Olá pessoas, eu de volta...
Essa fic foi complicada pra mim, porquê eu tinha pensado um final de uma maneira completamente diferente. Foi uma fanfic que a minha primeira foi o final... depois eu pensei no meio e por ultimo no começo. Foi uma fic feita de trás pra frente, sabe? E o final... era pra ser algo chocante...
SÓ QUE, quando a fic foi tomando corpo, pegando forma... o final simplesmente mudou...Não se encaixava mais... Seria um final que desagradaria muitos, mas era algo que eu realmente gostaria de ter escrito. Enfim, quem sabe na próxima?
Contudo, aviso desde já que essa fic ainda desagradará alguns... podem dar suas criticas, desabafar suas frustrações, por mais incrível que isso pareça, eu vou gostar se "ouvi-las" caso elas existam. A intenção aqui é tentar algo diferente... eu não quero ficar presa a escrever sempre "mais do mesmo", ficar naquele mamão com açúcar, naquela zona de conforto onde se escreve a mesma formula de sempre... Prefiro escrever algo que mesmo acabe ficando muito rui, pelo menos eu saberei que tentei sair do B + A = BA que roda na minha cabecinha! Posso ser mal sucedida, mas tentei. Então, deixem os comentários e as impressões, por favor! Querem me bater? Me xingar? DIGAM!
Espero narrar bem os acontecimentos de maneira que a maioria daqueles que leer, compreendam os pontos de vista de cada personagem e claro, entendam seu motivos e fraquezas. E claro, se divirtam lendo isso aqui! :D
Ok, Lt's GO!
JAKE
A província do Cazaquistão Oriental era um lugar sem igual, suas fronteiras tão íntimas com Rússia, China e Mongólia o transformavam em algo realmente especial, com a presença das culturas que, cada uma, em algum momento deixou sua marca ao longo de milhares de anos, russos, chineses, mongóis, além da passagem dos persas graças a rota da seda. Jake já viu muito do mundo, mas nunca um lugar como aquele.
Teria sido relativamente difícil chegar até ali se não tivesse tido ajuda. Há dois anos descobriu quem era seu pai, conheceu uma garota especial, descobriu ter um sangue valioso, foi capturado, mantido em cativeiro, foi testado como um camundongo, conheceu o assassino de seu pai... Enfim, foram muitas descobertas. O suficiente para mudar a sua vida drasticamente. Há dois anos não trabalha como mercenário...
O que não significa que abandonou completamente o mundo do crime. O governo norte americano decretou sua identidade e relação com Albert Wesker um segredo de estado, lhe foi dado um novo nome e novos documentos, mas a quantia em dinheiro que lhe foi oferecida como "uma indenização pelos danos causados" não era o suficiente para se manter sem trabalho, especialmente quando não se confia nessas pessoas, e deseja ter boas armas para se proteger, e um outro nome... e se esconder de todos. Todos mesmo!
Sendo assim, acabou obrigado a ameaçar alguns (ainda guardava segredos importantes), cobrar alguns favores... trabalhou como segurança em prostíbulos e streep bares, juntou algum dinheiro para conseguir mais duas ou três identidades falsas e se escondeu em um lugar remoto da Rússia. Nunca mais alcançou o nível de pobreza em que vivia com sua mãe na Edônia, nunca mais conseguiu tanto dinheiro quanto o que conseguia como mercenário e agora, estava longe de estar folgado de grana... ainda mais para uma viagem assim, de ultima hora.
Foi um choque chegar em casa e encontrar aquele notebook com o tão solene pedido de contato por parte de Ada Wong. Como ela o encontrou? Quem entrou em sua casa e deixou o notebook ali? Sentiu raiva, sentiu que nunca conseguiria deixar o seu passado para trás. Após seu primeiro momento de raiva, analisou cada um dos arquivos contidos ali, o quanto eles sabiam sobre ele, mais detalhes sobre a experiência de Carla Radames, além de muita informação sobre tudo o que sabiam a respeito de seu pai. Ada e Wesker trabalharam juntos por longos anos... até o momento, era a pessoa que possuía mais informação sobre ele que já tinha encontrado.
Definitivamente, não estava pronto para abandonar o seu passado. Sempre lhe vinha a mente, sua infância, a mãe amorosa... a vida e morte triste que ela teve, e que mesmo assim ela morreu amando o seu pai, e por quê? Era um fantasma que Jake não conseguia exorcizar, então, cá está. Oskemen, capital da província do Cazaquistão Oriental, num restaurante turco, aguardando seu contato.
