N/A: Oi, pessoal! Olha eu aqui de novo. Vocês vão cansar de mim uma hora. Bom, além de Making Memory of Us, com as one shots pós Cidade dos Anjos, eu comecei essa fic, multi-chapter, que acontece entre a segunda e a terceira temporada de 24 horas. Para mim, foi a melhor época na vida de Tony e Michelle. Primeiro encontro, primeira vez, pedido de casamento, casamento... E eu tentarei escrever tudo isso da melhor maneira possível. Lembram o fim lindo da segunda temporada? É a partir dele que essa história começa. Beijos!
Let Love In
Os acontecimentos a seguir ocorrem imediatamente após o final da segunda temporada.
Capítulo Um: Long days.
Comer. Banho. Dormir.
Era sua rotina. Sua trindade – como ela carinhosamente chamava – após dias longos demais. E por longo, costumava ser até madrugada. Nunca 24 horas. Muito menos 24 horas que podiam ser transformadas em 48 horas dos seus dias normais e nem chegariam perto do cansaço que ela sentia.
O som da porta do seu carro batendo selava o seu alívio. Ela estava pronta para ir para casa. Pronta para cair na cama e por algumas horas esquecer tudo desse dia. Ou quase tudo. Um sorriso inadvertidamente apareceu nos seus lábios ao lembrar dele. E seu coração bateu mais rápido ao relembrar o quanto eles tinham avançado. Oh não, e sua mente sempre profissional não estava pensando nesse sentido, em trabalho, mas em outro.
"Então uh... O que estamos dizendo aqui? Se salvarmos LA, nós dois saímos para jantar e um filme?"
Sim! Seu cérebro gritou pela milésima vez ao relembrar da pergunta. Do encontro. Suas mãos apertaram-se ao redor do volante ao continuar sua linha cronológica e a sensação dos lábios dele nos seus foi mais real do que ela achou possível. Era só um beijo afinal.
Quem ela queria enganar? Era um beijo dele. E após dançarem ao redor um do outro por um ano todo, eles finalmente deram o passo final. Ou, tecnicamente, ela havia dado e ele logo havia acompanhado. Não que ela reclamasse. Ou ele.
"Michelle?" – A voz do seu irmão, até agora esquecido, a assustou. – "Nós uh... estamos indo para casa?"
Ela assentiu, suas bochechas corando só de imaginar o que ele lera no seu rosto. Olhando-o, teve certeza que ele nem notara. Seus olhos vazios e focados nos outros carros na frente deles não tinham interesse em nada.
"Estamos."
Ele suspirou e ela levou suas mãos até a chave, pronta para dar partida no carro. Pela segunda vez, alguém a assustou. Dessa vez, Carl Peterson, analista do turno que assumira o dela, batia no vidro da sua janela.
"Oi, Michelle." – Ele a cumprimentou, curiosamente olhando para Danny, mas rapidamente voltando a focar-se nela.
"Hey, Carl. Algum problema?"
Não, Deus. Por favor, não.
"Nós precisamos de você lá dentro. O presidente Palmer sofreu um atentado."
Ela reconhecia a urgência naquilo, mas sua exaustão a obrigou a encostar a cabeça no volante e respirar fundo. Claro que algo tinha que dá errado. Quem precisa dormir?
"Estou a caminho, Carl."
O analista correu dali assim que ela terminou sua frase, deixando-a ainda mais intrigada sobre tudo que estava acontecendo.
"Danny." – Ela virou seu rosto e encontrou o irmão na mesma posição. Nem a notícia que eles acabaram de receber parecia ter mexido com ele de alguma forma. – "Eu preciso voltar." – Ela retirou a chave da ignição e pegou uma mão dele nas suas. – "Você acha que consegue dirigir sozinho?" – Ele lentamente a encarou. – "De verdade, Danny."
"Posso." – Ela o avaliou. Segundo o médico, o efeito dos tranqüilizantes era mínimo agora e por mais que seu instinto estivesse gritando para não deixá-lo ir só, sua experiência de horas atrás a garantia que seria melhor se ele estivesse longe dali em mais uma crise. Podia ter sido um atentado ao presidente, mas quem sabe o que vai acontecer em Los Angeles afinal? – "Me ligue quando chegar na sua casa."
