Pergunto ao capitão.
"Veja." Ele diz apontando.
Lá estava a ilha que eles falavam, parecia um paraíso no meio do oceano. A água à sua volta era de um azul limpo e podia ver alguns cardumes.
"Quando estarei em terra?"
"Pode ver aquele barco mais pequeno?"
"Sim!"
"É a nossa troca. A rapariga pelo dinheiro." Diz ele.
"Sabe que podia ter muito mais do que aquilo, se aceitasse a minha proposta."
"Esqueça menina… Agora é uma de nós."
O que ele queria dizer com aquilo?
Uma nova história! O que acham? Obrigada pela oportunidade!
Tento actualizar todas as semanas! Sigam-me se quiserem saber quando sai um capítulo novo! Bjs e até ao próximo capitulo! 😉😘