Constatou que as cadeiras definitivamente não foram feitas para um homem da sua altura, já começava a esticar as pernas para frente, alternando a direita e a esquerda, exibindo seus coturnos surrados, ele sabia, tinha uma aparência incomum... roupas incomuns. Então a mulher entrou. Ela usava um jeans preto e uma blusa de seda branca, bordada de mangas compridas, e um lenço vermelho cobrindo parte de seu cabelo e pescoço de maneira tão displicente que nem parecia um véu. Entrou sem cerimônias, sorrindo como se o conhecesse de longa data, caminhando livremente com suas pernas longas e balançando os quadris de uma maneira ocidental demais para aquele país de maioria mulçumana.
" – Finalmente. Wesker Junior." – Ser chamado assim também o chocou. Alí, parada à sua frente, num tom alegre, com uma mão na cintura e a outra chamando o garçom. " – Por gentileza querido, poderia nos providenciar uma mesa mais reservada, sim? Se possível, em um lugar mais aquecido também." – Nessas ultimas palavras, Jake percebeu que ela falava um russo extremamente perfeito, clássico, num tom nobre e impecável digno dos czares, bem diferente do russo arrastado e sujo falado na Edônia.
Ela o encarou quando ele ficou de pé, já estava acostumado com isso, era muito alto desde os seus 15 anos. O garçom os guiou até uma mesa dentro de uma cabine privada, tipicamente usada em jantares de negócios. Mas ali estavam só um homem e uma mulher... e ainda era um restaurante turco, num país de maioria mulçumana... uma mulher entrar no mesmo recinto que um homem e ficar ali sozinha com ele, sem que este seja seu esposo, pai, irmão ou outro familiar próximo, não deveria ter sido tão bem aceito como foi... não sabia direito quem aquela mulher era, mas já sabia o quanto ela era ousada.
Ada tirou o lenço revelando os cabelos negros como um corvo e um pingente de algo parecido com um crucifixo talhado em madeira pendurado no pescoço, caindo displicentemente em seu colo.
"Meu Deus, tão parecida e tão diferente." – Era idêntica a Carla Radames, mas a atitude, o jeito, a pose... era tudo muito diferente. Era um choque, aquela estória toda de clone, foi tudo real. Jake se convenceu que nos seus 22 anos de vida, provavelmente não viu nem a metade da maluquice que contém no mundo. Ter conhecido uma, e agora, a outra – ou vice versa – era assustador e ao mesmo tempo encantador.
" – Não me olhe assim, Senhor Muller. Eu sei que está me comparando com ela." – Então tirou os olhos do cardápio que estava folheando e o encarou.
" – Tá, Dona. Agora adivinha pensamentos também?"
Ada Wong sorriu de canto. Ela era uma chinesa, mestiça e de olhos claros, e não fosse pela atitude, poderia facilmente se passar por uma mulher do Cazaquistão – ou talvez pensem que é uma cazaque que morou muito tempo fora...
" – Vamos lá, Jake Muller. Eu sei porque você aceitou o meu convite. Pode começar a perguntar, eu estou aqui."
"Ela definitivamente adivinha pensamentos."
" – Conheceu a minha mãe?"
" – Não."
" – Meu pai... sabia que ela estava grávida?"
" – Também não."
" – Por quê ela não contou?"
" – Eu não te enviei todos os arquivos. Mas o farei em breve se assim você desejar. Sobre o projeto... Crianças Wesker... Provavelmente sua mãe sabia, ela só quis te proteger. Esse é o meu palpite."
" – Crianças Wesker? Você vai a algum lugar? Eu tenho o dia inteiro, pode explicar mais do que isso."
Ela suspirou. " – Treze crianças foram geneticamente selecionadas para o projeto de um cientista louco que queria dominar o mundo, clichê, eu sei. Só duas sobreviveram, uma delas era o seu pai, das treze somente duas sobreviveram. Seriam super-humanos, com super anticorpos e inteligência acima do normal... dentre outras qualidades. E o próprio Albert não sabia de nada disso até um ano antes de morrer. A propósito, sabe o cientista louco? Quando o seu pai descobriu a verdade, ele o matou. E você tem um tio, se é que podemos chamar assim, desaparecido, Alex."
Foi a vez de Jake suspirar. Nem precisava ser muito esperto para saber que não arrancaria tudo o que queria saber em um único dia. " – Tudo bem... acho que vou aceitar seus arquivos. Agora é a minha vez, o que você quer de mim?"
Ada pousou o queixo sobre a palma da mão, apoiando-se na mesa com o cotovelo. " – eu tenho uma proposta para você, Senhor Muller. Uma proposta de trabalho."
Jake bufou. " – Sinto muito, Dona. Mas desde o último serviço que eu peguei, com a sua irmã gêmea, por sinal, o papai aqui fechou para balanço e se aposentou. Eu não sou mais um mercenário."
" – Mercenário..." – A palavra rolou na boca dela quase que de uma maneira obsena. – " – Não Jake, eu estou falando de você se tornar um agente." – Os olhos puxados brilharam.