Após beijar-lhe na face, saiu do carro e também correu para dentro do prédio. Enquanto passava por pessoas sem reconhecê-las e lugares sem identificá-los, seus pés já acostumados com seu caminho diário, ela se perguntou por que Tony não a havia telefonado. Ela não merecia isso? Ou ele estaria arrependido e mantendo sua distância?
Foque-se, Michelle!
A usual movimentação de agentes de um lado para o outro estava como havia de se esperar. Talvez um pouco mais de agitação. Uma urgência nas suas vozes. Os escombros da tragédia que estava prestes a fazer 1 dia de vida, ou morte, faziam-na querer sair dali ainda mais.
Carl acenou assim que a avistou, ele mesmo sentado em uma estação ao lado da dela e esperou ela se aproximar, digitando algo no seu computador. Ao se posicionar ao lado dele, se concentrou nas duas tarefas que tinha em mãos: prestar atenção no que ele falava enquanto seus olhos procuravam pelo novo chefe da CTU. Nada na sala dele. Nada na sala de reuniões.
"Você me escutou?"
"Sim." – Ela respondeu na defensiva. Ela sabia ser multi-tarefas. – "Presidente Palmer foi atacado por uma mulher com ficha em todas as agências de inteligência desse país. Mas ninguém sabia disso até minutos atrás. Ela está foragida. O presidente no hospital." – O que eu estou fazendo aqui mesmo?
"Tony me pediu para chamá-la de volta." – Ele explicou, fazendo os olhos dela se focarem diretamente nele. – "Ele está na Informática com aquela mulher da Divisão."
"Ca... Carrie."
"Isso. Ele disse que você agilizará meu trabalho se ficarmos juntos e evitarmos burocracia. Meu protocolo não foi ativado, vai demorar um pouco até eu conseguir estar totalmente por dentro e operando. Você tem algumas senhas e conhecimentos úteis."
Ótimo.
Ela não falou nada. Apenas puxou sua cadeira e religou seu computador, frustrada demais para discordar ou até mesmo para concordar.
"Me diga o que você precisa."
Durante as horas seguintes, eles digitaram, pesquisaram e atenderam mais telefonemas do que gostariam de lembrar. O FBI deixou a Unidade responsável por conseguir qualquer pista da mulher e o motivo de quererem usar o máximo de agentes possíveis era lógico: as 48 primeiras horas de qualquer caso eram cruciais. E Michelle sabia disso. Por isso, só às 18 horas, quando Carl finalmente parecia ter tudo sobre controle, as informações estavam corretas e fluindo; e o presidente fora de risco de morte, foi a hora em que ela pegou sua bolsa, se despediu da sua companhia e partiu para fora do prédio.
Dizer que ela estava com raiva seria pouco. Sua fúria só aumentou quando ao questionar um dos seguranças da Unidade que passou pelo seu caminho, ele a informara que o diretor Tony Almeida havia partido há mais de meia hora. Calculando mentalmente, ela percebeu que fora exatamente na hora em que ela e Carl precisaram ir até a sala dos servidores concluir o trabalho.
Por que ele iria se despedir dela? Claro que não. Ela era apenas uma subordinada trabalhando a mais de 24 horas. Sem reclamar. Pelo menos, não diretamente para ele, como agora gostaria mais do que nunca.
Um táxi parou assim que ela esticou a mão e em 10 minutos ela estava em casa. Suas mãos se atrapalharam com as chaves. A raiva provocava isso nela. Um descontrole nas suas coordenações motoras que ela esperava um dia superar.
Ela se movia mais rápido também, como se sua velocidade pudesse deixar para trás as razões dela ter ficando naquele estado. Seus pés só pararam quando ela saiu do elevador e o viu.
Sentado com as costas apoiadas na sua porta, as pernas esticadas na frente do corpo e um sorriso bobo nos seus lábios, Tony fixou seus olhos nela. Seu sorriso imediatamente evaporou ao ver a expressão que ela trazia no rosto.
