"Há alguma esperança, Gandalf? Para Frodo e Sam?

Nunca houve muita esperança..."

Eu perguntei, enquanto observava a noite e seus últimos suspiros de calmaria antes da tempestade – tempestade esta que faria chover sangue. Eu questionei-o, e vi que até sua esperança já havia sumido. Assim como consegui notar que o grande Mago Branco não acreditava nem mesmo em seu próprio destino, em sua própria vida.

Eu sou apenas um hobbit, pensava. Não tenho muito a fazer aqui, não há nada que eu faça que mude o destino de alguém. Eu não sou grande nem forte o suficiente para salvar uma vida.

A guerra começou e as forças do bem e do mal se confrontaram. Vidas sendo perdidas. A morte a espreita em cada canto e espaço ocupável. Meus amigos caindo, sumindo em meio à fumaça, caos e dor. Nossos aliados desistindo das próprias vidas. E eu observava, tentando fazer o meu melhor, mas... O que eu podia fazer? Havia alguma tarefa que, para seu louvor, necessitasse de mim?

Não, eu respondia para mim mesmo. Não há nada que você possa fazer. Acabou, tente resistir o máximo possível pelo menos. Viva o máximo que puder e lute, vai morrer do mesmo modo.

E então, eu vi a chance de ajudar alguém. Salvar um homem de uma mente vã. Não sei até hoje o exato motivo, mas senti que ele ainda não morreria. E estava certo.

Eu salvei uma vida, afinal, e isso renovou minhas forças.

Todavia, foi em frente ao portão negro que eu senti que tudo estava perdido. O Anel não havia sido destruído, eu sabia. E os exércitos compostos por milhares de Orcs me amedrontaram ao mostrar-me que: Para destruir o anel, Frodo e Sam teriam que passar por ali. Dois pequenos hobbits não eram fortes o suficiente para aquilo.

De qualquer modo, eu marchei rumo ao meu fim e à morte ao lado da Sociedade do Anel. Ao lado de Gondor e Rohan. Por que ou quem não sei até mesmo hoje, mas fui mesmo assim.

Sauron foi destruído, enfim. E eu reparei que todo este tempo eu lutara sem acreditar em mim mesmo, sem acreditar em meus companheiros.

"Só a esperança de um tolo."

Sinto muito, Gandalf. Na época, até a esperança desse tolo estava a ponto de desaparecer.

Peregrin Tûk.