" – Haha! Agente? Já recusei essa oferta também... A Sherry e o David Beckham, chegaram primeiro. Lamento."
Ela fez uma expressão confusa, sem entender a piada." – David Beckham?"
" – É David Beckham... metrossexual. Aquele loiro do cabelo alinhadinho."
Então a mulher riu. Uma gargalhada gostosa que definitivamente a tal da "outra ela" nunca seria capaz de dar. Nem ele sabia que suas piadas fossem tão engraçadas, pois ela precisou de alguns minutos para se conter. " – Ora, David Beckham tem olhos castanhos!"
" – Oh, você conhece o engomadinho? Foi mal. Enfim Dona..."
" – Ada."
" – Ada, eu não nasci pra ser o herói." – Deixando bem claro o tom sarcástico na palavra Herói.
Ela ignorou a pergunta sobre o Agente Kennedy, voltando direto ao assunto. " – Não esse tipo de agente. Eu sei bem o que você quer dizer, nós pertencemos a mesma espécie, Jake. Você não quer ser o... herói... e por muitas vezes, até seguiu o caminho errado, mas você se importa com as pessoas, e de algum modo, tudo isso que está acontecendo no mundo te chateia. Você quer ajudar, quer lutar. E eu estou aqui, para te mostrar... hm... uma maneira alternativa. Tome..." – Estendeu um cartão com um numero de celular e o endereço de um hotel. " – Se estiver curioso, podemos fazer um teste, será contratado para uma única missão e depois decide se fica. E eu nem vou falar em valores. Eu sei que se você aceitar, não será pelo dinheiro."
" – Já vai?" – Ele pôs-se de pé quando ela levantou e jogou o véu nos cabelos outra vez.
" – Te vejo por aí, Júnior..." – Ela abanava os dedos num "tchau" já virada de costas. Ele tentou articular um "Espera." Mas ela era rápida como um ninja.
Minutos depois o garçom voltou com uma caneca de cerveja. " – Cortesia da Madame." – ele disse.
Jake tomou um longo gole, limpando a espuma dos lábios com a manga da jaqueta enquanto observava o cartão. O perfume dela ainda estava lá. Se já tinha visto uma mulher tão exuberante antes, honestamente, agora não se lembrava... nem mesmo a gêmea má dela. De repente uma amargura tomou conta de seu peito. Lembrou da mãe... ela também era linda, mesmo quando estava doente e definhando sem socorro... será que seu pai a amou de alguma forma? Ele teve mulheres ricas e lindas a sua volta e Ada Wong foi uma delas...
ADA
"Ada Wong, como foi o contato com o rapaz?" – Perguntou a voz discreta pelo telefone.
" – Eu diria que bem sucedida. Vamos aguardar os próximos dias. Uma semana no máximo." – E desligou.
Ada atirou seu lenço vermelho em cima da cama e se deixou cair nela. Riu. " – David Beckham...". Fazia tempo desde a ultima vez que não o via. Ela e Leon tiveram uma briga séria antes dos acontecimentos em Tall Oaks e China... Mas após aquilo... ela precisava vê-lo outra vez, precisava tê-lo, estar perto dele e o fez. E uma vez levou a outra... e a outra... depois outra...
" – O que eu estou fazendo?" – Cobriu os olhos com o braço e suspirou. Não havia futuro à dois para ela e o agente, mesmo assim, ao longo desses dezessete anos, eles não conseguiram dizer adeus.
Quando Ada fechava os olhos, ainda podia sentir os lábios dele contra os seus no ultimo encontro que tiveram, as mãos calejadas dele pelo seu corpo, a barba por fazer que ele agora usa, roçando contra cada centímetro de sua pele. Ela sabia, caiu de amores em Raccoon City, e nunca mais conseguiu se levantar outra vez. E talvez, um dia, isso ainda venha a ser sua ruína, sua e dele.
" – Metrossexual engomadinho..." – Percebeu que Leon de alguma forma deixava Jake mordido. Tudo bem, que rapaz pobre, bandido, que cresceu abandonado pelo pai, na margem da sociedade, viu a mãe morrer doente e sem tratamento, não ficaria mordido em ver a namoradinha sempre acompanhada de um amigo como Leon? Um homem que nada mais era do que o seu completo oposto... " – Hmm..."... e qualquer um que bate os olhos na menina, vê que Leon foi o primeiro amor dela. E também daquela outra... Manuela.
" – Pobre Jake, se ele soubesse os planos sombrios que as pessoas fazem para Sherry e ele."