"O que aconteceu?" – O tom de voz dele, todo preocupado, serviu para irritá-la ainda mais. Em um segundo, ele estava de pé, andando até ela que agora praticamente corria até sua porta, passando por ele e sendo parada pelas mãos dele no seu pulso.
"Nada." – Ela replicou, sem nem mesmo olhá-lo e se livrando do aperto dele.
"Você me conhece melhor do que isso, Michelle. E sabe que eu não vou aceitar essa resposta."
Ela enfiou a chave na fechadura e voltou-se para ele, suas mãos na cintura e seu comportamento irradiando uma clara irritação.
"Desde quando você se importa?" – Sarcástica. – "Você pode sair daqui agora e fingir que eu nem estou aqui. Você fez isso muito bem nessas últimas horas." – Ele franziu o cenho, começando a acreditar que a exaustão dela a enlouquecera. – "Talvez se você passar um tempinho com Carrie, ela te ajude a relaxar."
"Do que diabos você está falando, Michelle?"
"Eu voltei, como você pediu, e passei horas em que eu achava que estaria descansando, ajudando Carl Petersen no que era preciso. Procurei por você, mas aparentemente você estava bem ocupado na Informática. Nem uma palavra sua durante todo o dia. Talvez um 'Obrigado, Michelle, por estar prestes a ter o cérebro desligando-se sozinho, e mesmo assim voltar aqui por que eu pedi.'"
Ele suspirou. Cansado ou frustrado, ela não saberia dizer.
"Podemos conversar lá dentro? Os seus vizinhos não precisam ouvir."
Ela não queria deixá-lo entrar na sua casa, mas sua curiosidade pela explicação que ele daria, boa ou não, foi o suficiente para ela girar a maçaneta e entrar na sua sala de estar, Tony seguindo logo atrás.
Ele mesmo fechou a porta e em seguida sentou no sofá ao lado dela. Sua forma cansada, agora mais evidente, quase o fez pegá-la nos braços e levá-la até a cama. Mas ele era esperto, e aquilo o faria ganhar uma surra. Talvez uma sacada de arma. Ou o outro tornozelo quebrado.
"A Divisão enlouqueceu ao saber do atentado à vida do Presidente. Tudo estava um caos em todas as agências de inteligência do país. Ninguém sabia nada. Ninguém tinha uma mínima pista que algum tipo de grupo radical ou que uma pessoa estava planejando qualquer coisa contra ele." – Ela concordou, decidindo ficar em silêncio até ele terminar. – "Ryan estava prestes a ir embora, mas voltou também. Ele me obrigou a ir até a Informática vasculhar qualquer coisa, a mínima pista que indicasse uma possível ameaça e só agora poderíamos perceber isso. Ele queria a mim lá, porque eu estaria em conjunto com a própria Divisão e o FBI. Estávamos fazendo isso ao vivo. Se eles tinham alguma informação relevante, eu sabia qual era na hora e vice-versa. Por isso fiquei lá até a hora em que eu saí."
"Eu podia ter ajudado." – Fato.
"Eu sei. E eu pedi a Ryan que a chamasse. Mas ele disse Carrie ficaria comigo por ser da Divisão e poder acessar terminais de lá sem perdermos tempo. Eu ia argumentar de novo, mas ele disse que mais uma palavra, e eu estaria fora da operação."
Michelle processou as palavras, sua raiva gradativamente diminuindo. Ainda assim...
"Eu nem sequer saí para almoçar. Ele trouxe um sanduíche terrível para mim. Quando fui embora, não a encontrei, e decidi fazer uma surpresa." – Ele a mostrou as flores, que só agora ela percebia que ele vinha segurando aquele tempo todo. – "Eu queria você lá comigo, Michelle. Você sabe disso."
Ela finalmente olhou nos olhos dele, e viu toda a sinceridade na sua explicação. Nas suas palavras. Nele.
"Acho que essa exaustão afetou meu bom-senso."
Ele sorriu, sentindo uma corrente elétrica passar pelo seu corpo ao sentir os dedos dela roçando nos seus assim que ela pegou as rosas vermelhas da sua mão.
"Clichê, eu sei. Mas não consegui pensar em nada melhor no momento."
Um sorriso iluminou o rosto dela. Do mesmo jeito que havia iluminado e feito o coração dele falhar uma batida quando ele disse que a veria no outro dia.
"São lindas, Tony. Obrigada." – O jeito como ela falou, tão tímida e corando, fez sua respiração parar, ele tinha certeza disso.
"Eu sinto muito por te chateado você."
"Não foi sua culpa. Desculpe ter reagido dessa forma. Eu uh... não tinha o direito. Você não tem obrigação nenhuma de me ver toda hora."
Como se ele não quisesse exatamente isso...
"Vamos esquecer tudo isso, ok?" – Ela concordou e se levantou, pedindo que ele esperasse ali até ela encontrar um vaso e enchê-lo de água para as flores.
Minutos depois, ela estava de volta, uma garrafa de cerveja em uma mão e outra sendo oferecida para ele.
"Obrigado." – Ele sorriu, fazendo-a sorrir de volta.
Um silêncio confortador se instalou entre eles, cada um imerso nos seus pensamentos e nas suas bebidas. Ao ouvi-lo limpar a garganta, ela olhou na sua direção no sofá.
"Você está cansada. Eu nem devia ter vindo aqui, estou tomando seu tempo."
"Não. Não está." – Ele estava louco?
"Você precisa dormir, Michelle."
"Não estou com sono." – Ela afirmou confiante.
"Não minta pra mim, mulher." – Ela gargalhou, e os dois se fitaram por outros bons segundos.
"Nós não temos trabalho amanhã então..." – Ela olhou para sua estante de DVDs, ponderou algo e depois voltou para ele, que a observava atentamente. – "E estamos estressados e com milhões de coisas que precisam ser processadas em nossas cabeças, mas que agora não é a hora."
Bomba na CTU. George Mason. Nina Myers. Bomba nuclear. Palmer. Ela não precisava citar.
"E se eu for dormir agora, com todas essas coisas frescas em minha mente, só me renderá pesadelos e antes, uma bela de uma insônia." – Ele a olhou curioso, sem ter certeza onde ela queria chegar. – "Então, você tem que concordar comigo que se distrair com qualquer coisa não relacionada ao trabalho é a melhor opção agora, certo?"
"Certo." – Certo? Faça-a ir dormir, Tony!
"Eu tenho dois filmes ali que pretendia ver ontem após o trabalho, afinal era uma sexta, e bom, você sabe o filme de horror que nós protagonizamos."
Ele sorriu, concordando com a cabeça.
"Eu preciso devolvê-los hoje e não tenho a intenção de fazê-lo sem assistir antes."
"Okay, então você está me dizendo que eu deveria sair logo do seu caminho e assim você poderá tomar posse do sofá inteiro e assistir seus preciosos filmes?" – Ele gracejou e ela novamente sorriu.
"Não. Eu estou dizendo a você para não sair dessa posição e assisti-los comigo."
Ele fingiu pensar na oferta, fazendo-a soltar mais uma risada. Ele amava a risada dela. Tão doce e feminina.
"Com uma condição."
"O controle fica nas minhas mãos. Sem chances, Almeida."
Ele gargalhou. E ela apreciou a risada dele. Rara, mas sempre na presença dela. Por causa dela.
"Eu não sei você, mas estou morrendo de fome. Se pedirmos uma pizza, eu assisto quantos filmes você quiser. E pode até ser essas comédias românticas insuportáveis que vocês mulheres amam tanto."
"Isso é muito machismo da sua parte, Almeida." – Ela rebateu, jogando o telefone nele e daquela forma concordando com seu termo.
Enquanto ele telefonou, ela colocou o primeiro filme no aparelho de DVD. Sentados lado a lado, inconscientemente se aproximando cada vez mais, eles se entregaram ao momento. Um primeiro encontro. Ou quase isso. Michelle ignorou sua sagrada trindade, e um dia esperou poder modificá-la.
Tony. Tony. Tony.