Pulou da cama e abriu o notebook. Gostava de ler a ficha de Jake. Mercenário desde os 15 anos, adquiriu altura e força física bem rápido – como o esperado – embora tente esconder, é culto e muito inteligente. Fala cinco idiomas fluentemente, aprendeu a tocar piano sozinho aos dois anos, um professor da comunidade viu ali um talento, um pequeno gênio, e lhe ofereceu uma bolsa. Jake não continuou os estudos de musica após completar dez anos, começando a trabalhar para ajudar a mãe a botar comida na mesa. Suas notas eram sempre as máximas, mesmo frequentando a escola uma vez em nunca... Quando a mãe adoeceu, virou mercenário, teve uma espécie de "mentor", quem o treinou, e por quem Jake sentia afeição e um bom relacionamento de amizade, até quando este o traiu brutalmente. Esteve presente em conflitos armados, em toda a America do Sul, em grupos como as FARC, trafico de drogas, agiotagem... áreas de conflito em todo o mundo, voltou para o leste europeu e foi contratado pelos rebeldes na Edônia. Sempre foi considerado pelos companheiros como uma pessoa distante e de humor frio.
O resto do relatório não era necessário, Ada pôde testemunhar pessoalmente. Todos os eventos, a aproximação de Sherry, e toda a mudança do rapaz.
Lembrou de um vídeo ridículo que um agente brasileiro lhe mostrou no youtube um dia desses... " – Jake, você é um agente que agrega valor ao camarote..."
LEON
Era sempre recebido da mesma maneira por Hunnigan, o mesmo olhar de reprovação. Leon sabia que em poucas horas iria escutar pela enésima vez outro sermão sobre comparecer nas reuniões oficiais na Casa Branca usando roupas comuns quando o esperado, principalmente no cargo em que ocupa, seria estar de terno e gravata. Não, usava como sempre, uma calça jeans e sua jaqueta de couro, de formal, já bastava a camisa de botão.
O país se preparava para uma nova eleição dois anos após a morte do Presidente Adam Benford, após os atentados e os escândalos políticos a crise mundial não estava nem ao menos próxima de ser solucionada e as previsões de Leon a respeito o que viria, eram as mais sombrias possíveis. Por muitas vezes – quase a todo santo minuto – ele se perguntava o que ainda estava fazendo ali, se essa era, de fato, ainda a melhor maneira de lutar pelo que acreditava. Se estaria, ou não, apenas dando murros em pontas de faca, trabalhando para pessoas em que não confia. Se ainda valeria mesmo a pena buscar por seus ideias ainda acreditando num estado legalista, num estado que se declara democrático e de direito muitas vezes sem o sê-lo.
As ultimas noticias, segundo a reunião era do trafico de B.O.W's se estendendo pela Ásia e Oriente Médio. A D.S.O estava convocada para participar do comitê que seria enviado para acompanhar o atual presidente para a convenção da ONU que aconteceria daqui a duas semanas em Bruxelas.
Por fim, o que mais o afetou durante toda a reunião, foi quando o tema "Ada Wong" foi posto em pauta. Atualmente não existia mais nenhuma acusação formal contra ela, exceto o crime de espionagem, caracterizado somente, nos Estados Unidos. Fora isso, ela estava livre para circular em qualquer país sem risco de prisão, inclusive países que até dois anos atrás, tinham tratados com os Estados Unidos e que, naquela época, estariam dispostos a entrega-la as autoridades norte americanas, como a Inglaterra, por exemplo.
Graças a isso, seus encontros ficaram mais frequentes... sempre que ele por ventura saía do país, tinha a certeza de que ela ficaria sabendo e iria até ele. E Leon simplesmente já não estava mais se importando com a repercussão que teria, se por um acaso ele fosse visto com ela... Pelo contrario, talvez fosse justamente o que ele queria, o empurrãozinho que estava faltando para que ele fizesse aquilo que no fundo desejava... mas por algum motivo, não tinha coragem... largar a Casa Branca!
Helena parou ao seu lado. " – Hunnigan está a caminho. Esteja com os ouvidos preparados."
" – Acha que não vai sobrar pra você também? A senhorita está muito longe de estar trajada como uma madame de reunião da Casa Branca, não vejo o seu salto alto, muito menos seu laquê ao melhor estilo Hillary Clinton."
Ambos riram. No fundo, Leon gostaria de ter podido escolher um caminho diferente do que escolheu quando o governo tomou a guarda da pequena Sherry... E sabia que Helena todos os dias também se arrependia de ter saído do F.B.I. Muitas vezes segurava o impulso de confessar a ela, a vontade que tinha de jogar tudo para o alto, e buscar uma outra bandeira para "juramentar" a sua pistola. Em sua imaginação, ela simplesmente adoraria a ideia e o seguiria, como Batman e Robin, Sherlock e Dr. Watson.
" –Quer saber? Vamos fugir daqui enquanto é tempo... o pub ainda fica aberto por mais 5 horas!" – Disse ela.
" – Essa é a minha garota!"
Sim, perdeu muito. Perdeu um amigo, perdeu a confiança em muitos, perdeu a certeza de seus ideais. Mas ganhou uma parceira.
Continua...
